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O que é o Islã?









Entre as bênçãos e favores que Deus concedeu à humanidade está o fato de Ele tê-los dotado de uma capacidade inata de reconhecer e admitir Sua existência. Ele colocou essa consciência profundamente em seus corações como uma disposição natural que não mudou desde que os seres humanos foram criados pela primeira vez. Além disso, Ele reforçou essa disposição natural com os sinais que colocou na Criação que testemunham Sua existência.





No entanto, como não é possível para os seres humanos terem um conhecimento detalhado de Deus exceto por meio da revelação d’Ele mesmo, Deus enviou Seus Mensageiros para ensinar às pessoas sobre o seu Criador, a Quem devem adorar. Esses Mensageiros também trouxeram os detalhes de como adorar a Deus, porque tais detalhes não podem ser conhecidos senão por meio da revelação. Esses dois fundamentos foram as coisas mais importantes que os Mensageiros de todas as revelações divinas trouxeram de Deus. Com base nisso, todas as revelações divinas tiveram os mesmos objetivos elevados, que são:







  1. Afirmar a Unicidade de Deus – o Criador louvado e glorificado – em Sua essência e em Seus atributos.


  2. Afirmar que somente Deus deve ser adorado e que nenhum outro ser deve ser adorado juntamente com Ele ou em Seu lugar.


  3. Proteger o bem-estar humano e se opor à corrupção e ao mal. Assim, tudo o que protege a fé, a vida, a razão, a riqueza e a linhagem faz parte desse bem-estar humano que a religião protege. Por outro lado, tudo o que põe em risco essas cinco necessidades universais é uma forma de corrupção que a religião combate e proíbe.


  4. Convidar as pessoas ao mais alto nível de virtude, valores morais e costumes nobres.






O objetivo final de cada Mensagem Divina sempre foi o mesmo: guiar as pessoas a Deus, torná-las conscientes d’Ele e fazê-las adorá-Lo somente. Cada Mensagem Divina veio para fortalecer esse significado, e as seguintes palavras foram repetidas na boca de todos os Mensageiros:


“Adorai a Deus; não tendes outro deus além d’Ele.”





Essa mensagem foi transmitida à humanidade por profetas e mensageiros que Deus enviou a cada nação. Todos esses mensageiros vieram com essa mesma mensagem, a mensagem do Islã.





Todas as Mensagens Divinas vieram para levar a vida das pessoas à submissão voluntária a Deus. Por essa razão, todas compartilham o nome “Islã”, ou “submissão”, derivado da mesma raiz da palavra “Salam”, ou “paz”, em árabe. O Islã, nesse sentido, era a religião de todos os profetas. Mas por que se veem diferentes variações da religião de Deus se todas emanaram da mesma fonte? A resposta é dupla.





A primeira razão é que, com o passar do tempo, e devido ao fato de que as religiões anteriores não estavam sob a proteção Divina de Deus, elas passaram por muitas mudanças e variações. Como resultado, vemos que as verdades fundamentais que foram trazidas por todos os mensageiros agora diferem de uma religião para outra, sendo a mais evidente a firme crença na adoração de Deus e somente Ele.





A segunda razão dessa variação é que Deus, em Sua Sabedoria infinita e Vontade eterna, decretou que todas as missões divinas anteriores à Mensagem final do Islã, trazida por Muhammad (que a misericórdia e as bênçãos de Deus estejam sobre ele), fossem limitadas a um período específico de tempo. Como resultado, suas leis e metodologias tratavam das condições específicas dos povos a quem foram enviadas.





A humanidade passou por inúmeros períodos de orientação, desvio, integridade e corrupção, desde a idade mais primitiva até os cumes da civilização. A orientação divina acompanhou a humanidade em tudo isso, sempre oferecendo as soluções e remédios adequados.





Essa foi a essência da disparidade que existiu entre as diferentes religiões. Esse desacordo nunca foi além dos detalhes da Lei Divina. Cada manifestação da Lei tratava dos problemas particulares do povo a quem se destinava. No entanto, as áreas de concordância eram muitas e significativas, como os fundamentos da fé; os princípios básicos e objetivos da Lei Divina, como proteger a fé, a vida, a razão, a riqueza e a linhagem, e estabelecer a justiça na terra; e certas proibições fundamentais, sendo algumas das mais importantes a idolatria, a fornicação, o assassinato, o roubo e o falso testemunho. Além disso, concordavam também sobre virtudes morais como honestidade, justiça, caridade, bondade, castidade, retidão e misericórdia. Esses princípios, assim como outros, são permanentes e duradouros; são a essência de todas as Mensagens Divinas e as unem.





Mas onde a mensagem de Muhammad (que a misericórdia e as bênçãos de Deus estejam sobre ele) se encaixa nas mensagens anteriores reveladas por Deus? Uma breve história dos profetas pode esclarecer esse ponto.





O primeiro ser humano, Adão, seguiu o Islã, na medida em que direcionava a adoração somente a Deus e a mais ninguém, e obedecia aos Seus mandamentos. Mas, com o passar do tempo e a dispersão da humanidade pela terra, as pessoas se desviaram dessa mensagem e começaram a direcionar a adoração a outros, em vez de, ou juntamente com, Deus. Alguns passaram a adorar os piedosos que haviam falecido entre eles, enquanto outros passaram a adorar espíritos e forças da natureza. Foi então que Deus começou a enviar mensageiros à humanidade, conduzindo-os de volta à adoração exclusiva a Deus – que estava de acordo com sua verdadeira natureza – e advertindo-os das graves consequências de direcionar qualquer tipo de adoração a outros além d’Ele.





O primeiro desses mensageiros foi Noé, que foi enviado para pregar essa mensagem do Islã ao seu povo, depois que eles começaram a adorar seus antepassados piedosos juntamente com Deus. Noé chamou seu povo a abandonar a adoração de seus ídolos e ordenou que retornassem à adoração somente de Deus. Alguns deles seguiram os ensinamentos de Noé, enquanto a maioria não acreditou nele. Aqueles que seguiram Noé eram seguidores do Islã, ou muçulmanos, enquanto os que não acreditaram permaneceram na descrença e foram atingidos por um castigo por isso.





Depois de Noé, Deus enviou mensageiros a todas as nações que haviam se desviado da Verdade, para reconduzi-las a ela. Essa Verdade foi a mesma ao longo do tempo: rejeitar todos os objetos de adoração e direcionar toda a adoração, sem exceção, somente a Deus e a mais ninguém — o Criador e Senhor de tudo — e obedecer aos Seus mandamentos. Mas, como mencionamos antes, uma vez que cada nação diferia em modo de vida, língua e cultura, mensageiros específicos foram enviados a nações específicas por um período determinado.





Deus enviou mensageiros a todas as nações, e ao Reino da Babilônia Ele enviou Abraão — um dos primeiros e maiores profetas — que chamou seu povo a rejeitar a adoração dos ídolos aos quais eram devotos. Ele os chamou ao Islã, mas eles o rejeitaram e até tentaram matá-lo. Deus submeteu Abraão a muitas provas, e ele se mostrou verdadeiro em todas elas. Por seus muitos sacrifícios, Deus proclamou que levantaria de sua descendência uma grande nação e escolheria profetas dentre eles. Sempre que pessoas de sua descendência começavam a se desviar da Verdade — que era adorar somente a Deus e obedecer aos Seus mandamentos — Deus enviava a elas outro mensageiro para reconduzi-las a essa Verdade.





Consequentemente, vemos que muitos profetas foram enviados dentre a descendência de Abraão, como seus dois filhos Isaque e Ismael, juntamente com Jacó (Israel), José, Davi, Salomão, Moisés e, claro, Jesus — para citar alguns (que a paz e as bênçãos de Deus estejam sobre todos eles). Cada profeta foi enviado aos Filhos de Israel (os judeus) quando se desviavam da verdadeira religião de Deus, e tornava-se obrigatório para eles seguir o mensageiro que lhes era enviado e obedecer aos seus mandamentos. Todos os mensageiros vieram com a mesma mensagem: rejeitar a adoração de todos os outros seres e adorar somente a Deus, além de obedecer aos Seus mandamentos. Alguns não acreditaram nos profetas, enquanto outros acreditaram. Aqueles que acreditaram eram seguidores do Islã, ou muçulmanos.





Dentre os mensageiros estava Muhammad (que a misericórdia e as bênçãos de Deus estejam sobre ele), da descendência de Ismael, filho de Abraão (que a misericórdia e as bênçãos de Deus estejam sobre ele), que foi enviado como mensageiro em sucessão a Jesus. Muhammad pregou a mesma mensagem do Islã que os profetas e mensageiros anteriores — direcionar toda a adoração somente a Deus e a mais ninguém, e obedecer aos Seus mandamentos — mensagem essa da qual os seguidores dos profetas anteriores haviam se desviado.





Assim, como vemos, o Profeta Muhammad não foi o fundador de uma nova religião, como muitos erroneamente pensam, mas foi enviado como o Último Profeta do Islã. Ao revelar Sua mensagem final a Muhammad — uma mensagem eterna e universal para toda a humanidade — Deus finalmente cumpriu a aliança que havia feito com Abraão.





Assim como era obrigatório para aqueles que estavam vivos seguirem a mensagem do último da sucessão de profetas que lhes foi enviada, também se torna obrigatório para toda a humanidade seguir a mensagem de Muhammad. Deus prometeu que essa mensagem permaneceria inalterada e adequada para todos os tempos e lugares. Basta dizer que o caminho do Islã é o mesmo caminho do profeta Abraão, porque tanto a Bíblia quanto o Alcorão retratam Abraão como um exemplo grandioso de alguém que se submeteu completamente a Deus e dirigiu a adoração somente a Ele, sem nenhum intermediário. Uma vez que isso é compreendido, fica claro que o Islã possui a mensagem mais contínua e universal de qualquer religião, pois todos os profetas e mensageiros eram “muçulmanos”, ou seja, aqueles que se submetiam à vontade de Deus, e eles pregavam o “Islã”, isto é, a submissão à vontade do Deus Todo-Poderoso, adorando somente a Ele e obedecendo aos Seus mandamentos.





Assim, vemos que aqueles que hoje se chamam muçulmanos não seguem uma nova religião; ao contrário, seguem a religião e a mensagem de todos os profetas e mensageiros que foram enviados à humanidade por ordem de Deus, também conhecida como Islã. A palavra “Islã” é uma palavra árabe que significa literalmente “submissão a Deus”, e muçulmanos são aqueles que voluntariamente se submetem e ativamente obedecem a Deus, vivendo de acordo com a Sua mensagem.





Existem muitos aspectos da crença nos quais quem adere ao Islã deve ter convicção firme. Entre esses aspectos, os mais importantes são seis, conhecidos como os “Seis Artigos da Fé”:





1) Crença em Deus








O Islã sustenta o monoteísmo absoluto, e a crença em Deus constitui o coração da fé. O Islã ensina a crença em um único Deus, que não gerou e nem foi gerado, e que não tem nenhum parceiro no cuidado do mundo. Só Ele dá a vida, causa a morte, traz o bem, permite a aflição e provê sustento à Sua criação. Deus, no Islã, é o único Criador, Senhor, Sustentador, Governante, Juiz e Salvador do universo. Ele não tem igual em Seus atributos e capacidades, como conhecimento e poder. Toda adoração, veneração e submissão devem ser dirigidas somente a Deus. Qualquer violação desses conceitos anula a base do Islã.





2) Crença nos Anjos








O muçulmano deve acreditar no mundo invisível mencionado no Alcorão. Deste mundo fazem parte os anjos, mensageiros de Deus, cada um designado para uma tarefa específica. Eles não possuem livre-arbítrio nem capacidade de desobedecer; é da sua própria natureza serem servos fiéis de Deus. Os anjos não devem ser tomados como semideuses ou objetos de veneração ou louvor; são apenas servos de Deus que obedecem a cada um dos Seus comandos.





3) Crença nos Profetas e Mensageiros








O Islã é uma religião universal e inclusiva. Os muçulmanos acreditam nos profetas, não apenas no profeta Muhammad, que a misericórdia e as bênçãos de Deus estejam sobre ele, mas também nos profetas hebreus, incluindo Abraão e Moisés, assim como nos profetas do Novo Testamento, Jesus e João Batista. O Islã ensina que Deus não enviou profetas apenas para judeus e cristãos, mas sim para todas as nações do mundo com uma mensagem central: adorar somente a Deus. O muçulmano deve acreditar em todos os profetas enviados por Deus mencionados no Alcorão, sem fazer distinção entre eles. Muhammad foi enviado com a mensagem final, e não haverá profeta depois dele. Sua mensagem é definitiva e eterna, e através dele Deus completou Sua Mensagem à humanidade.





4) Crença nos Livros Sagrados








Os muçulmanos acreditam em todos os livros que Deus revelou à humanidade por meio de Seus profetas. Estes incluem os Livros de Abraão, a Torá de Moisés, os Salmos de Davi e o Evangelho de Jesus Cristo. Todos esses livros tinham a mesma origem (Deus), a mesma mensagem e foram revelados em verdade. Isso, porém, não significa que tenham sido preservados em sua forma original. Os muçulmanos (e muitos outros estudiosos e historiadores judeus e cristãos) reconhecem que os livros existentes hoje não são as escrituras originais, pois foram de fato perdidos, alterados e/ou traduzidos repetidas vezes, perdendo a mensagem original.





Assim como os cristãos veem o Novo Testamento como cumprimento e conclusão do Antigo Testamento, os muçulmanos acreditam que o profeta Muhammad recebeu revelações de Deus por meio do anjo Gabriel para corrigir os erros humanos que haviam se infiltrado nas escrituras e na doutrina do Judaísmo, Cristianismo e de todas as demais religiões. Essa revelação é o Alcorão, revelado em língua árabe, preservado até hoje em sua forma pura. Ele busca guiar a humanidade em todos os aspectos da vida: espiritual, temporal, individual e coletivo. Contém diretrizes para a conduta da vida, relata histórias e parábolas, descreve os atributos de Deus e apresenta as melhores regras para reger a vida social. Possui orientações para todas as pessoas, em todos os lugares e para todos os tempos. Milhões de pessoas memorizaram o Alcorão, e todas as cópias encontradas hoje e no passado são idênticas. Deus prometeu proteger o Alcorão de qualquer alteração até o fim dos tempos, para que a Orientação fosse clara para a humanidade e a mensagem de todos os profetas permanecesse acessível àqueles que a buscam.





5) Crença na Vida após a Morte








Os muçulmanos acreditam que chegará um dia em que toda a criação perecerá e será ressuscitada para ser julgada por suas ações: o Dia do Julgamento. Nesse dia, todos se reunirão perante Deus e cada indivíduo será questionado sobre sua vida no mundo e como a viveu. Aqueles que mantiveram as crenças corretas sobre Deus e a vida, e as seguiram com boas ações, entrarão no Paraíso, ainda que possam pagar por alguns de seus pecados no Inferno se Deus, em Sua Justiça Infinita, decidir não perdoá-los. Quanto aos que caíram no politeísmo em suas diversas formas, entrarão no Fogo do Inferno, de onde jamais sairão.





6) Crença no Decreto Divino








O Islã afirma que Deus tem pleno poder e conhecimento sobre todas as coisas, e que nada acontece exceto por Sua Vontade e com Seu conhecimento completo. O que é conhecido como decreto divino, destino ou “fado” é chamado em árabe de al-Qadr. O destino de cada criatura já é conhecido por Deus.





Essa crença, no entanto, não contradiz a ideia do livre-arbítrio humano para escolher seu curso de ação. Deus não nos força a fazer nada; nós podemos escolher obedecê-Lo ou desobedecê-Lo. Nossa escolha é conhecida por Deus antes mesmo de a realizarmos. Nós não sabemos qual é o nosso destino, mas Deus conhece o destino de todas as coisas.





Portanto, devemos ter fé firme de que tudo o que nos acontece é de acordo com a Vontade de Deus e com Seu pleno conhecimento. Podem ocorrer coisas neste mundo que não entendemos, mas devemos confiar que Deus tem sabedoria em tudo.





Os Cinco Pilares do Islã








Existem cinco práticas simples, mas essenciais, que todos os muçulmanos praticantes aceitam e seguem. Esses “Pilares do Islã” representam o núcleo que une todos os muçulmanos.





1) A Declaração de Fé








Um muçulmano é aquele que testemunha que “ninguém merece ser adorado exceto Allah, e Muhammad é o mensageiro de Allah”. Essa declaração é conhecida como shahada (testemunho). Allah é o nome árabe de Deus, assim como Yahweh é o nome hebraico de Deus. Ao fazer essa simples proclamação, a pessoa se torna muçulmana.





A proclamação confirma a crença absoluta do Islã na unicidade de Deus, Seu direito exclusivo de ser adorado, bem como a doutrina de que associar qualquer coisa a Deus é o único pecado imperdoável, como lemos no Alcorão:


“Deus não perdoa quem associa algo a Ele, mas perdoa quem Ele quiser de outros pecados. Quem dá parceiros a Deus inventou um pecado terrível.”


(Alcorão 4:48)





Quem são os Muçulmanos?








A palavra árabe “Muçulmano” significa literalmente “alguém que está em estado de Islão (submissão à vontade e à lei de Deus)”. A mensagem do Islão destina-se a todo o mundo, e qualquer pessoa que aceite essa mensagem torna-se muçulmana.





Existem mais de um bilião de muçulmanos em todo o mundo. Os muçulmanos representam a maioria da população em cinquenta e seis países. Muitos ficam surpreendidos ao saber que a maioria dos muçulmanos não é árabe. Embora a maioria dos árabes seja muçulmana, também existem árabes cristãos, judeus e ateus. Apenas 20% dos 1,2 biliões de muçulmanos do mundo vêm de países árabes.





Há populações muçulmanas significativas na Índia, China, Repúblicas da Ásia Central, Rússia, Europa e América. Se alguém observar os diferentes povos que vivem no Mundo Muçulmano – desde a Nigéria até à Bósnia e desde Marrocos até à Indonésia – torna-se fácil perceber que os muçulmanos vêm de todas as raças, grupos étnicos, culturas e nacionalidades.





O Islão sempre foi uma mensagem universal para todos os povos. É a segunda maior religião do mundo e em breve será a segunda maior religião também na América. No entanto, poucas pessoas sabem o que realmente é o Islão.





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[1] A cidade de Meca está localizada na Arábia Saudita.





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