A construção do meio ambiente
A casa, a rua, e a cidade representam o espaço no qual o se humano vive, e este espaço é conhecido ao pela humanidade atualmente pelo nome de “ambiente”.
É interessante notar que Allah (exaltado seja) fez da beleza deste ambiente um dos objetivos da existência do homem nessa vida. Allah diz no Alcorão, citando o Seu mensageiro Salih: [É Ele Quem vos fez surgir da terra e vos fez povoá-la] (Hud: 61). Ibn Kathir diz: “O versículo significa que Allah lhes fez nela para construírem-na e explorarem-na.”[1] Zaid Ibn Aslam também disse: “Vos ordenou construir o que necessitam de casas e plantio de árvores. Também foi dito que o verso significa: “Ele vos inspirou a construção da terra, incluindo plantio de lavouras, escavação de rios, entre outros”[2].
Remover as moléstias do caminho das pessoas
E a menor forma de beleza na rua está intimamente ligada à crença no coração dos muçulmanos. O Mensageiro de Allah (a paz esteja com ele) fez a retirada do que molesta as pessoas para longe do caminho uma parte da fé, dizendo: “A fé tem setenta e alguns ou sessenta e alguns níveis, a mais excelente é a declaração de que não há nenhum deus além de Allah, e a mais humilde é a remoção do que é prejudicial do caminho”[3] E remover os obstáculos do caminho do povo significa tirar tudo o que molesta e é vê?
E o afastamento das coisas prejudiciais equivale à recompensa da sadaqah (caridade). Abu Hurairah narra que o Profeta (a paz esteja com ele) disse: “Remove o que é nocivo do caminho também é sadaqah”.[4]
A remoção de coisas prejudiciais do caminho das pessoas também foi um dos atos pelos quais Allah (exaltado seja) perdoou um de Seus servos e o introduziu no Paraíso. Isso foi informado pelo Profeta (a paz esteja com ele): “Enquanto um homem estava a andar em um caminho, ele encontrou um ramo de uma árvore espinhosa no caminho e o removeu. Allah reconheceu a sua ação e o perdoou”[5] Em outra narração de Ibn Majah: “Um ramo de uma árvore espinhosa estava num caminho e molestava as pessoas. Um homem a removeu e, então foi introduzido no Paraíso”.[6] E a remoção de obstáculos das ruas é considerada uma das melhores obras da nação muçulmana, de acordo com o dito do Mensageiro de Allah (a paz esteja com ele), que diz: “As ações boas e ruins da minha nação foram apresentadas a mim. Encontrei entre os seus bons atos remover os obstáculos do caminho das pessoas.”[7]
E nos surpreendemos quando ouvimos Abu Barza, um nobre companheiro do Profeta (a paz esteja com ele) perguntar a ele: “Ó Mensageiro de Deus, me ensine alguma coisa que me beneficie. Ele disse: Retire a moléstia do caminho dos muçulmanos”.[8]
Podemos até ficar mais admirados quando ouvimos a forte advertência do Profeta (a paz esteja com ele) contra quem desobedecer esta ordem: “Aquele que molesta os muçulmanos em seus caminhos merece as suas maldições.”[9]
Viu isso?! Sete textos da Sunnah consideram o assunto da “remoção do que prejudica do caminho”. E isto não é a enumeração de todos os textos. E não conhecemos nenhuma outra filosofia, legislação ou sistemas que chegaram a esse nível de cuidar da beleza da rua. Se supusermos que isso aconteceu, eles dizem que “a remoção de obstáculos do caminho é um motivo para ter seus pecados expiados e entrar no Paraíso”?
Devemos parar um pouco para refletir sobre esta história: Havia uma companheira do Profeta (a paz esteja com ele) que limpava a mesquita. O Profeta (a paz esteja com ele) sentiu a ausência dela. Então, perguntou sobre ela e, quando soube que ela faleceu, ele culpou os seus companheiros por terem menosprezado o assunto dela e não lhe terem dito sobre a sua morte. Ele disse: “Vocês não deveriam ter me dito? Levem-me para a sua sepultura”. Levaram-no, e ele orou por ela.[10]
Esta mulher, que foi mencionado na história do Islam e se tornou memorável no livro das tradições do Profeta (a paz esteja com ele) apenas zelou pela limpeza da mesquita. Por isso, ela mereceu – unicamente na história islâmica – ser lembrada para sempre e que o Profeta (a paz esteja com ele) culpe os seus companheiros por causa dela e reze para ela.
O Profeta também ordenou-nos não urinar ou defecar em locais freqüentados por pessoas. Ele disse: “Proteja-se contra as duas maldições (as práticas que convidam as maldições das pessoas)” Ele foi perguntado: Quais são essa ações? Ele disse: “Fazer necessidades no caminho das pessoas ou em suas sombras”.[11] Isso significa que se um homem urina ou defeca em um lugar por onde passam ou sentam as pessoas, ele estará trazendo maldição sobre si. Al Imam Abu Sulaiman Al-Khattabi[12] disse: As duas maldições aqui, significa duas coisas que trazem maldição para os seus praticantes”[13]. E se o local for mais exclusivo, como a mesquita, a preocupação com ele também se torna maior, a ponto de o Profeta (a paz esteja com ele) dizer: “O cuspe na mesquita é um pecado e sua expiação é enterrá-lo.”[14]
E os judeus não limpavam suas casas, então, o Profeta (a paz esteja com ele) ordenou a seus companheiros, dizendo: “Limpem vossas casas, pois os judeus não limpam as suas casas”[15].
Nesta recomendação, encontramos evidências de que a beleza islâmica é original e não foi influenciada pelo clima quente, como alguns pesquisadores ocidentais creram, ou influenciada por sistemas ou leis antigas.
A limpeza das casas no Islam
O Islam conclamou os muçulmanos a realizar orações extras em casa. Jabir cita que o Profeta (a paz esteja com ele) disse: “Se alguém de vós cumprir a oração na mesquita, que dê para a sua casa uma parte de sua oração, porque Allah irá gerar o bem por causa dessas orações”[16]. Assim, as casas são outras mesquitas pequenas e, por isso, devem estar purificadas para estarem aptas para orações. E essa também foi uma ordem do Profeta (a paz esteja com ele) dirigida à sua nação, Samurah ibn Jundub narra que o Profeta (a paz esteja com ele) disse: “O Mensageiro de Allah (a paz esteja com ele) nos ordenou a fazer de nossas casas mesquitas e a limpá-las”.[17]
O Mensageiro de Allah (a paz esteja com ele) também proibiu que o indivíduo urine no local de banho. Ele disse: “Que ninguém de vós urine onde se banha e, depois faça a ablução neste mesmo lugar”[18].
Estes são alguns dos textos sobre a proibição da sujeira em casa ou na rua.
A arborização no Islam
O Islam também incentivou o plantio e arborização. Anas ibn Malik cita que o Profeta (a paz esteja com ele) disse: “Não há nenhum muçulmano que planta uma semente ou uma árvore, e então um pássaro, ou uma pessoa ou um animal come dele, sem que esta seja considerada como um ato de caridade (sadaqah) para ele”.[19] Em na narração de Muslim, lê-se: “e o que for roubado deste plantio será um ato de caridade para ele… e toda vez que diminuir também será um ato de caridade para ele”.
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O Profeta ainda recomendou o plantio de árvores mesmo que tenha se aproximado o Dia da Ressurreição. Anas narrou que o Profeta (a paz esteja com ele) disse: “Se o dia do juízo final chegar, e alguém de vós tiver um broto de palmeira nas mãos e puder plantá-la, ele deve plantá-la”.[20]
Não há incentivo mais forte ao plantio de árvores do que este hadith, porque revela a natureza produtiva e beneficente do indivíduo muçulmano. Por natureza, um muçulmano dá a vida como uma fonte que jamais se esgota. Se o Juízo Final está prestes a chegar, ele vai continuar a plantar e semear, embora ele saiba muito bem que ele e os outros não viverão para comer dos seus frutos. O trabalho aqui é feito por causa do trabalho, porque é um ramo da adoração e dever do homem para construir a terra até a última pulsação.[21]
A construção da terra ficou conhecida na Jurisprudência Islâmica como “ihiá al mauat” (reavivamento da terra morta). A expressão é extraída do dito do Profeta (a paz esteja com ele): “Aquele que revive uma terra morta tem direito à sua propriedade.”[22]
O Islam, por um lado, ordenou seus seguidores a observar a higiene e proibiu várias formas e tipos de sujeira. Por outro lado, incentivou a arborização e plantação. E por isso, as cidades e casas islâmicas nos séculos gloriosos do Islam foram verdadeiras obras-primas.
[1] Ibn Kathir: Tafsir Al Qur’an Al ádhim 4 / 331.
[2] Abu Haiyan Al Andalusi: Tafsir Al Bahr Al Muhit 5 / 236.
[3] Muslim, da narração de Abu Hurairah: Kitab Al Iman (Livro da crença) (58), Ahmad (8913) e Ibn Hibban (166).
[4] Al Bukhari: Kitab Al Jihad wa Al Siar (Livro de Jihad e Biografia) (2828).
[5] Al Bukhari: Kitab Al Madhalim (Livro das Reclamações) (2340) e Muslim: Kitab Al Imarah (Livro do emirado) (1914).
[6] Ibn Majah: Kitab Al Adab (Livro das Boas Maneiras) (3682), e autenticado por Al Albani em suas observações sobre Ibn Majah.
[7] Muslim: Kitab Al Massajid wa Mauadhi’ Al Salat (Livro das mesquitas e locais de oração) (553).
[8] Muslim: Kitab Al Bir wa Al Silah wa Al Adab (Livro da virtude, relações e educação) (2618).
[9] Relatado por Al Tabarani em “Al Kabir” (3051), e foi considerado como hassan por Al Albani em Sahih Al Jami’ (5923).
[10] Al Bukhari: Abuab Al Massajid (As portas das mesquitas) (446) e Muslim: Kitab Al Janaiz (Livro dos féretros) (956).
[11] Muslim: Kitab Al Taharah (Livro da purificação) (269)
[12] Abu Sulaiman Al Khattabi: (319 – 388 dH / 931 – 998 dC) Hamad ibn Muhammad ibn Ibrahim ibn Al Khattab Al Busti, Abu Sulaiman: jurisprudente e estudioso do hadith. Sua origem é de Bust, no Afeganistão, e é descendente de Zaid ibn Al Khattab. Entre os seus livros: Ma’alim Al Sunan. Veja: Al Zirikli: Al A’alam 2 / 273.
[13] Al Nauawy: Al Minhaj 3 / 161.
[14] Al Bukhari: Abuab Al Massajid (As portas das mesquitas) (405) e Muslim: Kitab Al Massajid wa Mauadhi’ Al Salat (Livro das mesquitas e locais de oração) (552).
[15] Al Tabarani: Al Mu’jam Al Ausat 4 / 231.
[16] Muslim: Kitab Al Haj (Livro da peregrinação) (1298).
[17] Abu Daud: Kitab Al Salat (456), Ahmad (20196), Al Tirmizhi (594), Ibn Majah (759) e Ibn Hibban (1634). Shu’aib Al Arnaut disse: Sua corrente é autêntica conforme as condições de Al Bukhari.
[18] Abu Daud: Kitab Al Taharah (Livro da purificação) (27), Al Nassaí (36), Ibn Majah (304) e Ahmad (20588). Foi considerado como sahih (autêntico) por Al Albani em Sahih Al Jami’ (7597). E foi narrado por Al Bukhari e por Muslim com o texto: “Que ninguém de vós urine na água parada…”.
[19] Al Bukhari: Kitab Al Muzara’ah (Livro da plantação) (2195) e Muslim: Kitab Al Musaqah (Livro da irrigação (1552).
[20] Relatado por Al Bukhari em Al Adab Al Mufrad (479), e autenticado por Al Albani.
[21] Al Qardhawi: Ri’aiat Al Bia fi Shari’at Al Islam (A conservação do meio ambiente na lei islâmica) p 63.
[22] Abu Daud: Kitab Al Kharaj (Livro do Imposto) (3073), Ahmad (14310). E Al Bukhari o narrou como palavra de Omar (2335).