OS NOSSOS JOVENS!
Por: Sheikh Aminuddin Mohamad
Os anos de infância são um período diferente para cada indivíduo que luta por encontrar o seu devido lugar no seio da família e na sociedade. Ele confronta-se com todo o tipo de stress, desde o físico, ao mental e ao emocional, estee último decorrente da puberdade, juntamente com as exigências seguintes da paixão desenfreada, e outras pressões.
É, de facto, uma fase extremamente sensível de desenvolvimento, que os pais têm que gerir com cuidado e prudência, pois se algo falhar, os grandes sonhos que nutrimos para os nossos filhos, podem de repente transformar-se em pesadelos caso eles sucumbam à tentação das drogas, das bebidas alcoólicas, da promiscuidade sexual, e outros vícios. Portanto, é importante que as suas energias e aspirações sejam direccionadas e expressas dentro de um plano bem definido.
Nós podemos optar por ignorar a realidade e simplesmente desejar que isso nunca aconteça aos nossos filhos, ou então ocuparmo-nos numa forma construtiva de nos envolvermos com eles. Esta última opção exigirá mais do que boas intenções, pois segundo o adágio popular, de boas intenções está o Inferno cheio.
Hoje em dia, cada vez mais os nossos jovens se entregam ao comportamento imoral, à violência, ao sexo permissivo e às drogas, tendências estas que lhe são transmitidas não só pela televisão e pelo vídeo-game, mas também pela própria sociedade onde estão inseridos, e por outras fontes.
O Al-Qur’án e a Bíblia falam da demonstração gráfica de como o profeta José (Youssouf) - que a paz esteja com ele - como jovem, respondeu aos vícios sociais da sua sociedade. Ele foi traído pelos seus próprios irmãos mais velhos, vendido como escravo, depois resgatado, para de seguida se tornar membro da família real. Na casa onde vivia no palácio real, foi seduzido pela esposa do dono da casa. Furtou-se à tentação sexual da esposa do governante, o que lhe valeu a acusação de tentativa de violação. Com esta repulsa a actos indignos revelou dignidade. Preferiu a vida dura da prisão, apesar da sua beleza encantadora e do seu vigor juvenil. Na cadeia não esmoreceu, e não só manteve a sua fé inabalável como desenvolveu trabalho junto aos seus companheiros da prisão, falando da grandeza de Deus.
Devido à sua capacidade e integridade, mais tarde foi elevado ao mais alto
cargo no Egipto de então. Tamanha era a sua generosidade que perdoou aos seus
irmãos quando estes, aflitos, foram ter com ele pedindo-lhe ajuda.
Foi vítima de inveja, conspiração, escravatura e tirania. A sua humildade,
coragem, fé e determinação, inspiraram de forma contínua muitos jovens, havendo
na História muitos exemplos de jovens que revelaram atitudes heróicas.
O que é que terá levado esses jovens a tão sublimes actos patrióticos? O que
é que eles tinham que os jovens de hoje não têm? Por que razão os nossos jovens
se tornaram tão individualistas, gananciosos, entregues à ilusões? Estas atitudes
podem trazer consequências horrificas para o Mundo de amanhã.
Infelizmente, nós não temos programas significativos para os nossos jovens,
o que é agravado ainda mais pelos níveis chocantes de ignorância, apesar da
existência, ao alcance das pontas dos nossos dedos, de uma riqueza inestimável
tanto em livros como em recursos. Mesmo assim recusamo-nos a lê-los.
O ambiente nas escolas também é de lamentar, pois está a contribuir para a
criação de uma cultura de arrogância e vaidade, agravando ainda mais a situação.
Segundo o juiz A. M. Kennedy: “O Mundo real da disciplina da escola é um
local áspero e de desordem, onde os estudantes praticam vulgaridades
recentemente aprendidas. Surgem com ira, zombam e embaraçam-se uns aos
outros, partilham notas ofensivas, namoram, empurram-se nos salões, arrancam e
ofendem”.
As nossas escolas tornaram-se um local de criação de vulgaridades e
indecência, o que e é sintoma de “síndroma de ausência dos pais”.
Os pais tornaram-se estranhos aos seus próprios filhos. Eles não têm tempo
para dedicar aos seus filhos, ou quando o têm é tão reduzido que não chega para
transmitirem quaisquer valores aos seus filhos. A casa tornou-se uma espécie de
instituto frio, que simplesmente alberga indivíduos que de comum pouco ou nada
têm.
Devemos criar, dentro de casa, um ambiente que seja profícuo. Devemos ser
sensíveis ao processo de desenvolvimento dos jovens, evitando que se sintam
estigmatizados, pois se nos zangarmos com eles por erros releváveis, ou se formos
cáusticos na forma como lhes falamos, tal pode levar a tendências rebeldes.
A parceria, e até mesmo alguma dose de cumplicidade entre pais e filhos,
devem ir para além da mesa do jantar. Os nossos programas precisam mais do que
simples palestras e discursos.
Precisamos de iniciar actividades na base da comunidade, que canalizarão as
aspirações dos nossos jovens dentro de um contexto bem definido para se
alcançarem metas activas. Para tal é necessário que em primeiro lugar haja uma
boa companhia e uma determinação igual ao do profeta José (Youssouf), pois diz
um provérbio popular: “Diz-me com quem andas, dir-te-ei quem és”.
Devemos premiar os jovens piedosos, condecorando-os, como forma de
fomentar e encorajar a piedade nos jovens.
Deus que nos dê forças para respondermos de forma apropriada às
exigências dos nossos tempos. Que proteja a nossa fé e nos ajude a desenvolver
laços familiares fortes, que possam contrapor as manchas da sociedade actual, para
que os jovens sejam os nossos verdadeiros continuadores.
Saibamos que alguns estendem a felicidade onde quer que vão, mas outros
deixam-na atrás onde quer que vão.