A S P R O M E S S A S
Por: Sheikh Aminuddin Mohamad
Nenhuma frase evoca tanta esperança como a expressão “eu prometo-te”.
Muitos de nós, quando éramos crianças, fomos ensinados a respeitar a nossa palavra. Ensinaram-nos que a promessa deve ser um compromisso inquebrantável seja qual for circunstância, mas depois, quando já crescidos, paira no ambiente que nos rodeia o velho ditado que diz que “as promessas foram feitas para serem quebradas”.
Por vezes nos esquecemos que a promessa é como um juramento, devendo ser feita apenas se tivermos a absoluta certeza de que conseguiremos cumprir com a promessa que fazemos.
Como crentes, a nossa palavra deve ser o nosso laço, isto é, devemos ser escravos da nossa palavra, pois quando prometemos, devemos envidar todos os esforços possíveis no sentido de cumprirmos com a promessa feita, pois Deus diz no Al-Qur’án, Cap. 17, Vers. 34:
“E cumpri as promessas, por certo, as promessas serão questionadas (se foram ou não cumpridas)”.
Não nos devemos esquecer, que apesar de sermos desleixados, os nossos dois anjos que sempre nos acompanham não o são.
Se alguém nos pede que lhe prestemos um favor e dizemos “sim”, o simples facto de termos dito “Insha’Allah” (se Deus quiser), não nos autoriza a quebrarmos o acordo verbal feito.
Muitos de entre nós utilizam o termo “Insha’Allah” como uma forma de se eximirem dos acordos verbais que fazem com os outros. Usam o “Insha’Allah” para dizer “sim”, mas no entanto nos seus corações não existe qualquer intenção de cumprir com o que prometem.
Como crentes temos a obrigação de sermos verdadeiros uns para com os outros, e só devemos prometer o que quisermos efectivamente cumprir.
Muitas vezes ouvimos recém-casados falando de promessas que cada um dos cônjuges faz ao outro. No acto de casamento ela promete fidelidade ao seu companheiro, promete que cuidará da melhor forma os interesses da sua casa, e que será um modelo de
obediência e virtude. Por seu lado, ele promete que ajudará a sua amada a manter o lar e a
cuidar das crianças. Contudo, decorridos alguns meses a situação é totalmente diferente.
Na maioria dos casos nenhum deles cumpre com as promessas feitas, o que tem sido
geralmente a causa de muitos conflitos e tensões no seio de muitos dos jovens casais.
Temos que ser cuidadosos no cumprimento das promessas que fazemos, pois Deus
diz no Al-Qur’án, Cap. 3, Vers. 76:
“Sim, quem cumpre com as suas promessas e é piedoso, por certo, Deus ama os
piedosos”.
Promessas quebradas (não cumpridas) no relacionamento conjugal, podem causar
muitos problemas.
Quando as promessas são quebradas, quebram-se com isso as frágeis paredes da
confiança, que deviam ser mantidas para que as relações prosperem.
O que pode parecer algo pequeno e insignificante para alguém, pode ser demasiado
grande para outros.
Ao honrarmos as promessas que fazemos, estamos preservando a integridade das
nossas relações. E isso demonstra um senso mais seguro, e de confiança recíproca.
Para nenhum grupo de indivíduos, as promessas quebradas são tão devastadoras como o
são para as crianças. Estas, em termos de memória são como os elefantes, pois nunca se
esquecem. Se se prometer algo a uma criança, ela sempre se lembrará dessa promessa, ainda
que não volte a falar da promessa feita.
Quando as crianças se apercebem que determinada pessoa não honra a sua palavra, tal
atitude causa nelas mágoas que ficam escondidas, provocando eventualmente problemas no
seu comportamento.
Honrar as nossas promessas é uma forma de reforçar os laços que nos unem ao nosso
próximo.
A importância do cumprimento da promessa é tão grande, que o Profeta Muhammad
S.A.W. chegou a dizer que dos três sinais que caracterizam um hipócrita, um deles é o de
não cumprir com as promessas quando promete algo.
Na generalidade, nos dias que correm, mente-se mais na política, especialmente quando
se pretende atrair votos da população durante as campanhas que normalmente precedem os
pleitos eleitorais. Prometem-se ao eleitorado tanto coisas possíveis, como impossíveis, mas
quando se ganha o pleito, já que se alcançou o objectivo, as promessas são esquecidas, daí
que a política e muitos políticos perdem a credibilidade no seio do eleitorado. E é daí que
surge o fenómeno das abstenções nas eleições, que ano após ano se vai agravando.