Outro aspecto importante na preservação dos hadiths foi o desenvolvimento precoce de criticismo de hadiths e avaliação de narradores. Mesmo durante a vida do Mensageiro de Deus, os Companheiros com frequência iam a ele para confirmar alguns relatos que tinham ouvido sobre sua autoridade. O professor Azami, se referindo aos exemplos nas coletâneas de hadiths de Ahmad, al- Bukhari, Muslim e al‑Nasaai escreve:
“Se criticismo for o esforço para distinguir entre o que é certo e o que é errado, então podemos dizer que isso começou na vida do Profeta. Mas nesse estágio não era mais do que ir ao Profeta e verificar algo que disseram que ele disse...
... Encontramos que esse tipo de investigação de verificação foi realizada [sic] por Ali, Ubai ibn Kaab, Abdullah ibn Amr, Umar, Zainab esposa de ibn Masud e outros. Á luz desses eventos, pode ser dito que a investigação dos hadiths ou, em outras palavras, criticismo dos hadiths começou de forma rudimentar durante a vida do Profeta.” [1]
Obviamente essa prática de confirmar relatos diretamente com o Mensageiro de Deus tinha que cessar com a morte do Profeta, que a misericórdia e bênçãos de Deus estejam sobre ele. Na época dos Companheiros, liderados por notáveis como Abu Bakr, Umar, Ali, ibn Umar e outros, costumavam confirmar os hadiths uns com os outros. Umar, por exemplo, era estrito na salvaguarda da disseminação adequada de hadiths. Em Sahih Muslim pode-se encontrar o exemplo de Abu Moosa al‑Ashari. Umar ameaçou puni-lo se ele não apresentasse testemunha para um hadith que tinha narrado para Umar. Comentando sobre esse hadith, Abdul Hamid Siddiqi afirmou que Umar não duvidava de Abu Moosa, mas apenas queria manter uma rígida supervisão sobre a transmissão de hadiths.[2]
Muitos exemplos como esse podem ser fornecidos. Abu Hurairah, Aisha, Umar e ibn Umar verificavam hadiths. Às vezes verificavam o hadiths por “referência cruzada” (como Umar e Abu Moosa acima) e outras vezes faziam o que podia ser chamado de verificação cronológica. O Imame Muslim registra que Aisha ouviu certo hadith narrado de Abdullah ibn Amr. Um ano depois ela fez seu servo ir até Abdullah ibn Amr para ouvir o hadith dele novamente para se assegurar de que ele tinha narrado exatamente como tinha ouvido do Profeta e que ele não tinha cometido erros ou feito adições em sua narração.[3]
Essa investigação de narradores levou ao desenvolvimento da ciência mais fascinante e única de al-jarh wa al-tadeel, na qual as vidas e qualidades acadêmicas e morais de literalmente milhares de narradores são discutidas em detalhes. Cada narrador deve atender qualificações morais e acadêmicas para seu hadith ser aceito. Um, sem o outro, simplesmente não é suficiente. Um indivíduo pode ter uma grande memória ou ser capaz de registrar material de forma muito precisa, mas se não for considerado uma pessoa completamente honesta e confiável, suas narrações de hadith, a informação mais importante que um indivíduo pode passar adiante, não serão aceitas. Da mesma forma, uma pessoa pode ser muito piedosa e honesta, mas se não possui as qualidades literárias ou acadêmicas para ser capaz de passar adiante informação de forma precisa e correta, suas narrações também não podem ser confiáveis.
Assim, os estudiosos desenvolveram muitos meios para testar a proficiência e precisão dos narradores de hadiths. Azami afirma que existiam quatro formas básicas para verificar a proficiência de um narrador. Ele deu exemplos de cada tipo.[4] As quatro são:
(1) Comparação entre o hadith de estudantes diferentes do mesmo estudioso. Um exemplo é o de Yahya ibn Maeen que leu os livros de Hammad ibn Salama para dezessete estudantes de Hammad. Ele disse que fazia isso porque seria capaz de identificar os erros que Hammad fez (ao compará-los com o que outros estudiosos tinham narrado) e os erros que cada estudante individual fez (ao compará-los com os outros estudantes de Hammad).
(2) Comparação entre afirmações de um único estudioso em épocas diferentes. Foi feita menção antes ao hadith de Aisha, em que ela mandou perguntar a Abdullah ibn Amr ibn al‑As sobre um hadith que ele tinha narrado um ano antes. Quando ela constatou que ele não havia feito qualquer alteração no hadith, soube que ele o tinha memorizado exatamente como o ouviu do Profeta.
(3) Comparação entre recitação oral e documentos escritos. Azami deu o seguinte exemplo:
Abdur Rahman b. Umar transmitiu um hadith através de Abu Huraira relacionado à oração de Dhuhr [oração do meio-dia], que pode ser retardada no verão [sic] a partir de seu horário mais cedo. Abu Zurah disse que estava incorreto. Esse hadith foi transmitido sobre a autoridade de Abu Said. Abdur Rahman b. Umar levou isso muito a sério e não esqueceu. Quando voltou para sua cidade, verificou em seu livro e descobriu que estava errado. Então escreveu para Abu Zurah reconhecendo seu erro e pedindo a ele para informar aquela e aquela pessoa e outras pessoas que tinham perguntado sobre isso de seus alunos e informar-lhes sobre seu erro e disse que Deus o recompensaria, porque a vergonha é muito melhor que o inferno.[5]
(4) Comparação entre hadith e o texto do Alcorão. Essa prática começou com os Companheiros. O Alcorão era o primeiro teste que o hadith tinha que passar. Os Companheiros não aceitavam qualquer hadith que contradissesse o Alcorão; ao invés disso, concluíam que o Companheiro devia estar errado ou tinha entendido mal o que o Profeta tinha narrado. Sabiam que o Alcorão e a Sunnah eram essencialmente uma revelação e não era possível que uma contradissesse a outra.
Azami menciona apenas os quatro métodos acima de verificação de proficiência de um narrador, mas havia outros. Os que se seguem eram muito comuns: comparar o que um narrador relatou com o que outros narraram (ou seja, não alunos de um mesmo professor), comparar uma Sunnah com outra e comparar o texto do hadith com eventos históricos bem conhecidos.
Outro fenômeno único que surgiu e auxiliou na preservação da Sunnah foi a viagem em busca de hadiths, para verificar as fontes e reunir mais hadiths. Entre todas as diferentes comunidades religiosas do mundo apenas a nação islâmica foi abençoada com duas características particulares que a salvou de perder seus ensinamentos originais e puros. Essas duas características únicas são o uso do Isnad, que já foi discutido, e as viagens empreendidas na busca de hadiths, que serão discutidas agora. O grande desejo de conhecimento religioso entre os muçulmanos levou indivíduos a viajarem, por conta própria, por meses simplesmente para coletar ou confirmar apenas um dito do Profeta, que a misericórdia e as bênçãos de Deus estejam sobre ele. Foi essa devoção aos hadiths e disposição para sacrificar qualquer aspecto dessa vida mundana que ajudou muito na preservação completa dos hadiths do Profeta. M. Zubayr Siddiqi escreveu:
Todas essas várias gerações de “tradicionistas” exibiram atividade maravilhosa em busca de hadiths. Seu amor pelo assunto foi profundo. Seu entusiasmo não conhecia restrições. Sua capacidade de sofrer por isso não tinha limite. O rico entre eles sacrificava riquezas e o pobre entre eles devotava sua vida a isso apesar de sua pobreza. [1]
Por que esse desejo por conhecimento era tão grande entre esses primeiros muçulmanos? Ninguém pode responder a essa pergunta completamente, mas devem ter havido muitas razões para esse forte desejo. Essas razões devem ter incluído as seguintes:
(a) Essas almas piedosas sabiam que o conhecimento de hadiths as levavam à prática do Profeta e, além disso, sabiam que seguindo seus passos se tornariam mais próximas de Deus.
(b) O Alcorão e o Profeta enfatizavam essas virtudes e importância de obter conhecimento. Deus diz:
“... Dize: Poderão, acaso, equiparar-se os sábios com os insipientes?...” (Alcorão 39:9)
Também:
“Os sábios, dentre os servos de Deus, só Ele temem...” (Alcorão 35:28)
Entre as muitas afirmações do Profeta sobre esse assunto estão:
“Quem quer que saia em busca de conhecimento, Deus lhe facilita o caminho para o Paraíso...” [2] (Saheeh Muslim)
O Profeta também disse:
“Quando o filho de Adão morre todas as suas boas ações chegam ao fim, exceto três: uma caridade perpétua, conhecimento benéfico [que ele deixou para trás e do qual as pessoas se beneficiaram] e um filho virtuoso que suplica por ele.” [3] (Saheeh Muslim)
Os primeiros estudiosos reconheciam a importância de obter conhecimento e também que nenhum conhecimento é melhor que o conhecimento sobre o Criador. Consequentemente, fizeram o máximo para aprender os ensinamentos de Seu Profeta.
Exemplos dos primeiros anos darão um retrato mais claro dessas viagens em busca de hadiths. Na realidade, entretanto, pode-se dizer que viajar em busca de hadiths começou durante a vida do próprio Profeta. Ou seja, mesmo naquela época, as pessoas vinham de fora de Medina para perguntar ao Profeta sobre assuntos específicos. Em alguns casos, vinham ao Profeta para verificar o que tinha sido relatado pelos representantes do Profeta. Em al-Bukhari e Muslim pode ser visto que outros Companheiros ficavam ansiosos por tal evento. Isso porque, como Anas afirmou, eram proibidos de fazer ao Profeta muitas perguntas então ficavam ansiosos pela chegada de um beduíno inteligente que viajava para chegar ao Profeta e perguntar-lhe questões específicas.
Os seguintes exemplos são de Companheiros que viajaram para verificar hadiths que eles próprios ouviram do Profeta.[4]
O Imame al-Bukhari registrou em seu Sahih que Jaabir ibn Abdullah viajou por um mês para obter um único hadith de Abdullah ibn Unais. Em uma versão registrada por al-Tabaraani ela afirma que Jabir disse: “Costumava ouvir um hadith sobre a autoridade do Profeta sobre retaliação, e quem narrou o hadith [diretamente do Profeta] estava no Egito. Então comprei um camelo e viajei para o Egito...”[5]
O Companheiro Abu Ayub viajou até o Egito para perguntar a Uqba ibn Amr sobre um hadith. Ele disse a Uqba que somente ele e Uqba tinham ouvido aquele hadith em particular diretamente do Profeta. Depois de ouvir o hadith seu objetivo no Egito estava concluído e ele retornou para Medina.
Um dos Companheiros viajou para encontrar Fadhala ibn Ubaid e lhe disse que veio não para visitá-lo, mas somente para perguntar sobre um hadith que ambos tinham ouvido do Profeta e o Companheiro tinha esperança que Fadhala tivesse o fraseado completo do hadith.[6]
Das histórias dos Companheiros pode-se concluir que viajavam em busca de hadiths por basicamente duas razões:
(a) Para ouvir um hadith de um Companheiro referente a algo que não tiveram a honra de ouvir eles próprios diretamente do Profeta, aumentando dessa forma seu conhecimento de hadiths.
(b) Para confirmar o fraseado e/ou significado de um hadith que eles e outros Companheiros tinham ouvido diretamente do Mensageiro de Deus. Assim, mesmo os Companheiros estavam constantemente verificando e verificando e salvaguardando a pureza dos hadiths que narravam.
Na era dos alunos dos Companheiros (chamados “Sucessores”), o desejo e disposição de viajar apenas para ouvir ou confirmar um hadith do Profeta não diminuiu. Medina, tendo sido o lar do Profeta por muitos anos, o lar da Sunnah e a cidade onde muitos dos Companheiros residiam após a morte do Profeta, foi provavelmente o principal centro de atração, mas, de fato, qualquer lugar onde era sabido que um hadith em particular podia ser ouvido atraía “viajantes”.
Muitos exemplos podem ser fornecidos. Al-Khateeb al-Baghdadi escreveu um trabalho inteiro sobre o assunto de viajar em busca de hadiths. Seu trabalho é intitulado Al-Rihla fi Talab al-Hadeeth (“Viagens em Busca de Hadiths”). O que torna esse trabalho ainda mais interessante é que ele não se refere simplesmente a estudiosos viajando para aprender hadiths. Isso foi feito por quase todos os estudiosos na história do Islã. De fato, se um estudioso não viajasse era usualmente visto como algo estranho, já que a norma era viajar. Entretanto, esse livro, como destacado pelo editor do trabalho Noor al-Deen Itr, é sobre viagens em busca de apenas um hadith e não de hadiths em geral![7]
O que foi dito acima foi uma breve descrição de alguns dos meios importantes pelos quais Allah preservou a Sunnah do Profeta Muhammad, que a misericórdia e as bênçãos de Deus estejam sobre ele, de importância fundamental. Um dos aspectos importantes a destacar é que essas salvaguardas entraram em efeito virtualmente durante a vida do próprio Profeta. Não houve intervalo de tempo, deixando a porta aberta para uma perda maciça de informação ou para distorção.
Na afirmação a seguir, M. Z. Siddiqi fez um excelente trabalho resumindo a proteção da Sunnah nos primeiros anos:
Os Hadiths no sentido dos relatos dos ditos e atos de Muhammad têm sido assunto de busca ardente e estudo constante pelos muçulmanos em todo o mundo muçulmano desde o início da história do Islã até os tempos presentes. Durante a vida de Muhammad muitos dos Companheiros tentaram aprender de cor o que quer que ele dissesse e observaram atentamente o que quer que ele fizesse; e relataram essas coisas uns aos outros. Alguns deles escreveram o que ele disse em Saheefahs (pergaminhos) que foram posteriormente lidos por eles para seus alunos e foram preservados em suas famílias e também pelos Sucessores. Após a morte de Muhammad, quando seus Companheiros se espalharam em diversos países, alguns deles e também seus sucessores empreenderam viagens longas e árduas, enfrentando pobreza e penúria para coletá-los... Sua atividade notável com relação à preservação e propagação dos hadiths é única na história literária do mundo... [E a excelência de suas ciências permanece] sem paralelo na história literária do mundo ainda hoje. [1]
Foram esses processos que culminaram por fim nas ciências afinadas de hadiths e na graduação detalhada dos relatos rastreados até o Profeta. Em geral os estudiosos não aceitavam um relato como hadith autêntico a menos que pudesse ser verificado com uma cadeia completa feita somente de narradores seguros e confiáveis até o Profeta. Qualquer coisa menos que isso era rejeitada como um hadith fraco.
Quanto mais alguém prossegue no estudo da ciência dos hadiths, mais ele/ela se sentirá confortável com o sentimento de que os ensinamentos do Profeta Muhammad foram preservados nos mínimos detalhes, assim como Allah prometeu no Alcorão. Quando os estudiosos de hadiths – que são os especialistas no ramo e que passaram suas vidas dominando essa disciplina – concordam sobre a autenticidade de um hadith, não deve haver necessidade de debate ou questionamento. A única coisa que resta é acreditar nele e fazer o melhor para aplicar o significado do hadith em sua vida.
Comparação com Outras Escrituras
Ao se referirem aos hadiths do Profeta é comum alguns ocidentais usarem a palavra “tradição”. Isso imediatamente causa a impressão de um relato muito aleatório e sem sofisticação. A realidade, como aludido acima, é completamente diferente. Consequentemente, o uso dessa palavra “tradição” pode ser apenas uma cortina de fumaça para dar a impressão de que os hadiths não foram preservados. Outra descrição comum é uma referência à preservação dos hadiths como sendo semelhante a do Evangelho.
Essa também é uma frase astuta que definitivamente tem conotações negativas para muitos. De fato, muitos convertidos estudaram o Evangelho e sabem o quanto ele não é confiável – sendo essa uma das razões porque começaram a buscar por outra religião fora do Cristianismo. Sendo assim, essa afirmação rapidamente abalará sua fé nos hadiths.
A realidade total é que nenhuma comparação honesta pode ser feita entre a preservação constante e científica dos hadiths do Profeta e a preservação das escrituras anteriores. Breves descrições da preservação – ou falta dela – das escrituras anteriores devem ser suficientes para contrastá-las com a preservação dos hadiths.
Após uma longa discussão da história do Torá, Dirks conclui:
O Torá recebido não é um documento único, unitário. É uma compilação de colagens... com formação de camadas adicionais...Embora Moisés, a pessoa que recebeu a revelação original, a quem o Torá supostamente representa, não tenha vivido depois do século 13 AC e provavelmente tenha vivido no século 15 AC, o Torá recebido data de uma época muito posterior. O trecho identificável mais antigo do Torá recebido, ou seja, J, não pode ser datado de antes do século 10 AC... Além disso, esses trechos diferentes não foram introduzidos no Torá recebido até aproximadamente 400 AC, o que seria aproximadamente 1.000 anos após a vida de Moisés. Ainda mais, o Torá recebido nunca foi totalmente padronizado, com pelo menos quatro textos diferentes existindo no primeiro século DC, aproximadamente 1.500 anos após a vida de Moisés. Adicionalmente, se adotarmos o texto masorético como o texto mais “oficial” do Torá recebido, então o manuscrito mais antigo existente data de cerca de 895 DC, que é aproximadamente 2.300 anos após a vida de Moisés. Em resumo, embora o Torá recebido possa conter algumas porções do Torá original, a origem do Torá recebido é interrompida, vastamente desconhecida e não pode de forma alguma ser traçada até Moisés. [2]
Embora Jesus tenha vindo muitos séculos depois de Moisés, a revelação que ele recebeu não teve melhor sorte. Um grupo de eruditos cristãos conhecidos como Fellows of the Jesus Seminar (Membros do Seminário de Jesus) tentaram determinar quais ditos atribuídos a Jesus podem ser considerados autênticos. Eles afirmaram: “82% das palavras atribuídas a Jesus nos evangelhos não foram de fato ditas por ele.” [3] Ao descrever a história dos evangelhos, ele escreveu: “A verdade é que a história dos evangelhos gregos, de sua criação no primeiro século até a descoberta de suas primeiras cópias no início do terceiro, permanece um território amplamente desconhecido e, consequentemente, não mapeado”. [4] O trabalho de Bart Ehrman, The Orthodox Corruption of Scripture (A Corrupção Ortodoxa da Escritura, em tradução livre) identificou como a escritura foi mudada ao longo do tempo. Ele afirma sua tese, que ele prova com detalhes, na abertura: “A minha tese pode ser declarada de forma simples: escribas ocasionalmente alteraram as palavras de seus textos sagrados para fazê-los mais patentemente ortodoxos e prevenir o mau uso por cristãos que abraçavam opiniões aberrantes.” [5] É como colocar a carroça antes dos bois: as crenças devem ser baseadas nos textos transmitidos, mas os textos não devem ser alterados para se adequar às crenças.
Uma Nota Final sobre o Alcorão
A natureza do Alcorão é muito diferente das afirmações e ações do Profeta. Obviamente, as afirmações e ações são muito maiores em número enquanto que o Alcorão é muito limitado em tamanho. O Alcorão, que não é um livro grande, também foi preservado na memória assim como na forma escrita desde a época do Profeta Muhammad. Muitos dos Companheiros do Profeta tinham memorizado o Alcorão inteiro e, temendo o que havia acontecido com as comunidades das religiões anteriores, eles adotaram as medidas necessárias para protegê-lo de qualquer forma de adulteração. Logo após a morte do Profeta o Alcorão foi todo compilado e pouco depois cópias oficiais foram enviadas a terras distantes, para assegurar que o texto fosse puro. Até hoje, pode-se viajar para qualquer parte do mundo, pegar uma cópia do Alcorão e constatar que ela é a mesma em todo o mundo. A tarefa de preservar o Alcorão não pode de fato ser comparada à tarefa de preservação do conjunto da Sunnah. Sendo assim, não surpreende, dada a atitude dos muçulmanos daquela época, que o Alcorão tenha sido detalhadamente preservado.