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A Vida de Profetas





Abraão





O Profeta Abraão, conhecido como Ibrahim no árabe, nasceu uns 2.000 anos antes de Jesus, perto de Ur, a umas 200 milhas de Bagdá. O jovem Ibrahim questionava a religião que o rodeava.





Tal como aqueles ao seu redor, o seu pai Azar era um adorador de ídolos, possivelmente alguém que os esculpia; de forma que a primeira pregação de Abraão foi dirigida a seu pai. Nascido com a crença pura de uma criança, de que o universo possui um Criador, Ibrahim estava instintivamente ciente da verdade acerca d'Ele. 





“E menciona, no Livro, (a história de) Abraão; ele foi um homem de verdade, e um Profeta.” (Alcorão 19:41)





Ibrahim começou a questionar a idolatria do seu pai: 





“Quando disse a seu pai: 'Ó meu pai! Por que adoras o que não ouve nem vê e de nada te vale? Ó meu pai! Por certo, chegou-me, da ciência, o que te não chegou; então, segue-me, eu te guiarei a uma senda perfeita.  Ó meu pai! Não adores Satã. Por certo, Satã é desobediente aO Misericordioso. Ó meu pai! Por certo, temo que um castigo dO Misericordioso te toque: então, tornar-te-ias aliado a Satã.'”[1] 





“Tomas ídolos por deuses?” (Alcorão 6:74) 





A resposta de seu pai foi uma rejeição natural a um desafio por alguém não apenas mais jovem do que ele, mas também da sua própria descendência, um desafio contra anos de tradição e convenções sociais.





Ele (o pai) disse: “Ó Abraão, porventura detestas as minhas divindades? Se não desistires, apedrejar-te-ei. Afasta-te de mim!” (Alcorão 19:46)





Ibrahim permaneceu firme na sua posição quanto à idolatria do seu pai e daqueles que o rodeavam. Ao rejeitar a idolatria, Ibrahim iniciou sua jornada espiritual ao Senhor dos Mundos. Contemplar racionalmente sobre o universo fê-lo desviar a sua atenção da criação ao Criador, e com isso veio a oportunidade de reforçar sua pregação de que a única divindade merecedora de adoração era Deus, o Todo-Poderoso. O Alcorão diz-nos:





“Quando a noite o envolveu, viu uma estrela e disse: 'Eis aqui meu Senhor!' Porém, quando esta desapareceu, disse: Não adoro os que desaparecem.’” (Alcorão 6:76)





Ibrahim apresentou-lhes o exemplo das estrelas, algo  incompreensível para eles já que as consideram superiores ao ser humano e lhes atribuem poderes que o ser humano não possui. Porém no desaparecimento das estrelas Ibrahim viu sua incapacidade de aparecerem quando quiserem, sendo que apenas são visíveis de noite.





Um outro exemplo de algo ainda maior é de um corpo celeste mais bonito, e de maior tamanho do nosso ponto de vista, também visível durante o dia! No entanto, o horizonte limita sua majestade:





“Quando viu desapontar a lua, disse: 'Eis aqui meu Senhor!' Porém, quando esta desapareceu, disse: 'Se meu Senhor não me iluminar, contar-me-ei entre os extraviados.’” (Alcorão 6:77)





Em seguida, como um exemplo culminante, ele mencionou algo ainda maior para análise, um dos mais importantes objetos da criação para nós, sem o qual a nossa própria vida seria impossível.





E, quando viu o sol surgindo, disse: "Eis meu Senhor; este é o maior!" E, quando ele se pôs, disse; "Ó meu povo! Por certo, estou em rompimento com o que idolatrais. Por certo, eu dirijo minha face, como monoteísta sincero, para Quem criou os céus e a terra. E não sou dos idólatras.” (Alcorão 6:78-79)





Assim, Ibrahim provou para a sua própria satisfação e para a consternação do seu povo que o Senhor dos mundos não se encontrava entre as criaturas que os seus ídolos representavam, mas sim, pelo contrário, o Ser que os criou e criou tudo aquilo que eles podiam ver e compreender; que o Senhor não precisava necessariamente ser visto para ser adorado. Ele é um Senhor Todo-Poderoso, que não tem limitações como as criaturas que se podem encontrar neste mundo. 





 “Anteriormente concedemos a Abraão a sua integridade(...).”[2]





Contudo, apesar de tais evidências o seu povo continuou a contestá-lo.[3]  Eles disseram:





 “Não! Mas encontramos nossos pais fazendo assim.”[4]  





Ele rejeitou a noção de que os antecessores de um indivíduo estivessem necessariamente certos, ou de que deveríamos seguir cegamente os seus costumes, ao dizer:





“Com efeito, vós e vossos pais tendes estado em evidente descaminho.” (Alcorão 21:54)  





Sua mensagem era simples:





“E Abraão, quando disse a seu povo: 'Adorai a Allah e temei-O. Isso vos é melhor, se soubésseis. Apenas vós adorais ídolos, em vez de Allah, e inventais mentiras. Por certo, os que adorais, em vez de Allah, não possuem, para vós, sustento algum. Então, buscai, junto de Allah, o sustento, e adorai-O e agradecei-Lhe. A Ele sereis retornados.'”[5]





Depois chegou o momento em que a pregação teve de ser acompanhada pela ação.  Ibrahim planeou um corajoso e decisivo ataque à idolatria, um plano que, conforme tinha previsto, incluía os seus ídolos,





“Por Deus que tenho um plano para os vossos ídolos, logo que tiverdes partido.” (Alcorão 21:57)  





Era a ocasião de um festival religioso, para a qual eles sairiam da cidade, e Ibrahim foi convidado a participar. Então, ele olhou para o céu e disse;





 “Por certo, estou doente.” (Alcorão 37:89)





...o seu povo saiu sem ele. Quando o templo ficou vazio apareceu a oportunidade que ele estava à espera. Entrou no recinto dos ídolos cobertos em ouro, que tinham na sua frente refeições sofisticadas deixadas ali pelos sacerdotes. Zombando deles com incredulidade, disse-lhes:





“Ele virou-se para os ídolos deles e lhes perguntou: 'Não comeis? Por que não falais?’” (Alcorão 37:91-92)





Afinal, o que poderia iludir tanto o ser humano ao ponto de adorar ídolos feitos pelas suas próprias mãos?  





“E pôs-se a destruí-los com a mão direita.”  (Alcorão 37:93)





O Alcorão nos diz,





“E os reduziu a fragmentos, menos o maior deles.” (Alcorão 21:58)





Quando os sacerdotes do templo retornaram, ficaram chocados ao ver tamanho sacrilégio, a destruição do templo. Eles perguntavam-se quem poderia ter feito isso aos seus ídolos quando alguém mencionou o nome de Ibrahim, explicando que ele costumava falar mal deles. Assim, os sacerdotes convocaram-no para a sua presença, esta foi uma oportunidade para que Ibrahim lhes mostrasse o seu desvio:





“Disse-lhes: 'Adorais o que esculpis, enquanto Allah vos criou e ao que fazeis?” (Alcorão 37:95)





A sua fúria estava a aumentar; sem nenhuma vontade de receberem pregação, eles foram direto ao ponto:





“Disseram: 'Foste tu que fizeste isso a nossos deuses, Ó Abraão?'” (Alcorão 21:62)





Mas Ibrahim deixou o ídolo maior intacto por um motivo:





“Respondeu: 'Não! Foi o maior deles. Interrogai-os, pois, se é que podem falar inteligivelmente.’”(Alcorão 21:63)





Quando Ibrahim os desafiou dessa forma, entraram num estado de confusão. Culparam-se mutuamente por não terem guardado bem os ídolos e, recusando-se a olhá-lo nos olhos, disseram:





“Com efeito sabes que esses não falam.”(Alcorão 21:65)





Então Ibrahim enfatizou a sua posição.





“Então, (Abraão) lhes disse: ‘Porventura, adorareis, em vez de Deus, quem não pode beneficiar-vos ou prejudicar-vos em nada? Que vergonha para vós e para os que adorais, em vez de Deus! Não raciocinais?’”(Alcorão 21:67)





Os acusadores tornaram-se os acusados. Foram acusados de incoerência na sua lógica.  Eles não tiveram resposta para Ibrahim, pois o raciocínio de Ibrahim era irrefutável, a sua única resposta foi a ira e o ódio, e condenaram Ibrahim a ser queimado vivo:





“Disseram: ‘Preparai para ele uma fogueira e arrojai-o no fogo.’” (Alcorão 37:97)





Todas as pessoas do povoado ajudaram a juntar lenha para a fogueira, até que se tornou no maior fogo que jamais tinham visto. O jovem Ibrahim submeteu-se ao destino que lhe foi dado pelo Senhor dos mundos. Não perdeu a fé, esta prova apenas tornou-o mais forte.  Ibrahim não se deixou intimidar pela ameaça de uma horrível morte apesar dE sua tenra idade; pelo contrário, suas últimas palavras antes de entrar no fogo foram,





“Deus é suficiente para mim e Ele é quem melhor dispõe dos assuntos.” (Sahih Al-Bukhari)





Aqui temos um outro exemplo de Ibrahim a passar com sucesso as provas que enfrentava. Sua fé no verdadeiro Deus foi posta à prova, e ele demonstrou que estava disposto a entregar sua vida pela causa de Deus. Sua fé tornou-se evidenciada pelas suas ações.





Deus não quis que o fogo fosse o fim de Ibrahim, pois ele ainda tinha uma grande missão pela frente. Assim, salvou a Ibrahim  como um sinal para ele e para o seu povo. 





“Dissemos: ‘Ó fogo! Sê frescor e paz sobre Abraão.’ E desejaram armar-lhe insídias; então, fizemo-los os mais perdedores.” (Alcorão 21:69-70)





Ibrahim escapou a salvo do fogo.





Depois de anos de perseguição, Ibrahim e sua família supostamente migraram para Harã no sudeste da Turquia para continuar a pregar a verdade. Enquanto em Harã, Ibrahim continuou a pregar ao seu pai, porém o seu pai continuava a persistir na sua rejeição.  Finalmente disse-lhe:





“Se não desistires, apedrejar-te-ei. Afasta-te de mim!” (Alcorão 19:46)





  Expulso pelo pai, Ibrahim partiu despedindo-se com palavras amáveis:





“Disse-lhe: ‘Que a paz esteja contigo! Implorarei, para ti, o perdão do meu Senhor, porque é Agraciante para comigo. Abandonar-vos-ei, então, com tudo quanto adorais, em vez de Deus. Só invocarei o meu Senhor; espero, com a invocação de meu Senhor, não ser desventurado.’” (Alcorão 19: 47-49)





Depois de anos de pregação ineficaz e angústia pelo provável destino do seu pai na outra vida, Ibrahim, com o  coração sensível, manteve sua  promessa de rogar por ele.  Porém, esta foi uma promessa que Allah rejeitou no final (Alcorão 9:113-114).  Quando Ibrahim deixou para trás Harã e os idolatras, fez algo que seria um exemplo para nós. Allah recomenda-nos uma parte das suas palavras e nos alerta contra a outra parte:





“Com efeito, há para vós belo paradigma em Abraão, e nos que estavam com ele, quando disseram a seu povo: ‘Por certo, estamos em rompimento convosco e com o que adorais, em vez de Allah; renegamo-vos, e a inimizade e a aversão mostrar-se-ão, para sempre, entre nós e vós, até que creiais em Allah, só n'Ele’, exceto no dito de Abraão a seu pai: ‘Em verdade, implorarei perdão para ti, e nada te poderei fazer, junto de Allah.’”[1]





Ibrahim migrou para o Egito, onde se encontrou com o Faraó, governante dessa terra.  Sara, uma mulher bonita e atraente, chamou a atenção do Faraó. Quando foi perguntado sobre sua relação com Sara, Ibrahim respondeu que ela era sua irmã, querendo dizer que era a sua irmã na fé. Através dela iria se transmitir uma mensagem convocando os egípcios a adorar somente a Allah. Pensando que Sara estava disponível para o seu próprio proveito, Faraó chamou-a rapidamente e ela, sob as instruções de Ibrahim, manteve silêncio sobre a verdadeira relação entre ambos. Sara, no entanto, era uma mulher casta, e dirigiu suas preces a Allah. Quando o Faraó quis se aproximar da Sara, a metade superior do seu corpo ficou paralisada. Ele rogou a Sara com angústia, prometendo que a libertaria se ela levantasse o castigo.  Contudo, ela simplesmente suplicou a Allah que libertasse o Faraó, para demonstrar que apenas Allah possuía o poder de protegê-la se assim desejasse. Somente depois de uma terceira tentativa falhada que o Faraó finalmente deixou-a ir. Sara retornou para Ibrahim, acompanhada de Agar, um presente de Faraó, para ficar de bons termos com alguém tão protegido por Allah.  Ela transmitiu uma poderosa mensagem aos pagãos egípcios, ainda que Faraó não tenha sabido encaminhar bem o seu presente reconciliatório, o qual deveria ter sido dirigido a Allah. 





Carregado de presentes, Ibrahim voltou à Palestina. Não obstante, Sara e Ibrahim continuaram sem filhos, apesar das promessas divinas de que teriam uma grande descendência. Guiada pelo altruísmo, Sara sugeriu que Ibrahim tomasse Agar, a sua serva, por segunda esposa para que lhe desse descendência em seu lugar. Enquanto estava na Palestina, Ibrahim casou-se com Agar e esta deu-lhe um filho, Ismael.





Quando Ismael era ainda um bebê a ser amamentado, Ibrahim recebeu a ordem de Allah para levar Agar e Ismael ao vale deserto de Bakka, umas 700 milhas a sudoeste de Hebrom, um vale que posteriormente seria chamado de Meca. Ibrahim deixou-os ali com um odre de água e uma bolsa de couro que continha tâmaras. Assim que Ibrahim começou a distanciar-se deixando-os para trás, Agar começou a preocupar-se com o que se estava a passar.  Ibrahim não olhou para trás; Agar seguiu-o dizendo-lhe: ‘Ibrahim! Para onde vais, deixando-nos num vale desabitado sem nada e nem ninguém?’  Ibrahim apressou o passo. Finalmente, Agar perguntou: ‘Allah pediu-te para fazeres isto?’ Subitamente, Ibrahim parou, virou-se e disse, ‘Sim!’  Sentindo-se reconfortada pela resposta, ela perguntou: ‘Ibrahim estás a deixar-nos ao cuidado de quem?’ ‘Estou a deixar-vos ao cuidado de Allah,’ respondeu Ibrahim. Agar submeteu-se a seu Senhor: ‘Allah é suficiente para mim!’[2]  Ela regressou ao lugar onde estava o pequeno Ismael. Ibrahim partiu depois de ter suplicado a Allah por sua esposa e por seu filho, o que fez quando já estava fora de vista.





Pouco tempo depois, a água e as tâmaras acabaram e o desespero de Agar estava a aumentar. Sem poder saciar sua sede e nem poder dar o peito ao seu pequeno filho, Agar começou a procurar pela água. Começou por escalar a encosta rochosa de uma colina nas proximidades. "Talvez passe aqui uma caravana", disse para si mesma. Em  seguida, correu entre as colinas de Safa e Marwa sete vezes, em busca de água e então ouviu uma voz. Ao olhar em baixo para o vale, viu alguém parado ao lado de Ismael. Era o anjo Gabriel, que bateu o solo com o seu calcanhar perto da criança, enquanto ela descia apressadamente, e a água começou a brotar. Foi um milagre! Agar improvisou uma bacia de forma a reter a água e poder transportá-la para o seu odre. "Não temas ser abandonada", disse o anjo, "pois esta é a Casa de Allah que será construída por esta criança e o seu pai, e Allah não abandona o seu povo."[3]  Logo depois, a tribo árabe de Jurhum, que estava a migrar no seu trajeto habitual no sul da Arábia, parou enquanto passava pelo vale de Meca. Pareceu-lhes raro ver aves a voar naquela direção, pois era conhecido por ser um vale seco e desabitado, pelo que foram verificar o que se passava. Quando viram a água abundante, perguntaram à mãe com a criança se podia partilhá-la com eles. Eventualmente, acabaram por se estabelecer em Meca e Ismael cresceu entre eles.





Durante uma reunião com sua família em Meca após anos de afastamento, Allah ordenou a Ibrahim através de um sonho que sacrificasse o seu filho, com quem se reunira recentemente depois de quase uma década de súplicas e separação. Ibrahim consultou o seu filho para ver se ele compreendia: “(Ibrahim) lhe disse: ‘Ó filho meu, sonhei que te oferecia em sacrifício; que opinas?' Respondeu-lhe: 'Ó meu pai, faze o que te foi ordenado! Encontrar-me-ás, se Deus quiser, entre os perseverantes!'"[4]  O filho piedoso de um pai piedoso estava comprometido com a submissão a Allah e aceitou voluntariamente ser sacrificado. Foi ordenado a Ibrahim que levasse seu filho até Mina, cerca de quatro milhas fora de Meca, e o colocasse ali para o sacrifício. Precisamente no momento em que Ibrahim estava a começar a cortar, uma voz deteve-lhe: “E chamamo-lo: 'Ó Abraão! Com efeito, confirmaste o sonho. Por certo, assim recompensamos os benfeitores. Por certo, essa é a evidente prova.'”[5]  Ibrahim recebeu a ordem de  resgatar Ismael com um carneiro: "E resgatamo-lo com imolado magnífico."





Depois que Ibrahim regressou à Palestina, foi visitado por anjos que anunciaram a ele e a Sara as boas novas de outro filho, Isaque, com as seguintes palavras: “Disseram-lhe: Não temas, porque viemos alvissarar-te com a vinda de um filho, que será sábio.”[6]





Em uma de suas viagens posteriores a Meca, ambos construíram a Caaba, de acordo com o comando de Allah.  Enquanto pai e filho construíam a Caaba, suplicavam:





“E quando Abraão e Ismael levantaram os alicerces da Casa, exclamaram: 'Ó Senhor nosso, aceita-a de nós pois Tu és Oniouvinte, Sapientíssimo. Ó Senhor nosso, permite que nos submetamos a Ti e que surja, da nossa descendência, uma nação submissa à Tua vontade. Ensina-nos os nossos ritos e absolve-nos, pois Tu é o Remissório, o Misericordiosíssimo. Ó Senhor nosso, faze surgir, dentre eles, um Mensageiro, que lhes transmita as Tuas leis e lhes ensine o Livro, e a sabedoria, e os purifique, pois Tu és o Poderoso, o Prudentíssimo.” (Alcorão 2:127-129)





Antes de sair de Meca, Ibrahim fez uma prece especial a Allah, pediu que Meca fosse abençoada, pediu proteção para sua família contra a falsa adoração de ídolos, bênçãos para Ismael e seus descendentes, orações regulares para a sua descendência, e perdão para si mesmo, para os seus pais e para todos os crentes (Alcorão 14:35-41).  A súplica de Ibrahim para a vinda de um Mensageiro, e para os descendentes de Ismael, foi respondida  milhares de anos depois, quando Allah fez surgir o Profeta Muhammad (que a misericórdia e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) entre os árabes.





Ele iria agora proclamar uma obrigação imposta sobre todo o crente num só Deus, de fazer a peregrinação à Caaba (Alcorão 22:27).  Por que é que isto não é mencionado no judaísmo e no cristianismo atuais? É algo intrigante, porém deve ser uma omissão deliberada dos seus ensinamentos religiosos, já que alteraria a ênfase da sua "terra prometida" a uma outra terra onde o "povo escolhido de Israel" não estava a habitar.





Ibrahim e o Hajj


São vários os ritos do Hajj que celebram os eventos da vida de Ibrahim e de sua família.  Depois de circundar em torno da Caaba, um muçulmano deve rezar duas rakahs atrás da Estação de Ibrahim, a pedra sobre a qual se apoiava para construir a Caaba.  Após essa oração, um muçulmano bebe a água de Zamzam, a milagrosa água fornecida pelo anjo Gabriel que salvou as vidas de Agar e Ismael. O rito de sa'i – a caminhada entre Safa e Marwa – celebra a desesperada busca de água por Agar quando ela e o seu bebê ficaram sozinhos em Meca. O sacrifício de um animal em Mina é uma celebração da determinação de Ibrahim em sacrificar o seu filho pela causa de Allah. Por último, o lançamento de pedras contra os três obeliscos (jamarat) em Mina, exemplificam a rejeição de Ibrahim às tentações de Satanás, que tentou impedi-lo de sacrificar Ismael.





Ibrahim, aquele que foi escolhido por Allah para ser o seu amigo íntimo (khalil-ullah), sobre quem Allah diz: “Por certo, farei de ti dirigente para os homens.”[7] voltou para a Palestina e ali morreu.





Um olhar sobre a vida do Profeta Noé





O nome de Noé é familiar para as três religiões monoteístas prevalentes no mundo de hoje, o judaísmo, o cristianismo e o Islam. A história do Profeta Noé no Islam é muito similar à que encontramos na Bíblia, porém, no Alcorão se encontram mais detalhes. Quando combinadas com as histórias contadas na tradição do Profeta Muhammad podemos ter uma ideia melhor da vida do Profeta Noé, e aprender algumas lições importantes que são tão relevantes hoje quanto eram naqueles tempos.





O Profeta Noé viveu em um tempo muito parecido com o nosso. O pecado e a degradação pareciam absorver completamente as pessoas. Poucas pessoas eram guiadas e as pessoas que seguiam a religião de seu ancestral Abraão eram fracas e muitas vezes oprimidas. Parece um pouco com a situação que vivemos hoje, onde aqueles que professam sua crença são ridicularizados e subestimados e em troca cometer pecados é considerado divertido.





O Profeta Nuh era um orador carismático e cativava as pessoas com histórias da criação e os mistérios do Universo. Porém, quando tratava de advertir as pessoas sobre o castigo justo, porém terrível, ficavam bravos e se ressentiam. Eles foram o primeiro povo que se desviaram da verdadeira religião; quando o Profeta Noé tratava de advertir sobre os castigos de Allah, suas palavras chegavam a ouvidos surdos. Apesar da vergonha e do escárnio, o Profeta Noé continuou por um período de 950 anos chamando seu povo de volta à adoração do Único Deus verdadeiro.





Lição 1


Não se renda. 


Não abandone nem se afaste de seus familiares e amigos pelo fato da incredulidade deles, porque somente Allah sabe o momento em que suas palavras ou ações podem ligar o interruptor que lhes mostra o caminho da salvação. 





Todos nós conhecemos a história do dilúvio, que foi contada em toda civilização antiga e, como já mencionamos, faz parte da religião judaica, cristã e islâmica. Allah ordenou ao Profeta Noé, construir uma arca e julgou os incrédulos com a inundação. É uma história que frequentemente é contada como um conto para as crianças, porém tem muitos ensinamentos e é muito importante para os adultos. Allah, Glorificado seja, disse: 





“E construa a arca sob Nossa vigilância e segundo a Nossa inspiração e não Me peças em favor dos injustos, pois serão afogados.” (Alcorão 11:37)





Quando a água começou a cair do céu e a fluir na terra, pois não era uma tempestade comum, Allah ordenou a Noé que entrasse na arca com a sua família, os crentes e um par de cada tipo de animais, aves ou insetos conhecidos. Os incrédulos assistiram céticos, ainda zombando e sabotando, porém, as palavras ficaram presas em suas gargantas quando a água começou a subir, subir e subir.





Lição 2


Não há força e poder senão em Allah. Ele é o Todo Poderoso. Se Ele decreta algo, nada pode evitar que ocorra. 


Embora o poder mundano, a força ou o respeito possam parecer importantes, a realidade é que somos fracos e necessitados; o pouco controle que temos sobre nosso mundo e nossos assuntos são insignificantes em comparação com o poder e a majestade de Allah.





A esposa de Noé não estava com ele na arca, pois nunca acreditou na mensagem que ele pregou por tanto tempo. Tão pouco estava com ele, seu filho mais velho, que era adorador de ídolos e que preferiu escalar a montanha mais alta que pudesse encontrar, porém a água não parava de subir. O Profeta Noé pôde ver como as ondas alcançaram seu filho, e o chamou para entrar na arca. Porém, seu filho repudiou e se afogou. 





“E nela navegava com eles por entre ondas que eram como montanhas; e Noé chamou seu filho, que permanecia afastado, e disse-lhe: Ó filho meu, embarca conosco e não fiques com os incrédulos! Porém, ele disse: Refugiar-me-ei em um monte, que me livrará da água. Retrucou-lhe Noé: Não há salvação para ninguém, hoje, do desígnio de Deus, salvo para aquele de quem Ele se apiede. E as ondas os separaram, e o filho foi dos afogados.” (Alcorão 11:42-43)





O exemplo das interações de Noé com seu filho idólatra e sua esposa incrédula confirma a lição anterior e acrescenta uma terceira lição.





Lição 3


Escolhemos o que queremos acreditar e como queremos agir.


Apesar de que sem dúvida nascemos com uma necessidade inata de nos conectarmos com Allah, nossa identidade espiritual não é uma conclusão inevitável. Todos alcançamos uma idade na qual podemos escolher no que crer e não nos importa a religião que temos nascido. Uma vez escolhida, vivemos as consequências dessa decisão. 





Em seu leito de morte, Noé chamou a seus demais filhos e os aconselhou: 





"... Darei a vocês uma exortação: os encarrego de acreditar que não há deus senão Allah e que, se, os sete céus e as sete terras fossem postos em um lado da balança e as palavras "não há deus senão Allah" fossem colocadas em outro, este último pesaria mais que o primeiro. Admoesto em não associar outros com Allah e os admoesto contra a arrogância..." [1]





A grande maioria do povo de Noé renegou sua mensagem, porém a mensagem sobreviveu nos corações e mentes dos muçulmanos até hoje. As palavras de alento e a esperança de salvação que Noé deu a seus filhos em seu leito de morte permanecem como parte do credo Islâmico e confirmam sua atitude perante Allah. O Profeta Muhammad (que a paz e as bençãos de Deus estejam sobre ele) também nos disse que Allah tem um compromisso com os crentes: "que se não adorarmos a outro deus senão Allah, então Ele não nos negará o Paraíso".[2]





Um olhar sobre a vida do Profeta Lot





Muitas histórias no Alcorão nos mostram a natureza de Allah, algumas seções nos falam do Paraíso e do Inferno, e outras nos ensinam outros tipos de lições, algumas muito relevantes hoje em dia, como foram no tempo em que o Alcorão foi revelado, ou ainda mais atrás na história da humanidade. O Alcorão e a Bíblia narram histórias similares sobre o Profeta Lot, A palavra em árabe para Lot é Lut. A história do Profeta Lot é uma história particularmente pertinente no século 21, porém, as pessoas recordam pouco de sua história.





A história de Lot foi reduzida durante séculos a uma fábula, uma parábola que adverte as pessoas sobre a homossexualidade. Geralmente, o que escutamos é que Lot era um homem de Allah, vivendo no povo de Sodoma, cujas pessoas praticavam o ato não natural do homossexualismo. Allah abominou tais comportamentos e destruiu aquele povo, salvando Lot e a sua família. Porém, a história de Lot contém muito mais que isso. É uma história cheia de lições para a humanidade. Vamos dar olhada em sua vida para ver quais mensagens podemos encontrar e aprender com ela. 





Lição 1


Allah destruiu Sodoma por crimes e pecados que vemos ao nosso redor todos os dias, e aos quais aceitamos


Vivemos em um mundo onde o assassinato é comum, as drogas alucinógenas estão disponíveis e as mulheres jovens engravidam fora da relação matrimonial. Identidades são roubadas, atos pecaminosos são chamados de diversão, e algumas ruas são inseguras para parar mesmo no meio do dia. A pedofilia é abundante, assim como é a pornografia infantil e o tráfico de pessoas. Estilos de vida degenerados são aceitos e são tidos como normais. O álcool está facilmente disponível mesmo para crianças menores de idade e é responsável por muitos dos males da sociedade. O povo do Profeta Lut viveu numa sociedade muito semelhante à nossa.





A cidade de Sodoma era totalmente corrupta. A maioria das pessoas não tinha vergonha e consideravam atos pecaminosos como diversão e frivolidade. Sodoma era uma cidade de festa, onde os crimes e atividades criminosas eram abundantes, e aqueles que passam pela cidade se arriscavam a ser assaltados ou fisicamente abusados. A violação era normal, e o para eles o homossexualismo era divertido e os viajantes que esperavam hospitalidade geralmente obtinham mais do que pediam. Sodoma era como o bairro que evitaríamos atravessar pela noite, era o subúrbio que a polícia' não iria para atender uma emergência.  





Lição 2


Convidar as pessoas à verdade com sabedoria e boas palavras.


“Convoca ao sendeiro de teu Senhor com sabedoria e belas palavras, e argumenta da melhor maneira...” (Alcorão 16:125)





Allah enviou o Profeta Lot a esse povo com a mensagem de adorar somente a Allah. Pediu que temessem a Allah e corrigissem seus maus caminhos dizendo: “Tenham temor de Deus, eu sou para vocês um Mensageiro leal. Temei, pois, a Deus, e obedecei-me!” (Alcorão 26:161 - 163). Lot falou de uma maneira suave, condenando as ações e não as pessoas, e os incentivou a pedir perdão. Certamente há uma lição para nós com esse exemplo. Lot falou de uma maneira suave às pessoas que Allah descreveu como perversas e desobedientes, devemos recordar disso quando somos confrontados por atos perversos que as pessoas do século 21 consideram divertidos. Devemos condenar o ato, mas não a pessoa; essa era também a maneira que o Profeta Muhammad fazia, condenava as ações e não as pessoas. 





Lição 3


Allah é Onividente


Ainda assim, infelizmente em Sodoma as palavras do Profeta Lot não foram escutadas, pois o povo estava contente com sua forma de vida corrupta e não tinham desejo de mudar. O povo de Sodoma cometia pecados abertamente e não sentiam vergonha nenhuma. Não os importava que os outros os observassem cometendo pecados, como também não os importava que Allah os observasse. Mesmo que tentemos esconder nossos pecados, Allah vê todas as coisas, e nada pode ser escondido do Todo-Poderoso. Portanto, se nos sentirmos envergonhados de nossas ações e desejamos que Allah não seja testemunha delas, provavelmente seja o momento de reconsiderar nosso comportamento e encontrar uma maneira de agir que seja agradável perante Allah.





Lição 4


Os crentes devem ser hospitaleiros 


Quando os anjos chegaram à cidade de Sodoma, se apresentaram como viajantes, com uma boa aparência. A primeira pessoa que eles falaram foi a filha de Lot. Ela se preocupou com eles e lhes pediu que esperassem seu pai para que pudessem estar a salvo. Quando Lot os conheceu, não conseguiu convencê-los de não atravessar a cidade, por isso os manteve seguros em casa. Lot não sabia que os seus convidados eram anjos enviados por Deus, e temia por eles mais do que a si mesmo. Quando os homens de Sodoma se amotinaram na casa de Lot exigindo que ele entregasse os estrangeiros, Lot se opôs.





A bondade na hospitalidade vem de dar aos outros sem outra razão, que não seja a de agradar a Allah. A pessoa que você ajuda pode estar em uma condição que nunca consiga devolver o favor, e em alguns casos pode até lhe causar danos, porém no Islam a hospitalidade é uma relação triangular entre o anfitrião,  o hóspede e Allah. Proporcionar sustento ao hóspede é parte do direito que ele tem sobre você, não é um favor que você concede; e o dever de concede-lo é uma responsabilidade que temos com Allah, não com o hóspede. 





Um olhar sobre a vida do Profeta Yusuf





O Alcorão explica o conceito de Allah, explica com detalhes o que é permitido, assim como o que é proibido, explica a base dos bons modos e da moral e estabelece os regulamentos sobre a adoração. Descreve o Paraíso e o Inferno e conta histórias dos Profetas e de nossos predecessores virtuosos. As histórias no Alcorão usualmente são contadas em pequenas partes e reveladas em várias surahs. A história do Profeta Yusuf, porém, é contada em uma surah do início ao fim. Apesar da história do Profeta Yusuf estar mencionada em vários lugares no Alcorão, a surah 12 conta sua história completa e sua experiência.





A essência da surah Yusuf é a paciência, sabr frente à adversidade. Sabr (paciência) significa aceitar o que está fora do nosso controle, algo que o Profeta Yusuf aprendeu desde muito cedo. Em tempos de estresse e ansiedade sermos capazes de nos submeter à vontade de Allah, traz um grande alívio. Yusuf enfrentou dificuldades de forma direta, porém ele não aceitou simplesmente sentar e ver a vida passar. Ele lutou para agradar a Allah em todos os aspectos de sua vida. O reconhecido erudito muçulmano Ibn Qaim nos disse que sabr significa ter a habilidade de evitar o desespero, evitar a queixa e nos controlar em tempos de tristeza e preocupação. Ele também cita 1.000 lições da surah Yusuf. 





Todavia, nesta ocasião teremos somente um olhar sobre a vida do Profeta Yusuf e examinaremos algumas lições extremamente importantes: 





Lição 1


Somente Allah tem o controle sobre todos os assuntos.


Quando o Profeta Yusuf era adolescente, foi jogado em um poço pelos seus irmãos, que tinham ciúmes dele, e mais tarde foi pego por uma caravana que o vendeu como escravo. Para uma história mais detalhada da vida do Profeta Yusuf, por favor, veja:


https://www.islamreligion.com/pt/articles/1790/viewall/historia-de-jose-parte-1-de-7/





Os irmãos mais velhos do Profeta Yusuf tinham ciúmes dele devido a boa relação que ele tinha com seu pai, assim eles convenceram seu pai a deixar Yusuf acompanhá-los a uns jogos e se divertir com eles, porém a verdadeira intenção era matá-lo. Um deles sentiu a maldade em suas ações e sugeriu atirá-lo no poço, ao invés de matá-lo. Quando fosse encontrado por algum viajante que passasse, seria vendido como escravo, e dessa maneira sua família acreditaria que ele estava morto. Eles também acreditavam que a ausência de Yusuf o afastaria dos pensamentos do seu pai.





Allah tinha outros planos, e assim, enquanto os irmãos se parabenizavam, Ele estabelecia Yusuf na terra do Egito para ensinar-lhe sabedoria e compreensão. A dor e o sofrimento que Yusuf sentiu quando foi separado de seu pai e a terrível experiência de ser vendido como escravo foram testes destinados a moldar seu caráter. Esses foram os primeiros passos de Yusuf na escada da grandeza e que o estabeleceram como um Profeta de Allah. Os planos e maquinações de seus irmãos traiçoeiros não tiveram consequência alguma. 





Lição 2


O verdadeiro sabr é uma chave das portas do Paraíso.


Quando os irmãos de Yusuf regressaram a seu pai e disseram que Yusuf havia sido assassinado por um lobo, o coração de Yacub se apertou em dor e temor. Ele sabia que seus filhos estavam mentindo, porém não tinha outra opção além de enfrentar seu medo com completa submissão a Allah. Yacub voltou a Allah com esperança e paciência. Esse tipo de sabr é o que no Islam se chama sabr jameel - belo sabr. 





“Então lhe mostraram sua túnica falsamente ensanguentada; porém, Jacó lhes disse: Qual! Vós mesmos tramastes cometer semelhante crime! Porém, resignar-me-ei pacientemente, pois Deus me confortará, em relação ao que me anunciais.” (Alcorão 12:18)





Durante todos esses anos em que Yacub não viu seu filho querido, Yusuf, ainda assim ele jamais perdeu a esperança. Uma vez seus filhos perguntaram se ele iria chorar para sempre, ele respondeu que só se queixava sua dor e tristeza perante Allah, e que ele sabia, devido a sua confiança em Allah, coisas que eles não sabiam. 





 Lição 3


A completa confiança em Allah deve ser praticada consistentemente, em todas as situações, boas ou más, fáceis ou difíceis. 


Se aceitarmos que não somos mais que servos de Allah, colocados nesta terra para sermos provados e tentados, a vida tomará um significado totalmente diferente. Ambos, Yusuf e seu pai Yacub, reconheciam que Deus era o Único em suas vidas em que podiam confiar.  





Durante seu tempo na casa de um dos altos ministros do Egito, Yusuf se viu obrigado a resistir aos avanços sexuais por parte da esposa de seu chefe, Yusuf suplicou a ajuda de Allah: 





“Disse (José): Ó Senhor meu, é preferível o cárcere ao que me incitam; porém, se não afastares de mim as suas conspirações, cederei a elas e serei um dos néscios.” (Alcorão 12:33)





Yusuf acreditava que estar na prisão seria preferível a viver em um ambiente de luxúria, ganância e sedução. Ele não queria ser submetido à fitnah, que também é comum em nossas vidas do século 21. Allah respondeu suas súplicas e o salvou, permitindo que fosse enviado para a prisão. A habilidade de Yusuf de permanecer paciente, perseverante e manter-se longe do pecado levou ao seu êxito final.





Lição 4


Perdoar os outros.


O Profeta Yusuf nos ensina a ser tolerantes e perdoar os demais, e a não perder a esperança da misericórdia e do perdão de Allah. Depois de tudo que seus irmãos fizeram, ele os perdoou. Quando Yusuf revelou a sua verdadeira identidade aos irmãos, teve o cuidado de falar de maneira que soubessem que ele havia os perdoado pelo dano que causaram. 





"Asseverou-lhes: Hoje não sereis recriminados! Eis que Deus vos perdoará, porque é o mais clemente dos misericordiosos.” (Alcorão 12:92)





Da mesma maneira, o Profeta Yacub demonstrou um surpreendente controle próprio e capacidade de perdão.





"Disseram-lhe: Ó pai, implora a Deus que nos perdoe porque somos culpados! Disse: Suplicai pelo vosso perdão ao meu Senhor, porque Ele é o Indulgente, o Misericordiosíssimo.” (Alcorão 12: 97-98)





Em outro lugar, o Alcorão elogia a capacidade de reprimir a raiva e perdoar as pessoas:





“... aqueles que fazem caridade, tanto na prosperidade, como na adversidade; que reprimem a cólera; que indultam o próximo. Sabei que Deus aprecia os benfeitores.” (Alcorão 3:134)





Um olhar na vida do Profeta Jó





As vidas dos Profetas de Allah estão cheias de lições, algumas são aplicáveis nos dias de hoje, tal como foram no passado. Os profetas vieram para ensinar lições e leis. Em algumas ocasiões, as leis mudaram para se acomodarem a um local ou tempo em particular, porém, a mensagem central que trouxeram foi a mesma. Ensinaram as pessoas a adorar somente a Allah, sem associar-Lhes nada e ninguém em Sua adoração. As histórias das vidas dos profetas enfatizam essa doutrina básica de que Deus é um só. 





A história do Profeta Ayub é um pouco diferente das outras que conhecemos, através dela podemos ver as lutas dos seres humanos a um nível mais pessoal. Allah não nos revela a forma em que o Profeta Jó pregou a seu povo, ou como o próprio povo reagiu perante suas advertências ou admoestações, não nos fala do destino do povo do Profeta Ayub, mas nos fala da paciência que ele tinha. Allah, o Todo Poderoso, exalta a Jó dizendo: “Jó foi paciente [perante as adversidades]. Em verdade, encontramo-lo perseverante - que excelente servo! - Ele foi contrito!” (Alcorão 38:44)





Lição 1


Ter sabr


Neste ponto você provavelmente está pensando que todos os Profetas que discutimos até agora, nesta série de lições, demonstraram sabr, e é claro que você está correto. Essa é uma das lições mais importantes para aprender e praticar. Porém, Allah, é o mais Sábio, e usa a história do Profeta Ayub para tocar algumas áreas que, de outra forma, passariam despercebidas neste estudo sobre os Profetas de Allah e a paciência que eles tiveram. A história do Profeta Ayub é uma de sabr, não há dúvida disso; porém, não se trata de uma paciência de minutos, ou horas ou dias. O Profeta Ayub foi paciente por anos, literalmente, sem nem um descanso sequer. Os eruditos diferem sobre quantos anos, mas aparentemente, foram sete no mínimo. O Profeta Ayub aguentou todas as dificuldades com paciência. Para aprender mais sobre o sofrimento do Profeta Ayub e sua inquebrantável paciência, por favor, veja: 





https://www.islamreligion.com/pt/articles/2721/historia-do-profeta-jo/





Lição 2


Nossa sinceridade e adoração a Allah dependem das bênçãos que Ele nos concede?


A felicidade e as aflições são provas de Allah. Enfrentamos problemas e experimentamos triunfos. Se nos lembrarmos de Allah em nossos tempos de triunfo, continuaremos a adorar com sinceridade quando nos depararmos com perda ou sofrimento. Isso era o que o Shaytan tentava descobrir quando sugeriu a Allah que tirasse as bençãos da riqueza, saúde e família de Ayub. Ele orava diariamente e frequentemente agradecia Allah pelas bençãos que havia lhe dado, porém o Shaytan estava convencido de que Ayub se afastaria de seu Senhor quando enfrentasse intenso sofrimento, enfermidade e angústia. Allah sabia que Seu servo não se afastaria de sua fé, então permitiu que o Shaytan afligisse Ayub com uma calamidade atrás da outra.





Allah claramente nos adverte de que os filhos e a riqueza são meramente adornos nesta vida breve, e que Ele nos provará através de nosso amor por eles. 





Os bens e os filhos são o encanto da vida terrena; por outra, as boas ações, perduráveis, são mais meritórias e mais esperançosas, aos olhos do teu Senhor. (Alcorão 18:46)





Ele pode tomar esses adornos com a mesma facilidade que nos pode dar; desta maneira, nunca podemos confiar na vida deste mundo e nos sentir seguros. Na história de Ayub, Allah nos ensina que os tesouros mundanos no final não têm valor algum; então, nunca permita que os encantos desta vida se apoderem de seu coração e que lhe façam perder o que é realmente importante. Não dê preferência ao material colocando de lado a adoração e a reverência a seu Criador. 





Lição 3


Nada acontece sem a vontade de Allah


Allah usou a vida do Profeta Ayub para dar uma lição ao Shaytan. Uma lição da qual nós também podemos nos beneficiar: Allah é o Governador de todos os assuntos. Os seres humanos, os Jinn ou Shaytan podem tramar ou simplesmente fazer planos, porém nenhum deles florescerá sem a permissão de Allah. Quando ler a história completa do Profeta Ayub se dará conta de que o Shaytan sabia disso e pediu a permissão de Allah para provar o Profeta Ayub. 





O Profeta Ayub entendeu que qualquer calamidade que caísse sobre ele, estaria acontecendo com a permissão de Allah. Ele também tinha plena confiança na misericórdia de Allah, sabendo que se ele realmente amava e confiava em Allah, inclusive nos tempos de atribulação, seria recompensado infinitamente. 





“E (recorda-te) de quando Jó invocou seu Senhor (dizendo): Em verdade, a adversidade tem-me açoitado; porém, Tu és o mais clemente dos misericordiosos. E o atendemos e o libertamos do mal que o afligia; restituímos-lhes a família, duplicando-a, como acréscimo, em virtude da Nossa misericórdia, e para que servisse de mensagem para os adoradores." (Alcorão 21:83-84)





A história de Ayub e as lições que extraímos dela devem ser uma recordação constante para todos nós. Quando nos queixamos e lamuriamos por coisas pequenas que nos ferem e fazemos de um grão de areia, uma montanha de desespero, devemos pensar na fé inquebrantável e na confiança demonstrada pelo Profeta Ayub. O Shaytan brinca com a nossa mente, nossas emoções e nossas fraquezas, porém nosso refúgio é somente em Allah, Aquele que nos recompensará por nossa paciência e perseverança. Apesar de sabermos que nossa recompensa será na outra vida, Allah faz o que Ele quer e também pode nos recompensar neste mundo. 





As tradições do Profeta Muhammad contêm uma escrita posterior da história do Profeta Ayub: "Uma vez, quando o Profeta Ayub estava banhando-se desnudo, uma grande quantidade de gafanhotos de ouro começou a cair sobre ele de repente e ele começou a recolhê-los em sua roupa. Seu Senhor o chamou: 'Oh Ayub! Não te fiz suficientemente rico para prescindir do que vê agora? Ayub disse: 'Sim, Senhor! Porém não posso desperdiçar das Tuas bençãos.'”[1]





Apesar de Allah ter feito chover sobre o Profeta Ayub incontáveis bênçãos, ele não ignorou nem minimizou nenhuma bênção, por que ele sabia que poderia chegar um momento no qual Allah, por razões conhecidas somente por Ele, poderia reter suas bênçãos. 





Nenhum de nós pode se dar ao luxo de recusar as bênçãos de nosso Senhor, ou tomá-las como garantidas. Assim devemos recordar que Allah faz o que quer e nos dá apenas o que é bom para nós.








 



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