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A um nível internacional, a situação é muito mais devastadora e perigosa.  Não há dúvida que quando vemos de uma perspectiva internacional, os juros matam pessoas.  O saneamento de dívidas de países menos desenvolvidos é tão grande que devem sacrificar necessidades básicas nutricionais e de saúde.  É assombroso pensar que números incontáveis de crianças morrem diariamente em países menos desenvolvidos devido à “ferramenta” do capitalismo moderno: juros.  Alguns países africanos são forçados a gastar mais com saneamento de dívidas do que gastam em saúde ou educação.[1]





Nesse contexto a PDNU (1998) previu que se a dívida externa dos 20 países mais pobres do mundo fosse perdoada, poderia salvar as vidas de 20 milhões de pessoas antes do ano 2000. Em outras palavras, isso significa que a dívida não cancelada foi responsável pelas mortes de 130.000 crianças por semana até o ano de 2000.[2]





Ken Livingston, prefeito de Londres, alegou que o capitalismo global mata mais pessoas por ano do que as que foram mortas por Adolf Hitler.  Culpou o FMI e o Banco Mundial pelas mortes de milhões devido às suas recusas em aliviar o fardo da dívida.  Susan George afirmou que a cada ano desde 1981 entre 15 e 20 milhões de pessoas morrem desnecessariamente devido ao fardo da dívida “porque os governos do Terceiro Mundo têm tido que fazer cortes em programas de água potável e de saúde para atender seus reescalonamentos de dívida.[3]





A dívida, com sua quantidade crescente de juros compostos, é perigosa para qualquer nação porque significa perda de soberania e controle.[4] Esse aspecto, não é por acaso.  Países menos desenvolvidos – especialmente suas elites e governantes corruptos – não estão isentos de culpa quando se trata da dívida que acumularam.  Ao mesmo tempo, se não fizerem empréstimos e se endividarem, definitivamente serão pressionados a fazê-lo.  Caufield destacou:





Assim tem sido com o Banco Mundial; operações de refinanciamento têm tido participação cada vez maior em suas operações de empréstimo.  O resultado tem sido um acúmulo de dívida dos tomadores de empréstimo do banco – e uma perda gradual da soberania também.  Nenhum credor está disposto a manter o refinanciamento para sempre sem exercer algum controle sobre a forma como o credor conduz seus negócios.  Antigamente os grandes poderes não hesitavam em usar força militar para submeter os devedores recalcitrantes às suas vontades.  Em seu ensaio clássico, “Débitos Públicos”, publicado em 1887, o economista americano Henry Carter Adams escreveu que “a concessão de créditos estrangeiros é o primeiro passo em direção ao estabelecimento de uma política externa agressiva e, sob certas condições, leva inevitavelmente à conquista e ocupação.”





A abordagem do banco aos seus devedores não é tão bruta.  Ao invés de enviar os fuzileiros navais, oferece aconselhamento sobre como os países devem gerir suas finanças, fazer suas leis, prover serviços ao seu povo e se conduzirem no mercado internacional.  Seus poderes de persuasão são grandes, devido à convicção universal de que se decidir levar ao ostracismo um tomador de empréstimo, todos os principais poderes nacionais e internacionais seguirão sua orientação.  Assim, através do empréstimo excessivo – nascido de uma inconsistência fundamental de sua missão – o banco tem aumentado seu próprio poder e destruído os dos seus tomadores de empréstimo.[5]





O agora famoso Confessions of an Economic Hit Man (“Confissões de um Assassino Econômico”, em tradução livre) [6] de John Perkins detalha intrigas econômicas contemporâneas.  Ao descrever seu trabalho de avaliar projetos, ele escreve:





O aspecto não mencionado de todos esses projetos era serem voltados para criar grandes lucros para os contratantes e fazer um punhado de famílias ricas e influentes nos países recebedores muito felizes, ao mesmo tempo em que asseguravam a dependência financeira de longo prazo e, consequentemente, a lealdade política de governos ao redor do mundo.  Quanto maior o empréstimo, melhor.  O fato de que o fardo da dívida colocado sobre um país privaria seus cidadãos mais pobres de saúde, educação e outros serviços sociais por décadas não era levado em consideração.[7]





O trabalho de Perkins foi seguido agora por A Game as Old as Empire: The Secret World of Economic Hit Men and the Web of Global Corruption (“Um Jogo tão Velho quanto o Império: O Mundo Secreto do Assassino Econômico e a Rede de Corrupção Global”, em tradução livre) editado por Steven Hiatt.[8] Hiatt escreve:





A dívida mantém o Terceiro Mundo sob controle.  Dependente de ajuda, reescalonamento e rolagem de dívidas para sobreviver - sem nunca de fato se desenvolver - tem sido forçado a reestruturar suas economias e reescrever suas leis para atenderem as condições estabelecidas nos programas de ajuste do FMI e às condições do Banco Mundial.[9]





A situação de dívida atual, com o papel principal que os juros desempenham, está potencialmente muito devastadora para o mundo como um todo.  Em Global Trends 2015 (Tendências Globais 2015) a CIA reconheceu:





O curso crescente da economia global criará muitos vencedores econômicos, mas não içará todos os barcos.  Criará conflitos internos e externos assegurando uma lacuna ainda maior entre vencedores e perdedores regionais do que a que existe hoje.  A evolução da globalização será árdua, marcada por volatilidade financeira crônica e um divisão econômica que se amplia.  As regiões, países e grupos deixados para trás enfrentarão estagnação econômica profunda, instabilidade política e alienação cultural.  Promoverão extremismo político, étnico, ideológico e religioso, junto com a violência que geralmente os acompanha.[10]





Noreena Hertz tem um excelente capítulo em seu trabalho The Debt Threat: How debt is destroying the developing world… and threatening us all (“A Ameaça da Dívida: Como a dívida está destruindo o mundo em desenvolvimento... e ameaçando a todos nós”, em tradução livre), delineando muitos dos perigos do débito maciço – e, novamente, que não seria tão maciço sem o sempre crescente aspecto dos juros – apresentam para o mundo hoje.  Ela detalha os perigos do extremismo, terrorismo, destruição de recursos naturais do mundo e mais.  Para citar apenas um aspecto, ela escreve:





O infame produto da dívida – pobreza, desigualdade e injustiça – também é utilizado para justificar e até legitimar atos de maior violência.  Poucas semanas após o ataque ao World Trade Center, o destacado comentarista africano Michael Fortin escreveu: “Temos que reconhecer que esse ato deplorável de agressão pode ter sido, pelo menos em parte, um ato de vingança da parte de pessoas desesperadas e humilhadas, esmagadas pelo peso da opressão econômica praticada pelas pessoas do Ocidente.” A linguagem de Fortin – “esmagado”, “opressão”, “desesperado”, “humilhado” – é deliberadamente evocativa.  E é manifestamente claro que existe uma audiência com quem essas palavras ressoam de maneira poderosa.[11]





Na realidade, existem ainda outros males relacionados aos juros que poderiam ser discutidos, mas os apresentados acima devem ser suficientes para os propósitos aqui.





A Solução Islâmica





A solução islâmica para a questão dos juros repousa em dois princípios básicos:





(1)  Se um indivíduo deseja emprestar dinheiro a outro para ajudá-lo, esse ato deve ser baseado em “princípios fraternais” e é absolutamente inaceitável cobrar quaisquer juros nesse caso.  Não se ajuda outro indivíduo colocando-o em um ciclo de dívidas no qual ele tem que pagar mais do que pegou emprestado.  Esse princípio se aplica também às relações internacionais islâmicas.  Se esse princípio importante fosse aplicado hoje, os países de fato “ajudariam” e dariam assistência aos outros países, ao invés de sugá-los em um padrão de dependência e endividamento.





(2)  Se um indivíduo deseja usar seu dinheiro para ganhar mais dinheiro, então deve estar disposto a colocar seu dinheiro em risco.  Em outras palavras, não pode garantir para si mesmo um retorno fixo (cuja quantidade continua a aumentar com o passar do tempo) independente do resultado do investimento para o qual seu dinheiro foi direcionado.  Se estiver arriscando seu dinheiro, merece alguma parcela dos lucros.  Entretanto, isso também significa que deve aceitar perdas se elas ocorrerem.  Esse é um sistema baseado em justiça.  Tem numerosos benefícios também.  Aquele que investe se preocupa com os resultados de seu investimento e não pode exigir seu “pedaço de carne” independente do que possa ocorrer com o devedor.





Essa solução islâmica funciona para indivíduos e também para a sociedade como um todo.  Os bancos são essencialmente intermediários financeiros.  Pegam dinheiro daqueles que o tem em excesso (poupança) e o entregam para os que precisam de dinheiro para investimentos.  Os juros não são necessários para esse sistema funcionar.  O banco e seus acionistas investem, ao invés de simplesmente emprestar, seus títulos e ações.  O dinheiro é posto em risco e o retorno dos acionistas será baseado nos lucros obtidos nos respectivos investimentos.   Sob circunstâncias normais de uma economia em crescimento, se o banco for grande o suficiente e diversificar seu portfolio, o banco tem um retorno positivo virtualmente “garantido” sobre o total de seus investimentos.  Assim, aqueles que investem seu dinheiro com o banco também receberão um retorno positivo sobre seu dinheiro sem ser garantido ou fixado antecipadamente.





Várias instituições financeiras “islâmicas” têm sido estabelecidas em todo o mundo hoje.  Foram estabelecidas com base no princípio de evitar os juros e algumas delas floresceram.[1]





Conclusões





Na maioria dos casos a “civilização moderna” decidiu dar as costas à Orientação Divina (principalmente devido à experiência no ocidente com o Cristianismo) e tem tentado construir seus próprios sistemas econômicos e políticos, leis internacionais e assim por diante.  Ao fazê-lo, entretanto, têm que admitir que estejam tentando fazer algo além de seus meios.  As ciências sociais são muito diferentes das ciências físicas.  Não existem laboratórios nos quais os humanos possam determinar o que podem ser os melhores resultados sob diferentes cenários (e até isso teria que supor que os humanos sempre reagirão da mesma forma sob as mesmas circunstâncias).





No campo da economia, a primeira coisa que pode vir à mente é o colapso das teorias do socialismo e comunismo.  Deve-se, entretanto, examinar bem o capitalismo e o quanto sua realidade está longe do que deveria ser.  Os primeiros teóricos capitalistas previram uma teoria que levaria ao “melhor de todos os mundos possíveis.”  Entretanto, suas teorias eram baseadas em suposições que nunca foram e nunca serão cumpridas.  Supuseram competição perfeita, conhecimento perfeito, livre mercado e assim por diante.  Se essas suposições são violadas, o que inevitavelmente acontece, elas não levam ao “melhor de todos os mundos possíveis.”  Ao invés disso, facilmente levam a um mundo de exploração, no qual o rico fica mais rico e o pobre fica mais pobre.  Uma das forças propulsoras por trás desse sistema é a institucionalização dos juros.





Deus abençoou os humanos com a orientação do Alcorão – um livro que foi detalhadamente preservado desde sua revelação.  Esse livro contém a orientação que a humanidade necessita para levar uma vida bem-sucedida tanto nesse mundo quanto no outro.  Não surpreende, então, que esse livro proíba e condene absolutamente os juros de forma muito severa.





 



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