Allah é Deus. É para Ele que você se volta nos momentos de necessidade. É a Ele que agradece quando os milagres de sua vida tornam-se claros. Allah é uma palavra que contém muitas camadas de significados. É o nome de Deus (o mestre do universo) e é a base da religião do Islã. Ele é Allah, o Único merecedor de toda adoração.
“Originador dos céus e da terra! Como poderia Ter prole, quando nunca teve esposa, e foi Ele Que criou tudo o que existe, e é Onisciente? Tal é Deus, vosso Senhor! Não há mais divindade além d’Ele, Criador de tudo! Adorai-O, pois porque é o Guardião de todas as coisas. A visão não O alcança, mas Ele alcança todas as visões. Ele é o Onisciente, o Sutilíssimo.” (Alcorão 6:101-103)
Na língua árabe a palavra para Deus (Allah) vem do verbo ta’allaha (ou ilaha) que significa “ser adorado”. Portanto em árabe, a palavra “Allah” significa “O Único merecedor de toda adoração.”
Allah é Deus, o Criador, o Sustentador do mundo, mas as diferenças e confusões surgem porque a palavra deus em português pode ser pluralizada como em deuses, ou mudar o gênero, como em deusa. Esse não é o caso em árabe. A palavra Allah se destaca e não existe plural ou gênero. O uso das palavras Ele ou Dele são apenas gramaticais e de forma alguma indicam que Allah tenha qualquer forma de gênero que seja compreensível para nós. Allah é único. Na língua árabe o Seu nome é imutável. Allah Se descreve para nós no Alcorão:
“Dize: Ele é Deus, o Único! Allah-us-Samad. Deus! O Absoluto! Jamais gerou ou foi gerado! E ninguém é comparável a Ele!” (Alcorão 112)
Esse breve capítulo do Alcorão é conhecido como o capítulo de pureza ou sinceridade. Em apenas poucas palavras resume o sistema de crença islâmico; que Allah ou Deus é Único. Está sozinho em Sua majestade; sozinho em Sua onipotência. Não tem parceiros ou associados. Estava lá no início e estará lá no fim. Deus é Um. Alguns podem perguntar: “Se Deus é Único, por que o Alcorão usa a palavra Nós?”
Essa é uma construção gramatical conhecida como plural de majestade. Muitos idiomas usam essa construção como o árabe, o hebraico e o urdu. Ouvimos membros de várias famílias reais ou dignitários usando a palavra nós, como “nós decretamos” ou “nós não estamos satisfeitos”. Não indica que mais de uma pessoa está falando; mas sim, denota excelência, poder ou dignidade daquele que fala. Quando temos esse conceito em mente, fica óbvio que não há ninguém mais merecedor de usar o “nós” de majestade do que Allah - Deus.
“Um Livro que Nós te temos revelado para que retires os humanos das trevas (e os transportes) para a luz...” (Alcorão 14:1)
“Nós enobrecemos os filhos de Adão e os conduzimos pela terra e pelo mar; agraciamo-los com todo o bem, e preferimos enormemente sobre a maior parte de tudo quanto Nós criamos.” (Alcorão 17:70)
“Se quiséssemos, poderíamos anular tudo quanto Nós te temos inspirado, e não encontrarias, então, defensor algum, ante Nós.” (Alcorão 17:86)
“Ó humanos! Se estais em dúvida sobre a ressurreição, reparai em que Nós vos criamos do pó…” (Alcorão 22:5)
Estudioso islâmico respeitado do século 13, o sheikh al Islam Ibn Taymiyyah disse que: “Toda vez que Allah usa o plural para referir-Se a Si mesmo, é baseado no respeito e honra que Ele merece, no grande número dos Seus nomes e atributos e de Suas tropas e anjos.”
O uso das palavras nós, nahnu ou nós, inna, de forma alguma indicam que exista mais de um deus. Não têm nenhuma correlação com o conceito de trindade. Toda a fundação da religião islâmica se apoia na crença de que só existe um Deus e Muhammad é Seu mensageiro final.
“Vosso Deus e Um só. Não há mais divindade além d’Ele, o Clemente, o Misericordiosíssimo.” (Alcorão 2:163)
Pessoas mal informadas às vezes referem-se a Allah como uma interpretação moderna de um antigo deus lua. Essa deturpação grosseira de Allah geralmente vem combinada com afirmações estranhas e infundadas de que o profeta Muhammad, que Deus o louve, ressuscitou esse deus e o fez o foco da religião do Islã. Isso é categoricamente falso. Allah é Deus, o Único, o Misericordiosíssimo. Allah é o Deus de Abraão, Moisés e Jesus.
“Esta é a puríssima verdade: não há mais divindade além de Deus e Deus é o Poderoso, o Prudentíssimo.” (Alcorão 3:62)
Sabe-se muito pouco a respeito da religião dos árabes antes do profeta Abraão. Há pouca dúvida de que os árabes erradamente adoravam ídolos, corpos celestes, árvores e pedras e que alguns de seus ídolos inclusive tinham características animais. Embora um número de deidades menores em toda a Península Arábica possam ter sido associados com a lua[1], não há evidência de que os árabes algum dia adoraram um deus lua acima dos demais deuses.
Por outro lado, há evidência de que o sol, construído como um deus feminino, era adorado em toda a Arábia. O Sol (Shams) foi honrado por várias tribos árabes com santuários e ídolos. O nome Abdu Shams (servo do sol) era encontrado em muitas partes da Arábia. No norte, o nome Amr-I-Shams, “homem do sol”, era comum e o nome Abd-al-Sharq, “servo do Nascente”, é evidência da adoração do sol nascente.[2]
Um dos tios do profeta Muhammad chamava-se Abdu Shams e também o homem com o apelido de Abu Hurairah, um renomado estudioso islâmico da primeira geração de muçulmanos. Quando Abu Hurairah converteu-se ao Islã, o profeta Muhammad mudou o nome dele para Abdu Rahman(servo do Misericordioso).
Os muçulmanos acreditam com certeza plena que, desde o começo da criação, Allah enviou profetas e mensageiros para orientar e ensinar a humanidade. Portanto, a religião original da humanidade era a submissão a Allah. Os primeiros árabes adoravam a Allah, entretanto, com o passar do tempo sua adoração foi corrompida por ideias feitas pelo homem e superstições. A razão para isso foi perdida no tempo, mas devem ter caído na prática da idolatria da mesma forma que o povo do profeta Noé.
Os descendentes do profeta Noé eram uma comunidade que acreditava na unicidade de Allah, mas a confusão e o desvio tomaram conta. Homens virtuosos tentaram lembrar o povo de suas obrigações com Allah, mas o tempo passou e Satanás viu uma oportunidade de desviar o povo. Quando os homens virtuosos morreram, Satanás sugeriu ao povo que construíssem estátuas dos homens para ajudá-los a lembrar de suas obrigações com Allah.
O povo construiu estátuas em seus locais de congregação e em suas casas e Satanás deixou-os de lado até que todos tinham esquecido a razão para a existência das estátuas. Muitos anos depois Satanás apareceu entre o povo novamente, dessa vez sugerindo que adorassem os ídolos diretamente. Uma narração autêntica do profeta Muhammad, que Deus o louve, resume o início da idolatria da seguinte maneira:
“Os nomes (dos ídolos) formalmente pertenciam aos homens virtuosos do povo de Noé e quando morreram Satanás inspirou seu povo a preparar e colocar ídolos nos lugares em que costumavam sentar-se e chamar aqueles ídolos pelos nomes deles. O povo assim fez, mas os ídolos não eram adorados até que aquelas pessoas (que os iniciaram) morreram e a origem dos ídolos tornou-se obscura, período a partir do qual o povo começou a adorá-los.”[3]
Quando o profeta Abraão e seu filho Ismael reconstruíram a Casa Sagrada de Allah (a Caaba), a maioria dos árabes seguiu seu exemplo e retornou para a adoração do Deus Único. Entretanto, com o passar do tempo os árabes voltaram ao seu velho hábito de adorar ídolos e semideuses. Há pouca dúvida e muita evidência para sugerir que nos anos entre os profetas Abraão e Muhammad a religião da Península Arábica passou a ser dominada pela adoração de ídolos.
Cada tribo ou residência tinha imagens esculpidas e estátuas e os árabes acreditavam em adivinhos, usavam pêndulos para prever eventos futuros e realizavam sacrifícios de animais e rituais no nome dos seus ídolos. Diz-se que os ídolos principais do povo de Noé foram encontrados enterrados na área em que hoje fica Jedá, na Arábia Saudita, e distribuídos entre as tribos árabes[4]. Quando o profeta Muhammad retornou triunfantemente a Meca, a Caaba[5]continha mais de 360 ídolos diferentes.
Os ídolos mais conhecidos na Arábia pré-islâmica eram Manat, al Lat, e al Uzza.[6] Não há evidência que ligue qualquer um desses ídolos com deuses lua ou com a lua. Os árabes adoravam esses ídolos e recorriam a eles para intercessão. Allah repudiou essa adoração a falsos ídolos.
“Considerai Al-Lát e Al-Uzza. E a outra, a terceira (deusa), Manata. Porventura, pertence-vos o sexo masculino e a Ele o feminino? Tal, então, seria uma partilha injusta. Tais (divindades) não são mais do que nomes, com que as denominastes, vós e vossos antepassados, acerca do que Deus não vos conferiu autoridade alguma. Não seguem senão as sua próprias conjecturas e as luxúrias das suas almas, não obstante ter-lhes chegado a orientação do seu Senhor!” (Alcorão 53: 19-23)
No meio do paganismo e politeísmo predominantes os árabes pré-islâmicos nunca invocaram um deus lua como divindade suprema. De fato, não há evidência de que algum dia invocaram um deus lua. Por gerações não perderam sua crença no Único governante supremo do universo (mesmo que na maior parte do tempo mantivessem o conceito errôneo de crença em Allah). Estavam cientes de Suas bênçãos e Sua punição e acreditavam no Dia do Juízo. Poetas da época referiam-se a Allah regularmente.
Nabigha, um poeta muito conhecido do século 5 EC disse: “Fiz uma promessa e não deixei margem para dúvida sobre quem pode dar apoio ao homem, além de Allah” e Zuhair b. Abi. Salma afirma sua fé no Dia do Juízo dizendo: “As ações são registradas no pergaminho a ser apresentado no Dia do Juízo. A vingança também pode ser adotada nesse mundo.” O Alcorão também testemunha o fato de que os árabes pré-islâmicos eram cientes de Allah - Deus - o Único.
“E se lhes perguntas: Quem criou os céus e a terra e submeteu o sol e a lua? Eles respondem: Allah (Deus)! Então, por que se retraem? Deus prodigaliza e restringe a subsistência a quem Lhe apraz, dentre os Seus servos, porque Deus é Onisciente. E se lhes perguntas: Quem faz descer a água do céu e com ela vivifica a terra, depois de haver sido árida? Respondem-te: Deus! Dize: Louvado seja Deus! Porém, a maioria é insensata.” (Alcorão 29: 61-63)