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Deixem-me declarar na abertura que, após ser muçulmano por muitos anos, se me dessem o tópico “O Milagroso Alcorão,” como eu o vejo agora, eu estaria enfatizando e discutindo aspectos que eram completamente desconhecidos para mim na época em que eu estava estudando o Islã como um não-muçulmano.   Eu venho estudando o Alcorão por mais de trinta anos e ele nunca deixa de me fascinar.  De fato, o fenômeno de continuar descobrindo novos aspectos fascinantes do Alcorão tem sido uma verdade para os eruditos muçulmanos ao longo dos anos.  Ao longo de séculos, eles têm falado sobre o Alcorão, com os eruditos mais recentes reconhecendo os aspectos milagrosos que os eruditos anteriores mencionaram, ao mesmo tempo em que se deparam com outros aspectos que consideram igualmente notáveis e surpreendentes.  Assim, por exemplo, nós tivemos Aishah bint al-Shaati, Sayyid Qutb e Mustafa Saadiq al-Raafi’ee adicionando componentes à teoria geral da natureza milagrosa do Alcorão no século passado.[1]  Mais recentemente, muitos têm enfatizado os que são chamados de “milagres científicos do Alcorão”, um tópico que tentaremos visitar no fim dessa exposição.





Entretanto, essa preleção é sobre a “minha história” e meu caminho até o Islã através do Alcorão.  Portanto, eu enfatizarei aqueles aspectos do Alcorão que mais me influenciaram na época e dedicarei menos tempo aos outros aspectos que eu tenho estudado em detalhes desde então.





Uma Breve Introdução ao Profeta Muhammad e ao Alcorão





Estou certo de que a maioria de vocês tem algum tipo de familiaridade com o Profeta Muhammad, que Deus o exalte, e o Alcorão, mas por causa de alguns pontos que eu destacarei mais tarde, eu acredito que uma breve introdução aos dois seria adequado.





Muhammad nasceu por volta de 570 anos após o nascimento de Jesus Cristo.  Ele nasceu em Meca, na Península Arábica.  O povo de Meca era devotado à adoração de ídolos.  A área não era conhecida como um local de civilização ou conhecimento avançados naquele tempo.   De fato, o Profeta Muhammad era iletrado.  Com a idade de quarenta anos Muhammad recebeu sua primeira revelação.  Embora ele fosse conhecido entre as pessoas como “o confiável”, a maioria dos árabes o ironizou e logo após começou uma campanha massiva para persegui-lo e àqueles que acreditavam nele.  Depois de treze anos de pregação em Meca, o próprio Profeta foi forçado a partir para a cidade de Medina, onde já tinha alguns seguidores.   Eles fizeram dele o líder da cidade.  Os descrentes de Meca não descansaram e tentaram esmagar militarmente a nova fé.  Entretanto, o que era originalmente um pequeno grupo de muçulmanos cresceu em número e foi capaz de resistir ao ataque violento dos descrentes.   Dentro de dez anos, o próprio Profeta liderou um exército de volta à Meca e a conquistou em uma vitória sem derramamento de sangue.  Dessa forma o Islã se tornou vitorioso na Arábia e começou a se propagar através do mundo. O Profeta Muhammad, que Deus o exalte, finalmente morreu em 632.





Quanto ao Alcorão, ele foi revelado ao Profeta Muhammad em um período de vinte e três anos.  Foi revelado diretamente a ele através do anjo Gabriel.  Ele recebia a mensagem e depois a transmitia a seus seguidores.  Portanto, o Alcorão é muito diferente da Bíblia.  Não existem contribuições humanas ao Alcorão; é apenas a revelação de Deus.  Em outras palavras, você não encontrará histórias sobre o Profeta escrita por seus Companheiros no Alcorão.  De fato, você não encontrará no Alcorão nenhum dos discursos do Profeta fora do que ele afirmou ser a revelação do Alcorão.  As palavras do Profeta foram mantidas completamente separadas do Alcorão.





Um comentário final: o Alcorão é apenas em árabe.  A melhor tradução não é o Alcorão.  Uma vez que você perde algo em seu estilo original de expressar as palavras e se apóia somente na tradução, o original é completamente perdido.





A História de Minha Conversão e a Proximidade do meu Batismo





A história de minha conversão não é das mais fascinantes.  Entretanto, um aspecto é interessante: o efeito que o Alcorão teve em mim.





A minha família se mudou para a Califórnia vindo da Espanha.  Assim, nós éramos nominalmente católicos.  Eu tive pouquíssima exposição a qualquer religião até que um amigo meu na escola me convidou para sua igreja.  Eu comecei a freqüentar e essa foi a primeira vez que eu comecei a ler a Bíblia.  Eu definitivamente estava levando tudo muito a sério.  Então chegou o momento de eu ser batizado.  Eu não tinha problemas em relação a isso exceto que eu tinha decidido que, uma vez que era a primeira religião a qual eu tinha sido exposto, eu deveria pesquisar sobre outras religiões para me assegurar do que estava fazendo. Eu não pensei que isso fosse de fato afetar minha decisão final quando, na realidade, a proximidade do batismo me levou a tornar-me um muçulmano.





Eu comecei a estudar sobre todas as religiões que eu pude encontrar.  Isso, obviamente, foi o que me levou até o Alcorão.





Estudando o Alcorão em 1976: O Alcorão Versos Muitos Escritores Não-Muçulmanos





Você deve ter em mente que isso aconteceu em 1976. Foi antes da Revolução Iraniana e do Islã ser atacado pela mídia.  Eu não conhecia nenhum muçulmano na época.  (Eu vivia em uma cidade relativamente pequena e erroneamente supus que não havia muçulmanos lá.) Portanto, não havia ninguém tentando me convencer da verdade do Islã.  De fato, eu eventualmente me converti ao Islã antes de encontrar um muçulmano, fazendo o melhor para aprender as orações a partir de um livro escrito por um missionário, o Dicionário do Islã, de T.P. Hughes.





Portanto, a informação que eu recebia sobre o Islã veio principalmente de não-muçulmanos que escreviam sobre o Islã.  Havia pouquíssimos livros escritos por muçulmanos disponíveis para mim naquela época.  Na verdade, eu só me lembro de ter encontrado um trabalho escrito por um muçulmano, relativamente pequeno, de Maududi.[1]  Entretanto, eu consegui encontrar algumas cópias do Alcorão traduzidas por muçulmanos.  Em particular, eu estava lendo a tradução de Abdullah Yusuf Ali.





Em essência, era o Alcorão versos um número de trabalhos escritos por não-muçulmanos.  Em geral, esses não-muçulmanos eram forçados a elogiar o Islã de vez em quando mas sempre tentavam encontrar alguma falha nos princípios da fé.  E assim eles inventavam muitas teorias sobre o Profeta Muhammad e o Alcorão.  Eu lia suas críticas lado a lado com o Alcorão.





A maioria dos autores que eu estava lendo claramente dizia que o Alcorão não era uma revelação de Deus, mas que foi escrito pelo Profeta Muhammad, que Deus o exalte.  Essa era a opinião expressa por Richard Belle em The Qur'an: Translated With a Critical Re-arrangement of the Surahs (O Alcorão: Traduzido com uma Reorganização Crítica das Suratas, em tradução livre), Arberry em sua introdução a sua tradução do Alcorão, e Kenneth Cragg em The Call of the Minaretad nauseum (O Chamado do Minarete, ad nauseum, em tradução livre).[2]





Entretanto, como Montgomery Watt destacou, isso por si só levantava uma variedade de perguntas.  Se Muhammad era um impostor, ele fez o que fez de forma maliciosa?   Ele não era conhecido por ser uma pessoa desonesta ou maliciosa, então o que o levou a essa mudança?  Além disso, se ele fez isso de forma maliciosa, como reuniu toda a informação contida no Alcorão, especialmente vivendo em um lugar como Meca?  Ele teve professores? Se sim, quem eram eles e onde está documentado que teve professores?





Para ser franco, eu não estava muito impressionado com aqueles que clamavam que o Profeta tinha algum professor que deu a ele toda a informação que mais tarde formou o Alcorão.  Em geral, aqueles autores se referiam a encontros ao acaso ou únicos entre o Profeta e indivíduos específicos.  Por exemplo, Muir e Margoliouth atribuíram a informação encontrada no Alcorão a Baheerah, um monge que o Profeta havia encontrado na Síria durante sua juventude quando tomava parte de uma caravana, muito antes de reivindicar ser um Profeta.  Esses argumentos eram totalmente ilógicos e extremamente forçados.  Eu não gastei muito tempo com eles.





Alguns críticos eram forçados a admitir que o Profeta Muhammad era conhecido por ser uma pessoa extremamente honesta e sincera.  Eles também mencionaram como ele não se beneficiou materialmente de suas ações, já que continuou a viver uma vida muito sincera e humilde.  Portanto, eles concluíam que ele era honesto e sincero mas terrivelmente iludido.  Mas ainda assim, se ele estava iludido, de onde veio essa informação? Alguns fizeram parecer que era algo de seu subconsciente.  Anderson até chamou de “criação ilusória de fatos que ele desejava que fossem realidade.”  Outros disseram que ele sofria de ataques epiléticos e que as revelações eram resultado desses ataques.  Essas teorias podem ter sido convincentes para alguém que simplesmente lia o que esses autores escreviam sem tirar um tempo para ler e estudar o Alcorão.  Como será mencionado posteriormente nessa preleção, existe muita informação no Alcorão que não seria possível vir do subconsciente de alguém.





Outra alegação comum que li era que o Profeta Muhammad era um tipo de líder “nacionalista”, cujo objetivo principal era unir os árabes.  Essa forma típica de pensar é a que está declarada na Nova Enciclopédia Católica: “Por volta dos 40 anos ele recebeu seu ‘chamado profético’ para unir os árabes sob um monoteísmo.”[3]  Essa abordagem pode ser considerada mais complementar, já que não procura ridicularizar o Profeta de forma alguma.  Ainda assim, ao mesmo tempo, não fez sentido para mim com base no que lia no Alcorão.  É suficiente notar que não existe uma passagem no Alcorão que seja endereçada aos árabes.  No Alcorão Deus fala à humanidade ou às pessoas, crentes e descrentes.  Se esse livro fosse apenas para os árabes, por que eles nunca são abordados diretamente e, ao invés disso, são usados termos gerais que valem para toda a humanidade?





Em qualquer caso, o excesso de opiniões diferentes em relação ao Profeta era para mim um sinal de que  tinha acontecido algo insondável para esses autores.  Tudo para mim era evidência de que havia realmente algo com o Alcorão, ou ele poderia simplesmente ter sido descartado como um trabalho trivial, que não valia o esforço de refutar ou discutir.   Isso me fez até mais interessado no Alcorão e é algo que veremos mais tarde: os trabalhos que deveriam ter me dissuadido de continuar a pesquisar o Alcorão me deixaram mais convencido de que eu precisava pesquisá-lo mais.





No meu estudo de outras religiões, um dos meus objetivos era ler as escrituras sagradas de cada religião, para entender diretamente da fonte o que era a religião.  Isso obviamente despertou minha curiosidade no Alcorão.





Eu já tinha uma forte crença em Deus e estava convencido da existência de um Ser Supremo.  De fato, durante um tempo, eu às vezes era um cristão e às vezes simplesmente era um deísta, seguindo os passos de Voltaire e muitos dos “fundadores” dos Estados Unidos.





Já acreditando em Deus, portanto, o meu primeiro parâmetro por uma religião verdadeira era que a religião devia ter Deus como sua fonte original.  Ninguém pode conhecer os detalhes sobre Deus exceto Deus.  Ele está acima e além do campo da experiência humana.  E o mais importante é que ninguém sabe como Ele deve ser adorado exceto Ele mesmo.  Ninguém sabe qual estilo de vida é mais agradável a Ele exceto Ele.  Embora os humanos sejam capazes de muitas conclusões embasadas sobre Deus, nenhum humano pode logicamente reivindicar que de alguma forma – independentemente de revelação de Deus – descobriu a maneira com a qual Deus deve ser adorado e a maneira que é mais agradável a Deus.  Assim, se o objetivo supremo é verdadeiramente satisfazer e adorar a Deus como Ele deve ser adorado, então não se tem alternativa exceto voltar-se para Ele em busca de orientação.





Com base nessa primeira premissa, qualquer religião feita pelo homem não é uma alternativa lógica.  Não importa o quanto os humanos tentem, eles não podem falar com autoridade sobre como Deus supostamente deve ser adorado.





É importante mencionar que esse parâmetro não significa que alguma vez Deus desempenhou um papel na formação de uma religião específica.  Não, esse parâmetro significa que o escopo inteiro dos ensinamentos vêm de Deus.  Existem algumas religiões que podem ter originado de Deus mas, depois, seus aderentes se sentiram livres para se apoiarem no raciocínio humano para ajustar, modificar e alterar a religião.  No processo, eles de fato criaram uma nova religião, diferente da que Deus havia revelado.  Isso, mais uma vez, destrói completamente o propósito.  O que Deus revelou não precisa de qualquer aprimoramento ou mudança da humanidade.  Qualquer mudança ou alteração significa um desvio do que Deus revelou.  Assim, qualquer mudança ou alteração apenas levará a humanidade para longe da verdade e da maneira adequada de adorar a Deus.  Além disso, Deus é mais do que capaz de revelar uma revelação perfeita para qualquer época ou circunstância.  Se houver qualquer necessidade de alterar ou mudar quaisquer das leis de Deus, a autoridade para isso está apenas com Deus.  Em outras palavras, Deus está livre para mudar Suas leis devido a Sua sabedoria e conhecimento, por exemplo, por misericórdia ou como uma forma de punição para Seus servos.  Ele pode fazê-lo enviando uma nova revelação ou até enviando um novo profeta.  Com isso, não existe problema lógico.  Mas existe um problema grave quando os humanos assumem o encargo de “consertar” a revelação de Deus.





Portanto, o primeiro parâmetro declara que a religião se origine de Deus.  Entretanto, isso não é suficiente.  O segundo parâmetro é que os ensinamentos de Deus devem ser preservados em sua forma original.  A lógica por trás desse ponto deve ser óbvia.  Se a revelação original veio de Deus mas foi posteriormente adulterada e distorcida por humanos, tem-se agora a mistura da religião de Deus e de interpolação humana.  Não é mais a religião pura de Deus.  Embora isso possa parecer uma premissa óbvia, é surpreendente ver quantas pessoas nunca consideraram esse ponto, seguindo cegamente escrituras ou ensinamentos que não podem ser autenticados historicamente.





O Primeiro Aspecto Milagroso do Alcorão: Sua Preservação Detalhada





De fato, essa foi uma das primeiras coisas que me impressionaram em relação ao Alcorão.  Até aqueles que eram claramente contra o Islã em seus escritos, como Sir William Muir, admitiam que o Alcorão que temos hoje foi preservado desde o tempo do Profeta, que Deus o exalte.[1]  De fato, mesmo aqueles que tentavam ser mais críticos e levantar dúvidas sobre a autenticidade completa do Alcorão, como Jeffrey, me impressionaram ainda mais por conta da quantidade de informação que temos com relação a história desse texto.





Para apreciar plenamente esse ponto, deve-se ter em contexto o meu histórico cristão.  Incidentalmente, esse trabalho de forma alguma pretende ser uma crítica ao Cristianismo.  Entretanto, é o meu histórico e foi o parâmetro através do qual eu examinei outras religiões.  Portanto, eu fiz muitas comparações cruzadas entre o Cristianismo e outras religiões, inclusive o Islã.  Assim, eu não tenho escolha senão me referir ao Cristianismo durante o curso desse trabalho, já que esse trabalho é sobre a minha experiência.





Eu estava dolorosamente consciente de muito da história da Bíblia e esse era um dos problemas principais que eu tinha com o Cristianismo.[1]  Eu perguntei a pastores sobre essa questão e a maioria deles na época, isso foi antes dos fundamentalistas se tornarem predominantes, foram muito abertos sobre isso e admitiram que havia problemas com a autenticidade histórica da Bíblia.  Ao mesmo tempo, entretanto, a maioria deles proclamava que os “ensinamentos” tinham sido preservados embora os detalhes possam não ter sido.  Em outras palavras, a Bíblia claramente não era a palavra de Deus; eles alegavam que os escritores bíblicos foram “inspirados” por Deus.  Isso é o máximo que podiam alegar, embora até isso eles não pudessem provar.  Isso me parecia uma fé cega porque se você não sabe se os detalhes foram preservados, como pode estar tão certo de que os ensinamentos principais foram realmente preservados?  Na realidade, nós não sabemos quem eram Mateus, Marcos, Lucas e João e nem por que exatamente seus nomes foram atrelados àqueles famosos Evangelhos.





À luz disso, eu encontrei Jeffrey, enquanto ele tentava provar que havia algumas dificuldades menores com o Alcorão, demonstrando que a compilação do Alcorão desde os seus anos iniciais era conhecida em detalhes, já que a maior parte de seu trabalho se relacionava com a época dos Companheiros do Profeta.   Eu estava muito impressionado e seu suposto ataque ao Alcorão simplesmente, como eu já aludi antes, me fez continuar em meu estudo do Alcorão.  (Claro, muito depois eu li respostas aos argumentos de Jeffrey, refutando totalmente suas alegações de que o Alcorão não havia sido preservado.)





A Promessa do Alcorão de que Seria Preservado





Em qualquer caso, chamou a minha atenção o que o Alcorão diz dele mesmo:





“Nós revelamos a Mensagem e Somos seu preservador.” (Alcorão 15:9)





Era interessante para mim porque dentro do Alcorão existe uma referência clara a como os povos anteriores fracassaram em preservar completamente a mensagem que receberam.[2]  Portanto, à luz do que o Alcorão estava dizendo sobre as revelações anteriores, era uma afirmação muito audaciosa.  E, incidentalmente, pode ser considerada uma das profecias do Alcorão – vindo de uma perspectiva judaico-cristã, profecias eram importantes para mim.  Se elas não acontecessem seriam muito prejudiciais aos meus olhos, ao passo que se acontecessem eu consideraria um bom sinal.





Mais uma vez, a história do Islã apresenta um cenário diferente das revelações anteriores.  O Profeta Muhammad, que Deus o exalte, viveu há apenas 1.400 anos.  Ele é definitivamente o mais “histórico” dos vários profetas.  Portanto, a história do Alcorão é conhecida e documentada.





O Alcorão foi preservado com cuidado meticuloso.  Ele se descreve como uma “leitura” (Alcorão) e como um livro (kitaab).  De fato, foi através de ambos os meios que o Alcorão foi meticulosamente preservado.





Durante a vida do Profeta, o Profeta tinha escribas específicos cujo trabalho era registrar a revelação quando ele a recebia.  O Alcorão não foi revelado de uma única vez.  Foi registrado por um período de vinte e três anos.  Durante aquela época, a revelação podia vir ao Profeta a qualquer momento.  Quando ela vinha, era reconhecida pelos sinais físicos sobre o Profeta (um ponto que levou alguns a alegarem que ele simplesmente era epilético).  Ele então chamava seus escribas e dizia a eles o que havia sido revelado e exatamente onde a nova passagem se encaixava em relação ao que já havia sido revelado por Deus.





O Alcorão, que não é um livro grande, também foi preservado na memória assim como na forma escrita desde a época do Profeta Muhammad.  Muitos dos Companheiros do Profeta tinham memorizado o Alcorão inteiro e, temendo o que havia acontecido com as comunidades das religiões anteriores, eles adotaram as medidas necessárias para protegê-lo de qualquer forma de adulteração.   O Alcorão continua a ser memorizado hoje – outro aspecto surpreendente do Alcorão.  De fato, Deus diz sobre o Alcorão:





“Em verdade, fizemos o Alcorão fácil de compreender e lembrar...” (Alcorão 54:17)





 Até hoje, milhares de muçulmanos sabem o Alcorão de cor.  Se Fahrenheit 451de Ray Bradbury se tornasse uma realidade hoje e todos os livros fossem reduzidos a cinzas, o Alcorão sobreviveria.  Os muçulmanos seriam capazes de reescrever todo o Alcorão de memória.





Logo após a morte do Profeta o Alcorão foi todo compilado e pouco depois cópias oficiais foram enviadas a terras distantes, para assegurar que o texto ficasse puro.  Até hoje, pode-se viajar para qualquer parte do mundo, pegar uma cópia do Alcorão e constatar que ela é a mesma em todo o mundo.[3]





Até o idioma do Alcorão, que é essencial para manter o entendimento verdadeiro do texto, foi preservado.[4]  O mesmo não pode ser dito dos profetas anteriores como Moisés e Jesus, cujos hebraico e aramaico não existem mais.





Como mencionado anteriormente, todo cuidado foi tomado para assegurar que qualquer coisa que não pertencesse à revelação direta de Deus - inclusive as próprias afirmações do Profeta - fosse mantida fora do Alcorão.  Apenas as palavras que o Profeta recebeu como revelação e informou a seus seguidores fizeram parte do Alcorão.  Conseqüentemente, o Alcorão é completamente diferente da Bíblia, que inclui histórias sobre os profetas, comentários sobre suas vidas e ensinamentos, cartas e escritos de não-profetas e assim por diante.  Nenhuma interpolação e adição humana pode ser encontrada no Alcorão.





Assim, o Alcorão originalmente me impressionou de duas formas: primeiro, claramente se proclamou ser a palavra de Deus que não estava entrelaçada com palavras de humanos.  Segundo, foi minuciosamente preservado desde a época de sua revelação.  Esses dois pontos significavam que o Alcorão atendia meus parâmetros lógicos para religião e revelação.  Eu estava pronto para prosseguir em meus estudos e analisar seus ensinamentos.





A propósito, pode-se com toda razão perguntar por que Deus permitiu que suas revelações anteriores fossem distorcidas e não preservadas.  Pode-se de fato pensar sobre muitas razões importantes por trás disso.  Primeiro, como está claro em suas próprias escrituras, os profetas anteriores, como Moisés e Jesus, não foram enviados para toda a humanidade.  Suas mensagens eram claramente para a Tribo de Israel e para suas épocas em particular.  De fato, Deus nos ensina que todos os povos tiveram um mensageiro que lhes foi enviado e cujos propósitos eram limitados.  O Profeta Muhammad e, conseqüentemente, sua revelação, é para toda a humanidade desde a sua época até o Dia do Juízo.  Segundo, se suas revelações fossem preservadas, seus seguidores poderiam usar isso como justificativa para continuarem a seguir seus profetas e se recusarem a seguir o Profeta Muhammad.  Uma vez que está muito claro através de muitos meios, como evidência histórica, declarações contraditórias dentro do texto e assim por diante, que suas escrituras não foram preservadas em seus detalhes e que eles não podem alegar seguir o que é a religião pura de Deus - sem mistura com interpolação humana – eles não têm justificativa válida para não abandonarem suas revelações não-preservadas por uma revelação verdadeira, completa e exata de Deus encontrada no Alcorão.



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