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No entanto, ainda que o califado de 'Ali (que Deus esteja satisfeito com ele) estivesse


envolvido em conflitos civis, ele conseguiu introduzir uma série de reformas,


particularmente na cobrança e arrecadação de receitas.


Corria o ano 40 da Hégira, um grupo de fanáticos, chamado de Kharijitas, que tinha


rompido com 'Ali (que Deus esteja satisfeito com ele) devido a seu acordo com


Muawiya, reivindicava que nem 'Ali (que Deus esteja satisfeito com ele), o Califa, nem


Muawiya, o governante da Síria, nem Amr Bin Al-Aas, o governante do Egito, eram


merecedores do governo.


Na verdade, eles chegaram ao ponto de dizer que o verdadeiro califado tinha chegado


ao fim com Umar (que Deus esteja satisfeito com ele) e que os muçulmanos deveriam


viver sem qualquer governante exceto Deus. Juraram matar os três governantes e


enviaram matadores nas três direções.


Os que tinham sido indicados para matar Muawiya e Amr não conseguiram o seu


intento, foram capturados e executados, mas Ibn-i-Muljim, o assassino encarregado de


matar 'Ali (que Deus esteja satisfeito com ele), conseguiu cumprir sua tarefa.


Uma manhã, quando 'Ali (que Deus esteja satisfeito com ele), estava orando na


mesquita, Ibn-i-Muljim golpeou-o com uma espada envenenada, e no vigésimo dia do


mês de Ramadan, 'Ali (que Deus esteja satisfeito com ele) morreu, com ele termina o


período dos Califas Probos.


Depois de Ali (que Deus esteja satisfeito com ele), Muawiya assumiu o califado, que, a


partir de então, passou a ser hereditário.


Disse o Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre) sobre


'Ali (que Deus esteja satisfeito com ele)


"Você ('Ali) é meu irmão neste mundo e no outro."


Salman o Persa


Esta é a história de um homem que sempre buscou a Verdade, a história de Salman, o


Persa, tirada, em primeiro lugar, de suas próprias palavras:


"Cresci na cidade de Isfahan, na Pérsia, na vila de Jayyan. Meu pai era o Dihqan, ou


seja, a autoridade maior da vila. Ele era o mais rico do lugar e sua casa a maior de


todas.


Meu pai sempre me amou, mais do que a qualquer outra pessoa. Com o passar do


tempo, seu amor por mim se tornou tão forte e maravilhoso que ele temia me perder ou


que qualquer coisa pudesse me acontecer. Em decorrência, ele me mantinha em casa,


como um verdadeiro prisioneiro, da mesma forma que as jovens eram mantidas.


Tornei-me devoto fervoroso do zoroastrismo e assim, alcancei a posição de guardião


do fogo, que adorávamos. Minha obrigação consistia em manter as chamas queimando


sempre e que elas não se apagassem nem por uma única hora.


Meu pai tinha uma grande propriedade que produzia excelentes resultados. Ele mesmo


cuidava da propriedade e da colheita. Um dia ele estava muito ocupado com suas


obrigações como dihqan da vila e me disse:


''Filho, como você vê, estou muito ocupado para ir até a propriedade agora. Portanto,


hoje, vá você e cuide dos assuntos por mim.''


No caminho para a propriedade, passei por uma igreja cristã e as vozes em oração


chamaram minha atenção. Não sabia nada sobre o cristianismo ou sobre os seguidores


de qualquer outra religião, uma vez que meu pai me mantinha preso em casa, afastado


das pessoas. Quando ouvi as vozes dos fiéis, entrei na igreja para ver o que eles


estavam fazendo.


Fiquei impressionado com o modo de eles rezarem e me senti atraído pela religião


deles. ''Por Deus" eu disse, "esta é melhor do que a nossa. Não os deixarei até que o


sol se ponha.''


Indaguei e me disseram que a religião cristã tinha se originado em Ashsham (a Grande


Síria). Não fui para a propriedade de meu aquele dia e à noite retornei para casa. Ao


encontrar meu pai ele me perguntou o que eu havia feito. Contei-lhe sobre o meu


encontro com os cristãos e como eu havia ficado impressionado com a sua religião. Ele


se assombrou e disse:


''Meu filho, não há nada de bom naquela religião. A sua religião e a de seus ancestrais


é melhor.''


''Não, a religião deles é melhor do que a nossa''. Eu insisti.


Meu pai ficou aborrecido e com medo que eu abandonasse nossa religião. Assim, ele


me manteve trancado em casa e colocou correntes em meus pés. No entanto,


consegui mandar uma mensagem aos cristãos, pedindo-lhes que me informassem


sobre qualquer caravana que estivesse partindo para a Síria.


Logo eles entraram em contato comigo e me disseram que uma caravana estava indo


para lá. Consegui me soltar e, disfarçado, acompanhei a caravana. Quando cheguei à


Síria, perguntei quem era o chefe da religião cristã e me encaminharam ao bispo da


igreja.


''Quero me tornar um cristão e gostaria de ficar a seu serviço, aprender e rezar com


você.''


O bispo concordou e eu entrei para a igreja, a serviço dele. Logo descobri, contudo,


que o homem era um corrupto. Ele pedia dinheiro aos seus seguidores em troca da


promessa de abençoá-los. No entanto, todo o dinheiro que ele recebia para ser gasto


em nome de Deus, ele guardava consigo e não dava nada aos pobres e necessitados.


E, assim, ele juntou uma grande quantidade de ouro. Quando o bispo morreu e os


cristãos vieram para enterrá-lo, eu lhes falei sobre suas práticas corruptas e lhes


mostrei onde ele guardava as doações.


Quando viram os enormes jarros cheios de ouro e prata disseram:


''Por Deus, não o enterraremos.'' Prenderam-no numa cruz e atiraram-lhe pedras.


Continuei a serviço da pessoa que o substituiu. O novo bispo era uma pessoa ascética,


que almejava o paraíso e se ocupava da adoração dia e noite. Dediquei-me muito a ele


e passei um longo tempo em sua companhia."


Depois da morte do bispo, Salman se ligou a vários religiosos cristãos em Mosul,


Nisibis e em outros lugares, até que ele ouviu falar sobre o surgimento de um profeta


em terras árabes, que tinha a reputação de ser uma pessoa muito honesta, que


aceitava um presente mas nunca usava o produto da caridade (sadaqah) para si


próprio.


Salman continua sua história.


"Um grupo de chefes árabes da tribo de Kalb passou em Ammuriyah e eu lhes pedi que


me levassem com eles à terra dos árabes e eu lhes pagaria por isso. Eles concordaram


e eu lhes paguei. Quando alcançamos Wadi Al Qura (um lugar entre Medina e Síria),


eles quebraram o trato e me venderam a um judeu. Trabalhei como escravo, mas


finalmente ele me vendeu para um sobrinho que pertencia à tribo de Banu Qurayzah.


Este sobrinho me levou com ele para Yathrib, a cidade das palmeiras, que era como os


cristãos de Ammuriyah chamavam a cidade.


Naquela época, o Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam


sobre ele) estava convidando seu povo em Makkah para aderir ao Islam, mas eu


mesmo ainda não tinha ouvido nada a respeito dele por causa das pesadas


responsabilidades que a escravidão me impunham.


Quando o Profeta chegou a Yathrib, depois de sua Hégira em Makkah, eu estava no


alto de uma palmeira pertencente ao meu dono, fazendo meu trabalho. Meu dono


estava sentado sob a árvore. Um sobrinho seu chegou e disse:


''Que Deus declare guerra aos Aws e aos Khazraj (as duas principais tribos de Yathrib).


Por Deus, eles agora estão reunidos em Quba para encontrar um homem que chegou


hoje de Makkah e que diz ser um Profeta.''


Senti um arrebatamento assim que ouvi aquelas palavras e comecei a tremer tão


violentamente que tive medo de cair sobre meu dono. Rapidamente desci da árvore e


falei com o sobrinho de meu dono. ''O que você disse? Repita a notícia para mim.''


Meu dono ficou muito zangado e me deu uma terrível bofetada. ''Qual a importância


que isso tem para você? Volte para o que estava fazendo''. Ele gritou.


Naquela noite, peguei algumas tâmaras que eu havia colhido e fui ao lugar onde o


Profeta estava. Fui até ele e disse:


"Ouvi dizer que você é um homem justo e que tem companheiros com você que são


estrangeiros e que estão necessitados. Trago-lhe isto como sadakah. Vejo que você


merece mais do que os outros."


O Profeta ordenou a seus companheiros que comessem mas, ele mesmo, não comeu


nada.


Juntei mais algumas tâmaras e quando o Profeta deixou Quba em direção a Madina, fui


até ele e lhe disse: ''Percebi que você não comeu nada da sadakah que lhe dei. Estas,


no entanto, são um presente para você.''


''Deste presente o Profeta e seus companheiros comeram."


A honestidade irrestrita do Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus


estejam sobre ele) foi uma das características que levaram Salman a acreditar nele e a


aceitar o Islam.


Salman foi libertado pelo Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus


estejam sobre ele), que pagou ao seu proprietário judeu um preço estipulado, além de


um número previamente acordado de palmeiras, que ele mesmo plantou, para


assegurar o cumprimento do acordo. Depois de aceitar o Islam, quando lhe


perguntavam de quem ele era filho, Salman dizia:


"Sou Salman, o filho do Islam dos filhos de Adão."


Salman iria desempenhar um papel importante nas lutas pelo crescimento do estado


muçulmano. Na batalha de Khandaq, ele provou ser um inovador em estratégia militar.


Sugeriu que se cavasse um fosso em volta de Madina, ou khandaq, para manter o


exército coraixita cercado. Quando o chefe dos coraixitas, Abu Sufyan, viu o fosso


disse: "Este estratagema ainda não havia sido empregado pelos árabes."


Salman ficou conhecido como Salman, o Bom. Ele era um estudioso que viveu uma


vida ascética e dura. Tinha um manto que vestia e sobre o qual dormia. Nunca


procurou o abrigo de um teto, mas ficava sob uma árvore ou encostado a uma parede.


Certa vez, um homem lhe disse: "Posso construir uma casa para você morar nela?" E


ele respondeu: "Não preciso de uma casa."


O homem insistiu e disse "Sei qual o tipo de casa condizente com você." "Descreva-a


para mim", disse Salman.


''Construirei uma casa na qual, se você ficar em pé, o teto machucará sua cabeça e se


esticar as pernas as paredes as incomodarão.''


Mais tarde, como governador de Mada'in, perto de Bagdá, Salman recebia um salário


de 5.000 dirhams, o qual era distribuído como sadakah. Ele se mantinha com o


trabalho de suas próprias mãos. Quando algumas pessoas chegavam a Mada'in e o


viam trabalhando nas palmeiras, diziam: ''Você é o emir daqui e o seu sustento está


garantido. Mesmo assim, você faz este trabalho!''


"Gosto de comer do trabalho de minhas mãos", ele respondia. Salman, no entanto, não


extremado em seu ascetismo. Diz-se que certa vez ele visitou Abu Ad-Dardaa, a quem


o Profeta tinha unido pelos laços da fraternidade. Ele encontrou a esposa de Abu Ad-


Dardaa num estado miserável e perguntou "Qual é o problema com você?"


"Seu irmão não precisa de nada neste mundo", ela respondeu.


Quando Abu Ad-Dardaa chegou recepcionou Salman e lhe deu comida. Salman lhe


disse que comesse mas o amigo lhe disse "Estou jejuando"


"Juro que não comerei até que você coma também."


Salman passou noite lá. De madrugada, Abu Ad-Dardaa se levantou, mas Salman o


pegou e lhe disse:


"Ó Abu Ad-Dardaa, seu Senhor tem direito sobre você. Sua família tem direito sobre


você e seu corpo tem direito sobre você. Dê a cada um o que lhe é devido."


De manhã, eles rezaram juntos e foram se encontrar com o Profeta Muhammad (que


a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), o Profeta (que a Paz e a Bênção de


Deus estejam sobre ele) apoiou o que Salman lhe havia dito.


Como exegeta, Salman ficou conhecido por seu grande conhecimento e sabedoria. ''Ali


disse que ele era como Luqman, o Sábio. E Kalb Al-Ahbar disse: "Salman está cheio de


conhecimento e sabedoria. Um oceano que nunca seca."


Salman conhecia as escrituras cristãs e o Alcorão, além de seus conhecimentos sobre


zoroastrismo. Traduziu partes do Alcorão em persa durante a existência do Profeta


Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele). Assim, ele foi a


primeira pessoa a traduzir o Alcorão para uma língua estrangeira.


Por causa da influência doméstica que recebeu de seu pai, ele poderia ter sido uma


figura maior no vasto império persa daquela época. Sua busca pela verdade, no


entanto, o levou, ainda antes de o Profeta (que a Paz e a Bênção de Deus estejam


sobre ele) surgir, a renunciar a uma vida influente e confortável para sofrer as


indignidades da escravidão. De acordo com os relatos mais confiáveis, ele morreu no


ano 35, depois da Hégira, durante o califado de Uthman.


Que Deus esteja satisfeito com Salman!


Abdurrahman Ibn Auf


Um dos grandes personagens do Islam, Abdurrahman Ibn Auf Ibn Háris Ibn Zahra, o


coraixita, nasceu dez anos após o Ano do Elefante, e viveu em Makkah, centro da


idolatria. Porém, apesar disso, ele deplorava seus atos. Ele respeitava a verdade e


desaprovava a falsidade. Conta-se que se absteve de tomar bebidas alcoólicas mesmo


na época da idolatria.


Ele foi convencido a se converter por Abu Bakr Assidik. Foi, portanto, um dos pioneiros


dos quais o Islam se orgulha. Quando aumentou a perseguição dos coraixitas aos


muçulmanos, ele emigrou para a Abissínia, sacrificando-se e à sua fortuna pela causa


de Deus. Posteriormente migrou para Madina logo após o Profeta Muhammad (que a


Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele).


Ele participou juntamente com o Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus


estejam sobre ele) de todas as batalhas. Em Uhud ele protegeu o Profeta e foi um dos


heróis muçulmanos.


Era exemplar em tudo. Eloqüente, conhecedor do Alcorão e da Sunah, fiel e lutador


pela causa de Deus. Ocupava uma posição de destaque entre os companheiros. Foi


um dos seis escolhidos por Umar Ibn Al Khattab para sucedê-lo. Narra-se que o Profeta


Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele) disse:


"Aquele que proteger minhas esposas depois de mim é o amigo sincero".


Abdurrahman cuidava delas e peregrinava com elas, e isso era uma grande honra


para ele. 'Ali ibn Abu Talib disse: Ouvi o Profeta dizer:


''Abdurrahman é fiel na terra e é fiel no céu."


Ele tinha uma só opinião. Quando Abu Bakr adoeceu e quis que houvesse consenso


dos muçulmanos para a nomeação de um Califa, perguntou a Abdurrahman o que ele


achava de Umar para sucedê-lo. Disse: "Por Deus, é o melhor homem para o posto.


Mas ele é um pouco rude".


Ele foi quem aconselhou Umar Ibn Al Khattab a não entrar na Síria durante a epidemia


de cólera. Ele disse:


"Ouvi o Mensageiro de Deus (Deus o abençoe e lhe dê paz) dizer: Se souberdes


que em determinado país espalhou-se a cólera, não entrais nele; e se for


descoberto e vós estais nele, não devereis sair dele." Ômar aceitou o conselho e


agiu de acordo com a Tradição.


Suas Contribuições Pela Causa de Deus


Ele era um comerciante bem sucedido. Seu estábulo abrigava cem cavalos, mil


camelos e dez mil ovelhas. Foi conhecido como o mais caritativo para com os pobres e


necessitados. Estava sempre pronto para contribuir na preparação dos exércitos, Uma


vez contribuiu com a metade de seus bens.


Devido à grandeza de seu coração e sua solidariedade para com os pobres, sentindo


suas dores, engajou-se na tarefa de libertação de escravos e prisioneiros. Conta-se


que num só dia libertou trinta escravos. Tais atos humanistas e sociais são


incentivados pelo Islam, pois promete para os que libertam os escravos um paraíso do


tamanho dos céus e da terra.


Sua Influência na Escolha de Uthman, quando Umar foi ferido e apresentou uma lista


com seis nomes para que o Califa fosse escolhido entre eles, houve uma assembléia


para se debater a questão. Quando a discussão se tornou acirrada, Abdurrahman, com


sua sabedoria, serenou os ânimos, e pediu:


"Promete! que me apoiareis e aceitareis quem eu escolher para o cargo?"


Responderam: "Sim!"


Ele avaliou a tarefa que lhe foi incumbida e a sagrada confiança que lhe foi depositada


naquela hora delicada. Começou a fazer encontros com os companheiros do Profeta


Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), sondando-os sobre


quem seria o melhor para a função. Ao chegar a uma conclusão, reuniu os


muçulmanos na Mesquita, após a Oração da Alvorada, e lhes disse: "Eu observei e


consultei e conclui, que Deus seja testemunha disso, que o melhor é Uthman".


Colocou sua mão na mão de Uthman e lhe deu seu apoio. Os muçulmanos acorreram


para dar o apoio à sua escolha.


Ele faleceu em 31 da Hégira, aos 74 anos de idade vividos à serviço do Islam,


auxiliando pobres e necessitados. Que Deus o recompense com o melhor galardão.


Azzubair Ibn Alawwam


Azzubair Ibn Alawwam Ibn Khuailyd, da tribo de Bani Assad e discípulo do Profeta


Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), seu primo por parte


da tia Safiya, filha de Abdul Mutalib e sobrinho de Khadija, esposa do Profeta


Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele).


Azzubair era ainda criança quando seu pai faleceu e sua mãe se esmerou na sua


educação. Por isso, cresceu, amando a verdade e a justiça, defendendo a causa dos


injustiçados. Casou-se com Asmá, filha de Abu Bakr Assidik com a qual teve seu filho,


Abdullah Ibn Azzubair.


Quando do advento do Islam Azzubair foi um dos primeiros a adotá-lo por influência de


Abu Bakr, com a idade de quinze anos.


Ele sofreu muitas perseguições por causa de sua crença. Diz-se que seu tio o


pendurava e o castigava para fazê-lo voltar à adoração aos ídolos. Porém, apesar de


todas as torturas, permaneceu firme em sua crença na verdadeira religião. Fez parte


das pessoas que emigraram para Abissínia e posteriormente para Madina. Participou


de todas as batalhas empreendidas pelo Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção


de Deus estejam sobre ele).


Luta Pela Causa de Deus


Azzubair era extremamente corajoso. Na Batalha de Uhud fez um pacto de morte com


o Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele). Ele foi o


porta-bandeira, dos emigrantes no dia da conquista de Makkah. Devido ao grande


número de batalhas que ele participou, seu corpo estava cheio de cicatrizes de golpes


de espada. Uma vez uma pessoa lhe disse:


''As cicatrizes que vi em ti não vi em ninguém mais.''


Disse-lhe Azzubair: ''Por Deus, todos os ferimentos foram recebidos em batalhas


ao lado do Profeta de Deus.''


Diz-se que Azzubair foi a primeira pessoa a desembainhar a espada pela causa de


Deus. Elo foi elogiado por Hassan Ibn Tábit, poeta do Profeta, com o seguinte verso:


"De quantas adversidades Azzubair defendeu, com sua espada, ao Profeta. E


Deus concede com generosidade."


Por isso, o Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre


ele)sempre teve afinidade para com ele e gostava muito dele. Dizia:


''Cada profeta tem um apóstolo, o meu é Azzubair Ibn Alawwam".


Após o falecimento do Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam


sobre ele), Azzubair preferiu o retiro, dedicando-se ao comércio, onde foi bem


sucedido. Porém, toda vez que era convocado para o combate pela causa de Deus ele


atendia.


Heroísmo


Azzubair Ibn Alawwam foi um dos heróis árabes e possuía extrema coragem. Quando


Amru Ibn Al'as pediu a Umar Ibn Al Khatab reforços na sua campanha pela conquista


do Egito, o Califa lhe enviou quatro mil combatentes sob o comando de quatro


companheiros. Cada um destes eqüivalia a mil combatentes. Eram: Azzubair Ibn


Alawwam, Ubada Ibn Assámit, Micdad Ibn Alasswad e Masslama Ibn Makhlyd.


Seu heroísmo se manifestou perante a fortaleza de Bablion. Mostrou para os


muçulmanos o maior ato de sacrifício quando, durante a noite, chefiando um comando


de voluntários, conseguiu colocar uma escada, escalou o muro da fortaleza e começou


a entoar o Alláhu Akbar com a espada brilhando em sua mão. Seus companheiros o


seguiram, entoando também o Allahu Akbar. Então entraram na fortaleza e Azzubair


abriu-a porta para que os muçulmanos entrassem e a conquistassem.


Com isso, esse valoroso solda- do aplainou para os muçulmanos a conquista da


fortaleza, o que auxiliou na conquista da terra do Nilo.


Posição Que Ocupava


Umar o escolheu como um dos seis membros do Conselho Consultivo para elegerem,


dentre eles, o Califa, pois eram os que mais mereciam o posto, com a aprovação do


Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele). Tal escolha


demonstra o alto conceito que ele desfrutava entre eles.


Atitude Louvável


Quando do episódio da Batalha de Aljamal em que ele apoiava a senhora Aicha contra


'Ali Ibn Abu Tálib, este o convocou para uma reunião para que pudessem chegar a uma


solução pacífica, eliminando a dissensão e evitando o derramamento de sangue dos


muçulmanos, conservando a unidade da comunidade,. Disse-lhe 'Ali:


''Você se lembra das palavras do Profeta? Você lutará contra mim injustamente?"


Azzubair lembrou da Tradição, e disse a 'Ali:


"Se eu tivesse lembrado, não teria tomado a posição que tomei. Por Deus, nunca


mais irei combatê-lo!''


Ele abandonou a luta e se retirou. Foi alcançado por Amru Ibn Jarmouz que o matou a


traição no ano 36 da Hégira.


'Ali ficou muito triste com o episódio. Tomou a espada de Azzubair e disse:


"Eis a espada que sempre defendeu o Profeta de Deus nos casos mais difíceis."


Foi, como disse Umar, o primeiro homem a tomar da espada pela causa de Deus e


uma das dez pessoas alvissaradas pelo Paraíso. Foi sempre generoso. Distribuía tudo


que lucrava, entre os pobres e necessitados. Quando morreu, não deixou nada em


herança, pobre neste mundo, rico no outro.


Que Deus o tenha em Sua graça.


Amr Ibn Al Jamuh


Amr Ibn Al Jamuh era uma das principais figuras de Yathrib (antigo nome da cidade de


Madina) nos dias da ignorância. Era o chefe dos Banu Salamah e era tido como uma


das pessoas mais generosas e valorosas da cidade.


Um dos privilégios dos chefes da cidade era ter um ídolo próprio em sua casa.


Esperava-se assim que o ídolo abençoasse o chefe em tudo o que ele fizesse. O chefe


deveria oferecer sacrifícios ao ídolo em ocasiões especiais e procurar a sua ajuda em


tempos de aflição.


O ídolo de Amr chamava-se manat. Amr fizera-o em madeira da mais valiosa. Ele


gastou muito tempo, dinheiro e atenção a cuidar dele e ungiu-o com os perfumes mais


caros.


Amr tinha quase sessenta anos quando a luz do Islam começou a penetrar nas casas


de Yathrib. Musab Ibn Umayr, o primeiro missionário enviado a Yathrib antes da


Hégira, pregou a nova fé casa após casa. Foi através dele que os três filhos de Amr,


Muawwadh, Muadh e Khallad, se tornaram muçulmanos.


O conhecido Muadh Ibn Jabal foi contemporâneo deles. Hind, esposa de Amr, também


se convertera ao Islam com os seus três filhos, mas Amr não sabia de nada.


Hind notou que as pessoas de Yathrib estavam a ser conquistadas para o Islam e que


nenhum dos chefes da cidade se manteve idólatra, exceto o seu marido e alguns


indivíduos. Ela gostava muito do marido e orgulhava-se dele, mas estava preocupada


com a possibilidade de ele morrer em estado Ímpio (de, Kafir).


Ao mesmo tempo, o próprio Amr começou a sentir-se pouco tranqüilo. Receava que os


seus filhos abandonassem a religião dos seus antepassados o seguissem os


ensinamentos de Musab Ibn Umayr, que, em pouco tempo, tinha sido o causador do


virar de costas à idolatria o da adesão à religião do Islam por parte de muitos.


Amr disse à mulher: "Toma cuidado para os teus filhos não entrarem em contato com


este homem (referindo-se a Musab Ibn Umayr) antes de nós formarmos uma opinião


sobre ele."


Respondeu ela: "Ouvir é obedecer, mas queres ouvir o que o teu filho Muadh tem para


contar a respeito deste homem?"


Disse Amr: "ó mulher! O Muadh virou costas à sua religião sem o meu conhecimento?"


A boa mulher teve pena do marido e disse-lhe: "De forma alguma. Mas ele esteve em


algumas das reuniões deste missionário e decorou algumas das coisas que ele


ensina."


Disse ele: "Diz a Muadh para vir aqui,".


Quando Muadh chegou, ordenou-lhe: "Dá-me um exemplo do que este homem prega."


Muadh recitou a Surat-al-Fatihah (o Capítulo de Abertura do Alcorão):


"Em nome de Deus, o Clemente, o Misericordioso. Louvado seja Deus, Senhor do


Universo, o Clemente, o Misericordioso; Soberano do Dia do Juízo, Só a Ti


adoramos, e Só a Ti pedimos ajuda. Guia-nos a senda reta, à senda dos que


agraciaste, não à do abominados, nem à dos extraviados.''


Exclamou o pai: "Como são bonitas e perfeitas essas palavras! Tudo o que ele diz é


assim?"


Apelou Muadh: "De fato é, meu Pai. Quer jurar-lhe lealdade? Todo o seu povo já o fez"


O idoso ficou silencioso durante um bocado e depois disse: "Não o farei sem consultar


manat, e ver a que ele me diz."


Disse Muadh: "O que é que manat poderia dizer, pai? É apenas um pedaço de


madeira. Não pode pensar nem falar."


O idoso pai replicou incisivamente: "Já te disse, não farei nada sem ele."


Mais tarde no mesmo dia, Amr foi para junto de manat. Era costume dos idólatras


colocar uma mulher velha por trás do ídolo quando queriam falar com ele. Ela


responderia pelos ídolos, articulando, assim o julgavam, o que o ídolo a tinha inspirado


para dizer.


Amr colocou-se defronte do ídolo em grande reverencia e proferiu-lhe grandes


louvores. Depois disse:


"ó manat, sabeis sem dúvida que este propagandista que foi mandado vir até nós de


Me- ca não quer fazer mal senão a vós. Veio apenas para nos obrigar a deixar de vos


adorar. Não quero jurar-lhe lealdade, apesar das belas palavras que ouvi dele.


Portanto, vim procurar a vosso conselho. Por isso, aconselhai-me, por favor."


Não houve resposta de manat. Amr continuou: "Talvez estejais zangado. Mas até


agora, não fiz nada que vos prejudicasse... Não tem importância, deixo-vos uns dias


para que a zanga desapareça."


Os filhos de Amr conheciam a grande dependência do seu pai em relação a manat e


sabiam como, com o passar do tempo, o seu pai se tinha quase tornado uma parte


dele. Contudo, compreenderam que o lugar do ídolo no seu coração estava a ser


ameaçado e que tinham que o ajudar a libertar-se de manat. Isso deveria ser o


caminho do seu pai para a fé em Deus.


Uma noite, os filhos de Amr, com o seu amigo Muadh Ibn Jabal, foram tirar o ídolo


manat do seu lugar e deitá-lo a uma vala pertencente aos Banu Salamah. Voltaram a


suas casas sem que ninguém soubesse o que tinham feito. Quando Amr acordou na


manhã seguinte, dirigiu-se em atitude de respeito para venerar o ídolo, mas não o


encontrou.


"Ai de todos vós," gritou.


"Quem atacou o nosso deus na noite passada?''


Não houve qualquer resposta. Começou a procurar o ídolo, a espumar de raiva e a


ameaçar os autores do crime. Acabou por encontrar o ídolo de cabeça para baixo na


vala. Lavou-o, perfumou-o e voltou a colocá-lo no seu local habitual, dizendo: "Se


descubro quem vos fez isto, humilhá-lo-ei."


Na noite seguinte os rapazes voltaram a fazer o mesmo ao ídolo. O velho recuperou-o,


lavou-o e perfumou-o como tinha feito anteriormente e voltou a colocá-lo no seu lugar.


Isto voltou a acontecer várias noites, até urna noite Amr colocar uma espada à volta do


pescoço do. ídolo, dizendo-lhe: ''ó manat, não sei quem vos está a fazer isto. Se


tiverdes algum poder, defendei-vos deste mal. Aqui tendes uma espada.''


Os jovens esperaram que Amr estivesse dormindo, tiraram a espada do pescoço do


ídolo e deitaram-no na vala. Amr encontrou o ídolo de cabeça para baixo na fossa, sem


ver a espada. Finalmente, convenceu-se que o ídolo não tinha qualquer poder e não


merecia ser adorado. Não demorou muito a aderir à religião do Islam.


Amr em breve conheceu a doçura da Fé (Iman), no único Deus Verdadeiro. Ao mesmo


tempo, sentiu grande dor e angústia interior ao pensar em cada momento que tinha


passado como idólatra. A sua aceitação da nova religião foi total, e colocou-se a si


próprio, a sua riqueza e os seus filhos ao serviço de Deus e do Seu Profeta.


A sua devoção foi visível em toda a sua extensão na época da batalha de Uhud. Amr


viu os seus três filhos prepararem-se para a batalha. Olhou para os três jovens


determinados, inflamados pelo desejo de serem mártires e alcançarem o sucesso e a


glória de Deus.


A cena produziu um grande efeito sobre ele; decidiu ir com eles para a guerra sob o


estandarte do Enviado de Deus. Contudo, os jovens opuseram-se a que o pai levasse a


cabo a sua intenção. Ele já era muito velho e estava extremamente fraco.


Disseram eles: "Pai, certamente que Deus vos dispensou. Então, porque quereis


carregar esse fardo?''


O velho ficou muito zangado e dirigiu-se ao Profeta Muhammad (que a Paz e a


Bênção de Deus estejam sobre ele) para se queixar dos seus filhos: "ó Rasulullah! Os


meus filhos querem afastar-me desta fonte de bem, argumentando que estou velho a


decrépito. Por Deus, desejo alcançar o Paraíso desta forma, embora seja um homem


velho e doente."


Disse o Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele) aos


filhos: "Deixem-no, talvez Deus, o Poderoso e Grandioso, o faça mártir."


Em breve era tempo de ir para a batalha. Amr despediu-se da mulher, virou-se na


direção de Makka e orou: "Senhor, faz-me mártir a não me envies de regresso à minha


família com as minhas esperanças desfeitas''.


Partiu na companhia dos três filhos e de um grande contingente da sua tribo, os Banu


Salamah. Enquanto a batalha lavrava, Amr foi visto nas fileiras da frente, a saltar com a


perna boa (era parcialmente coxo da outra perna), e a gritar: "Quero o Paraíso, quero o


Paraíso."


O seu filho Khallad manteve-se próximo dele, e ambos lutaram corajosamente para


defender o Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele),


pai e filho caíram no campo de batalha e morreram.


Abu Ubaydah Ibn Al Jarra


Abu Ubaydah era coriaxita e foi um dos pioneiros a abraçar o Islam, levado por Abu


Bakr Assidik. Foi um dos dez homens que foram alvissarados pelo Paraíso. Ele


emigrou para a Abissínia e retomou para lutar ao lado do Profeta (que a Paz e a


Bênção de Deus estejam sobre ele) em Badr.


Participou posteriormente de todas as batalhas empreendidas pelo Profeta (que a


Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele). Continuou a prestar serviços ao Islam na


época do Califa Abu Bakr e posteriormente na califado de Umar Ibn Al Khatab.


Esse batalhador piedoso, o asceta, o conquistador fiel, o eloqüente orador, foi enviado


pelo Profeta (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele) como reforço para


Amru Ibn Al A'ass na Batalha de Datis-salássel, como comandante de um exército que


possuía em suas fileiras Abu Bakr e Umar.


Ele deu seu voto de confiança ao Profeta e prometeu-lhe lutar pela causa de Deus


enquanto pudesse e cumpriu a sua promessa. Toda vez que via um perigo rondando o


Profeta (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), corria em seu socorro,


fazendo os inimigos retrocederem em seu intento.


O Profeta (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele) o enviou com a


delegação de Najran para o Iêmen para ensinar-lhes o Alcorão e a Sunah, dizendolhes:


"Enviarei um homem com vocês realmente fiel, realmente fiel, realmente fiel."


Esse testemunho, feito pelo Profeta (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre


ele), é suficiente para demonstrar a confiança que ele depositava em Abu Ubaydah.


Em outra oportunidade, quando Khalid Ibn Al Walid estava comandando uma das


grandes batalhas, O Califa Umar o substituiu, nomeando Abu Ubaydah em seu lugar.


Quando Este recebeu o emissário de Umar com a nomeação, ele escondeu a ordem


até que a batalha terminasse e Khalid conquistasse o local. Somente então apresentou


a sua nomeação a Khalid, com todo o respeito.


Khalid lhe perguntou:


''Por que você não me comunicou a substituição quando recebeu a ordem?''


Abu Ubaydah lhe disse:


''Para não quebrar o seu entusiasmo na luta. Eu não estou interessado na


autoridade deste mundo, nem lutamos por recompensas terrenas. Somos todos


irmãos no amor a Deus."


Este é o soldado fiei e o fiel soldado, o comandante fiel e o fiel comandante. Ele foi o


comandante dos comandantes na Síria. Em sua casa Umar só encontrou a espada e o


escudo. Quando faleceu, Umar disse:


"Se eu pudesse ter um desejo, desejaria uma casa cheio de homens como Abu


Ubaydah.''


Ele lutou na Síria, na Batalha de Yarmouk, em Damasco na batalha de Fahl, em Latkia,


na batalha de Kansarin, em Allepo, em Antióquia, em Homs. Ele conseguiu completar a


conquista de toda a Síria, do Líbano, da Palestina e da Jordânia. Quando Umar estava


a beira da morte, disse:


"Se Abu Ubaydh estivesse vivo, eu o indicaria para substituir-me. Se meu Senhor


me perguntasse a respeito dele, diria: Indiquei o fiel dessa comunidade e o fiel de


seu Mensageiro.''


Foi perguntado uma vez a Aicha:


''Quais companheiros o Profeta gostava mais?''


Ela respondeu: ''Abu Bakr, então Umar, então Abu Ubaydah Ibn Al Jarrah."


Durante a Batalha de Uhud, quando o Profeta (que a Paz e a Bênção de Deus


estejam sobre ele) foi atingido e duas argolas do seu elmo lhe entraram no rosto, ele foi


o primeiro a chegar para socorrê-lo. Logo em seguida chegou Abu Bakr. Abu Ubaydah


lhe disse: "Peço-te por Deus que me deixes extrai-las da face do Profeta." Foi,


então, mordeu as argolas e as arrancou, perdendo os seus dentes dianteiros.


Na época do Califado de Umar, e Abu Ubaydah deu-lhe igualmente o seu apoio e


obediência. Não lhe desobedeceu em nenhum assunto, exceto num.


O incidente aconteceu quando Abu Ubaydah se encontrava na Síria liderando as forças


Muçulmanas duma vitória a outra até a totalidade da Síria se encontrar sob o controle


Muçulmano. O rio Eufrates dispunha-se à sua direita e a Ásia Menor à sua esquerda.


Foi então que uma praga atacou a terra de Síria, como nunca ninguém tinha visto


antes. Devastou a população. O Califa Umar, enviou um mensageiro para Abu


Ubaydah com uma carta que dizia:


"Preciso de ti urgentemente. Se a minha carta chegar a ti de noite, solicito-te


veementemente para que partas antes da madrugada. Se esta carta chegar a ti


durante o dia, solicito-te veementemente para que partas antes do anoitecer e


venhas ao meu encontro depressa".


Quando Abu Ubaydah recebeu a carta de Umar, ele disse:


''Sei porque o Amir al-Muminin precisa de mim. Ele quer preservar a


sobrevivência daquele que, contudo, não é eterno.''


Então ele escreveu a Umar:


''Eu sei que precisas de mim. Mas ou estou num exército de Muçulmanos o não


desejo salvar-me daquilo que os aflige. Não quero me separar deles até à vontade


de Deus. Por isso, quando esta carta chegar a ti, liberta-me da tua ardem o dá-me


permissão para aqui fjcar.''


Quando a Califa Umar, leu esta carta, os seus olhos encheram-se de lágrimas, e


aqueles que estavam com ele perguntaram:


"Abu Ubaydah morreu, ó Amir al-Muminín?"


Disse ele: "Não, mas a morte anda perto dele.''


A intuição de Umar não estava errada. Em pouco tempo, Abu Ubaydah foi afetado pela


praga. Enquanto a morte o rodeava ele falou ao seu exército:


''Deixem-me dar-vos alguns conselhos que vos conduzirão sempre pelo caminho


da bondade. Estabelecei a Oração. Jejuei no mês de Ramadan. Dai Sadakah.


Fazei o Hajj e a Umrah. Permanecei unidos o apoiei-vos uns aos outros". Sejais


sinceros com vossos chefes e não escondei nado deles. Não deixais o mundo


destruir-vos pois mesmo que a homem vivesse mil anos ela acabaria sempre


neste estado que vedes em mim. Que a paz o a misericórdia de Deus esteja


convosco.''


Abu Ubaydah, virou-se então para Muadh Ibn Jabal e disse:


'' Ó Muadh, faz a Oração com o povo (sê o seu líder)''


Aí, a sua pura alma partiu. Muadh levantou-se e disse:


"Ó Povo! Vós estais impressionados com a morte de um homem. Por Deus, eu


não sei se alguma vez terei visto um homem com um coração mais justo, que


estivesse além de todo o mal e que fosse mais sincero para o povo do que ele.


Pedi a Deus que derrame a Sua misericórdia sobre ele e Deus será


misericordioso convosco".


Abu Ubaydah faleceu acometido de cólera no ano 18 da Hégira (639 da era cristã),


durante o califado de Umar Ibn Al Khatab.


Este é um relato sucinto a respeito de um companheiro do Profeta (que a Paz e a


Bênção de Deus estejam sobre ele), em quem ele confiava e a quem ele admirava.


Abu Ubaydah, um dos grandes homens que lutaram pela causa do Islam, que Deus


derrame a Sua Misericórdia sobre ele. Amin !


Málik Ibn Anas


O Imam Málik Ibn Anas, originário do Iêmen, nasceu em Madina no ano 93 da Hégira


(726 da era cristã). Seu pai, seus tios e seu avô dedicaram suas vidas à busca do


saber e do conhecimento. Assim, Málik cresceu num lar empregnado de sabedoria e


num ambiente estimulante à aprendizagem e ao estudo.


Na época, a cidade de Madina era o centro principal do saber e seus sábios eram a


referência primeira em jurisprudência islâmica. Os nobres companheiros do Profeta


Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele) passaram seus


conhecimentos a milhares de discípulos, e Madina, naturalmente, se tomara um centro,


para onde convergiam todos os desejosos de estudar e adquirir informações seguras


da vida do Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele),


suas tradições, suas explicações do Alcorão Sagrado, além de presenciar de per- to o


exemplo vivo de seus companheiros.


Memorizou o Alcorão ainda na infância, e se direcionou depois para registrar e


memorizar a tradição do Profeta. Freqüentava as aulas ministradas nas mesquitas


pelos sábios de sua época, mas seu principal professor era o iminente sábio Ibn


Hurmuz, na companhia de quem ficou sete anos. Foi aluno também de Náfi', servo de


Abdullah, filho de Umar Ibn Al Khattab. Outro mestre de Málik era Ibn Chihab Az-


Zuhari.


Certo dia, depois de assistir às aulas de Chiháb Az-Zuhari, em vez de voltar para casa,


Málik foi a casa de seu mestre. Vendo-o voltar, este lhe disse:


''Parece-me que você não voltou para casa hoje! É verdade, quero que você me


ensine, respondeu Malik.''


Az-Zuhari ensinou-lhe, então, quarenta tradições e o aplicado aluno registrou tudo.


''Quero mais, solicitou Málik. Por hoje é suficiente, pois se você as memorizar, será um


grande tradicionista. Já as memorizei, respondeu Málik.''


Ele tomou, então, os registros de Málik e disse-lhe: ''recita, então!''


E Málik recitou as quarenta tradições!


Az-Zuhari devolveu-lhe seus registros e disse-lhe: ''Levanta, pois você é o depósito do


saber!''


Era criterioso em escolher seus professores, pois julgava que não era qualquer erudito


que era digno de passar o conhecimento. A honestidade, o caráter, o bom senso e a


compreensão do que está ensinando, eram requisitos que Málik exigia, na escolha de


seu mestre.


Dizia ele: "O saber é uma religião, sejam criteriosos em saber de quem adquiri-lo"


Quando completou a sua formação intelectual, passou a difundir o saber adquirido.


Dizia ele, quando começou a ministrar aulas na mesquita:


"Não são todos os que queriam sentar na mesquita para ensinar e emitir opiniões que o


fizeram; e não sentei para fazê-lo antes que setenta sábios testemunhassem que sou


digno disso."


Escreveu seu famoso livro de tradições e jurisprudência "Al Muwatta" (um compêndio


de tradições e princípios de jurisprudência), o primeiro em seu gênero, pois, até então


as pessoas se baseavam principalmente na memorização para transmitir os


conhecimentos. Levou nada menos que 11 anos para redigi-lo e revisá-lo


cuidadosamente.


Adotou em sua compilação o método de colocar o assunto e em seguida mencionar


todas as tradições que a ele se referem, o procedimento dos habitantes de Madina e a


opinião dos sábios que ele teve a oportunidade de acompanhar.


Quando se deparava com um fato inédito e que ninguém antes dele abordou, dava a


sua própria opinião a respeito, baseado nas tradições que conhecia e a compreensão


que tinha das mesmas; e nos pareceres e opiniões de que tinha conheci- mento.


Escreveu outros livros, onde registrou suas experiências e conhecimentos, mas a sua


importância é menor, comparados com ''Al Muwatta''.


Apesar do esforço laborioso para escrever este livro e a revisão minuciosa de seu


conteúdo, ele não admitia que as pessoas o tomassem como a única referência, pois


acre- ditava que a divergência dos sábios em assuntos secundários era uma


misericórdia de Deus para com seus servos, além de que a única coisa indiscutível é


uma determinação clara do Alcorão ou uma tradição autêntica do Profeta.


Apesar de sua grandeza e seu conhecimento, não foi poupado da agressão dos


governantes. Suas opiniões davam a entender que o povo não era obrigado a


obedecer o Califa omíada, Abu Ja'afar Al Mansur, contemporâneo dele, pois este não


teria sido escolhido legitimamente de acordo com o princípio da consulta (Ach-Chura) e


teria usurpado o poder.



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