Finalmente, em minha investigação, também ficou claro que devia me perguntar sobre a história e confiabilidade da Bíblia. Comecei a pesquisar não apenas a mensagem da Bíblia, mas também perguntei a mim mesma “o que é a Bíblia?” A maioria dos cristãos responderá que “a Bíblia é a Palavra de Deus.” Naturalmente, precisava justificar minha fé nessa escritura sendo “a Palavra de Deus.” Para mostrar que a Bíblia é a “Palavra de Deus” é necessário mostrar que as palavras de Deus foram ditadas ao homem para serem escritas por mãos humanas, e que o livro conhecido hoje como a Bíblia é um conglomerado dessas palavras de Deus. Descobri que muitos cristãos, incluindo eu, acreditavam que a Bíblia é a “Palavra de Deus” porque tem sido tradicionalmente aceita como tal. Então, tive que perguntar: “Quando essa tradição começou?” A própria Bíblia diz: “Examinai tudo. Retende o bem.”
(1 Tessalonicenses 5:21) O próprio Jesus alerta contra seguir o que é feito pelo homem, ao invés do que é dado por Deus quando cita do profeta Isaías: “Deus diz: mas em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos de homens.”
(Mateus 15:9)
Comecei a examinar os homens cujas mãos escreveram essas “Palavras de Deus.” Em muitos casos, a autoria dos livros da Bíblia não é conhecida de forma definitiva. Refiro-me especialmente a todos os livros do Velho Testamento e alguns dos livros do Novo Testamento, incluindo os Evangelhos, Hebreus, as cartas de João e Apocalipse. Quando a autoria é desconhecida ou duvidosa, torna-se impossível julgar a integridade do autor ou do livro como sendo de revelação divina. A maioria dos estudiosos acredita que todo o Velho Testamento tenha sido reescrito depois que o rei Nabucodonosor da Babilônia conquistou e queimou Jerusalém.
Segundo, ao ler a Bíblia encontram-se muitos erros e contradições. [Para alguns exemplos ver versos: João 1:29 e Mateus 11:3; Mateus 21:2-7 e Marcos 11:2-7; Mateus 27:28 e Marcos 15:17; Mateus 27:55, Lucas 23:49 e João 19:25; Marcos 15:32 e Lucas 23:39-43; Atos 9:7 e Atos 22:9; Mateus 10:2-5 e Lucas 6:13-16; João 20:9 e Lucas 24:6-7; Marcos 2:25-26 e 1 Samuel 21: 1-6; João 3:13 e 2 Reis 2:11-12 e Hebreus 11:5; João 5:31 e João 8:14; Mateus 27:5 e Atos 1:18; Mateus 1:2-16 e Lucas 3:23-38; e Samuel 24:1 e 1 Crônicas 21:1; 1 Reis 7:26 e 2 Crônicas 4:5, para 100% de plágio ver 2 Reis 19 e Isaías 37.] As “Palavras” de Deus podem ter erro? Certamente não! Uma revelação verdadeira de Deus é livre de todo erro. Erros só podem indicar manipulações feitas pelo homem. Na Bíblia encontra-se os profetas de Deus degradados por atos de idolatria, incesto, assassinato, adultério, etc. [2 Samuel 11:2-27, Isaías 20:2-3, Gênesis 19:30-38, 1 Reis 11, Juízes 16:1, Gênesis 32:25-30, Ezequiel 4] Não é mais provável que Deus tenha escolhido homens de caráter excepcional para transmitir Suas mensagens?
Terceiro, uma vez que muitos cristãos afirmam que sua crença é baseada nas supostas palavras do próprio Jesus, que a paz esteja sobre ele, é importante notar que os evangelhos sinóticos não foram escritos por testemunhas oculares dos eventos que descrevem, mas retratam “uma visão de segunda geração de Jesus Cristo” (comentário da Bíblia cristã). Também não existe registro dos ditos de Jesus (que a paz esteja sobre ele) em seu idioma original, a língua que Jesus (que a paz esteja sobre ele) falava.
Quarto, sobre as epístolas do Novo Testamento tive que me perguntar: o que torna a biografia de um homem contada por outro homem ou as cartas de um pastor para suas congregações as “Palavras de Deus”? Pode-se responder que escreveram inspirados pelo Espírito Santo, mas quando lemos no Novo Testamento que muitos dos apóstolos ficavam cheios do Espírito Santo e então pregavam. Isso torna todas as palavras que pregaram “Palavras de Deus”? Quando um pastor hoje está cheio do Espírito Santo e escreve cartas para sua congregação, suas cartas devem ser consideradas as “Palavras de Deus?”
Quanto mais aprendia sobre a Bíblia, mais sabia que não podia considerá-la a Palavra inalterada de Deus. Ainda assim, o Islã indiretamente afirmava que o que tinha sido mudado na Bíblia era menos do que o que não havia sido mudado. O Alcorão lança descrédito sobre o “Povo do Livro”, os judeus e cristãos, por não seguirem e mudarem os significados de suas escrituras. Tornou-se razoável e apropriado perguntar se a escritura muçulmana era melhor. Examinei o Alcorão Sagrado da mesma forma que examinei a Bíblia.
Realmente, estou em dívida com todos que me perguntaram por que sou muçulmana hoje, porque escrever essa resposta encorajou-me a reler a Bíblia (depois de todos esses anos) e esclareceu-me mais uma vez, em minha própria mente, os muitos argumentos que encontrei inicialmente e as razões pelas quais finalmente abracei o Islã. Ao ler a Bíblia hoje, como muçulmana, estou surpresa pelo que encontrei nela. Estou certa de que tinha lido cada verso na Bíblia como cristã e, ainda assim, como nunca ouvi sua mensagem completa?
Tinha sido uma cristã “renascida”. Em uma noite carregada de emoções e de muitas lágrimas senti que o Espírito Santo tinha me despertado. Fui salva e batizada e, por anos, frequentei os serviços da igreja várias vezes por semana. Queria aumentar minha fé. Tinha tantas perguntas, mas uma vez que se ultrapassa aquela experiência de salvação onde se encontra as respostas? Cada seita e denominação ensina algo diferente. Qual era a correta? Ouvi muitos ensinamentos diferentes; a maioria soava bem para mim, mas quando perguntava onde na Bíblia encontrava aqueles ensinamentos, raramente recebia respostas suficientes.
De parentes, amigos e vizinhos aprendi um pouco sobre vários grupos cristãos diferentes. Também conheci alguns judeus e ateus. Através de amigos, fui atraída para a igreja católica. Sua reputação como a igreja “mais antiga” e “original” teve um apelo em mim, junto com os ensinamentos (talvez não ortodoxos) de alguns padres de que Deus é diferente para cada um (ou, em outras palavras, Deus é para você o que quiser que Ele seja). Disseram-me que podia ser católica sem ter que acreditar em tudo que vinha de Roma.
Os católicos não tinham as experiências de salvação que tinha testemunhado entre os cristãos renascidos. Ainda assim, aparentemente tinham seus próprios “milagres”. Um grupo tinha viajado para a Iugoslávia onde vários jovens estavam tendo visões periódicas da Virgem Maria. Durante a viagem, os elos de metal nos rosários de uma mulher religiosa de nossa igreja tinha se transformado em ouro puro e um apresentador protestante que viajava com eles para cobrir a história tinha testemunhado a estátua da Virgem Maria chorar.
Em visitas aos meus tios frequentei sua igreja pentecostal. Lá testemunhei meus parentes e os demais frequentadores “falarem em línguas.” Estavam literalmente, fisicamente “tomados pelo Espírito Santo” pregando e gritando em alguma língua ininteligível, em uma voz que não era deles. Para eles era uma experiência muito pessoal e única. Admirava seus altos padrões morais.
Também tinha ouvido sobre grupos nova era que tinham experiências “fora do corpo”, “transcendendo” seus corpos físicos para unirem-se a “Deus” (se acreditavam em Deus) ou à “Luz” ou “Paz”. Vários livros novos sobre experiências em transcendentalismo tornou esse assunto popular nas conversas.
Nessa época conheci alguns muçulmanos pela primeira vez em minha vida. Ouvi deles histórias sobre vitórias milagrosas de combatentes afegãos mal armados tinham superado seus opressores soviéticos. As histórias vindas do Afeganistão eram incríveis e sobrenaturais. Não sabia se podia acreditar em tudo, mas sabia que era verdade que com perda mínima de vidas do lado deles os afegãos estavam expulsando o exército soviético de seu território, para estabelecer um país “islâmico”.
Questionava tudo isso. Como pessoas de fés diferentes e conflitantes estavam todas recebendo esses sinais? Deus pode dizer a cada um deles que estão seguindo o caminho certo?
Hoje, como muçulmana não tenho que viver em dúvida ou confusão. Sei que os poderes do bem e do mal são capazes de realizar maravilhas “sobrenaturais”. (A Bíblia diz o mesmo também – Mateus 24:24). Experiências com bons e maus espíritos, demônios, demoníacas, etc., (todos chamados pelos muçulmanos de ‘jinns”) são reais. O Jinn é outro tipo de criação com livre arbítrio como o homem. O Islã ensina que Satanás é um dos jinns, não um anjo caído como afirmado pelos cristãos. (De acordo com o Islã, os anjos não têm livre arbítrio para desobedecer A Deus.) Alguns cristãos negam a existência dos jinns, embora sejam mencionados repetidamente na Bíblia. (Mateus 4:24, 7:22, 8:28-33, 11:18, 12:28, 17:18; Marcos 1:34; I Timóteo 4:1; Tiago 2:19; Apocalipse 18:2) Seus “poderes” são reais e foram descritos para nós no Alcorão como sendo capazes até de “sussurrar” em nossos corações. (Alcorão 114:1-6) Mas Deus criou nossas almas na melhor proporção possível, inspirando-as com conhecimento Dele e do bem e do mal. Deus também nos dotou de intelecto como a confirmação de fé, e a fé verdadeira está em paz tanto com a nossa natureza inata quanto com nosso intelecto.
Pela graça de Deus (exaltado seja Ele), o Islã tinha conquistado meu coração e minha mente. Assim que reconheci os erros fundamentais de meu caminho anterior e reconheci a verdade absoluta do Islã, sabia que precisava fazer grandes mudanças em minha vida. Para tornar minha fé aceitável para Deus, sabia que tinha que vivenciá-la. Tinha que permitir que as convicções de meu coração governassem as ações do meu corpo. Não podia mais negar que minha vida, minha saúde e tudo o mais vieram a mim somente pela graça de Deus. Também não podia mais permitir-me associar nada ou ninguém com Deus em Sua divindade. Com minha amiga muçulmana especial, também fui à mesquita (casa de adoração muçulmana) local para fazer uma confissão oral e pública de minha convicção de que só há um Deus, Allah, e ninguém é merecedor de adoração exceto Ele e que Muhammad é Seu servo e mensageiro (que a paz esteja sobre ele).
Ironicamente minha escolha de vestimenta islâmica – a coisa que imediatamente diz aos outros americanos que sou “diferente” – não devia ser estranha para todos os cristãos. O Novo Testamento ensina que:
“… as mulheres se ataviem com traje decoroso, com modéstia e sobriedade, não com tranças, ou com ouro, ou pérolas, ou vestidos custosos.” (1 Timóteo 2:9)
Também as instrui a cobrir seus cabelos.
“E toda mulher que ora ou profetiza, não tendo coberta a cabeça, falta ao respeito ao seu senhor, porque é como se estivesse rapada. Se uma mulher não se cobre com um véu, então corte o cabelo. Ora, se é vergonhoso para a mulher ter os cabelos cortados ou a cabeça rapada, então que se cubra com um véu.” (1 Coríntios 11:5-6)
Havia uma tradição de usar o véu entre judias também.
Como convertida ao Islã, ao invés de achá-lo opressivo, descobri que o hijab é liberador. Sinto um senso de respeito muito maior ao deixar minha casa usando o hijab do que em minha vestimenta pré-islâmica. O hijab liberta as mulheres dos limites da sociedade não islâmica, em que seu “valor” é determinado basicamente por sua aparência física. Claro, existem outras razões por que continuo a colocar minha fé no Islã. Quanto mais aprendo sobre o Islã e outras crenças, mais certa estou de que tomei a decisão certa ao seguir o Islã. Oro que Deus concederá Sua misericórdia a mim, perdoará minhas faltas, aumentará minha fé e me manterá longe da tentação. Encorajo você a ler o Alcorão e buscar a verdade por si mesmo.