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Punição de Bani Quraida





Nada é pior, aos olhos árabes, do que a traição da confiança e a quebra de um compromisso solene.  Agora era hora de lidar com Bani Quraida.  No dia do retorno da trincheira o Profeta ordenou guerra aos traidores Bani Quraida, que, conscientes de sua culpa, já tinham ido para suas fortalezas.  Depois de um cerco de quase um mês eles tiveram que se render incondicionalmente.  Apenas imploraram para que fossem julgados por um membro da tribo árabe a qual pertenciam.  Escolheram o chefe do clã com o qual tinham aliança há muito tempo, Sa’d ibn Mu’ādh dos Aws, que estava morrendo dos ferimentos recebidos em Uhud e teve que se restabelecer para dar o julgamento.  Sem hesitação ele condenou os homens da tribo à morte.





Hudaibiyyah





No mesmo ano o Profeta teve uma visão na qual entrava em Meca sem receber oposição e assim resolveu tentar a peregrinação.  Junto com vários muçulmanos de Medina, ele chamou os árabes amigos para acompanhá-lo, cujos números haviam aumentado desde a milagrosa derrota dos clãs na Batalha da Trincheira, mas a maioria deles não respondeu.  Vestidos como peregrinos e levando as ofertas costumeiras, um grupo de quatorze homens viajou para Meca.  Quando se aproximaram do vale encontraram um amigo da cidade, que avisou o Profeta de que os Coraixitas tinham jurado impedir sua entrada no santuário; sua cavalaria estava na estrada adiante.  Ao saber disso o Profeta ordenou um desvio através dos desfiladeiros da montanha, e por isso os muçulmanos estavam exaustos quando finalmente desceram no vale de Meca e acamparam em um local chamado Hudaybiyyah; dali ele tentou abrir negociações com os Coraixitas, para explicar que vinha apenas como peregrino.  O primeiro mensageiro que enviou para a cidade foi maltratado e seu camelo teve o tendão cortado.  Ele retornou sem dar sua mensagem.  Os Coraixitas, por outro lado, enviaram um emissário com tom ameaçador e que era muito arrogante.  Outro de seus emissários falou de forma muito íntima ao Profeta, e teve que ser lembrado de forma rígida do respeito devido a ele.  Foi ele que falou, em seu retorno para a cidade de Meca: “Já vi César e Cosroes em sua pompa, mas nunca vi um homem honrado como Muhammad é honrado por seus companheiros.”





O Profeta procurou enviar um mensageiro que imporia respeito.  Uthman foi finalmente escolhido por causa de seu parentesco com a poderosa família Omíada.  Enquanto os muçulmanos esperavam seu retorno chegou a notícia de que ele tinha sido assassinado.  Foi então que o Profeta, sentado sob uma árvore em Hudaybiyyah, recebeu um compromisso de todos os seus companheiros de que ficariam de pé ou cairiam juntos.  Pouco depois, entretanto, se soube que Uthman não havia sido assassinado.  Então uma tropa que saiu da cidade para molestar os muçulmanos em seu campo foi capturada antes que pudesse fazer qualquer mal e trazida perante o Profeta, que os perdoou diante de sua promessa de renunciarem à hostilidade.





Tratado de Hudaibiyyah





Finalmente emissários adequados vieram dos Coraixitas.  Depois de alguma negociação o tratado de Hudaybiyyah foi assinado.  Estipulava que por dez anos não haveria hostilidades entre as partes.  O Profeta devia retornar para Medina sem visitar a Caaba, mas poderia realizar a peregrinação no ano seguinte com seus companheiros. Os Coraixitas prometeram que evacuariam Meca para permitir que isso acontecesse.  Os desertores dos Coraixitas para os muçulmanos durante o período do tratado deviam ser devolvidos; mas não os desertores dos muçulmanos para os Coraixitas.  Qualquer tribo ou clã que desejasse fazer parte do tratado como aliados do Profeta poderia fazê-lo, e qualquer tribo ou clã que desejasse fazer parte do tratado como aliados dos Coraixitas poderia fazê-lo.  Houve decepção entre os muçulmanos em relação a esses termos.  Eles se perguntaram: “Onde está a vitória que nos foi prometida?”





Foi durante a viagem de volta de Hudaybiyyah que a surata chamada “Vitória” foi revelada.  Esse tratado provou ser, de fato, a maior vitória que os muçulmanos tinham alcançado até então.  A guerra tinha sido uma barreira entre eles e os idólatras, mas agora ambos os lados se encontravam e conversavam, e a nova religião se espalhou de forma mais rápida.  Nos dois anos entre a assinatura do tratado e a queda de Meca o número de convertidos foi maior que o número total de todos os convertidos anteriores.  O Profeta viajou para Hudaybiyyah com 1.400 homens.  Dois anos depois, quando os mecanos quebraram o tratado, marchou contra eles com um exército de 10.000.





No sétimo ano da Hégira o Profeta, que Deus o louve, liderou uma campanha contra Khaibar, a fortaleza das tribos judaicas na Arábia do Norte, que se tornou um vespeiro de seus inimigos.  Os judeus de Khaibar se tornaram arrendatários dos muçulmanos.  Foi em Khaibar que uma mulher judia preparou carne envenenada para o Profeta, da qual ele só provou um pequeno pedaço.  Mal o pedaço tocou seus lábios ele percebeu que estava envenenado.  Sem engoli-lo, avisou seus companheiros do veneno, mas um muçulmano, que já tinha engolido uma boa porção, morreu depois.  A mulher que cozinhou a carne foi condenada à morte.





Peregrinação à Meca





No mesmo ano a visão do Profeta foi cumprida: ele visitou Meca sem enfrentar oposição.  De acordo com os termos do tratado os idólatras evacuavam a cidade e das montanhas vizinhas observavam o procedimento dos muçulmanos.





Tratado quebrado pelos Coraixitas





Um pouco depois, uma tribo aliada dos Coraixitas quebrou o tratado atacando uma tribo que era aliada do Profeta, massacrando-os no santuário em Meca.  Depois ficaram com medo do que tinham feito.  Enviaram Abu Sufyan para Medina para pedir que o tratado existente fosse renovado e seu termo prolongado.  Esperavam que ele chegasse antes da notícia do massacre.  Mas um mensageiro da tribo atacada chegou antes dele e Abu Sufyan falhou novamente.





Conquista de Meca





Então o Profeta convocou todos os muçulmanos capazes de portar armas e marchou para Meca.  Os Coraixitas estavam apavorados.  Sua cavalaria se postou antes da cidade, mas foi desbaratada sem derramamento de sangue; e o Profeta entrou em sua cidade natal como conquistador.





Os habitantes esperavam vingança por seus erros passados, mas o Profeta proclamou uma anistia geral.  Em seu alívio e surpresa, toda a população de Meca correu para jurar lealdade.  O Profeta ordenou que todos os ídolos que estavam no santuário fossem destruídos, dizendo: “A verdade chegou; as trevas se foram”; e o chamado muçulmano para a oração foi ouvido em Meca.





Batalha de Hunain





No mesmo ano houve um encontro enraivecido de tribos pagãs ansiosas para reconquistar a Caaba.  O Profeta liderou doze mil homens contra eles.  Em Hunain, uma ravina profunda, suas tropas foram emboscadas pelo inimigo e quase fugiram.  Foi com dificuldade que foram reunidos ao Profeta e seu corpo de guarda de companheiros fiéis que se mantiverem firmes.  Mas a vitória, quando veio, foi completa e o botim enorme, porque muitas das tribos hostis tinham trazido com elas tudo que possuíam.





Conquista de Taif





A tribo de Taqif estava entre os inimigos em Hunain.  Depois daquela vitória sua cidade de Taif foi cercada pelos muçulmanos e finalmente subjugada.  Então o Profeta nomeou um governador de Meca e ele próprio retornou para Medina para alegria dos Ansar, que temiam que agora que ele tinha reconquistado sua cidade natal, pudesse esquecê-los e fazer de Meca a capital.





A Expedição de Tabuk





No nono ano da Hégira, ao ouvir que um exército estava se reunindo novamente na Síria, o Profeta chamou todos os muçulmanos para suportá-lo em uma grande campanha.  Apesar da enfermidade, o Profeta liderou um exército contra a fronteira Síria no meio do verão.  A longa distância, o calor, o fato de que era tempo de colheita e o prestígio do inimigo fez com que muitos usassem isso como desculpa para ficar para trás e muitos outros se isentaram sem desculpa alguma.  Acamparam aquela noite sem comida ou bebida, se abrigando atrás de seus camelos, e assim alcançaram o oásis de Tabuk, retornando finalmente para Meca depois de converter várias tribos.  Mas a campanha terminou de forma pacífica.  O exército avançou para Tabuk, na fronteira da Síria, mas lá souberam que o inimigo ainda não havia se reunido.





Declaração de Imunidade





Embora Meca tivesse sido conquistada e seu povo fosse agora muçulmano, a ordem oficial da peregrinação não havia mudado; os árabes pagãos a realizavam de sua maneira e os muçulmanos de sua maneira.  Foi apenas depois da caravana de peregrinos ter deixado Medina no nono ano da Hégira, quando o Islã era dominante na Arábia do Norte, que a Declaração de Imunidade, como é chamada, foi revelada.  Seu teor era que depois daquele ano apenas os muçulmanos fariam a peregrinação, com exceção para os idólatras que tinham um tratado em andamento com os muçulmanos e nunca tivessem quebrado seus tratados e nem apoiado ninguém contra aqueles com quem tinham tratados.  Esses desfrutariam os privilégios de seu tratado para o termo acordado, mas quando seu tratado expirasse seriam como os outros idólatras.  Essa proclamação colocou um fim à idolatria na Arábia.





A Peregrinação da Despedida





O fim, entretanto, estava se aproximando, e no décimo ano da Hégira ele partiu de Medina com 90.000 muçulmanos de todas as partes da Arábia para realizar o Hajj, a peregrinação.  Essa viagem triunfal do homem envelhecido, exaurido por anos de perseguição e então por luta incessante, é cercada por um tipo de esplendor sombrio, como se um grande aro de luz tivesse finalmente se fechado, cercando o mundo mortal em seu brilho calmo.





No décimo ano da Hégira ele foi para Meca como um peregrino pela última vez, chamada de “peregrinação da despedida” quando da planície de Arafat ele pregou para uma multidão de peregrinos.  Ele os lembrou de todos os deveres que o Islã exigia deles, e que um dia encontrariam seu Senhor, que julgaria cada um de acordo com sua obra.   No fim do discurso, ele perguntou: “Transmiti a Mensagem?” E aquela multidão de homens que há poucos meses ou anos tinham sido idólatras sem consciência gritou: “Ó Deus! Sim!” O Profeta disse: “Ó Deus! Tu és testemunha!” O Islã tinha sido estabelecido e cresceria para ser uma grande árvore abrigando multidões ainda maiores.  Seu trabalho estava feito e ele estava pronto para abrir mão de seu fardo e partir.





Doença e Morte do Profeta





O Profeta retornou para Medina.  Ainda havia trabalho a ser feito; mas um dia ele foi acometido por uma dolorosa doença.  Veio para a mesquita envolvido em um cobertor, e alguns viram os sinais da morte em seu rosto.





“Se houver alguém entre vocês,” ele disse, “a quem eu tenha ordenado que fosse chicoteado injustamente, aqui estão as minhas costas. Bata agora. Se tiver prejudicado a reputação de algum de vocês, ele poderá fazer o mesmo com a minha.”





Ele disse uma vez:





“O que tenho a ver com esse mundo? Eu e esse mundo somos como um cavaleiro e uma árvore sob a qual ele se abriga. Então ele segue seu caminho e a deixa para trás.”





E agora ele disse:





“Existe um servo entre os servos de Deus a quem foi oferecida a escolha entre esse mundo e aquele que está com Ele, e o servo escolheu aquele que está com Deus.”





Em 12 de 12 Rabī’ul-Awwal no décimo primeiro ano da Hégira, que no calendário cristão era 8 de junho de 632, ele entrou na mesquita pela última vez.  Abu Bakr estava liderando a oração e ele fez um gesto para que Abu Bakr continuasse.  Enquanto observava as pessoas, seu rosto ficou radiante.  ‘Nunca vi o rosto do Profeta mais belo do que naquela hora’, disse seu companheiro Anas.  Ao retornar para a casa de Aisha ele deitou sua cabeça em seu colo.  Abriu seus olhos e ela o ouviu murmurar:  ‘Com o companheiro mais nobre no Paraíso...’ Essas foram suas últimas palavras.  Mais tarde, cresceu o rumor de que ele estava morto.  Umar ameaçou aqueles que espalharam o rumor com uma terrível punição, declarando um crime pensar que o Mensageiro de Deus podia morrer.  Estava esbravejando para as pessoas quando Abu Bakr veio para a mesquita e o entreouviu.  Abu Bakr foi para a câmara de sua filha Aisha, onde o Profeta estava deitado.  Tendo se certificado do fato, e beijado a testa do homem morto, voltou para a mesquita.  As pessoas continuavam a ouvir Umar, que dizia que o rumor era uma mentira perversa, que o Profeta, que era sua força vital, não podia morrer.  Abu Bakr foi para Umar e tentou pará-lo com um sussurro.  Então, ao perceber que ele não daria atenção, Abu Bakr chamou as pessoas, que, reconhecendo sua voz, deixaram Umar e se reuniram ao seu redor.  Primeiro ele louvou a Deus e então disse as palavras que simbolizam o credo do Islã: “Ó povo! Quanto aquele que costumava adorar Muhammad, Muhammad está morto. Quanto aquele que costumava adorar Deus, Deus está vivo e não morre.” Então recitou o versículo do Alcorão:





“E Muhammad é apenas um mensageiro; mensageiro como aqueles que vieram antes dele.Quando ele morrer or for assassinado, debandarão? Aquele que dá as costas não causa mal a Deus, e Deus recompensará os agradecidos.”





 



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