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A Importância da Moral na Vida do Muçulmano





Primeiramente: aderir às boas maneiras e evitar as más é uma obediência a Deus e ao Seu Mensageiro.








Os textos do Livro de Deus, o Altíssimo, são numerosos em ordenar o cultivo das boas virtudes e em destacar muitas delas. Entre esses textos estão as palavras do Altíssimo:







“Deus ordena a justiça, a benevolência e a ajuda aos parentes, e proíbe a obscenidade, o reprovável e a transgressão.”


(Surata An-Nahl, 16:90)







E também Suas palavras:







“Adota o perdão, ordena o que é justo e afasta-te dos ignorantes.”


(Surata Al-A‘raf, 7:199)







E ainda:







“Ó vós que credes! Se um perverso vos trouxer uma notícia, verificai-a, para que não causeis dano a um povo por ignorância e depois vos arrependais do que fizestes.”


(Surata Al-Hujurat, 49:6)







Da mesma forma, o Alcorão proíbe os maus comportamentos, como se vê em:







“Ó vós que credes! Que um povo não zombe de outro povo, pois é possível que estes sejam melhores do que aqueles; e que mulheres não zombem de outras mulheres, pois é possível que estas sejam melhores do que aquelas. Não vos difameis uns aos outros, nem vos chameis por apelidos ofensivos. Quão detestável é um nome de perversão depois da fé! E quem não se arrepender, esses são os injustos.


Ó vós que credes! Evitai muitas suposições, pois algumas delas são pecado; não investigueis (a vida alheia) e não faleis mal uns dos outros. Acaso algum de vós gostaria de comer a carne de seu irmão morto? Certamente a detestais! Temei, pois, a Deus, porque Deus é Indulgente, Misericordioso.”


(Surata Al-Hujurat, 49:11–12)







O Mensageiro de Deus ﷺ sempre seguia as ordens divinas em tudo o que dizia e fazia. Adotava todas as virtudes mencionadas no Alcorão e se afastava de todos os vícios que nele foram proibidos; por isso, seu caráter era o próprio Alcorão.





Além disso, ele ﷺ ordenava o bom comportamento. Abu Dharr (que Deus esteja satisfeito com ele) relatou que o Mensageiro de Deus ﷺ disse:







“Teme a Deus onde quer que estejas; segue a má ação com uma boa, e ela a apagará; e trata as pessoas com bom caráter.”







Portanto, aderir às boas maneiras é um ato de obediência a Deus, o Todo-Poderoso, e ao Seu Mensageiro ﷺ.





Em segundo lugar: as boas maneiras são um dos pilares da personalidade do muçulmano.





O ser humano é composto de corpo e espírito, de exterior e interior. A moral islâmica representa a imagem interior do ser humano, cujo lugar é o coração. Essa imagem interior é o fundamento da personalidade do muçulmano.





O valor de uma pessoa não é medido por sua altura ou aparência física, nem por sua cor, beleza, pobreza ou riqueza, mas por seu caráter e por suas ações, que refletem esse caráter.





Deus, o Altíssimo, diz:







“Ó humanidade! Criamo-vos de um homem e de uma mulher, e fizemos de vós povos e tribos para que vos conheçais uns aos outros. Em verdade, o mais honrado entre vós, diante de Deus, é o mais piedoso.”


(Surata Al-Hujurat, 49:13)







E o Mensageiro de Deus ﷺ disse:







“Deus não olha para os vossos corpos nem para as vossas aparências, mas olha para os vossos corações e para as vossas ações.”







E também disse ﷺ:







“Certamente alguns ainda se orgulham de seus antepassados que já morreram. Esses não passam de carvão do Inferno! Ou deixarão isso, ou serão mais desprezíveis para Deus do que o besouro que empurra excrementos com o nariz. Deus removeu de vós o orgulho da ignorância pré-islâmica e a vanglória por vossos pais. Agora, há apenas dois tipos de pessoas: o crente piedoso e o perverso infeliz. Todos os homens são filhos de Adão, e Adão foi criado do pó.”







Em terceiro lugar: a forte ligação entre a moral e a religião islâmica — tanto na crença (ʿaqīdah) quanto na lei (sharīʿah).





A relação entre a moral e a fé é muito estreita. Por isso, Deus, o Altíssimo, frequentemente associa a fé às boas ações, das quais as boas maneiras são um dos principais pilares.


A crença sem moral é como uma árvore sem sombra e sem fruto.





Quanto à relação entre a moral e a lei islâmica (sharīʿah), esta se divide em atos de adoração e relações interpessoais (transações).


Os atos de adoração — quando realizados corretamente — produzem necessariamente boas virtudes morais.





Por isso, Deus, o Altíssimo, disse:







“Recita o que te foi revelado do Livro e observa a oração; em verdade, a oração refreia da obscenidade e do mal.”


(Surata Al-ʿAnkabūt, 29:45)







E sobre a zakat (caridade obrigatória), Ele disse:







“Toma de seus bens uma caridade que os purifique e os santifique por meio dela.”


(Surata At-Tawbah, 9:103)







E sobre o jejum, Ele disse:







“Foi-vos prescrito o jejum, assim como foi prescrito àqueles que vos precederam, para que alcanceis a piedade.”


(Surata Al-Baqarah, 2:183)







E o Mensageiro de Deus ﷺ disse:







“Quem não abandona a mentira e a prática dela, Deus não precisa que ele abandone sua comida e sua bebida.”







E sobre a peregrinação (ḥajj), Deus disse:







“A peregrinação é realizada em meses determinados. Quem nela se comprometer, que se abstenha de relações íntimas, de perversidade e de discussões durante a peregrinação. E tudo o que fizerdes de bem, Deus o sabe. Provede-vos, mas o melhor dos provisos é a piedade. E temei a Mim, ó vós que sois dotados de entendimento.”


(Surata Al-Baqarah, 2:197)







Quanto à relação da moral com as transações e relações humanas, todas elas se baseiam nas boas maneiras do muçulmano — em suas palavras e ações.


Quem reflete sobre os ensinamentos do Islã percebe claramente essa verdade evidente.





Em quarto lugar: a moral tem efeitos grandiosos no comportamento do indivíduo e da sociedade.





A importância da moral islâmica se manifesta claramente pelos seus impactos no comportamento pessoal e coletivo.





Quanto ao seu efeito sobre o indivíduo, a moral planta em seu coração a misericórdia, a sinceridade, a justiça, a confiança, a modéstia, a castidade, a cooperação, a solidariedade, a sinceridade e a humildade, entre outros valores e virtudes elevadas.


A moral, para o indivíduo, é a base do sucesso e da prosperidade.





Deus, o Altíssimo, diz:







“Em verdade, prosperará quem purificar sua alma; e fracassará quem a corromper.”


(Surata Ash-Shams, 91:9–10)







E também:







“Certamente triunfará quem se purificar, lembrar o nome de seu Senhor e orar.”


(Surata Al-A‘la, 87:14–15)







A purificação (tazkiyah) em seu significado abrange o refinamento da alma, interior e exteriormente, em todas as suas atitudes e comportamentos.





Quanto ao efeito da moral sobre o comportamento da sociedade, a moral é a base sobre a qual se constroem todas as comunidades humanas, sejam elas islâmicas ou não.


Isso é confirmado pelas palavras de Deus, o Altíssimo:







“Quando chegar o socorro de Deus e a vitória, e vires as pessoas entrarem, em massa, na religião de Deus, glorifica, pois, teu Senhor com louvor e pede-Lhe perdão, porque Ele é Indulgente.”


(Surata An-Naṣr, 110:1–3)







As boas ações, sustentadas pelo aconselhamento mútuo na verdade e na paciência diante das tentações e desafios, construem uma sociedade sólida e protegida, imune aos fatores de decadência e degradação.





As crises das nações e civilizações não residem na fraqueza de seus recursos materiais ou de seus avanços científicos, mas sim na degradação dos valores morais que as governam e caracterizam.





Em quinto lugar: as virtudes morais são uma necessidade social.





Nenhuma sociedade humana pode viver em harmonia, cooperação e felicidade sem laços firmes de virtude e bons costumes que unam seus membros.





Mesmo que se imagine uma sociedade baseada apenas na troca de interesses materiais, sem um propósito mais elevado, ainda assim seria impossível mantê-la saudável sem as virtudes da confiança e da honestidade, no mínimo.





Portanto, as virtudes morais são uma necessidade essencial da vida social. Nenhuma comunidade pode dispensá-las. Quando desaparecem as virtudes — esse elo indispensável que permite a convivência harmoniosa entre os seres humanos —, a sociedade se desintegra, seus membros passam a disputar e usurpar os interesses uns dos outros, e isso os conduz à ruína e à destruição.





Tente imaginar uma sociedade onde as virtudes morais deixaram de existir — como seria ela?





Como poderia haver confiança na ciência, no conhecimento e nas informações sem a virtude da veracidade (sinceridade)?


Como poderia haver convivência pacífica, segurança e estabilidade, sem a virtude da honestidade?


Como poderia uma nação construir uma civilização exemplar sem as virtudes da fraternidade, cooperação, amor e altruísmo?


Como poderia um povo erguer uma grande glória sem a virtude da coragem para enfrentar a opressão e a injustiça, e sem as virtudes da justiça, da misericórdia, da benevolência e da disposição para responder ao mal com o bem?


E como poderia o ser humano elevar-se às mais altas posições da perfeição moral se estivesse dominado pelo egoísmo, que o impede de doar, de se sacrificar e de preferir o bem alheio?





As experiências humanas e os fatos históricos mostram que o progresso espiritual e moral das nações anda lado a lado com o fortalecimento de suas virtudes; e, da mesma forma, o declínio de sua força interior acompanha o declínio de sua moralidade.


Existe, portanto, uma relação direta e constante entre a força moral e a conduta ética dos povos — quando uma sobe, a outra sobe com ela; quando uma cai, a outra cai também.





As virtudes morais nos indivíduos são os elos firmes que sustentam os vínculos sociais. Quando esses elos se rompem, as relações entre as pessoas se dissolvem, e a sociedade deixa de funcionar como um corpo unido.


Nesse ponto, milhões de indivíduos tornam-se apenas forças isoladas, sem a potência coletiva do grupo — e, muitas vezes, essas forças dispersas se voltam umas contra as outras, enfraquecendo ainda mais a nação diante de seus inimigos.





E assim como as virtudes representam os laços de união entre os membros da sociedade, os sistemas sociais do Islã representam as amarras que reforçam e unem esses laços, formando uma comunidade coesa, forte e resiliente, que não se enfraquece nem se rende diante das adversidades.





Sexto: A importância da moral na convocação (da‘wah) para Deus, o Altíssimo.





Aquele que pensa que as pessoas entram na religião apenas por convicção intelectual está, sem dúvida, enganado.


Muitas pessoas abraçam a fé porque veem que os seguidores dessa religião possuem bons costumes, e que os que chamam para Deus (os pregadores) são pessoas de caráter nobre.


As evidências disso são muitas. A retidão moral tem um impacto imenso e um benefício profundo.


A maior prova disso está na biografia do Profeta ﷺ, pois seus bons costumes impressionavam até mesmo os politeístas antes da revelação, a ponto de eles mesmos atestarem sua veracidade e honestidade.





Ibn ‘Abbás (que Deus esteja satisfeito com ambos) relatou:







Quando foi revelado o versículo:


“E adverte teus parentes mais próximos.” (Surata Ash-Shu‘ará, 26:214),


o Mensageiro de Deus ﷺ disse:


“Que vos parece, se eu vos dissesse que há cavalos prestes a atacar do outro lado desta montanha — acreditaríeis em mim?”


Disseram: “Nunca te vimos mentir.”


Então ele disse: “Pois saibam que sou um advertidor para vós, diante de um castigo severo.”







O reflexo desse comportamento exemplar teve papel decisivo na expansão do Islã em várias regiões onde o exército muçulmano nunca chegou.


Povos inteiros abraçaram essa religião pura ao presenciarem o exemplo vivo dos muçulmanos retos, que demonstravam em suas ações a nobreza dos ensinamentos islâmicos.





Esses crentes eram como quem carrega uma lâmpada: iluminavam o próprio caminho com sua luz, e outros viam e se guiavam por essa luz — nada é mais belo do que isso em meio à escuridão.





E assim, as pessoas aceitavam o Islã espontaneamente, sem qualquer pressão, movidas apenas pelo exemplo virtuoso.


Uma única qualidade moral, vivida de forma autêntica por um bom muçulmano, pode ter um efeito maior do que muitos discursos e sermões diretos.





Pois as almas, às vezes, rejeitam palavras que parecem interessadas, mas não resistem à força do bom exemplo.


E, dentre as mais belas qualidades, está a firmeza nos bons costumes, que são a primeira coisa que se nota em um muçulmano — e é através deles que se forma o julgamento sobre ele: favorável ou desfavorável.





Sétimo: A importância da moral na promoção da felicidade dos indivíduos e das sociedades





Não há dúvida de que a verdadeira felicidade está na fé em Deus e nas boas ações.


E quanto mais o muçulmano se compromete com os ensinamentos do Islã em sua conduta e moral, maior será sua felicidade.







A adesão aos princípios da moral islâmica é capaz de proporcionar o mais alto grau possível de felicidade — ao indivíduo, à comunidade humana, e até a todos os parceiros de vida nesta Terra — de uma forma extremamente harmoniosa, conciliando, tanto quanto possível, as necessidades e aspirações do indivíduo com as necessidades e aspirações da coletividade.


Cada parte recebe o que lhe é devido, de maneira justa e equilibrada, conforme a distribuição geral baseada no direito e na justiça.







É evidente, portanto, que os fundamentos da moral islâmica não negligenciam a busca pela felicidade do indivíduo — aquele que pratica as virtudes e evita os vícios — nem ignoram a busca pela felicidade da comunidade, que se relaciona entre si com virtude e evita os comportamentos imorais.





A beleza da moral islâmica se manifesta na sua harmonização extraordinária entre as diferentes demandas do indivíduo e as da sociedade.


Ela também se revela na forma como o Islã promove múltiplas formas de felicidade terrena, de acordo com as leis universais e constantes que regem a existência — leis que abrangem todos os seres humanos, sejam eles crentes ou descrentes, sinceros em sua intenção ou não.





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