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Toda a alma provará o sabor da morte." (Alcorão 21:35)


"Onde quer que vos encontrardes, a morte vos alcançará..." (Alcorão 4:78)





A morte é algo que nós seres vivos não gostamos de pensar a respeito.  Cria a percepção dentro de nós de que todos os apegos que construímos nesse mundo não existirão mais.  É significativo que nos desperta para o fato brutal de que não existiremos mais no planeta.  Têm havido muitas filosofias sobre a morte. Por exemplo, pensadores discutiram que a morte é uma interrupção da vida, como o sono ou uma doença, só que permanente.  Outros explicaram que a morte deve ser considerada como parte da vida, algo que toda pessoa tem que se reconciliar para viver bem; parte do que está envolvido na aceitação de nossa finitude.  Alguns pensadores afirmaram que a morte deve ser considerada como uma transição dessa vida para uma vida posterior, a vida eterna de bênção ou dor.





Qualquer que sejam nossas opiniões sobre a morte, uma coisa com a qual todos concordamos é que é algo sobre o qual não pensamos o suficiente.  Pode soar mórbido, mas existe um valor profundo em refletir sobre a morte, porque traz a percepção de que somos todos seres humanos com uma vida curta.  Nossos egos não parecerão mais tão importantes, nossos apegos e desejos ao mundo material são colocados em perspectiva e nossas vidas são questionadas. Tudo isso é uma fonte de grande benefício, como disse o teólogo e filósofo do século 11, al-Ghazali: "...na recordação da morte existe recompensa e mérito." Contemplar a morte provoca o pensamento e nos dá aquela janela em nossas vidas para refletir realmente sobre a natureza efêmera de nossa existência.





À luz da morte, como devemos ver a vida? O que ela nos diz sobre a importância que damos às coisas e como dá significado à nossa existência? Se virmos a vida por meio das lentes da morte, parecemos estar em um espaço emocional e intelectual no qual podemos de fato avaliar nossa situação nesse planeta.  De onde viemos? O que devo fazer aqui? Para onde estou indo? A morte é a força impulsionadora por trás dessas perguntas críticas, porque no momento em que reconhecemos que essa vida é curta e que daremos nosso último suspiro um dia, tudo fica em perspectiva.





Então, reflitamos sobre a morte. Imagine que está aqui em um minuto e no próximo não está mais.  Provavelmente experimentou entes queridos que faleceram. Como se sentiu? Não houve um senso de solidão, vazio e desapego às coisas que costumávamos levar muito a sério? Agora, se experimentasse a morte nesse momento, como todo ser humano experimentará, o que significaria para você? O que gostaria de ter feito de maneira diferente, se tivesse a chance de voltar? Que pensamentos e ideias levaria mais a sério? E qual seria sua perspectiva se pudesse reviver sua vida tendo experimentado a realidade trágica da morte?





O triste sobre a morte é que não podemos voltar para mudar nossas perspectivas, pensar sobre a vida ou desafiar nossa perspectiva e nos desapegarmos da natureza vazia da vida terrena.  Entretanto, a coisa boa é que podemos dar o passo corajoso de refletir profundamente sobre a morte e o melhor de tudo, podemos fazer todas essas mudanças agora, nesse exato minuto.





Pensamento





 "…para aqueles que refletem." (Alcorão 10:24)


"Ele ensinou a Adão todos os nomes..." (Alcorão 2:31)


"Não o compreendeis?" (Alcorão 6:32)


"Porventura não refletem em si mesmos?" (Alcorão 30:8)





Então como devemos pensar? Como podemos compreender o mundo ao nosso redor? Que métodos devemos usar para obter um entendimento verdadeiro do mundo? Essas perguntas têm intrigado as mentes de muitos grandes pensadores ao longo da história.  Nossa tradição humana está cheia de debates e discussões que tentam encontrar respostas.  Locke, Hume, Kant e muitos outros tentaram fornecer respostas para lançar luz sobre o debate eterno em relação a nossa compreensão do mundo.  Alguns desses pensadores, como Locke, afirmaram que nosso conhecimento do mundo é limitado apenas às nossas percepções. Em outras palavras, o conhecimento depende de nossa experiência da percepção, também conhecida como a posteriori em epistemologia, que forma a tradição empirista em filosofia.





Locke argumentou que nossas mentes eram uma folha em branco, uma tábula rasa, esperando para serem escritas pela experiência.  Outros pensadores, como Leibniz argumentou em seu ‘Nouveax Essais sur l’entendement humain’, que como os seres humanos temos conceitos e ideias inatos necessários para compreender o mundo ao nosso redor, conhecidos como a priori em epistemologia, o que significa que o conhecimento pode ser obtido independente da experiência de percepção, formando a tradição racionalista em filosofia.  A visão de Leibniz parece ser uma posição mais forte, já que faz mais sentido. Entretanto, alguns filósofos e cientistas negam e afirmam que não se pode pensar sobre exemplos de coisas que podemos conhecer independente de nossa experiência de percepção.  Isso não é verdade. Leve em consideração os exemplos a seguir:





·       Círculos não têm cantos.





·       4+4 = 8.





·       O tempo é irreversível.





·       Tudo que começa a existir tem uma causa.





·       O todo é maior que sua metade (coma apenas metade de uma maçã!)





·       Causalidade





Tomemos a causalidade como exemplo para ilustrar que não podemos apenas nos apoiar em nossa experiência de percepção.  A causalidade pode ser conhecida sem experiência porque a trazemos para toda a nossa experiência, ao invés de nossa experiência a trazer para nós.  É como usar óculos pintados de amarelo. Tudo parece amarelo, não por causa de qualquer coisa no mundo, mas por causa dos óculos por meio do qual estamos olhando para tudo.  O argumento de que isso é apenas uma suposição não é verdadeiro, porque sem a causalidade não seríamos capazes de ter o conceito do mundo real e não compreenderíamos nossa experiência de percepção.  Leve em consideração o exemplo a seguir: imagine que está olhando para a Casa Branca em Washington DC. Seus olhos podem vagar para a porta, colunas e então para o telhado e finalmente para o gramado na frente.  Agora contraste isso com outra experiência. Você está no rio Tâmisa em Londres e vê um barco passar.  O que dita a ordem na qual teve essas experiências? Quando olhou para a Casa Branca teve uma escolha para ver o chão primeiro e então as colunas e assim por diante.  Entretanto, com o barco não teve escolha, já que a frente do barco foi a primeira coisa a aparecer.





O ponto aqui é que você não seria capaz de distinguir que algumas experiências são ordenadas por você mesmo e outras de maneira independente, a menos que tivéssemos a ideia inata de causalidade.  Na ausência de causalidade nossa experiência seria muito diferente do que é.  Seria uma sequência única de experiências: uma após outra.





Assim, parece que a maneira correta de formar conclusões é usar nossas ideias inatas e as experiências do mundo ao nosso redor. Em outras palavras, usar pensamento racional ou o que algumas pessoas chamam de razão.  Apenas nos apoiarmos em nossa experiência do mundo material não seria suficiente como um método de pensamento, já que ela não seria capaz de confirmar verdades políticas, morais, matemáticas, lógicas e, não esqueçamos de mencionar, uma verdade fundamental como a causalidade.





Embora possamos compreender o mundo ao nosso redor usando pensamento racional, como podemos formular um argumento ou verificar nossas conclusões? Bem, isso encontra no estudo da lógica que essencialmente significa os princípios de raciocínio, com ênfase particular sobre a estrutura de nossos argumentos.





Ilustremos o uso da lógica no exemplo a seguir: se nossa amiga Maria diz: "João está vindo para jantar esta noite" e Davi diz: "Maria não está vindo para jantar esta noite."  O que dizem é consistente? Bem, a lógica nos diria que se estão se referindo a mesma pessoa e ao mesmo dia então não, suas afirmações não seriam consistentes.  Entretanto, se estão se referindo a uma pessoa diferente ou a um dia diferente, então sim, suas afirmações seriam consistentes.





Então combinemos os dois processos.  João diz: "O que começa a existir tem uma causa e o universo começou a existir - portanto, o universo tem uma causa."  Agora, de uma perspectiva lógica é um argumento válido, já que a última afirmação - "portanto, o universo tem uma causa" - logicamente deriva das duas primeiras afirmações.  Mas isso não significa que seja racional ou razoável.  Para descobrir que é razoável teríamos que investigar usando nossas ideias inatas e nosso senso de experiência, para ver se as duas primeiras afirmações são verdadeiras.  Se forem, então a conclusão não só será um argumento válido, mas também seria um argumento sólido.





Apenas se apoiar no empirismo não nos daria uma resposta, já que nos levaria a suspender o julgamento sobre se o universo tem uma causa ou não, porque não pode ser sentido.  Entretanto, isso seria equivalente a negar a existência de nossa tatatatataravó, porque não há evidência empírica da existência dela.  Você pode argumentar "mas eu não estaria aqui hoje!" e isso é verdade, mas isso seria usar o pensamento racional para formar essa conclusão, já que você teria que deduzir que deve ter tido uma tatatatataravó, como todos os seres humanos devem ter tido uma avó para existirem.





É assim que todos nós devemos começar a pensar sobre a vida e o universo, para que possamos formar as conclusões certas, usando argumentos válidos.





Visão de mundo





 "É possível que repudieis algo que seja um bem para vós e, quiçá, gosteis de algo que vos seja prejudicial; todavia, Deus sabe todo o bem que fizerdes, Deus dele tomará consciência." (Alcorão 2:216)





Viva e deixe viver, não prejudique outros e ficará bem.  Isso faz sentido, certo? A ponto de não dever ser questionado.  Mas por que? Por que automaticamente aceitamos algumas ideias e rejeitamos outras? Por que certos pontos de vista nos parecem agradáveis e, ainda assim, discordamos de outros, tudo sem realmente pensar sobre eles?





A resposta reside no conceito de uma visão de mundo.  Uma visão de mundo é uma filosofia de vida que nos capacita a fazer sentido da vida e de nossas experiências cotidianas.  A visão de muno que adotamos afeta a maneira com a qual processamos ideias e nos permite compreender a sociedade e nosso lugar nela.  Uma visão de mundo é importante em associação particular com a nossa sociedade hoje - isso porque o mundo contemporâneo tem tido um efeito enorme sobre a psicologia humana.  Parecemos incapazes de lidar com as mudanças imprevisíveis e com a complexidade crescente da vida - subsequentemente estresse, incerteza e frustração se tornaram comuns e nossas mentes estão sobrecarregadas com informação.  Uma visão de mundo é a estrutura que une tudo, nos permitindo compreender a complexidade e imprevisibilidade da vida, ajudando a tomar decisões críticas que moldarão nosso futuro e a nós mesmos e nos ajudando ao fornecer um retrato do todo.





Visões de mundo variam e podem ir de superficiais a abrangentes.  Uma visão de mundo superficial é aquela que nos dá a estrutura para reagir às experiências cotidianas, como no trabalho e amizades.  Esse tipo de visão de mundo geralmente é formado via nossas experiências anteriores na vida e se desenvolve criando modelos de entendimento do mundo, ao contemplar sobre nossa história com ele.  Esse tipo de visão de mundo é problemático, porque nos impede de progredir ao manter uma fixação inflexível sobre o passado, sem possibilidade de ver o mundo de uma maneira positiva ou diferente que possibilitará nossa transformação.  É limitada em seu escopo por só se tornar abrangente de acordo com suas experiências, e individualmente nossas experiências são muito limitadas.





Uma visão de mundo abrangente, como discutida pelo filósofo Leo Apostel, engloba tudo na vida e inclui vários componentes. Fornece, por exemplo, um modelo para o mundo ao responder à pergunta básica "quem somos?" Além disso, fornece uma explicação geralmente respondendo "por que o mundo é do jeito que é?" e "de onde viemos?" Outra parte importante de uma visão de mundo abrangente inclui extrapolar do passado para o futuro para responder à pergunta "para onde vamos?" Deve se empenhar para responder "o que é bom e o que é mal?", em outras palavras, incluir moralidade e ética, ao mesmo tempo em que nos dá um sentido de propósito, direção e objetivos para nossas ações.  A resposta à pergunta "para que?" pode nos ajudar a compreender o significado real da vida e uma visão de mundo abrangente deve responder a "como devemos agir?", nos ajudando assim a resolver problemas práticos.  Por último, uma visão de mundo abrangente deve responder à pergunta: "o que é verdadeiro e o que é falso?". Em filosofia isso é equivalente ao que é chamado "epistemologia" ou "a teoria do conhecimento". Portanto, nos permitiria distinguir entre o que é correto e o que é incorreto.





Para qualquer situação existem vários resultados possíveis, todos ditados pela visão de mundo que se adota.  Ao invés de discutir as ações, ou frutos, de uma visão de mundo, as bases da visão de mundo devem ser desafiadas e validadas.  Assim, a visão de mundo que é mais correta ou tem bases intelectuais mais fortes deve ser a adotada.





É por isso que quando examinamos o Islã o foco primário não deve ser uma avaliação dos direitos das mulheres, vestimenta e sobre casos exagerados pela mídia, porque as avaliações desses casos serão tendenciosas e distorcidas em função da visão de mundo existente.  Mas ao contrário, as bases intelectuais de qualquer visão de mundo devem ser avaliadas por sua verdade e a que possuir razões maiores para acreditar em sua verdade deve ser a visão de mundo adotada, porque estará em linha com o princípio de: o que vier da verdade é verdadeiro.



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