OS NOBRES COMPANHEIROS DO PROFETA (ra)
Definindo os Companheiros do Profeta (radiallahu 'anhum)
O significado linguístico do termo Sahaabah (companheiro) deriva da palavra Suhbah
(amizade), que sugere, acompanhamento e estreita associação. No entanto, no Islam,
a definição legal do termo sahaabah (companheiro) se refere a qualquer um que tenha
se encontrado com o Profeta (sallallaahu 'alaihi wa sallam) em vida, mas depois de ele
ter recebido a missão de profeta e acreditado nele como Profeta e então ter morrido na
condição de muçulmano. Portanto, de acordo com esta definição, pode-se considerar
um companheiro aquele/aquela que conheceu o Profeta (saw), por um longo período
ou não.
Também, de acordo com esta definição, os Jinn (gênios) que se encontraram com o
profeta (saw) e acreditaram nele, também são considerados companheiros, assim
como todos os anjos que se encontraram com o Profeta (saw).
Excluídos dessa definição estão aqueles que viram o Profeta (saw) em sonho ou que
encontraram o Profeta (saw) mas não acreditaram em sua missão, mesmo que tenham
abraçado o Islam depois de sua morte. Também estão excluídos aqueles que se
encontraram com Mohammad (saw) antes de ele receber a missão de Profeta, porém
já acreditavam em sua (futura) missão como profeta. São exemplos, Buhaira, o monge
que se encontrou com Mohammad (saw) em Sham, na Síria, quando ele ainda era um
menino. Também excluídos estão aqueles que abraçaram o Islam durante a vida do
Profeta (saw) mas nunca o viram. E também estão excluídos aqueles que se
encontraram com o Profeta (saw) depois de ele receber a missão como Profeta,
acreditaram nele como Profeta, porém mais tarde renegaram a religião e morreram
como infiéis. No entanto, aquele que retornou para o Islam (de novo) ainda é
considerado um companheiro, mesmo que não tivesse encontrado o Profeta uma
segunda vez.
Formas de se Confirmar Corretamente Quem é Um Companheiro do Profeta (saw)
Al-Haafidh ibn Hajar Al-Asqalaani (rahimahullah) disse que são cinco as maneiras de
se confirmar corretamente quem é um Companheiro do Profeta (saw):
1. Aquele que é Suhbah (companheiro, amigo) do Mensageiro de Allah (saw) ficou
amplamente conhecido de todas as gerações de muçulmanos, seja pela evidência de
um texto no Alcorão ou pela evidência de hadices autênticos extensamente narrados
(mutawaatir).
2. Aquele que é Suhbah (companheiro, amigo) do Mensageiro de Allah (saw) ficou
conhecido e firmemente estabelecido através de todas as gerações de muçulmanos
pela evidência de hadices autênticos que não foram narrados amplamente como os
hadices da primeira categoria (hadeeth mash-hoor).
3. Aquele que é Suhbah (companheiro, amigo) do Mensageiro de Allah (saw), ficou
firmemente estabelecido por um dito autêntico de um já conhecido Companheiro. Por
exemplo, seu dito: "Fulano é um Companheiro (do Mensageiro de Allah). Ou seu dito:
"Eu e fulano estávamos com o Mensageiro de Allah (saw)".
4. Aquele que é Suhbah (companheiro, amigo) do Mensageiro de Allah (saw), ficou
firmemente estabelecido por um dito autêntico de um conhecido Taabi'ee (isto é, um
muçulmano de uma geração após a dos Companheiros, que encontrou um ou mais
Companheiros e morreu como muçulmano.
5. Aquele que é Suhbah (companheiro, amigo) do Mensageiro de Allah (saw), ficou
firmemente estabelecido por um dito autêntico de um Companheiro sobre ele mesmo,
desde que atendidas as duas condições abaixo:
1. Seu 'Adaalah (bom caráter) foi firmemente estabelecido.
2. Foi firmemente estabelecido que ele morreu durante o tempo de Mohammad como
Profeta (saw)
O Bom Caráter dos Companheiros do Profeta (saw)
O significado linguístico de 'Adaalah (bom caráter) é ser consciente, escrupuloso. No
entanto, a definição legal de 'Adaalah no Islam se refere àquele que protege sua
religião, sempre se comporta de maneira virtuosa, evita aceitar os maneirismos que
desagradam as pessoas bem comportadas de seu tempo e lugar (desde que isto não
acarrete abandonar qualquer coisa da sunnah ou entrar em bid'ah). E também se refere
àquele que fica longe, longe dos pecados maiores assim como dos menores e até de
alguns atos permissíveis
As pessoas de Ahl-us-Sunnah-wal-Jamaa'ah concordam que todos os Sahaabah
(Companheiros do Profeta) tinham um bom caráter (ra). E isto porque Allah, o Mais
Elevado, os escolheu para serem os companheiros de Seu Profeta (saw). E as pessoas
de Ahl-us-Sunnah-wal-Jamaa'ah usam como prova do bom caráter de todos os
Companheiros as muitas evidências do Alcorão e da sunnah autêntica.
ALGUNS EXEMPLOS DE GRANDES PESSOAS
Shaykh Abdullah bin Muhammad al-Mu'taz
Existem grandes homens e mulheres na história. Foram exemplos raros de justiça,
moral e das melhores qualidades que um ser humano pode ter.
Deus, o Exaltado, nos falou bastante sobre esses homens e mulheres no Sagrado
Alcorão, estando acima de todos, o Mensageiro Mohammad, sallallahu `alaihi wa
sallam, e os outros mensageiros, `alaihimus salaam, que foram grandes exemplos de
paciência, fé e jihad no caminho de Deus. Eles também lutaram contra as heresias e
foram, na verdade, pessoas a serem seguidas. Deus, o Exaltado, descreveu o
comportamento moral e os modos do Profeta Mohammad, sallallahu `alaihi wa sallam,
como:
"Porque és (ó Mohammad) de nobilíssimo caráter." (68:4)
Narrado por Anas, radiyallahu `anhu:
"Jamais toquei um veludo ou seda que fosse mais suave do que a mão do Mensageiro
de Deus, sallallahu `alaihi wa sallam, e jamais senti aroma mais agradável do que o
cheiro do corpo do Mensageiro. Eu servi ao Mensageiro por 10 anos e ele nunca teve
um gesto de irritação para comigo e nunca me pediu algo que eu não tivese feito (por
que não?) e nunca me pediu algo que eu já tivesse feito (por quê?)" (Bukhari)
O califa do Mensageiro, sallallahu `alaihi wa sallam, Abu Bakr, radiyallahu `anhu,
ajudou o Mensageiro, sallallahu `alaihi wa sallam, com dinheiro e jihad e foi o primeiro a
acreditar no Profeta, sallallahu `alaihi wa sallam. Quando algumas pessoas renegaram
o Islam, logo após a morte do Profeta, Abu Bakr corajosamente ficou contra elas e
disse: "(Por Deus, se eles se recusarem a pagar zakat por conta de Deus) uma cabra
que eles costumavam dar ao Mensageiro, sallallahu `alaihi wa sallam, lutarei contra
eles."
Umar ibn al-Khatab, radiyallahu `anhu, embora fosse Emir dos crentes, costumava
carregar farinha em suas costas para os muçulmanos, e também costumava cozinhar
para os órfãos à noite. Satanás fugia do caminho de Omar, conforme relatado (em
hadice), por causa de sua justiça e proximidade com Deus.
Uthman bin Affan, radiyallahu `anhu, terceiro califa, financiou uma expedição
muçulmana que foi chamada de "A Expedição dos Tempos Difíceis", porque os
muçulmanos eram muito pobres na época. E Ali bin Abi Talib, radiyallahu `anhu, o
quarto califa, foi indicado pelo Mensageiro, sallallahu `alaihi wa sallam, como o líder
dos muçulmanos em uma guerra e ele, sallallahu `alaihi wa sallam, disse: "Darei a
liderança a alguém a quem Deus e Seu Mensageiro amam." Era Ali bin Abi Talib,
radiyallahu `anhu, o grande e bravo guerreiro.
Rabee` ibn Amir, radiyallahu `anhu, quando se dirigiu, como embaixador, ao chefe dos
persas, recusou-se a curvar-se diante de Rustom, o monarca persa. E ele disse:
"Viemos tirá-lo da adoração à criação para levá-lo à adoração ao Criador."
A fé faz o impossível parecer possível.
Na batalha de Badr, Umair ibn al-Hamam al-Ansari, radiyallahu `anhu, ouviu o
Mensageiro dizer: "Aquele que luta de frente para o inimigo e não (recuando)
mostrando suas costas a ele, entrará no Paraíso." Umar estava mastigando algumas
tâmaras e então ele as jogou fora e disse: "Será uma vida longa então, se eu esperar
para comer estas tâmaras elas me impedirão de entrar no Paraíso." Ele lutou de frente
com o inimigo e morreu como um mártir. Quando o Mensageiro recebeu a notícia, ele
disse: "Agora ele está no Paraíso, gozando de suas benesses."
Amr ibn al Jamouh, radiyallahu `anhu, era aleijado. O Mensageiro,sallallahu `alaihi wa
sallam, disse a ele: "Não se preocupe (com o jihad), você está mancando e não pesa
acusação sobre você." E Deus revelou, com relação ao jihad dos deficientes: "Não
haverá recriminação ao coxo ..." (24:61)
Mas isto não impediu que Ibn al Jamouh lutasse pela causa de Deus. Ele disse "Quero
entrar no Paraíso mancando" e ele foi e lutou até à morte, como um mártir.
Um outrao exemplo de um grande homem é Abu Dijana, que se transformou em um
escudo para o Mensageiro na batalha de Uhud, para protegê-lo das setas do inimigo.
Existem muitos outros grandes nomes para serem mencionados aqui, mas o espaço
não permite. Os livros sobre a história islâmica têm numerosos exemplos dessas
pessoas, que se entregaram pelo prazer de Deus.
Diz Deus, o Exaltado, a respeito
"Entre os fiéis, há homens que cumpriram o que haviam prometido, quando da sua
comunhão com Deus; há os que o consumaram (ao extremo) e outros que esperam,
ainda, sem violarem a sua comunhão, no mínimo que seja." (33:23)
Abu Bakr Assidik
Abu Bakr (que Deus esteja satisfeito com ele), o companheiro mais próximo do profeta
Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), não estava presente
quando ele deu seu último suspiro na casa de sua esposa Aicha, filha de Abu Bakr
(que Deus esteja satisfeito com ele), mas foi ele quem deu a notícia para os
muçulmanos de Madina.
Após os primeiros momentos de tristeza e dor pela morte do Profeta Muhammad
(que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), Abu Bakr (que Deus esteja
satisfeito com ele) foi para a mesquita e falou para as pessoas:
"Ó gentes, aquele que adora a Muhammad, eis que Muhammad está morto
realmente. Mas, aquele que adore a Deus, eis que Ele está vivo e nunca morre."
E concluiu com um versículo do Alcorão:
"Muhammad não é senão um Mensageiro, a quem outros mensageiros
precederam. Porventura, se morresse ou fosse morto, voltaríeies à
incredulidade? " (Alcorão Sagrado 3:144)
Ao ouvirem essas palavras, as pessoas se consolaram, o abatimento cedeu lugar à
confiança e tranquilidade o momento crítico havia passado, mas a comunidade
muçulmana tinha agora um problema muito sério que era o de escolher um líder.
Após algumas discussões entre os companheiros do Profeta Muhammad (que a Paz
e a Bênção de Deus estejam sobre ele), que tinham se reunido a fim de escolher o
líder, ficou claro que ninguém melhor e mais adequado para a responsabilidade do que
Abu Bakr (que Deus esteja satisfeito com ele).
Os muçulmanos foram unânimes em elegê-lo como sucessor do Profeta Muhammad
(que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), na hora da posse, ele proferiu um
discurso no qual disse:
''Fui eleito para liderar-vos e não sou o melhor dentre vós, se agir
convenientemente, ajudai-me, e se errar, corrigi-me. O mais humilde entre vós
será poderoso, pois estarei ao seu lado até que lhe seja feita justiça; e o mais
influente entre vós será o mais humilde na minha consideração até que eu
reprima a injustiça que ele cometer. Obedecei-me enquanto eu obedecer a Deus e
a Seu Mensageiro. Se vier a desobedecer a Deus e a Seu Mensageiro, então, eu
não tenho nenhum direito a que vocês me obedeçam.''
Antes do advento do Islam, Abu Bakr (que Deus esteja satisfeito com ele) era
conhecido como um homem de caráter correto e de natureza afável e compassivo, por
toda sua vida ele foi sensível ao sofrimento humano e gentil com os pobres e
necessitados mesmo sendo rico, viveu muito simplesmente e usava seu dinheiro para a
caridade, libertação de escravos e pela causa do Islam, era comum passar noites em
súplicas e orações.
Esse era o homem sobre quem o peso da liderança caiu, no período mais sensível da
história dos muçulmanos, assim que a notícia da morte do Profeta Muhammad (que
a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), se espalhou, numerosas tribos se
rebelaram e se recusaram a pagar o Zakat, alegando que ele era devido somente ao
Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele).
Ao mesmo tempo, começaram a surgir numerosos impostores, alegando que a
condição de profeta tinha passado para eles, além disso, o Império Romano do Oriente
e o Império Persa começaram a ameaçar o recém-nascido estado islâmico de Madina.
Diante de tais circunstâncis, muitos companheiros do Profeta Muhammad (que a Paz
e a Bênção de Deus estejam sobre ele), inclusive Ômar, aconselharam Abu Bakr (que
Deus esteja satisfeito com ele) fazer concessões aos sonegadores do Zakat, pelo
menos uma vez.
O novo califa não concordou, ele insistia em que era uma lei divina que não podia ser
desrespeitada, que não havia diferença entre as obrigações do Zakat e o Salat e que
qualquer acordo com as injunções de Deus acabariam por corromper as bases do
Islam.
As tribos revoltosas atacaram Madina mas os muçulmanos estavam preparados, o
próprio Abu Bakr (que Deus esteja satisfeito com ele) liderou um ataque que os forçou
a recuarem, a seguir, declarou uma guerra implacável contra aqueles que se
autoproclamavam profetas e ao final, muitos se submeteram e retornaram ao Islam.
A ameaça do Império Romano na verdade tinha começado mais cedo, com o Profeta
Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), ainda vivo, o
Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre), tinha
organizado um exército liderado por Usama, filho de um liberto.
O exército não foi muito longe porque o Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção
de Deus estejam sobre ele), caiu doente, após a morte dele, a questão apresentada
era se o exército deveria prosseguir ou ficar para defender a cidade de Madina, mais
uma vez, Abu Bakr (que Deus esteja satisfeito com ele) mostrou uma firme
determinação, ele disse:
"Enviarei o exército de Usama da forma como o Profeta ordenou, ainda que eu
fique sozinho."
As instruções finais dadas a Usama prescreviam um código de conduta de guerra que
permanece até os dias de hoje:
"Não desertem nem desobedeçam. Não matem um velho, uma mulher ou uma
criança. Não maltrate as palmeiras nem derrubem as árvores. Não matem
carneiros e vacas ou camelos, a não ser para o alimento. Vocês encontrarão
pessoas que passam a vida em monastérios. Deixai-as em paz e não as
molestem.''
Em diversas ocasiões, Khalid bin Walid tinha sido escolhido pelo Profeta Muhammad
(que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), para chefiar os exércitos, homem
de grande coragem e nascido para chefiar, seu gênio militar acabou por destacar
durante o califado de Abu Bakr (que Deus esteja satisfeito com ele), quando liderou
suas tropas alcançando diversas vitórias sobre os romanos, uma outra contribuição de
Abu Bakr (que Deus esteja satisfeito com ele) para a causa do Islam foi a coleção e
compilação dos versículos do Alcorão Sagrado.
Abu Bakr (que Deus esteja satisfeito com ele) morreu no ano de 634 d.C, com a idade
de 63 anos, e foi enterrado ao lado do Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de
Deus estejam sobre ele), seu califado teve a duração de 27 meses mas, sob seu
comando, a comunidade e o estado islâmico foram consolidados.
Disse o Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele),
sobre Abu bakr (que Deus esteja satisfeito com ele) :
"Se eu tivesse que ter um amigo além de meu Senhor, esse alguém seria Abu
Bakr"
Umar Ibn Al Khattab
Umar Ibn Al Khattab (que Deus esteja satisfeito com ele), foi escolhido sucessor de
Abu Bakr (que Deus esteja satisfeito com ele), após uma reunião dele com os mais
proeminentes da comunidade, Umar (que Deus esteja satisfeito com ele), era de uma
família coraixita respeitada, sabia ler e escrever, manejava bem a espada, tinha o dom
da oratória e sabia lutar, tinha uma personalidade dinâmica, era franco e direto, jamais
escondia o que lhe ia à mente, ainda que isso pudesse desagradar as pessoas.
No início da missão do Profeta as idéias pregadas por Muhammad (que a Paz e a
Bênção de Deus estejam sobre ele) o enfureciam da mesma forma que a outros
notáveis de Makkah e não aceitava que as pessoas se convertessem ao Islam.
Quando sua escrava se converteu ele lhe bateu até ficar exausto e lhe disse:
"Eu parei de bater porque estou cansado e não por pena de você."
A história de sua conversão é interessante, certo dia, cheio de raiva contra o Profeta
Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), ele pegou sua
espada e saiu para matá-lo, um amigo o encontrou pelo caminho, quando Umar (que
Deus esteja satisfeito com ele) lhe disse o que estava planejando fazer, seu amigo lhe
disse que a própria irmã dele e o marido, haviam aceitado o Islam.
Umar (que Deus esteja satisfeito com ele) partiu direto para a casa de sua irmã e a
encontrou lendo páginas do Alcorão e lhe bateu sem dó nem piedade, ferida e
sangrando, ela disse ao irmão:
"Umar, você pode fazer o que quiser mas não pode afastar nossos corações do
Islam."
Essas palavras produziram um efeito estranho em Umar (que Deus esteja satisfeito
com ele) que fé era aquela que fazia com que mulheres fracas ficassem tão fortes? Ele
pediu a sua irmã que lhe mostrasse o que estava lendo e imediatamente se rendeu às
palavras do Alcorão Sagrado:
1- Tudo quanto existe nos céus e na terra glorifica Deus, porque Ele é o
Poderoso, o Prudentíssimo.
2- Seu é o reino dos céus e da terra; dá a vida e dá a morte, e é Onipotente.
3- Ele é o Primeiro e o Último; o Visível e o Invisível, e é Onisciente.
4- Ele foi Quem criou os céus e a terra, em seis dias; então, assumiu o trono. Ele
bem conhece o que penetra na terra e tudo quanto dela sai; o que desce do céu e
tudo quanto a ele ascende, e está convosco onde quer que estejais, e bem vê
tudo quanto fazeis.
5- Seu é o reino dos céus e da terra, e a Deus retornarão todos os assuntos.
6- Ele insere a noite no dia e o dia na noite, e é Sabedor das intimidades dos
corações.
7- Crede em Deus e em Seu Mensageiro, e fazei caridade daquilo que Ele vos fez
herdar. E aqueles que, dentre vós, crerem e fizerem caridade, obterão uma
grande recompensa.
8- E que escusas tereis para não crerdes em Deus, se o Mensageiro vos exorta a
crerdes no vosso Senhor?
(Alcorão Sagrado 57: 1 ao 8)
Então ele se dirigiu à casa onde o profeta estava e jurou fidelidade a ele.
Umar (que Deus esteja satisfeito com ele) não fez segredo de sua aceitação do Islam,
reuniu-se aos muçulmanos e rezou na Kaaba, essa coragem e devoção de um cidadão
influente de Makkah levantou o moral da pequena comunidade de muçulmanos.
Mas, também Umar (que Deus esteja satisfeito com ele) passou por privações e
quando a permissão para migrar para Madina chegou ele deixou a cidade, a firmeza de
seus julgamentos, sua devoção ao Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de
Deus estejam sobre ele), sua ousadia e correção angariaram para ele a confiança que
o Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), apenas
tinha dado ao companheiro Abu Bakr (que Deus esteja satisfeito com ele).
O Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), lhe deu o
título de "Faruq", aquele que separa a verdade da falsidade, durante o califado de Abu
Bakr (que Deus esteja satisfeito com ele), Umar (que Deus esteja satisfeito com ele) foi
seu mais próximo ajudante e conselheiro quando Abu Bakr (que Deus esteja satisfeito
com ele) morreu, todos em Madina lhe juraram obediência e ele foi proclamado Califa.
Após tomar posse, Umar (que Deus esteja satisfeito com ele) falou aos muçulmanos de
Madina:
"Ó povo de Madina, vocês têm direitos sobre mim que deverão sempre ser
reivindicados. Um desses direitos é o de que quem vier até mim para pedir deve
sair satisfeito. Um outro direito é que vocês devem exigir que eu não use
injustamente as receitas do estado. Também podem exigir que eu fortaleça suas
fronteiras e não os coloque em perigo. Também é seu direito que, ao saírem para
lutar, eu cuide de suas famílias como um pai faria na sua ausência. Ó povo de
Madina, permaneçam conscientes de Deus, perdoem minhas faltas e ajudem-me
em minha tarefa. Orientem-me no bem e proibam-me o mal. Aconselhem-me em
relação às obrigações que Deus me impôs..."
A característica mas notável do califado de Umar (que Deus esteja satisfeito com ele)
foi a grande expansão do Islam, foram várias as conquistas, além da Arábia, o Iraque,
a Palestina e o Irã ficaram sobre a proteção do governo islâmico mas a grandeza de
Umar (que Deus esteja satisfeito com ele) está na qualidade de seu governo, ele deu
um sentido prático às injunções Alcorânicas.
"Ó fiéis, sede firmes em observardes a justiça, atuando de testemunhas, por
amor a Deus, ainda que o testemunho seja contra vós mesmos, contra os vossos
pais ou contra vossos parentes, seja o acusado rico ou pobre, porque a Deus
incumbe protegê-los." (Alcorão Sagrado 4:135)
Certa vez, uma mulher apresentou uma queixa contra Umar (que Deus esteja satisfeito
com ele) quando ele apareceu no julgamento perante o juiz, este se levantou em sinal
de respeito por ele. Umar (que Deus esteja satisfeito com ele) o repreendeu dizendo:
"Este é o primeiro ato de injustiça que você fez com esta mulher!"
Ele insistia em que os governadores indicados por ele deviam viver uma vida simples e
ser acessíveis àqueles que os procurassem e que ele próprio era o exemplo para eles
muitas vezes enviados e mensageiros mandados por outros dignitários o encontraram
descansando debaixo de uma palmeira ou rezando na mesquita entre o povo, e era
difícil distinguir entre todos quem era o Califa.
Muitas noites ele passava acordado percorrendo as ruas de Madina, para ver se
alguém estava precisando de alguma coisa, o aspecto geral do ponto de vista social e
moral da sociedade muçulmana daquela época está ilustrado nas palavras de um
egípcio que havia sido enviado para espionar os muçulmanos, durante a campanha
egípcia, ele contou:
"Vi um povo, todos amam mais a morte do que a vida. Cultivam a humildade mais
do que o orgulho. Ninguém tem ambição material. Seu modo de viver é simples.
Seu líder é igual a eles. Não fazem distinção entre o superior e o inferior, entre o
senhor e o escravo. Quando chega a hora da oração, ninguém fica para trás ..."
Umar (que Deus esteja satisfeito com ele) deu ao seu governo uma estrutura
administrativa, criou os departamentos do tesouro, do exército e das receitas públicas,
estabeleceu salários regulares para os soldado, fez um censo da população, fez
pesquisas no sentido de estipular taxas eqüitativas.
Novas cidades foram fundadas, as áreas que ficaram sob o domínio muçulmano ele as
dividiu em províncias e indicou os governadores, novas estradas foram abertas e
alojamentos foram construídos, foram criados fundos públicos para amparar os pobres
e necessitados.
Ele definiu, de fato e pelo exemplo, os direitos dos não muçulmanos, a seguir,
mostramos um exemplo de um contrato com os cristãos de Jerusalém:
"Esta é uma proteção que o servo de Deus, Omar, o governante dos crentes,
concede às pessoas de Eiliya (Jerusalém). A proteção é para suas vidas e bens,
suas igrejas e cruzes, suas doenças e saúde, e alcança a todos os seus
correligionários. Suas igrejas não devem ser usadas como habitação e nem
devem ser demolidas, nem qualquer ataque a elas ou a seus componentes ou às
suas cruzes e nem suas propriedades serão feitos de qualquer forma. Não há
compulsão em matéria religiosa para essas pessoas e nem devem sofrer
qualquer injúria por conta da religião. O que está escrito aqui está de acordo com
as ordens de Deus e a responsabilidade de Seu Mensageiro, dos califas e dos
crentes e será melhor, na medida em que paguem o Jizya (imposto devido para a
defesa de não muçulmanos) imposta a eles."
Os não muçulmanos que lutaram juntamente com os muçulmanos, foram isentados do
pagamento do Jizya e quando os muçulmanos se retiravam da cidade em que cidadãos
não muçulmanos tinham pago aquela taxa para sua defesa, o valor da taxa era
devolvido, o velho, o pobre, o deficiente, muçulmano ou não, eram igualmente
amparados pelos recursos do tesouro e dos fundos do Zakat.
No ano de 23, depois da Hégira, quando Umar (que Deus esteja satisfeito com ele)
retornava da peregrinação a Madina, ele levantou as mãos e orou:
"Ó Deus! Estou entrado nos anos, meus ossos estão gastos, minhas forças
declinantes e o povo por quem sou responsável se espalhou e foi longe. Chamame
de volta a Ti, meu Senhor!"
Algum tempo mais tarde, o Califa Umar (que Deus esteja satisfeito com ele) morreu
assassinado por um cristão persa, enquanto dirigia a oração da alvorada, na mesquita
do Profeta, em Madina, no final do mês de Dul Hijja, no ano 23 da Hégira, Abu Lulu
Feroze, que tinha ressentimentos contra ele, atacou-o dando-lhe diversas punhaladas,
Umar (que Deus esteja satisfeito com ele) cambaleou e caiu ao chão, quando ele
percebeu quem era o assassino ele disse:
"Graças Senhor, por ele não ser um muçulmano."
Umar (que Deus esteja satisfeito com ele) morreu 24 anos depois da Hégira e foi
enterrado ao lado do Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam
sobre ele).
Disse o Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele)
sobre Umar (que Deus esteja satisfeito com ele):
"Deus colocou a verdade na boca e no coração de Umar."
Disse Abdallah Ibn Masúd, companheiro do Profeta Muhammad (que a Paz e a
Bênção de Deus estejam sobre ele), sobre Umar (que Deus esteja satisfeito com ele):
''A sua conversão foi uma conquista, sua emigração uma vitória e seu califado
uma misericórdia.''
Uthman Ibn Affan
Antes de morrer em decorrência das punhaladas, as pessoas perguntaram a Umar
(que Deus esteja satisfeito com ele) quem ele indicava como seu sucessor, Umar (que
Deus esteja satisfeito com ele) indicou um comitê composto por 6 dos dez
companheiros que o Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam
sobre ele) tinha dito:
"Eles são as pessoas do Céu"
'Ali, Uthman, Abdul Rahman, Sa'ad, Az-Zubair e Tal'ha, para escolher o próximo califa
dentre eles, ele também esboçou os procedimentos a serem adotados no caso de
surgir qualquer divergência de opinião, Abdul Rahman retirou seu nome mas foi
autorizado pelo comitê a nomear o Califa.
Depois de dois dias de discussão entre os candidatos e após ouvida a opinião dos
muçulmanos de Madina, verificou-se o empate entre Uthman (que Deus esteja
satisfeito com ele) e Ali (que Deus esteja satisfeito com ele).
Abdul Rahman veio até a mesquita junto com outros muçulmanos e após um breve
discurso e jurou fidelidade a Uthman (que Deus esteja satisfeito com ele) todos os
presentes fizeram o mesmo e Uthman (que Deus esteja satisfeito com ele) se tornou o
terceiro Califa do Islam.
Uthman (que Deus esteja satisfeito com ele) nasceu sete anos depois do Profeta
Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele) ele pertencia ao
ramo Omíada da tribo coraixita, ele aprendeu a ler e a escrever muito cedo e jovem
tornou-se um mercador de sucesso.
Ele e Abu Bakr (que Deus esteja satisfeito com ele) eram amigos íntimos e foi Abu Bakr
(que Deus esteja satisfeito com ele) quem o trouxe para o Islam quando ele estava com
34 anos, alguns anos mais tarde, casou-se com a segunda filha do Profeta Muhammad
(que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), Ruqayya.
Apesar de sua riqueza e posição, seus parentes submeteram-no à tortura por causa de
sua conversão ao Islam, o que o forçou a migrar para a Abissínia, mais tarde ele voltou
a Makkah, mas logo migra para Madina com outros muçulmanos.
Em Madina seus negócios começaram a florescer de novo e ele retomou sua antiga
prosperidade, a generosidade de Uthman (que Deus esteja satisfeito com ele) não
tinha limites, em várias ocasiões usou de seus bens em prol do bem-estar dos
muçulmanos e para equipar os exércitos muçulmanos, por isso passou a ser
conhecido com "Ghani", isto é, "Generoso".
Um pouco antes da batalha de Badr, sua esposa, Ruqayya, ficou doente e, por causa
disso, o Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele) o
isentou de participar da luta, a doença de Ruqayya foi fatal, deixando Uthman (que
Deus esteja satisfeito com ele) profundamente mortificado, mais tarde casou-se com
uma outra filha do Profeta, Kulthum, por causa do privilégio de ter-se casado com duas
filhas do Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele),
Uthman (que Deus esteja satisfeito com ele) passou a ser conhecido como "o
possuidor de duas luzes".
Uthman (que Deus esteja satisfeito com ele) participou das batalhas de Uhud e da
Trincheira após o confronto de Trincheira, o Profeta Muhammad (que a Paz e a
Bênção de Deus estejam sobre ele) determinou a peregrinação a Makka e mandou
Uthman (que Deus esteja satisfeito com ele) como seu emissário aos coraixitas,
quando ele foi detido, o episódio terminou com o tratado com o povo de Makkah,
conhecido como o tratado de Hudaibya.
A descrição que temos de Uthman (que Deus esteja satisfeito com ele) é a de um
homem modesto, honesto, suave, generoso e muito gentil, que se destacava
principalmente por sua modéstia.
Muitas vezes passava as noites em oração, jejuava todo segundo ou terceiro dia da
semana, fazia o Hajj (peregrinação) todo ano e cuidava dos necessitados de toda a
comunidade.
Apesar de sua fortuna, ele vivia muito simplesmente e dormia sobre a areia do pátio da
mesquita do Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele),
Uthman (que Deus esteja satisfeito com ele) que havia decorado o Alcorão Sagrado e
conhecia o contexto e as circunstâncias relacionados a cada versículo.
Durante o governo de Uthman (que Deus esteja satisfeito com ele), as características
dos califados de Abu Bakr e de Umar (que Deus esteja satisfeito com eles) justiça
imparcial para todos, políticas humanas e amenas, empenho no caminho de Deus e
expansão do Islam, continuaram.
Os domínios de Uthman (que Deus esteja satisfeito com ele) se estenderam ao
Marrocos, Afeganistão e ao norte da Armênia e Azerbaijão, durante seu califado, a
marinha foi organizada, as divisões administrativas do estado foram revisadas e muitos
projetos públicos foram completados.
Uthman (que Deus esteja satisfeito com ele) enviou os mais proeminentes
companheiros do Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre
ele) com delegados a várias províncias para verificar a conduta dos oficiais e as
condições do povo.
A sua mais notável contribuição para a religião islâmica foi a compilação de um texto
completo do Alcorão Sagrado muitas cópias foram feitas desse texto e distribuídas por
todo o mundo muçulmano.
Uthman (que Deus esteja satisfeito com ele) governou por doze anos, os primeiros seis
anos foram marcados por uma paz e tranqüilidade internas, mas, na segunda metade
de seu califado houve uma rebelião, os judeus e os magians, se aproveitando da
insatisfação entre as pessoas, começaram a conspirar contra Uthman (que Deus esteja
satisfeito com ele), angariando tanta simpatia que ficou difícil distinguir os amigos dos
inimigos.
Pode parecer surpreendente que um governante de tão vastos territórios, cujos
exércitos eram sem igual, fosse incapaz de lidar com aqueles rebeldes.
Se Uthman (que Deus esteja satisfeito com ele) tivesse desejado, a rebelião poderia ter
sido esmagada logo no seu início, mas ele relutou em ser o primeiro a derramar o
sangue de muçulmanos, ainda que revoltosos, mas muçulmanos. Ele preferiu persuadilos
com gentileza e generosidade, ele bem se lembrava do Profeta Muhammad
(que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele) dizer:
"Uma vez que a espada seja desembainhada entre meus seguidores, ela não será
embainhada até o Último Dia."
Os rebeldes pediram a sua renúncia e alguns dos companheiros o aconselharam nesse
sentido, certamente que ele teria seguido esse conselho, mas estava preso a um
compromisso solene com o Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus
estejam sobre ele).
"Talvez Deus o vestirá com uma camisa, Uthman"
disse-lhe certa vez o Profeta:
"E se as pessoas quiserem tirá-la não permita."
Um dia, quando sua casa estava cercada pelos revoltosos, Uthman (que Deus esteja
satisfeito com ele) disse a um simpatizante do movimento:
"O Mensageiro de Deus fez um acordo comigo e eu mostrarei firmeza".
Após um longo cerco, os rebeldes entraram na casa de Uthman (que Deus esteja
satisfeito com ele) e o assassinaram, quando a primeira espada atravessou seu corpo
ele estava recitando o versículo
"...Deus ser-vos-á suficiente contra eles e Ele é o Oniouvinte, o Sapientíssimo."
(Alcorão Sagrado 2:137)
Uthman (que Deus esteja satisfeito com ele) morreu na tarde de uma sexta-feira, aos
oitenta e cinco anos, o fúria dos rebeldes era tão grande que seu corpo permaneceu
insepulto até a noite de sábado, quando foi enterrado com suas roupas sujas de
sangue, a mortalha que convém a todos os mártires da causa de Deus.
Não respeitaram a sua velhice, a sua amizade com o Profeta Muhammad (que a Paz
e a Bênção de Deus estejam sobre ele), o seu apoio incomparável à causa do Islam
nos momentos mais difíceis.
Disse o Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele)
sobre Uthman (que Deus esteja satisfeito com ele):
"Todo Profeta tem um auxiliar e o meu será Uthman"
'Ali Ibn Abu Talib
'Ali (que Deus esteja satisfeito com ele) era primo e genro do Profeta Muhammad
(que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), mais do que isso, ele havia sido
criado na casa do Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam
sobre ele), mais tarde, casou-se com Fátima, a filha mais nova do Profeta Muhammad
(que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), e permaneceu próximo a ele
por cerca de trinta anos.
'Ali (que Deus esteja satisfeito com ele) tinha dez anos quando a mensagem chegou
até o Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), uma
noite ele viu o Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre
ele) e sua esposa Khadija, se curvando e prostrando.
Ele perguntou ao Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre
ele) o que significava aquilo e o Profeta lhe disse que estavam rezando a Deus e que
ele poderia também aceitar o Islam, 'Ali (que Deus esteja satisfeito com ele) respondeu
que gostaria de primeiro perguntar a seu pai a respeito.
Ele passou uma noite sem dormir e na manhã seguinte dirigiu-se ao Profeta e disse:
"Quando Deus me criou ele não consultou meu pai, portanto, porque deveria consultálo
para servir a Deus?"
E aceitou a verdade da mensagem do Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de
Deus estejam sobre ele) quando a ordem divina chegou "E admoesta os teus
parentes mais próximos", Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam
sobre ele) convidou seus parentes para uma refeição. Quando terminou, dirigiu-se a
eles e perguntou:
"Quem se juntará a mim pela causa de Deus?"
Por um instante, houve um silêncio completo e então 'Ali (que Deus esteja satisfeito
com ele) se levantou.
"Sou o mais jovem de todos os presentes aqui, meus olhos me incomodam
porque estão inflamados e minhas pernas são finas e fracas, mas juntar-me-ei a ti
e te ajudarei no que eu puder."
Os presentes riram zombaram dele, mas, durante as difíceis guerras em Makkah,
'Ali(que Deus esteja satisfeito com ele) permaneceu fiel às suas palavras e enfrentou
todas as dificuldades a que foram submetidos os muçulmanos.
Quando os coraixitas planejaram matar o Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção
de Deus estejam sobre ele)), foi a 'Ali (que Deus esteja satisfeito com ele) que
encontraram dormindo na cama do Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de
Deus estejam sobre ele), foi a ele que o Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção
de Deus estejam sobre ele), ao deixar Makkah, confiou os valores que estavam sob
sua custódia para serem devolvidos a seus legítimos donos.
'Ali (que Deus esteja satisfeito com ele) lutou em todas as batalhas no início do Islam
com grande distinção, especialmente na expedição a Khaybar, diz-se que na batalha
de Uhud ele recebeu mais de dezesseis ferimentos.
O Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele) tinha
muito carinho por ele e o chamava por diversos nomes afetuosos, certa vez o Profeta
Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele) o encontrou
dormindo na poeira, ele escovou as roupas de 'Ali (que Deus esteja satisfeito com ele)
e disse carinhosamente; "levante-se Abu Turab (pai do pó)" também tinha o título de
''Asadullah'', o leão de Deus.
A humildade, austeridade, piedade, profundo conhecimento do Alcorão Sagrado e toda
a sua sagacidade lhe deram grande distinção entre os companheiros do Profeta
Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele).
Abu Bakr, Umar e Uthman (que Deus esteja satisfeito com eles) costumavam consultálo
freqüentemente durante seus califados, muitas vezes Umar (que Deus esteja
satisfeito com ele) o indicava como o vice-gerente em Madina quando se ausentava da
cidade.
'Ali (que Deus esteja satisfeito com ele) também foi um grande exegeta da literatura
árabe e pioneiro no campo da gramática e da retórica, seus discursos, sermões e
cartas serviram por gerações como modelo de expressão literária apesar dessa
personalidade versátil, permaneceu um homem modesto e humilde.
'Ali (que Deus esteja satisfeito com ele) e seus familiares viveram uma vida
extremamente simples e austera algumas vezes passavam fome por causa da
generosidade de 'Ali (que Deus esteja satisfeito com ele) e ninguém que pedisse por
socorro ficava de mãos vazias, e não mudou, mesmo quando se tornou o governante
de um vasto domínio.
Conforme citado antes, 'Ali (que Deus esteja satisfeito com ele) aceitou o califado muito
relutantemente, a morte de Uthman (que Deus esteja satisfeito com ele) e os eventos
ao redor eram um sintoma e também se tornaram causa de conflitos civis em grande
escala.
Ali (que Deus esteja satisfeito com ele) sentia que a trágica situação devia-se,
principalmente, a governadores ineptos, assim, ele demitiu todos os governadores que
tinham sido indicados por Uthman (que Deus esteja satisfeito com ele) e indicou novos.
Todos, com exceção de Muawiya, o governador da Síria, se submeteram às suas
ordens, Muawiya se esquivou de obedecer até que o sangue de Uthman (que Deus
esteja satisfeito com ele) fosse vingado.
A viúva do Profeta, Aicha, também tomou a posição de que 'Ali (que Deus esteja
satisfeito com ele) primeiro deveria punir os assassinos, devido às condições caóticas
durante os últimos dias de Uthman (que Deus esteja satisfeito com ele), era muito difícil
descobrir os assassinos e 'Ali (que Deus esteja satisfeito com ele) se recusou a punir
qualquer um que não fosse comprovadamente culpado.
A situação no Hijaz (a parte da Arábia onde Makkah e Madina se situam) tornou-se tão
problemática que 'Ali (que Deus esteja satisfeito com ele) mudou a capital para o
Iraque.