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Comecemos colocando “dois de cada tipo (de animal) na arca,” e então... espere!  Eram “dois de cada tipo,” como em Gênesis 6:19 ou sete de animais puros e dois de impuros, como em Gênesis 7:2-3?





Humm.  Bem, temos 120 anos para pensar sobre isso, porque esse é o limite da vida humana, de acordo com a promessa de Deus em Gênesis 6:3.  Assim como Sem....





Oops.  Mau exemplo.  Gênesis 11:11 afirma que "Sem viveu quinhentos anos..."





Ok, esqueça Sem.  Então, assim como Noé... Duplo Oops.  Gênesis 9:29 ensina que “Então todos os dias de Noé foram de novecentos e cinquenta anos; e ele morreu.”  Então vejamos: Gênesis 6:3 prometeu uma perspectiva de vida limitada a cento e vinte anos, mas poucos versos depois tanto Sem quanto Noé quebraram a norma?





Vamos dar uma parada.





Olhemos para as datas no Velho Testamento de um ângulo diferente.  Em Gênesis 16:16: “Abraão tinha oitenta e seis anos quando Agar deu Ismael a Abraão.”  Gênesis 21:5 nos diz: “Abraão estava com cem anos quando seu filho Isaque nasceu.”  Então vejamos: cem menos oitenta e seis é igual a quatorze.  Então Ismael tinha quatorze quando Isaque nasceu.





Um pouco depois, em Gênesis 21:8, lemos “Então o filho (Isaque) cresceu e foi desmamado.”  O desmame no Oriente Médio leva dois anos, de acordo com o costume étnico.  Então acrescente dois aos quatorze e Ismael estava com dezesseis anos antes de Sara ordenar a Abraão que o expulsasse (Gênesis 21:10).





Ótimo.





Até agora.





Alguns versos depois e Gênesis 21:14-19 retrata o Ismael banido como um bebê indefeso ao invés de um adolescente fisicamente capaz de dezesseis anos, como se segue:





Então se levantou Abraão de manhã cedo e, tomando pão e um odre de água, os deu a Agar, pondo-os sobre o ombro dela; também lhe deu o menino e despediu-a; e ela partiu e foi andando errante pelo deserto de Beer-Seba. 





E consumida a água do odre, Agar deitou o menino debaixo de um dos arbustos, e foi assentar-se em frente dele, a boa distância, como a de um tiro de arco; porque dizia: Que não veja eu morrer o menino.  Assim sentada em frente dele, levantou a sua voz e chorou.





Mas Deus ouviu a voz do menino.  e o anjo de Deus, bradando a Agar desde o céu, disse-lhe: Que tens, Agar?  Não temas, porque Deus ouviu a voz do menino desde o lugar onde está.  Ergue-te, levanta o menino e toma-o pela mão, porque dele farei uma grande nação.





E abriu-lhe Deus os olhos, e ela viu um poço; e foi encher de água o odre e deu de beber ao menino.





Um jovem de dezesseis anos descrito como um “menino”?  Em uma época e lugar em que era comum pessoas de dezesseis anos estarem casadas e esperando seu segundo ou terceiro filho enquanto sustentava sua família que crescia?  Além de serem caçadores, soldados e, embora raro, até reis?  Dezesseis anos equivalia à masculinidade no tempo de Ismael.  Então como exatamente seu pai deu o “menino” de dezesseis anos, Ismael, para Agar?  E como ela o deixou chorando (ou seja, “a voz do menino”) como um bebê indefeso sob um arbusto?  E como, precisamente, sua mãe o ergueu e o segurou pela mão?  Por fim, sinceramente espera-se que acreditemos que Ismael era tão frágil que sua mãe tinha que dar de beber a ele, porque ele próprio não era capaz de fazê-lo?





Sim, essa é a questão.  É nisso que supostamente devemos acreditar.





Mas espere, porque tem mais.





Em 2 Crônicas 22:2 é ensinado que “Acazias tinha quarenta e dois anos quando se tornou rei...” Humm.  Quarenta e dois anos.  Não parece valer à pena mencionar.  A menos que notemos que nos registros em 2 Reis 8:26 “Acazias tinha vinte e dois anos quando se tornou rei...” Então qual era a idade?  Quarenta e dois ou vinte e dois?





Peguemos uma pista da Bíblia.  2 Crônicas 21:20 ensina que o pai de Acazias, o rei Jeorão, morreu com a idade de quarenta anos.





O rei Jeorão morreu com quarenta anos e foi sucedido por seu filho, que tinha quarenta e dois?  Em outras palavras, o rei Jeorão era pai de uma criança dois anos mais velha que ele próprio?  A aritmética, de acordo com Mickey Mouse, é “Ser capaz de contar até vinte sem tirar seus sapatos.”  Mas não há meio desses números fazerem sentido.  E quando a conclusão lógica se aproxima rapidamente, 2 Crônicas 22:1 destaca que Acazias era o filho mais jovem do rei Jeorão, porque invasores tinham assassinado todos os filhos mais velhos de Jeorão.





Então, se Acazias era dois anos mais velho que seu pai falecido, quantos anos a mais que seu pai tinham seus irmãos mais velhos?





Obviamente não se pode confiar em 2 Crônicas 22:2 e 2 Reis 8:26, que ensina que Acazias tinha vinte e dois anos quando se tornou rei, deve ser a versão correta.





Então quando o rei Jeorão morreu aos quarenta anos (2 Crônicas 21:20) e foi sucedido por Acazias, ele tinha vinte e dois anos (2 Reis 8:26).  O que significa que o rei Jeorão tinha dezoito anos quando Acazias nasceu e aproximadamente dezessete quando ele foi concebido.  Não apenas isso, mas Jeorão tinha filhos mais velhos (2 Crônicas 22:1), então ele deve ter começado sua família com a idade de quinze ou menos.  Difícil ver Ismael como um menino indefeso com a idade de dezesseis anos.  Esse foi um tempo em que adolescentes eram homens.





Mas e 2 Crônicas 22:2, que afirma que Acazias tinha quarenta e dois quando assumiu o trono?





Um erro de cópia, sem dúvida.





Mas esse não é o ponto.





Isaías 40:8 alega que “a palavra de nosso Deus permanece para sempre.”  Essa afirmativa não desculpa erros de cópia, ou qualquer outro erro, independentemente do quanto ele for insignificante.  De fato, de acordo com Isaías 40:8, qualquer “palavra” que não “permanecer para sempre” é desqualificada como tendo sido de Deus.





O que deve nos fazer questionar a autoria.





Se “a palavra de Deus permanece para sempre” e a “palavra” da idade de Acazias não passa no teste do tempo, de quem é essa palavra?  De Deus ou de Satanás?





Não se surpreenda, mas até o Velho Testamento parece incerto sobre esse ponto.





Em 2 Samuel 24:1 se lê “A ira do Senhor tornou a acender-se contra Israel, e o Senhor incitou a Davi contra eles, dizendo: Vai, numera a Israel e a Judá.”  Entretanto,1 Crônicas 21:1 afirma: “Então, Satanás se levantou contra Israel e incitou a Davi a levantar o censo de Israel.





 





Hã, quem foi?  O Senhor ou Satanás?  Existe uma pequena (total) diferença.





Roubo de identidade.





Mas falando sério, o erro é compreensível.  Afinal, é muito difícil saber com quem você está falando, quando não pode dar um rosto à revelação.  E, como Deus disse em Êxodo 33:20, “Não poderás ver Minha face, porquanto nenhum homem pode ver a Minha face e viver."





É o que está escrito.





Nenhum homem pode ver a face de Deus e viver.





Bem, exceto por Jacó, claro.  Como Gênesis 32:30 afirma “Jacó chamou o lugar de Peniel: porque vi Deus face a face e minha vida foi preservada.”





E não devemos esquecer Moisés, de acordo com Êxodo 33:11: “Então o Senhor falou com Moisés face a face, como um homem fala com seu amigo.”





Então nenhum homem pode ver a face de Deus e viver.





Exceto por Jacó e Moisés.





Mas Deus não mencionou essa exceção, mencionou?





Talvez Ele tenha mudado de idéia.





Ou talvez não.





O sentimento de Blake na citação acima não é novo.  O Novo Testamento contém inconsistências suficientes para ter produzido uma variedade estonteante de interpretações, crenças e religiões, todas alegadamente com base na Bíblia.  E assim, encontramos um autor oferecendo a divertida observação:





Você pode e não pode,





Você deve e não deve,





Você fará e não fará,





E será condenado se fizer,





E será condenado se não fizer. [1]





Por que tanta variação nos pontos de vistas?  Para começar, grupos teológicos diferentes discordam sobre quais livros devem ser incluídos na Bíblia.  O apócrifo de um grupo é a escritura de outro.  Segundo, mesmo entre aqueles livros que foram canonizados, os muitos textos fonte variantes carecem de uniformidade.  Essa falta de uniformidade é tão onipresente que The Interpreter’s Dictionary of the Bible (O Dicionário Bíblico do Intérprete) afirma: “É seguro dizer que não existe uma frase no Novo Testamento no qual a tradição manuscrita seja toda uniforme.” [2]





Nem uma frase?  Não podemos confiar em uma única frase da Bíblia?  Difícil de acreditar.





Talvez





O fato é que existem mais de 5.700 manuscritos gregos de todo ou parte do Novo Testamento.[3]  Além disso, “nem dois desses manuscritos são exatamente iguais em todos os seus detalhes...  E algumas dessas diferenças são significativas.”[4]  Elemento em aproximadamente dez mil manuscritos da Vulgata, acrescente muitas outras variantes antigas (ou seja, siríaco, cóptico, armênio, georgiano, etíope, núbio, gótico, eslavo) e o que temos?





Muitos manuscritos





Muitos manuscritos que não corresponderam em lugares e não raramente contradizem um ao outro.  Os eruditos estimam o número de variantes de manuscritos em centenas de milhares e alguns estimam em até 400.000.[5]  Nas agora famosas palavras de Bart D. Ehrman, “É possível que seja mais fácil colocar a questão em termos comparativos: existem mais diferenças em nossos manuscritos do que palavras no Novo Testamento.”[6]





Como isso aconteceu?





Manutenção inadequada de registro.  Desonestidade.  Incompetência.   Preconceito doutrinário.  Você escolhe.





Nenhum dos manuscritos originais do período cristão primitivo sobreviveu. [7]/[8] Os manuscritos antigos mais completos (Vaticano MS. No. 1209 e o Códice Sinático Siríaco) datam do quarto século, trezentos anos depois do ministério de Jesus.  Mas e os originais?  Perdidos.   E as cópias dos originais?  Também perdidas.  Nossos manuscritos mais antigos, em outras palavras, são cópias das cópias de cópias de ninguém-sabe-quantas cópias dos originais.





Não é de surpreender que sejam diferentes





Nas melhores mãos, erros de cópia não seriam surpresa.  Entretanto, os manuscritos do Novo Testamento não estavam nas melhores mãos.   Durante o período dos originais cristãos os escribas não eram treinados, não eram confiáveis, eram incompetentes e, em alguns casos, analfabetos.[9]  Aqueles que tinham problemas de visão podem ter cometido erros com letras e palavras semelhantes, enquanto aqueles que tinham problemas de audição podem ter errado ao registrar a escritura enquanto era lida em voz alta.  Frequentemente os escribas estavam sobrecarregados e, portanto, inclinados a erros que acompanham a fadiga.





Nas palavras de Metzger e Ehrman, “Uma vez que a maioria, se não todos, [os escribas] eram amadores na arte da cópia, um número relativamente grande de erros sem dúvida entrou nos textos enquanto os reproduziam.”[10]  Ainda pior, alguns escribas permitiram que o preconceito doutrinário influenciasse sua transmissão da escritura.[11]  Como Ehrman afirma, “Os escribas que copiaram os textos os mudaram.”[12]  Mais especificamente, “O número de alterações deliberadas feitas no interesse da doutrina é difícil de avaliar.”[13]  E ainda mais especificamente, “Na terminologia técnica do criticismo textual – que retenho por suas ironias significativas – esses escribas ‘corromperam’ seus textos por razões teológicas.”[14]





Erros foram introduzidos na forma de adições, deleções, substituições e modificações, mais comumente de palavras ou linhas, mas ocasionalmente de versos inteiros.[15] [16]  De fato, “numerosas mudanças e acréscimos entraram no texto,” [17] com o resultado de que “todas as testemunhas conhecidas do Novo Testamento são em maior ou menor extensão textos misturados, e inclusive vários dos manuscritos mais antigos não estão livres de erros notórios.”[18]





Em Misquoting Jesus (Citando Jesus Erroneamente, em tradução livre) Ehrman apresenta evidência persuasiva de que a história da mulher pega em adultério (João 7:53-8:12) e os últimos doze versos de Marcos não estavam nos evangelhos originais, mas foram acrescentados por escribas posteriores.[19]  Além disso, esses exemplos “representam apenas dois de milhares de lugares nos quais os manuscritos do Novo Testamento foram mudados pelos escribas.”[20]





De fato, livros inteiros da Bíblia foram forjados.[21]  Isso não significa que seu conteúdo seja necessariamente errado, mas certamente não significa que seja correto.  Quais livros foram forjados?  Efésios, Colossenses, Tessalônios 2, Timóteo 1 e 2, Tito, Pedro 1 e 2 e Judite – nove de setenta e sete livros e epístolas do Novo Testamento – são suspeitos de um jeito ou de outro.[22]





Livros forjados?  Na Bíblia?





Por que não estamos surpresos?  Afinal de contas, até os autores do evangelho são desconhecidos.  De fato, são anônimos.[23]  Eruditos bíblicos raramente, se o fazem, atribuem a autoria do evangelho a Mateus, Marcos, Lucas ou João.  Como Ehrman nos diz, “A maioria dos eruditos hoje abandonou essas identificações e reconhece que os livros foram escritos por cristãos desconhecidos mas relativamente bem-educados que falavam (e escreviam) em grego, durante a segunda metade do primeiro século.”[24]  Graham Stanton afirma, “Os evangelhos, ao contrário dos escritos greco-romanos, são anônimos.  Os títulos familiares que dão o nome de um autor (‘O Evangelho de acordo com....’) não são parte dos manuscritos originais, porque foram adicionados somente no início do segundo século.”[25]





Então o quê, se alguma coisa, os discípulos de Jesus têm a ver com a autoria dos evangelhos?   Pouco ou nada, até onde sabemos.  Mas não temos razão para acreditar que foram autores de quaisquer dos livros da Bíblia.  Para começar, deixe-nos lembrar que Marcos era um secretário de Pedro e Lucas um companheiro de Paulo.  Os versos de Lucas 6:14-16 e Mateus 10:2-4 catalogam os doze discípulos e embora essas listas difiram em dois nomes, Marcos e Lucas não faziam parte de nenhuma lista.  Então apenas Mateus e João eram discípulos verdadeiros.  Mas da mesma forma os eruditos modernos os desqualificam como autores.





Por quê?





Boa pergunta.  João sendo o mais famoso dos dois, por que o desqualificaríamos da autoria do Evangelho de “João”?





Humm... porque ele estava morto?





Fontes múltiplas reconhecem que não existe evidência, além dos testemunhos questionáveis de autores do segundo século, para sugerir que o discípulo João foi o autor do Evangelho de "João."[26] [27]  Talvez a refutação mais convincente seja a de que se acredita que o discípulo João tenha morrido em ou por volta de 98 E.C.[28]  Entretanto, o Evangelho de João foi escrito em cerca de 110 E.C.[29]  Então, quem quer que Lucas (companheiro de Paulo), Marcos (secretário de Pedro), e João (o desconhecido, mas certamente não o que estava morto há muito tempo) fossem, não temos razão para acreditar que nenhum dos evangelhos sejam de autoria dos discípulos de Jesus. . . .



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