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somente para Marcos e para Lucas; João consistia um caso completamente à


parte. Santo Agostinho considerava que Marcos, segundo na ordem tradicional


de apresentação, tinha se inspirado em Mateus, que ele tinha resumido, e que


Lucas, vindo em terceira posição nos manuscritos, se serviu de dados de um e


de outro; seu prólogo, do qual falamos acima o sugere.


Os exegetas dessa época podem, do mesmo modo que nós avaliar o


grau de convergência dos textos e reencontrar um grande número de versículos


comuns a dois ou três dos sinóticos. Os comentadores da Tradução


Ecumênica da Bíblia os calculam, em nossos dias, aproximadamente assim:


Versículos comuns aos três sinó􀆟 cos 330


Versículos comuns a Marcos e Mateus 178


Versículos comuns a Marcos e Lucas 100


Versículos comuns a Mateus e Lucas 230


Ao passo que os versículos próprios a cada um dos três primeiros evangelistas


são de


330 para Mateus, 53 para Marcos e 500 para Lucas.


Dos Padres da Igreja até o fi m do século XVIII, um milênio e meio se


passa sem que seja levantado qualquer problema novo sobre as fontes dos evangelhos:


conformava-se com a tradição. Não é senão na época moderna, que se


percebe, perante esses dados, que cada evangelista, retomando as informações


encontradas nos outros, efetivamente construiu uma narração à sua maneira,


segundo suas perspectivas pessoais. Reservou-se, então, um lugar importante à


coleta dos assuntos da narração, de um lado na tradição oral das comunidades


de origem e, de outro, numa fonte escrita comum aramaica, que não foi reencontrada.


Essa narração escrita teria podido formar um bloco compacto ou ser


constituída de múltiplos fragmentos de narrações diversas, que teriam servido


a cada evangelista para edifi car sua obra original.


Pesquisas mais aprofundadas conduziram, após cerca de um século, a


teorias mais precisas que vão se complicar com o tempo. A primeira das teorias


modernas é aquela chamada das “duas fontes de Hoitzmann” (1863). Segundo


ele, como O. Culmann e a Tradição Ecumênica o acentuavam, Mateus e Lucas


foram inspirados, de um trado por Marcos e, de outro, por um documento


comum hoje perdido. Além disso, os dois princípios tinham cada um à sua


disposição uma fonte própria. Chegamos então ao esquema seguinte:


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Culmann critica o esquema nos seguintes pontos:


1. A obra de Marcos, da qual ser serviram Lucas e Mateus, não deveriam


ser o Evangelho desse autor, mas uma redação anterior;


2. Uma importância sufi ciente não foi atribuída nesse esquema à tradição


oral, que é capital, porque ela, só ela, conservou durante trinta ou quarenta anos


as palavras de Jesus e as narrações de sua missão, não tendo sido cada evangelista


senão o porta-voz da comunidade cristã que fi xou a tradição oral.


Chega-se assim a esta noção: a de que os Evangelhos, tais como nós os


possuímos, trouxeram-nos o refl exo do que as comunidades cristãs primitivas


conheceram da vida e de suas concepções teológicas, dos quais os evangelistas


foram os porta-vozes.


As pesquisas mais modernas da crítica textual sobre as fontes dos Evangelhos


evidenciaram um processo muito mais complexo ainda que a formação


dos textos. A Sinopse dos Quatro Evangelhos, obra de R. P. Benoit e R. P. Boismard,


professores da Escola Bíblica de Jerusalém (1972-1973), chama a atenção


sobre a evolução dos textos em várias etapas, paralelamente a uma evolução


da tradição, o que implica consequências que R. P. Benoit expõe, nesses termos,


apresentando, parte do livro, obra de R. P. Boismard: “[. . .] as formas de palavras


ou de narrações, resultantes de uma longa evolução da tradição, não têm a


mesma autenticidade que aquelas que se encontram na origem. Alguns leitores


desta obra serão, possivelmente, surpreendidos ou perturbados ao se inteirarem


de que tal palavra de Jesus, tal parábola, tal prognóstico de seu destino, não


tinham sido ditos, como nós os lemos, mas que foram retocados e adaptados


por aqueles que nô-los transmitiram. Para aqueles que não estão acostumados


a esse tipo de enquete histórica, há nisso uma fonte possível de admiração,


quando não de escândalo”.


Esses retoques do texto e sua adaptação, praticados por aqueles que nô-


Marcos Documentos Comuns


Fonte Própria de Mateus Mateus Lucas Fonte Própria de Lucas


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-los transmitiram, efetuaram-se segundo um modo do qual R. P. Boismard nos


dá o esquema muito complexo, que é um desenvolvimento da teoria dita das


duas origens. O esquema foi estabelecido depois de um trabalho de exame e


de comparação de textos, que é impossível resumir. O leitor interessado deverá,


para mais detalhes, reportar-se à obra original publicada em Paris nas edições du


Cerf.


Quatro documentos de base, chamados A.B.C. e Q., representam as


fontes originais dos Evangelhos (ver o esquema geral).


O documento A. é um documento emanado do meio judeu-cristão, que


inspirou Mateus e Marcos.


O documento B. é uma reinterpretação do documento A., para uso das


igrejas pagão-cristãs: ele inspirou todos os evangelistas, menos Mateus.


O documento C. inspirou Marcos, Lucas e João.


O documento Q. constitui a maior parte das fontes comuns a Mateus e


Lucas; é o “documento comum” da teoria das duas origens citadas acima.


Nenhum desses documentos de base culmina na redação dos textos defi


nitivos que nós possuímos. Entre eles e a redação fi nal se colocam as redações


intermediárias que o autor chama: Mateus intermediário, Marcos intermediário,


Proto-Lucas e João. São esses quatro documentos intermediários que vão


resultar nas últimas redações dos quatro Evangelhos e como sugestão para a


redação dos outros Evangelhos. É preciso reportar-se ao esquema geral para


apanhar todos os circuitos complexos postos em evidência pelo autor.


Os resultados dessa pesquisa escriturária são de uma importância considerável.


Eles demonstram que os textos dos Evangelhos que têm uma história


(ela será tratada mais adiante) têm também, segundo a expressão de R. P. Boismard,


uma «pré-história», quer dizer, que eles sofreram, antes do aparecimento


das últimas redações, modifi cações, por etapas, dos documentos intermediários.


Assim se explica, por exemplo que uma história bem conhecida da vida de


Jesus, a pesca milagrosa, seja apresentada, já a vimos, para Lucas como um acontecimento


ocorrido durante a sua vida e, para João, como um episódio de suas


aparições depois da ressurreição.


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M. – E. BOISMARD


SINOPSE DOS QUATRO EVANGELHOS


ESQUEMA GERAL


Legenda:


- Doc. A, B, C, D e Q = Documentos que serviram para redação.


- Mt. Interm. = Redação intermediária de Mateus.


- Mc. Interm. = Redação intermediária de Marcos.


- Proto-Luc = Redação intermediária de Lucas.


Doc. Q Doc. A Doc. B Doc. C Doc. Q


Mt – interm. Mc – interm.


Proto - Lc


Jn


Ult. Red. Mt Ult. Red. Mc Ult. Red. Lc


Ult. Red. Jn


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- Jn. = Redação intermediária de João.


- Ult. Red. Mt = Última redação de Mateus.


- Ult. Red. Mc. = Última redação de Marcos.


- Ult. Red. Lc. = Última redação de Lucas.


- Ult. Red. Jn. = Última redação de João.


A conclusão de tudo isto é que, lendo o Evangelho, não estamos mais


certos de receber a palavra de Jesus. R. P. Benoit, dirigindo-se ao leitor do Evangelho,


o adverte e lhe apresenta uma compensação:


“Se ele deve renunciar, em muitos casos, a ouvir a voz direta de Jesus, ele


houve a da Igreja, e ele confi a nela como na intérprete divina autorizada pelo


Mestre, que, depois de ter falado outrora sobre a nossa terra, nos fala hoje em


sua glória”.


Como conciliar esta constatação formal da inautenticidade de certos


textos com a frase da constituição dogmática sobre a Revelação divina do


Concílio do Vaticano II, que nos assegura, ao contrário, uma transcrição fi el das


palavras de Jesus (“Esses quatro Evangelhos dos quais ela (A Igreja) afi rma sem


hesitar a historicidade, transmitem fi elmente o que Jesus, o fi lho de Deus, durante


sua vida entre os homens realmente fez e ensinou para a salvação eterna,


até o dia em que foi elevado ao céu”)?


Parece bem claro que o trabalho da Escola Bíblica de Jerusalém levou à


declaração do Concílio um desmentido rigoroso.


HISTORIA DOS TEXTOS


Seria um erro crer que, desde que foram redigidos, os Evangelhos constituíram


as Escrituras fundamentais do Cristianismo nascente e aos quais se


referirá no mesmo nível em que se referiu ao Antigo Testamento. A autoridade


predominante foi então a da tradição oral, veículo das palavras de Jesus e dos


ensinamentos dos apóstolos. Os primeiros escritos que circularam e que prevaleceram


muito antes dos Evangelhos foram as epístolas de Paulo: não foram elas


redigidas muitos decênios mais cedo?


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Vimos que, antes de 140, não existia nenhuma testemunha, atestando


que se conhecia uma coleção de escritos evangélicos, ao contrário do que escrevem


ainda em nossos dias certos comentadores. É preciso esperar 170, aproximadamente,


para que os quatro Evangelistas adquiram o “status” de literatura


canônica.


Circulavam assim, nesses primeiros tempos do Cristianismo, múltiplos


escritos sobre Jesus, que em seguida não foram retidos como dignos de autenticidade,


e que a Igreja ordenou esconder; daí o nome de apócrifos. Restam


desses textos obras bem conservadas, porque elas “gozavam da estima geral”,


nos diz a Tradução Ecumênica como a didaché ou epístola de Barnabé, mas infelizmente


outras foram “descartadas de modo mais brutal”, e não restam delas


senão fragmentos. Considerados como veículo de erros, eles foram subtraídos


dos olhos dos fi éis. No entanto, obras como os Evangelhos dos Nazarenos, os


Evangelhos dos Hebreus, os Evangelhos dos Egípcios, conhecidos pelas relações


dos Padres da Igreja, se apresentavam muito de perto com os Evangelhos canônicos.


Dá-se o mesmo com o Evangelho de Tomás, e com os Evangelhos de


Barnabé.


Alguns desses escritos apócrifos contêm detalhes fantasmagóricos, produtos


da imaginação popular. Assim, os autores de obras sobre os Apócrifos,


ao citá-los, tomam deles, com uma evidente satisfação, passagens, verdadeiramente


falando, ridículas. Mas tais passagens podem ser encontradas em todos


os Evangelhos. Lembremo-nos simplesmente da descrição fantasista dos acontecimentos,


que Mateus pretende terem ocorrido por ocasião da morte de


Jesus. Podem-se encontrar passagens que falham em seriedade em todos os


escritos dos primeiros tempos do Cristianismo: é preciso ter a honestidade de


reconhecê-lo.


A abundância da literatura sobre Jesus conduziu a Igreja, em fase de


organização, a efetuar eliminações. Talvez, cem Evangelhos foram suprimidos?


Quatro somente foram conservados para entrar numa lista ofi cial de escritos


neo-testamentários, que constituem o que se chama de “Cânon”.


Marcion, na metade do século II, compeliu fortemente as autoridades


eclesiásticas a tomar posição. Era um feroz adversário dos judeus, que rejeitava,


então, todo o Antigo Testamento e o que, dos escritos posteriores a Jesus, lhe


parecia ligar-se a ele muito de perto ou derivar da tradição judeu-cristã. Marcion


reconhece como válido somente a Evangelho de Lucas, porque, pensava ele, ele


era o porta-voz de Paulo, assim como dos escritos de Paulo.


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A Igreja declarou Marcion herético e pôs no “Cânon” todas as epístolas


de Paulo, mas com os outros Evangelhos de Mateus, Marcos, Lucas e


João, e ajuntou, também, algumas outras obras como os Atos dos Apóstolos.


Entretanto, a lista ofi cial varia com o tempo, nesses primeiros séculos da era


cristã. Obras consideradas mais tarde como não válidas (apócrifas) ali fi guraram


momentaneamente, enquanto outras obras, que o “Cânon” atual do Novo Testamento


contém, estavam excluídas naquela época. As hesitações duraram até os


Concílios de Hipona em 393 e de Cartago em 397. Mas os quatro Evangelhos


ali fi guraram sempre.


Como R. P. Boismard, é preciso lastimar o desaparecimento de uma prodigiosa


soma de literatura declarada apócrifa pela Igreja, pois ela continha um


interesse histórico. Esse autor lhe dá, com efeito, um lugar na Sinopse dos


Quatro Evangelhos, ao lado dos Evangelhos ofi ciais. Esses livros existiam ainda,


comenta ele, nas bibliotecas, em tomo do fi m do século IV.


Esse século é uma época de séria colocação em ordem. É dela que datam


os manuscritos completos mais antigos dos Evangelhos. Alguns documentos


anteriores, papiros do século III e um que poderá datar do II, não nos transmitem


senão fragmentos. Os dois manuscritos em pergaminho mais antigos são


manuscritos gregos do século IV. São os Codex Vaticanus, do qual se ignora


o lugar da descoberta o que está conservado na Biblioteca do Vaticano, e o


Codex Sínaiticus, descoberto no monte Sinai e que está conservado no Museu


Britânico de Londres. O segundo contém duas obras apócrifas.


Segundo a Tradução Ecumênica, existiriam no mundo duzentos e cinquenta


outros pergaminhos conhecidos, os últimos do século XI. Mas “todas


as cópias do Novo Testamento que nos chegaram não são autênticas. Muito


ao contrário, podemos discernir, entre elas, algumas diferenças que são de importância


variável, cujo número, em todo caso, é considerável. Algumas dessas


diferenças não passam de detalhes gramaticais, o vocabulário ou a ordem de


palavras, mas, outras vezes constata-se entre os manuscritos algumas divergências


que afetam o sentido das passagens inteiras”. Se se quiser tomar em considerações


as divergências de ordem textual, é sufi ciente percorrer o Novum


Testamentum Graecer34. Esta obra contém um texto grego chamado “médio”,


que é um texto-síntese com, uma nota, todas as variantes encontradas nas


diversas versões. A autenticidade de um texto, mesmo a dos manuscritos mais


veneráveis, é sempre discutida.


34 - Nestlé et Aland. ed. 1971.


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O Codex Vatícanus fornece um exemplo digno. Sua reprodução fac-similada,


editada pela Cidade do Vaticano em 1965, é acompanhada de uma notícia da


mesma procedência que nos informam que vários séculos depois da copia (em


redor do século X ou XI, acredita-se), um escriba repassou a tinta todas as letras


com exceção daquelas que ele julgava errôneas”. Há algumas passagens do


texto onde, muito visivelmente, as letras primitivas de cor castanha persistem e


contrastam com o resto do texto, que é de cor castanho-escuro. Nada permite


afi rmar que a restauração tinha sido fi el. Aliás, a nota prévia precisa: “Ainda não


se distinguiu de maneira defi nitiva as diferentes mãos que, ao longo dos séculos,


corrigiram e anotaram o manuscrito; um certo número de correções foi certamente


feito, no momento em que foi repassado o texto”. Ora, em todos os


manuais, o manuscrito é apresentado como uma cópia do século IV. É preciso


ir às fontes vaticanas para perceber que algumas mãos puderam, alguns séculos


mais tarde, alterar o texto.


Retrucar-se-á que outros textos podem servir de comparação, mas como


escolher entre variantes que alteram o sentido? Sabe-se que a correção muito


antiga de um escriba pode comprometer a reprodução defi nitiva do texto


corrigido. Verifi car-se-á, perfeitamente, mais adiante, que uma só palavra de um


texto de João, relativa ao Paracleto35, muda radicalmente o sentido da passagem


e modifi ca inteiramente sua signifi cação, sob o ponto de vista teológico. Eis


o que O. Culmann escreveu a propósito das variantes em seu livro O Novo


Testamento:


“Essas situações resultam ora de erros involuntários: o copista pulou


uma palavra, ou, ao contrário, a escreveu duas vezes em segunda, ou, ainda, toda


uma sequencia da frase é omitida por descuido, porque ela estava colocada


no manuscrito a ser recopiado, entre duas palavras idênticas. Ora, se trata de


correções voluntárias; ou o copista se permitiu corrigir o texto segundo suas


ideias pessoais, ou ele procurou harmonizar o texto com um texto paralelo, a


fi m de reduzir-lhe mais ou menos, desajeitadamente, as divergências. A medida


em que os escritos do Novo Testamento se separarão do resto da literatura


cristã primitiva e vão sendo olhadas como Escritura Santa, os copistas hesitarão


muito em se permitir tais correções de seus predecessores: eles acreditam


recopiar o texto autêntico e fi xariam assim as variantes. Ou, então, fi nalmente,


um copista anota o texto na margem para explicar uma passagem obscura. O


copista seguinte, pensando que aquela frase, que ele encontra a margem, havia


sido esquecida na passagem pelo predecessor, julga necessário reintroduzir essa


anotação marginal no texto. Assim, o novo texto se torna, às vezes, ainda mais


obscuro”.


35 - Espírito Santo; Mentor; Intercessor.


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Os escribas de certos manuscritos tomam, às vezes, grandes liberdades


com o texto. Foi o que ocorreu com um copista de um dos manuscritos mais


veneráveis, depois, dos dois manuscritos referidos acima, o codex Bezae Contabrigiensís,


do século VI. Percebendo, sem dúvida, a diferença entre as genealogias


de Jesus em Lucas e em Mateus, o escriba pôs, em sua cópia do Evangelho


de Lucas, a genealogia de Mateus, mas como a segunda contém menos nomes


que a primeira, ele a preenche com nomes suplementares (sem, entretanto, restabelecer


equilíbrio).


As traduções latinas, com a Vulgote de São Jerônimo (seculo IV), e as


traduções mais antigas (Vetus ltalo), as traduções Siríaca e Coptasão mais fi éis


que os manuscritos gregos de base? Elas poderiam ter sido feitas a partir de


manuscritos mais antigos que aqueles mencionados anteriormente, e que teriam


sido perdido sem nossos dias. Não se sabe nada disso.


Conseguiu-se seriar o conjunto dessas versões em famílias, reunindo


um certo numero de caracteres comuns? É assim que se pode defi nir, segundo


Culmann:


- um texto dito sírio, para cuja constituição poderiam ter sido usados


textos mais antigos, em grande maioria, manuscritos gregos; este texto é


largamente divulgado, na Europa, desde o século XVI pela imprensa; ele


seria o pior, dizem os especialistas;


- um texto dito ocidental com suas antigas versões latinas e com o Codex


Bezae Contabrigiensis, simultaneamente em grego e em latim (segundo a


Tradução Ecumênica, uma tendência pronunciada para explicações, para


imprecisões, para paráfrases, para harmonizações, é uma de suas características);


- o texto dito neutro, ao qual pertencem o Codex Vaticanus e o Codex


Sínaiticus, teria grande pureza; as edições modernas do Novo Testamento o


seguem tranquilamente, embora apresente, ele também, defeitos (Tradução


Ecumênica).


Tudo o que a crítica textual moderna pode nos oferecer, sob esse ponto


de vista, é tentar reconstruir “um texto, tendo as maiores chances possíveis de


se aproximar do texto original. Está, de qualquer modo, fora de questão, esperar


remontar até o texto original mesmo” (Tradução Ecumênica).


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OS EVANGELHOS E A CIÊNCIA MODERNA


AS GENEALOGIAS DE JESUS


Os Evangelhos contêm pouquíssimas passagens que possam conduzir a


uma confrontação com os dados científi cos modernos.


Logo de início, muitas das narrações dos Evangelhos que trataram de alguns


milagres não se prestam muito a um comentário científi co. Esses milagres


interessam tanto a pessoas - a cura de doenças (possessos, cegos, paralíticos,


leprosos, ressurreição de Lazaro) -, como a fenômenos puramente materiais,


à margem das leis da natureza (o caminhar de Jesus sobre as águas que o


suportam, a transformação da água em vinho). Às vezes, pode ser um fenômeno


natural de aspecto incomum, em razão de sua realização em um tempo


extremamente curto, como o apaziguamento imediato da tempestade, a seca


instantânea da fi gueira, ou, ainda, a pesca miraculosa, como se todos os peixes


do lago estivessem agrupados em ponto preciso, onde as redes foram jogadas.


Em todos esses acontecimentos, Deus intervém como Todo-Poderoso,


não sendo de causar espanto o que ele é capaz de fazer e que aos seres humanos


parece prodigioso, mas que, para Ele, não é. Essas considerações não signifi


cam absolutamente que o crente não possa recorrer à ciência. Crer no milagre


divino e crer na ciência são atitudes perfeitamente compatíveis: uma é da escala


divina; a outra, da escala humana.


Pessoalmente, eu creio sem objeção que Jesus pôde curar o leproso, mas


eu não posso aceitar que se declare autêntico e inspirado por Deus um texto


no qual eu li que vinte gerações somente existiram entre o primeiro homem


e Abraão, como Lucas, no seu Evangelho (3:23-25} nô-lo disse. Veremos mais


adiante, as razões que estabeleceram que ó texto de Lucas, como o do Antigo


Testamento sobre o mesmo assunto, saiu, ingenuamente, da imaginação humana.


Os Evangelhos (como o Alcorão) nos dão sobre as origens biológicas de


Jesus a mesma narração. O crescimento de Jesus no útero materno se operou


fora das leis da natureza comuns a todos os seres humanos, o óvulo fecundado


pelo ovário de sua mãe não teve necessidade de se conjugar comum espermatozoide


que deveria vir de seu pai para formar em embrião e, depois, uma criança


perfeita. O fenômeno que acompanha o nascimento de um indivíduo normal,


sem intervenção do elemento fecundante masculino é chamado partenogênese.


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No reino animal, a partenogênese pode ser observada em certas condições. E


o caso de diversos insetos, de certos invertebrados e, muito excepcionalmente


de uma raça selecionada de pássaros. Em certos mamíferos, se pode, experimentalmente,


ente as coelhas, por exemplo, obter um início de desenvolvimento do


óvulo sem intervenção do espermatozoide em um embrião em estado extremamente


rudimentar mas não se pode ir mais longe e não se conhece entre eles


nenhum exemplo de partenogênese completa, nem experimental e nem natural.


Jesus é um caso à parte. Maria era virgem. Ela conservou sua virgindade e não


teve outros fi lhos senão Jesus. Jesus é uma exceção biológica36.


As duas genealogias contidas nos Evangelhos de Mateus e de Lucas


apresentam problemas de probabilidade, de conformidade com os dados da ciência,


e, consequentemente, de autenticidade. Esses problemas são extremamente


embaraçosos para os comentadores cristãos, porque eles se recusam a ver o


que é evidentemente produto de imaginação humana: esta já havia inspirado os


autores sacerdotais do Gênesis no século VI A.C., para as suas genealogias dos


primeiros homens. É ainda ela que inspira Mateus e Lucas para o que esses dois


autores não tomaram do Antigo Testamento.


É preciso observar, de passagem, que essas genealogias masculinas não


têm nenhum sentido para Jesus. Se fosse preciso dar uma genealogia a Jesus,


fi lho exclusivo de Maria, sem pai biológico, essa deveria ser a de Maria, sua mãe.


36 - Os Evangelhos citam às vezes “irmãos” e “irmãs” de Jesus (Mateus 13:46-50); (Marcos 6:1-6);


(João 7:3 e 2:I2). Os termos gregos u􀆟 lizados adelphoi e adelphai signifi cam irmãos e irmãs no sen􀆟 -


do biológico; trata-se certamente de traduções defeituosas de palavras de origem semí􀆟 ca que têm


o sen􀆟 do de familiares, simplesmente; tratava-se, talvez aí, de primos.


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Eis aqui os textos segundo a Tradução Ecumênica da Bíblica, Novo Testamento:


A genealogia segundo Mateus encabeça o seu Evangelho:


Livro das Origens de Jesus Cristo Filho de David, Filho de Abraão


Abraão Gerou Isaac


Isaac Gerou Jacó


Jacó Gerou Judas e a seus irmãos


Judas Gerou Farés e Zarão de Tamar


Farés Gerou Esron


Esron Gerou Arão


Arão Gerou Aminabad


Aminabad Gerou Naasson


Naasson Gerou Salmon


Salmon Gerou Boaz


Boaz Gerou Obed


Obed Gerou Jessé


Jessé Gerou Davi


Davi Gerou Salomão


Salomão Gerou Roboão


Roboão Gerou Abias


Abias Gerou Asá


Asá Gerou Josafá


Josafá Gerou Jorão


Jorão Gerou Ozias


Ozias Gerou Joatão


Joatão Gerou Acaz


Acaz Gerou Ezequias


Ezequias Gerou Manassés


Manassés Gerou Amon


Amon Gerou Josias


Josias Gerou Jecomias e seus irmãos


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Isto foi até a deportação para a Babilônia. Após a Deportação para a Babilônia:


Jecomias Gerou Sala􀆟 el


Sala􀆟 el Gerou Zorobabel


Zorobabel Gerou Abiud


Abiud Gerou Eleaquim


Eleaquim Gerou Azor


Azor Gerou Sadoque


Sadoque Gerou Achim


Achim Gerou Eliud


Eliud Gerou Eliazar


Eliazar Gerou Matan


Matan Gerou Jacó


Jacó Gerou José, marido de Maria da qual nasceu Jesus,


que se chamava Cristo


O número total das gerações é, portanto,: catorze de Abraão até Davi, catorze


de Davi até a deportação para a Babilônia, catorze da deportação para Babilônia


até Cristo.


Genealogia de Jesus antes de Davi


Segundo Lucas


Segundo Mateus (Mateus


não cita nenhum


nome antes de Abraão)


1 Adão Abraão


2 Set Isaac


3 Henos Jacó


4 Cainan Judas


5 Malaquiel Farés


6 Jared Ezron


7 Henoe Arão


8 Matusalém Aminabad


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9 Lamec Naasson


10 Noé Salmon


11 Sem Booz


12 Arfaxade Obed


13 Cainan Jessé


14 Sale Davi


15 Heber


16 Fale


17 Regau


18 Sarug


19 Nacor


20 Tare


21 Abraão


22 Isaac


23 Jacó


24 Judas


25 Farés


26 Esron


27 Arão


28 Admin


29 Aminabad


30 Naasson


31 Salmon


32 Booz


33 Obed


34 Jessé


35 David


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Genealogia de Jesus, Após Davi.


Segundo Lucas


35 David


36 Natã


37 Matata


38 Mena


39 Meléia


40 Eleaquim


41 Jonas


42 José


43 Judas


44 Simeon


45 Levi


46 Matat


47 Jorim


48 Eliezer


49 Jesus


50 Her


51 Elmadan


52 Cosan


53 Adi


54 Melqui


55 Neri


56 Sala􀆟 el


57 Zaroababel


58 Reza


59 Joana


60 Judá


61 José


62 Semei


63 Mata􀆟 as


64 Maat


Segundo Mateus


14 David


15 Salomão


16 Roboão


17 Abias


18 Asá


19 Josafá


20 Jorão


21 Ozias


22 Joatão


23 Acaz


24 Ezequias


25 Manasés


26 Amon


27 Josias


28 Jeconias


Deportação à Babilônia


29 Sala􀆟 el


30 Zaroababel


31 Abiúd


32 Eleaquim


33 Azor


34 Sadoc


35 Achim


36 Eliud


37 Eliazar


38 Matan


39 Jacó


40 José


41 Jesus


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65 Nage


66 Hesli


67 Naum


68 Amós


69 Mata􀆟 as


70 José


71 Jane


72 Melqui


73 Levi


74 Matat


75 Heli


76 José


77 Jesus


VARIAÇÕES SEGUNDO OS MANUSCRITOS EM


RELAÇÃO AO ANTIGO TESTAMENTO


Postas à parte algumas variantes ortográfi cas, é preciso citar:


a) Evangelho de Mateus


A genealogia desapareceu do Codex Bezae Contabrigierusis, manuscrito


muito importante do século VI, bilíngue grego-latim, totalmente para o texto


grego, em grande parte para o texto latino, mas pode tratar-se aqui de uma


simples perda das primeiras folhas.


É preciso mencionar a grande liberdade de Mateus perante o Antigo


Testamento, ao qual ele amputa as genealogias a fi m de atender a uma singular


relação numerada (que afi nal ele não dá, como se verá mais adiante).


b) Evangelho de Lucas


1. Antes de Abraão: Lucas menciona 20 nomes: O Antigo Testamento


não menciona além de 19 (ver o quadro dos descendentes de Adão na parte


consagrada ao Antigo Testamento). Lucas acrescentou depois de Arfaxad (n°


12) um certo Kainam (nQ l3), do qual não se encontra traço, no Gênese, como


fi lho de Arfaxad.


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2. De Abraão a David: encontram-se de 14 a 16 nomes, conforme os manuscritos.


3. De David a Jesus: a Variante mais importante é a do Codex Bezae


Cantabrigiensis, que atribui a Lucas uma genealogia fantasista; baseava-se na de


Mateus, à qual o escriba acrescentou cinco nomes. Infelizmente, a genealogia do


Evangelho de Mateus deste manuscrito desapareceu, o que não permite mais a


comparação.


EXAME CRÍTICO DOS TEXTOS


Estamos aqui em presença de duas genealogias diferentes, tendo por


ponto comum essencial o de passar por Abraão e David. Para facilidade desse


exame, dirigir-se-á a crítica, dividindo o conjunto em três partes:


- De Adão a Abraão


- De Abraão a David


- De David a Jesus


1. Período de Adão a Abraão


Mateus, começando sua genealogia em Abraão, não será considerado


aqui. Somente Lucas dá indicações sobre os ancestrais de Abraão até Adão: 20


nomes, dos quais 19 são encontrados, como se disse, no Gênesis (Capítulos 4,


5 e 11).


Pode-se conceber que houve apenas 19 ou 20 gerações de seres humanos


antes de Abraão? O problema foi examinado a propósito do Antigo


Testamento. Se se quer bem se reportar ao quadro dos descendentes de Adão,


estabelecido de acordo com o Gênesis, e comportando as indicações, em cifras


do tempo, que ressaltam do texto bíblico, dezenove Séculos aproximados teriam


decorrido entre o aparecimento do homem sobre a terra e o nascimento de


Abraão. Ora, como se calcula atualmente que Abraão viveu em torno de 1850


A.C., deduz-se que as indicações fornecidas pelo Antigo Testamento situam o


aparecimento do homem sobre a terra e trinta e oito séculos aproximadamente


A. C. Lucas foi, evidentemente, inspirado por esses dados para o seu Evangelho.


98





Ele exprime, por tê-los copiado, uma contra verdade fl agrante. Viu-se mais acima


quais argumentos históricos peremptórios conduziram a esta afi rmação.


Que os dados do Antigo Testamento sejam aqui inadmissíveis para nossa


época, ainda passa: caem no domínio do “caduco”, evocado pelo Concílio


Vaticano II. Mas que os evangelistas retomem por sua conta os mesmos dados


incompatíveis com a ciência, é uma constatação extremamente grave, oposta aos


defensores da historicidade dos textos evangélicos.


Os comentadores sentiram perfeitamente o perigo. Eles tentam contornar


a difi culdade, dizendo que não se trata de uma árvore genealógica completa,


que alguns nomes são pulados pelos evangelistas, de propósito, e que ocorre


somente “a intensão de estabelecer, nas suas grandes linhas ou em seus elementos


essenciais, uma sequência fundada sobre a realidade histórica”37. Nada nos


textos autoriza a levantar esta hipótese, porque está bem claro: um tal gera um


tal, ou um fi lho tal dum tal. Além disso, o evangelista, no que precede a Abraão,


notadamente, toma suas Informações no Antigo Testamento, onde as genealogias


são expostas na forma seguinte:


X em tal idade, gerou Y... ...Y viveu tantos anos e gera Z. Não há portanto


ruptura.


A parte da genealogia de Jesus, segundo Lucas, anterior a Abraão, não é


admissível à luz dos conhecimentos modernos.


2. Período de Abraão a Davíd


Aqui as duas genealogias correspondem ou quase, menos um ou dois


nomes: erros involuntários dos copistas podem explicar a diferença.


A verossimilhança está aí do lado dos evangelistas?


Davi é situado pela história em torno do ano 1000, Abraão lá por


1850-1800 A.C.: 14 a 16 gerações para oito séculos aproximados; isto é crível?


Digamos que, para esse período, os textos evangélicos estão no limite das coisas


admissíveis.


3. Período Posterior a Davi


Os textos não concordam mais inteiramente para estabelecer a ascendência


davídica de José, fi gurativa da ascendência de Jesus para o Evangelho.


37 - A. Tricot. Pequeno dicionário do Novo Testamento.


99





Deixemos de lado a falsifi cação evidente do Codex Bezae Contabrigíensis


no que concerne a Lucas e comparemos os que nos relatam os dois manuscritos


mais vulneráveis: o Codex Vaticanus e o Codex Sínaitícus.


Na genealogia de Lucas, 42 nomes têm seu lugar após David (N° 35) até


Jesus (N° 77). Na gemealogia de Mateus, 27 são mencionados depois de Daüd


(N° 14) até Jesus (N° 41).


O número de ascendentes (fi ctícios) de Jesus é, pois, diferente, posteriormente


a David nos dois Evangelhos. Além disso, os nomes são também


diferentes. Porém, há mais.


Mateus nos diz ter descoberto que a genealogia de Jesus se dividia,


depois de Abraão, em três grupos de 14 nomes: o primeiro grupo de Abraão


a Davi; segundo grupo de David a deportação para a Babilônia; terceiro grupo,


da deportação para a Babilônia a Jesus. Seu texto comporta efetivamente 14


nomes nos dois primeiros grupos, mas, no terceiro grupo, da deportação para


a Babilônia a Jesus, há somente 13 nomes e não os 14 esperados, pois o quadro


mostra que Salathiel tem o N° 29 e Jesus o N° 41. Não há uma variante em


Mateus que dê 14 nomes para esse grupo.


Enfi m, para conseguir 14 nomes no segundo grupo, Mateus toma grandes


liberdades com o texto do Antigo Testamento. Os nomes dos seis primeiros


descendentes de David (N° 15 a 20), estão conforme os dados do Antigo Testamento.


Mas os três descendentes de Jorão (N° 20), que o duodécimo livro das


Crônicas da Bíblia nos indica terem sido Ocasias, João e Amasias, são escamoteados


por Mateus. Além disso, Jeconias (N° 28) é, para Mateus, fi lho de Josias


(N° 27), enquanto, conforme o segundo livro dos Reis da Bíblia, é Eleaquim que


deve ser colocado entre Josias e Jeconias.


Assim está demonstrado que Mateus modifi cou as séries genealógicas


do Antigo Testamento para apresentar um grupo fi ctício de 14 nomes entre


Davi e a deportação para a Babilônia.


Quanto ao fato de que falta um nome do terceiro grupo de Mateus,


assim como nenhum texto atual desse Evangelho contém os 42 nomes anunciados,


a perplexidade provém menos de lacunas em si (erro muito antigo de


um escriba que, se teria perpetuado, poderia explicá-lo) que do silêncio quase


geral dos comentadores a esse respeito. Como, com efeito, não se aperceber da


lacuna? O piedoso mutismo é rompido por W. Trilling que, em seu livro - O


100





Evangelho Segundo Mateus38, lhe consagra apenas uma linha. Ora, o fato está


longe de ser negligenciado, pois que os comentadores deste Evangelho, aí


compreendidos os da Tradução Ecumênica e outros como o cardeal Daniélon,


acentuam a importância considerável do símbolo 3 vezes 14 de Mateus. Para


ilustrá-lo, o evangelista não teria suprimido sem hesitação os nomes bíblicos, a


fi m de conseguir sua relação numerada?


Não se detendo por isso, os comentadores vão construir uma apologética


que tranquiliza, justifi cando a escamoteação de nomes e deslizando sobre a


lacuna que faz cair o que o evangelista queria desmontar.


COMENTÁRIOS DE EXEGETAS MODERNOS


O cardeal Daniélon atribui, em seu livro Os Evangelhos da Infância39, à


“esquematização numérica” de Mateus, um valor simbólico de primeiríssima


importância, pois é ela que estabelece a ascendência de Jesus, confi rmada também


por Lucas. Lucas e Mateus são, para ele, os “historiadores” que fi zeram


sua “enquete Histórica”, a “genealogia”, como sendo “recolhida nos arquivos


da família de Jesus”. É preciso acentuar que esses arquivos não foram jamais


encontrados40.


O cardeal Daniélon lança o anátema sobre os que criticam seu ponto de


vista: “É a mentalidade ocidental, escreve ele, ignorância ao judeu-cristianismo,


falta de senso semítico que desgarraram tantos exegetas na interpretação dos


Evangelhos. Eles projetaram suas categorias (sic) platônicas, cartesianas, hegelianas,


heideggerianas. E por aí se compreende porque tudo se tenha perturbado


em seu espírito”. É muito evidente que nem Platão, nem Descartes, nem Hegel,


nem Heidegger não intervêm gratuitamente na atitude crítica que se pode ter


perante essas genealogias fantasistas.


O autor, procurando o sentido do 3 vezes 14 de Mateus, expande-se em


38 - Desclée, Parole e Prière.


39 - Edi􀆟 ons de Seuil.


40 - Ainda que o autor nos assegure conhecer a existência desses pretensos “arquivos” familiares,


mediante a História Eclesiás􀆟 ca de Euzébio, de sobre cuja seriedade ter-se-ia muito a dizer, é di􀄰 cil


duas árvores genealógicas que fossem necessariamente diferentes, visto que cada um dos pretensos


“historiadores” apresenta uma genealogia em grande parte diferente do outro, pelos nomes e pelo


número de ascendentes.



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