APÓS O HAJJ, E O ANO NOVO
Graças à Deus os nossos compatriotas voltaram sãos e salvos de Makkah, não tendo sido atingidos
por nenhuma das tragédias lá ocorridas. A primeira ocorreu na Mesquita Sagrada, antes dos rituais
de Peregrinação, e a segunda ocorreu em Mina, arredores de Makkah, durante os rituais finais do
Hajj. Nestes dois acidentes morreram largas centenas de peregrinos.
Como forma de exortação aos peregrinos recentemente regressados, gostaria de tecer algumas
considerações a propósito do Hajj.
De entre os sinais de aceitação do acto de Peregrinação temos a continuação na busca de perdão, a
constante recordação do Criador, a súplica, a adoração, o temor à Deus, e o recordar
permanentemente o Outro Mundo, a boa postura isslâmica, o abandono das qualidades detestáveis
e a competição na prática de boas acções.
A viagem para a realização do Hajj é em si uma grande lição. Deixamos as nossas casas e
empreendemos uma viagem rumo à Makkah. De seguida partimos para Mina, onde pernoitamos,
para no dia seguinte nos dirigirmos à Arafah. Aqui passamos o dia, e ao entardecer rumamos para
Muzdalifah onde pernoitamos num descampado, ao ar livre. Dia seguinte voltamos à Mina onde
prosseguimos com os rituais de Hajj, deixando depois esta localidade, de regresso à cidade santa de
Makkah. Concluído o Hajj regressamos à casa.
Mas será que tiramos alguma ilação desta viagem e reflectimos sobre um dia em que também
deixaremos este mundo, e assim começarmos a preparar a nossa merenda, que nos beneficiará
nessa derradeira viagem?
Deus diz no Al-Qur’án, Cap. 29, Vers. 64:
“E esta vida terrena não é, senão entretenimento e divertimento, e, certamente, a morada do Outro
Mundo é que é a verdadeira vida. Se soubésseis”!
O coração que abandonou este mundo terreno deixando a sua riqueza, a sua família, e a sua terra,
como é que pode voltar novamente a afogar-se e envolver-se na preocupação dessas coisas?
A língua que de forma repetida recitou o “talbyih”, que fez “dhikr” e fez súplicas, como pode voltar a
mentir, a caluniar, a enganar e a “fofocar”?
As pernas que fizeram “tawaf” no Kaãba, que fizeram “saiy” no Safa e Marwa, como podem voltar a
andar e correr atrás do haraam (coisas ilícitas)?
As mão que tocaram no Hajr Asswad (pedra negra), que humildemente se levantaram no dia de
Arafah, que atiraram pedrinhas contra Satanás, como podem entregar-se de novo ao pecado, ou
agredir injustamente os direitos dos outros?
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Os olhos que viram o Kaãba, e que por temor à Deus choraram de forma prolongada, como podem
voltar para o haraam?
E Deus diz no Al-Qur’án, Cap. 16, Vers. 92:
“ Não sejais como aquela mulher que desfez o fio que tecera após o ter solidamente tecido”.
Devemos também ter sempre presente algumas lições do último sermão que o Profeta Muhammad
(S) dirigiu no mesmo local na sua derradeira Peregrinação. Algumas das recomendações que fez são
as seguintes: “A vossa vida, a vossa riqueza e a vossa honra são sagradas, assim como o é este dia
(Arafah), esta terra (Makkah) e este mês (Dhul-Hijja)”
Portanto, tirar a vida a alguém é haraam (proibido) e devorar as riquezas dos outros usando
processos fraudulentos também é haraam, assim como os juros e a usura o são.
E disse também que todos somos iguais, e ninguém é superior a outro na base da raça, cor ou etnia.
No seu último sermão, o Profeta Muhammad (S) recomendou-nos que tratemos bem as mulheres,
pelo que é nossa obrigação, tanto dos “hajji’s” e também dos não “hajji’s” cuidar bem das nossas
esposas, observando os seus direitos, educando-as, acarinhando-as e evitando maltratá-las.
Pela oportunidade, gostaria também de falar do início do Novo Ano Lunar do Calendário Isslâmico de
1437, que começa com o mês de Muharram que é um dos quatro meses sagrados a respeito dos
quais Deus diz no Al-Qur’án, Cap. 9, Vers. 36:
“Por certo, o número de meses, junto de Deus, é de doze meses, conforme está no Livro de Deus,
desde o dia em que Ele criou os Céus e a Terra. Quatro deles são sagrados”.
Portanto, vamos comemorar a santidade do mês de Muharram jejuando, especialmente no dia 10
(dia de Ãshura), antecedido ou precedido de mais um dia, que tanto pode ser o dia 9 ou o dia 11, de
acordo com a recomendação do Profeta Muhammad (S).
Que o Novo Ano de 1437 de Hijra traga a todos nós maiores felicidades e paz com justiça.
[Shk. Aminuddin Muhammad, aos 15 de Outubro de 2015]
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