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JUDAÍSMO (PARTE 1 DE 4): INTRODUÇÃO





O dicionário Merriam Webster online define Judaísmo como uma religião desenvolvida entre os antigos hebreus e caracterizada pela crença em um Deus transcendente que Se revelou a Abraão, Moisés e aos profetas hebreus e por uma vida religiosa em conformidade com as escrituras e tradições rabínicas. Também seria correto dizer que o Judaísmo incorporou as crenças e práticas culturais, sociais e religiosas do povo judeu.





De acordo com o Instituto de planejamento de políticas para o povo judeu, havia em torno de 13,1 milhões de judeus no mundo em 2007, a maioria nos EUA e em Israel. Muitas dessas pessoas se identificam como judias, mas não acreditam e nem seguem quaisquer leis ou ritos judaicos.  O site Judaism 101 afirma que mais da metade dos judeus em Israel hoje se definem como "seculares" e não acreditam em Deus e que a metade de todos os judeus nos Estados Unidos não pertence a nenhuma sinagoga.





Os judeus geralmente consideram qualquer um nascido de uma mãe judia como um "judeu".  Alguns grupos também aceitam crianças de pais judeus, mas essa não é a norma.   Além disso, um judeu não perde o status técnico de ser um judeu ao adotar outra crença. Entretanto, escolhem perder o elemento religioso de sua identidade judaica.  É possível que um não judeu se "converta" ao Judaísmo, mas não é um processo simples.  Os judeus não tentam converter as pessoas ao Judaísmo e, de fato, parte do processo de conversão requer que um rabino faça três tentativas vigorosas para dissuadir a pessoa a se converter.





Embora muitos façam afirmações contraditórias de que o Judaísmo é uma religião ou uma raça, uma cultura, ou um grupo étnico, nenhuma dessas descrições parece ser inteiramente adequada.  Para o propósito desse artigo discutiremos Judaísmo, a religião. 





O Judaísmo (uma religião organizada) foi, em sua forma pura, revelada ao profeta Moisés. Entretanto, os judeus rastreiam seus antepassados até o profeta Abraão, assim como cristãos e muçulmanos.   Os profetas Abraão, Isaque e Jacó, conhecidos no Judaísmo como os patriarcas, e conhecidos e aceitos como profetas de Deus pelo Islã...





De acordo com a tradição judaica Abraão era o filho de um mercador de ídolos, mas desde a tenra infância questionava a fé de seu pai e buscava a verdade.  Passou a acreditar que todo o universo era o trabalho de um único Criador e passou a ensinar essa crença aos outros.  Essa crença é geralmente aceita como a primeira religião monoteísta do mundo.





"Dize: Meu Senhor conduziu-me pela senda reta- uma religião inatacável; é o credo de Abraão, o monoteísta, que jamais se contou entre os idólatras." 


(Alcorão 6:161)





"Abraão era Imam e monoteísta, consagrado a Deus, e jamais se contou entre os idólatras." 


(Alcorão 16:120)





O Judaísmo não tem um dogma ou conjunto de crenças formal e as ações são consideradas muito mais importantes do que as crenças.   Os judeus acreditam que há um Deus, o Criador do universo, com quem cada judeu deve ter uma relação individual e pessoal.





O rabino Moshe ben Maimon (também conhecido como Maimônides), reuniu 13 princípios de fé que são amplamente aceitos entre os diferentes movimentos do Judaísmo.  Mais recentemente foram questionados por escolas de pensamento mais liberais, mas para nossos propósitos aqui eles resumem os preceitos gerais do Judaísmo.  A opinião pessoal em todos esses preceitos é aceitável devido a, como já destacado, o foco ser mais nas ações do que na crença.





Deus existe.





Deus é único e singular.





Deus é incorpóreo.





Deus é eterno.





A oração deve ser direcionada somente para Deus e ninguém mais.





As palavras dos profetas são verdadeiras.





Moisés foi o maior dos profetas e suas profecias são verdadeiras.





A Torá escrita 


(primeiros 5 livros da Bíblia) e a Torá oral (ensinamentos agora contidos no Talmude e outros escritos) foram dados a Moisés.





Não haverá outra Torá.





Deus conhece os pensamentos e atos dos homens.





Deus recompensará os bons e punirá os maus.





O Messias virá.





Os mortos serão ressuscitados. 





O site Judaism 101 descreve a natureza da relação entre Deus e a humanidade e Deus e os judeus, como compreendida pelas diferentes escolas de pensamento judaicas.  "Nossas escrituras contam a história do desenvolvimento dessas relações".   As escrituras judaicas destacam obrigações mútuas, mas os vários movimentos do pensamento judaico geralmente discordam sobre a natureza dessas obrigações.  "Alguns dizem que são leis absolutas e imutáveis de Deus (ortodoxo); alguns dizem que são leis de Deus que mudam e evoluem com o tempo (conservador); alguns dizem que são diretrizes que se pode escolher seguir ou não (reformista)." 





O Judaísmo tem uma história rica de textos religiosos, mas o documento central e mais importante é a Torá.  A palavra Torá, especialmente para os não judeus, ou cristãos, mais comumente se refere aos primeiros cinco livros do Velho Testamento (Bíblia), que os judeus chamam de livros de Moisés, Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio.  Quando os muçulmanos se referem à Torá usam a palavra Tawrat e se referem à lei que foi revelada ao profeta Moisés.





Quando os judeus usam a palavra Torá geralmente se referem a todo o corpo da escritura judaica, conhecido como Tanak.  Tanak também é um termo acróstico para Torá (a Lei), Nevi’im 


(os profetas) e Ketuvim (os escritos), as três partes da escritura judaica, que os cristãos chamariam de Velho Testamento.  Em algumas circunstâncias Tanak pode se referir a todo o corpo da lei e ensinamentos judaicos.





Em seguida, em termos de importância e autoridade, vem o Talmude, um corpo de trabalho que explica as escrituras e como interpretar e aplicar as leis.  Foi compilado e escrito em um corpo de trabalho comumente referido como o Mishná.  Ao longo dos séculos foram escritos comentários adicionais em Jerusalém e na Babilônia elaborando sobre o Mishná.  Esses comentários adicionais são conhecidos como o Gemara.





O corpo de trabalho incluído no Gemara é enorme.  Inclui comentários de centenas de rabinos de 200 - 500 E.C., explicando o Mishná com comentários históricos, religiosos, legais e sociais.  O Gemara e o Mishná juntos são conhecidos como o Talmude.  Foi concluído no século 5 E.C. Havia dois Talmudes, um compilado em Jerusalém e outro na Babilônia.  O Talmude babilônico foi compilado depois e é mais abrangente. É aquele geralmente pretendido quando alguém se refere ao "Talmude".





Na parte 2 continuaremos a explorar a religião do Judaísmo, discutir por que os judeus (ou o que aprenderemos que são os Filhos de Israel) são chamados de "povo escolhido", tanto na literatura e escritura judaicas quanto nas islâmicas.





JUDAÍSMO (PARTE 2 DE 4): O POVO ESCOLHIDO





No último artigo aprendemos que a religião organizada e estruturada revelada ao profeta Moisés passou a ser conhecida como Judaísmo. O nome provavelmente se originou de Judá, o filho do profeta Jacó e líder de uma das doze tribos de Israel ou do antigo reino de Judá. Os judeus, sob orientação de Deus, se tornaram um povo poderoso com reis (que também eram profetas de Deus) incluindo Saul, Davi e Salomão, que construiu o primeiro grande templo. Informações mais detalhadas sobre o antigo reino de Israel podem ser encontradas nesse site.





 Entretanto, os judeus, como um povo, rastreiam sua história até o profeta Abraão, como os muçulmanos. O Islã, o Judaísmo e o Cristianismo são conhecidos como fés abraâmicas ou as três grandes fés monoteístas. No Islã e no Judaísmo as pessoas conhecidas como judias são geralmente referidas como os filhos de Israel. Isso não deve ser confundido com o estado de Israel que existe hoje no Oriente Médio.  Israel é outro nome para o profeta Jacó


 (no Islã, Yacub) e, portanto, o termo "filhos de Israel" se refere aos descendentes do profeta Jacó.





Mais de mil anos depois de Abraão, os judeus viviam como escravos no Egito, seu líder era o profeta de Deus conhecido como Moisés para os cristãos e conhecido no Judaísmo como Moshe Rabbenu 


("Moisés nosso professor").  Ele tirou seu povo da escravidão no Egito e em nome deles recebeu a Torá que incluía não só os Dez Mandamentos, mas um total de 613 regras


 (ou mandamentos) que alguns judeus continuam a adotar até hoje.





Os judeus acreditam que só há um Deus, com Quem eles têm uma aliança forte e vinculante.





"Que deveras te abençoarei, e grandissimamente multiplicarei a tua descendência como as estrelas dos céus, e como a areia que está na praia do mar; e a tua descendência possuirá a porta dos seus inimigos; E em tua descendência serão benditas todas as nações da terra; porquanto obedeceste à minha voz. 


(Gênesis 22:18) 





"E Deus disse a Moisés: "Agora, pois, se diligentemente ouvirdes a minha voz e guardardes a minha aliança, então, sereis a minha propriedade peculiar dentre todos os povos; porque toda a terra é minha; vós me sereis reino de sacerdotes e nação santa. São estas as palavras que falarás aos filhos de Israel." (Êxodo 19: 5&6





De acordo com vários sites judaicos, o fato de os judeus se referirem a si mesmos como o povo escolhido de Deus não significa que sejam de modo algum superiores aos outros povos. Os versos bíblicos como Êxodo 19:5 simplesmente implicam que Deus selecionou os judeus para receber e estudar a Torá, adorar somente a Deus, descansar no Sabbath semanal e celebrar os festivais. Os judeus não foram escolhidos para serem melhores que os outros, foram selecionados para receber responsabilidades mais difíceis e uma punição mais onerosa se falharem.





Deus, dizem, nomeou os judeus para ser Seu povo escolhido para estabelecer um exemplo de sacralidade e comportamento ético para o mundo. Isso é confirmado na escritura e literatura islâmicas.





"Ó Filhos de Israel! Recordai-vos das Minhas mercês, com as quais vos agraciei, e de que vos preferi aos vossos contemporâneos."


 (Alcorão 2:47)





"E concedemos o Livro a Moisés, (Livro esse) que transformamos em orientação para os israelitas, (dizendo-lhes): Não adoteis, além de Mim, outro guardião!" (Alcorão 17:2)





"Ó Filhos de Israel! Recordai-vos das Minhas mercês, com as quais vos agraciei. Cumpri o vosso compromisso, que cumprirei o Meu compromisso, e temei somente a Mim." (Alcorão 2:40)





Assim, para cumprir sua aliança os judeus mantêm as leis de Deus e buscam trazer o sagrado para todos os aspectos de suas vidas. Um judeu religioso tenta trazer o sagrado para tudo que faz, fazendo disso um ato que louva a Deus e para essa pessoa a vida se torna um ato de adoração. O Alcorão, entretanto, afirma que os judeus fracassaram na manutenção da aliança com Deus.





"E crede no que revelei, e que corrobora a revelação que vós tendes; não sejais os primeiros a negá-lo, nem negocieis as Minhas leis a vil preço, e temei a Mim, somente."


 (Alcorão 2:41)








"Porém, pela violação de sua promessa, amaldiçoamo-los e endurecemos os seus corações. Eles deturparam as palavras (do Livro) e se esqueceram de grande parte que lhes foi revelado;" (Alcorão 5:13)





O Islã ensina que todos os profetas vieram para seu povo com a mesma proclamação: "Ó povo meu, adorai a Deus, porque não tereis outra divindade além d’Ele." (Alcorão 11:50). Entre os profetas que o Islã reconhece está uma cadeia de profetas enviada para os judeus. Profetas que judeus, cristãos e muçulmanos estão familiarizados.  Essa cadeia inclui os profetas Moisés, rei Davi, rei Salomão, Zacarias, João Batista e Jesus, filho de Maria. Os judeus não acreditaram em Jesus, filho de Maria, apesar da missão dele ser clara.





"E depois deles (profetas), enviamos Jesus, filho de Maria, corroborando a Tora que o precedeu; e lhe concedemos o Evangelho, que encerra orientação e luz, corroborante do que foi revelado na Tora e exortação para os tementes." (Alcorão 5:46)





O profeta Muhammad é o último dos profetas e ainda assim os judeus também não acreditaram nele e nem em quaisquer referências feitas a ele na Torá.





"Ó adeptos do Livro (judeus e cristãos), crede no que vos revelamos, coisa que bem corrobora o que tendes..." (Alcorão 4:47)





Na parte 3 dessa séria de artigos sobre o Judaísmo discutiremos as semelhanças entre o Judaísmo e o Islã.





JUDAÍSMO (PARTE 3 DE 4): FOCO NAS SEMELHANÇAS, NÃO NAS DIFERENÇAS





Na parte 2 discutimos o papel dos judeus como o povo escolhido e concluímos que o Alcorão afirma que os judeus fracassaram na manutenção da aliança com Deus.  Do ponto de vista do Islã os judeus caíram da graça.  Na Torá (e na Bíblia) encontramos a seguinte passagem. 





"Porque povo santo és ao Senhor teu Deus; o Senhor teu Deus te escolheu, para que lhe fosses o seu povo especial, de todos os povos que há sobre a terra. O Senhor não tomou prazer em vós, nem vos escolheu, porque a vossa multidão era mais do que a de todos os outros povos, pois vós éreis menos em número do que todos os povos; Mas, porque o Senhor vos amava, e para guardar o juramento que fizera a vossos pais..." (Deuteronômio 7: 7-8)





Entretanto, no Alcorão, as palavras de Deus, revelada mais de 650 anos depois do nascimento de Jesus, filho de Maria, encontramos um conjunto de circunstâncias muito diferente.





"Os descrentes, dentre os israelitas, foram amaldiçoados pela boca de Davi e por Jesus, filho de Maria, por causa de sua rebeldia e profanação. Não se reprovavam mutuamente pelo ilícito que cometiam. E que detestável é o que cometiam!" (Alcorão 5: 78-79)





É natural se perguntar o que aconteceu ao longo da história do povo judeu para que tenham caído tanto da graça de Deus.  O Alcorão nos conta que o povo judeu não foi grato pelas bênçãos que Deus lhes concedeu e, ao contrário, transgrediram, mentiram e blasfemaram.  Apesar disso o Judaísmo e o Islã têm muito em comum.





O Cristianismo, o Judaísmo e o Islã são chamados de as três crenças monoteístas.  Todas professam uma crença em Um Deus. Entretanto, é inegável que as crenças do Cristianismo são de algum modo diferentes das outras duas.  Os judeus, assim como os muçulmanos, são monoteístas estritos.  Sua crença em Deus é às vezes chamada de monoteísmo puro.  Judeus e muçulmanos veem Deus como uma entidade única e indivisível.  Isso contrasta com a maioria dos cristãos que veem Deus como uma Trindade, uma entidade única com três personalidades distintas, o Pai, o Filho e o Espírito Santo.





"Dize: "Ele é Allah, o Único"." (Alcorão 112:1)





"Ouça, Ó Israel; O Senhor nosso Deus é o único Senhor." 


(Deuteronômio 6:4)





Vamos examinar algumas das semelhanças entre o Judaísmo e o Islã em mais detalhes.  





·       A crença judaica não aceita o conceito cristão de pecado original (a crença de que todas as pessoas herdaram o pecado de Adão e Eva quando desobedeceram as instruções de Deus no Jardim do Éden).  O Islã também nega o conceito cristão do pecado original e a noção de que a humanidade nasce em pecado.  No Islã cada pessoa é responsável por seus próprios atos.  Esses atos, pecaminosos ou não, não podem ser herdados.





"Nenhuma alma arca com o pecado de outra." (Alcorão 35:18)





·       Os judeus não reconhecem a necessidade de um salvador como intermediário ou parceiro com Deus.  O Islã afirma claramente que não é necessário que Deus, ou mesmo um profeta de Deus, se sacrifique pelos pecados da humanidade para comprar o perdão.   O Islã recusa totalmente essa visão. A base do Islã reside em saber com certeza que nada deve ser adorado, exceto Deus. 





Isso também é verdadeiro para o Judaísmo. Entretanto, as semelhanças em relação à expiação terminam aqui, porque o Judaísmo rejeita Jesus totalmente como profeta de Deus e não aceita sua posição como Messias para o povo judeu.  O Islã ensina que Jesus não veio para expiar os pecados da humanidade.  Jesus veio para denunciar os líderes dos filhos de Israel, que tinham caído na vida de materialismo e luxo. Sua missão era confirmar a Torá, tornar lícitas coisas que antes eram ilícitas e proclamar e reafirmar a crença em um Criador.  





"Ninguém tem o direito a ser adorado exceto Deus, o Único e Verdadeiro Deus..." (Alcorão 3:62)





   A prática comum mais óbvia é a declaração da unicidade absoluta de Deus que os muçulmanos observam em suas cinco orações diárias (salah) e os judeus declaram pelo menos duas vezes ao dia (de manhã e à noite) em sua afirmação da unicidade de Deus conhecida como Shema Yisrael.  





·       Compartilham a crença de que Jerusalém é um local sagrado, particularmente o Domo da Rocha conhecido pelos judeus como Monte do Templo.  Ambas as religiões acreditam que foi ali que Abraão colocou seu filho para sacrificá-lo - seu primeiro filho Ismael no Islã e seu segundo filho Isaque nas tradições do Judaísmo.  Ismael é considerado pelas duas religiões como o pai da nação árabe e Isaque o pai dos judeus.





·       Ambos, Judaísmo e Islã, compartilham muitos conceitos fundamentais, incluindo o julgamento divino e uma vida após a morte.





·       O Islã e o Judaísmo têm sistemas de lei religiosa que não distinguem entre vida religiosa e secular.  No Islã as leis são chamadas Sharia e no Judaísmo são conhecidas como Halakha. 





·       Ambos, Judaísmo e Islã, consideram o estudo da lei religiosa uma forma de adoração.





As duas fés também compartilham as práticas fundamentais de jejum e caridade, assim como leis dietéticas e aspectos de pureza ritual.  Com tais similaridades óbvias pode-se perguntar por que os judeus e muçulmanos parecem ser inimigos.  Além disso, se o Islã é uma progressão natural de Adão e Eva por meio de uma longa linha de profetas até o profeta Muhammad e a revelação do Alcorão, por que mais judeus não abraçam a fé islâmica?  Na parte 4 tentaremos abordar essas questões e concluir nosso estudo e discussão do Judaísmo. 





JUDAÍSMO (PARTE 4 DE 4): TÃO SEMELHANTE; ENTÃO POR QUE NÃO A MESMA?





Nos três artigos anteriores sobre a religião do Judaísmo aprendemos acima de tudo que o Judaísmo e o Islã têm muito em comum. A paisagem política do século 21 parece pintar um quadro de judeus e muçulmanos sendo inimigos mortais, mas não é o caso.  As duas fés compartilham uma história e às vezes viveram, trabalharam e cooperaram uma com a outra.  Muitos muçulmanos se perguntam por que os judeus não veem automaticamente o Islã como uma extensão de sua própria fé e, assim, abraçam o Islã de todo o coração.  O fato é que muitos o fazem, mas a maioria não.  Nesse artigo final continuaremos a olhar para as semelhanças entre as duas fés e a explorar brevemente sua interação histórica.





Judaísmo e Islã compartilham um legado comum de tradições. As duas crenças compartilham muitos dos mesmos profetas, todos reconhecendo um parentesco comum em Abraão.  Todos descrevem atributos semelhantes de Deus, incluindo Criador, Sustentador, Juiz e Perdoador.  As duas crenças acreditam que Deus é Onipotente e Onisciente.  O parentesco dessas fés continua por meio de valores morais, incluindo respeito pela vida, aos pais, fazer caridade, fazer o bem e evitar o mal. Até suas crenças sobre os momentos finais da existência da humanidade são semelhantes.  Judaísmo e Islã compartilham a tradição que se a trombeta para sinalizar o fim dos tempos for soprada e você tiver uma muda em sua mão, você deve plantá-la.  Há uma sobreposição física, teológica e política considerável e continuada entre as duas fés.





A Torá registra Abraão como o ancestral dos judeus através de seu filho Isaque, nascido de Sara para cumprir uma promessa feita em Gênesis.  Na tradição islâmica o profeta Muhammad é um descendente de Ismael, filho de Abraão.  A tradição judaica também equipara os descendentes de Ismael com os árabes.  Os profetas judeus figuram de maneira proeminente na escritura e literatura islâmicas e a mensagem é sempre a mesma - adore o Deus Único. 





Abraão foi o pai dos profetas; nenhum profeta foi enviado depois dele que não estivesse entre seus descendentes. Teve dois filhos que Deus escolheu para serem profetas. Foram Ismael, o avô dos árabes, de cujos descendentes Deus enviou o profeta Muhammad e Isaque, a quem Deus abençoou com um filho, o profeta Jacó, que também era conhecido como Israel, que deu nome aos filhos de Israel e seus profetas." 





"Agraciamo-los com Isaac e Jacó, que iluminamos, como havíamos iluminado anteriormente Noé e sua descendência, Davi e Salomão, Jó e José, Moisés e Aarão. Assim, recompensamos os benfeitores. E Zacarias, Yáhia (João), Jesus e Elias, pois todos se contavam entre os virtuosos. E Ismael, Eliseu, Jonas e Lot, cada um dos quais preferimos sobre os seu contemporâneos." 


(Alcorão 6:84-86)





Historicamente judeus e muçulmanos têm compartilhado suas culturas e prosperado juntos, algumas vezes por séculos.  Essa conexão se reflete melhor nos 700 anos do governo muçulmano na Espanha, na época conhecida como Andaluzia.  Foi ali que os judeus tiveram algumas das posições políticas mais importantes, eram médicos dos governantes muçulmanos e geraram teorias filosóficas profundas.  Maimônides viveu e escreveu O Guia para os Perplexos (uma discussão de algumas das teorias mais difíceis da teologia) em Córdoba.  Uma estátua em sua honra ainda se mantém lá.  Os judeus foram capazes de produzir grandes avanços em matemática, astronomia, filosofia e química e essa época é muitas vezes chamada de era dourada da cultura judaica.  Em 1492, quando Andaluzia foi invadida pelos católicos e os governantes muçulmanos depostos, judeus e muçulmanos fugiram juntos para a segurança das terras muçulmanas no norte da África e oriente em direção ao Egito, Palestina, Síria e Iraque.





"Deus nada vos proíbe, quanto àquelas que não nos combateram pela causa da religião e não vos expulsaram dos vossos lares, nem que lideis com eles com gentileza e equidade, porque Deus aprecia os equitativos. Deus vos proíbe tão-somente entrar em privacidade com aqueles que vos combateram na religião, vos expulsaram de vossos lares ou que cooperaram na vossa expulsão. Em verdade, aqueles que entrarem em privacidade com eles serão iníquos." 


(Alcorão 60: 8-9)





O tratamento a judeus e cristãos pelos muçulmanos é bem documentado.  O califa Omar, sob o qual Jerusalém foi conquistada seis anos após a morte do profeta, não só emitiu um édito protegendo os locais religiosos cristãos, mas também convidou 70 famílias judias de Tiberíades para estabelecer residência em Jerusalém, de onde tinham sido expulsas pelos romanos.  Judeus e muçulmanos têm muito em comum, a maior doutrina sendo sua crença no Deus Único, indivisível e acessível. 





Com tantas semelhanças pode-se facilmente perguntar por que mais judeus não estão se convertendo ao Islã? Como mencionado antes, muitos estão.  Nos primórdios do Islã muitos judeus se converteram e um em particular, Abdullah Ibn Salam, era um companheiro próximo do profeta Muhammad.  Sua história pode ser lida em detalhes nesse site[2].  A seguir está uma pequena lista de judeus notáveis que se converteram ao Islã. 





·       Rashid-al-Din Hamadani - médico persa do século 13





·       Yaqub ibn Killis - vizir egípcio do século 10.





·       Leila Mourad - cantora e atriz egípcia dos anos 1940 e 1950.





·       Lev Nussimbaum - escritor, jornalista e orientalista do século 20.





·       Jacob Querido - sucessor do século 17 do autoproclamado messias judeu Sabbatai Zevi.





·       Ibn Sahl de Sevilha - poeta andaluz do século 13.





Sabemos muito pouco sobre o número de judeus que se convertem ao Islã hoje.   Entretanto, seu número pode ser mais alto do que imaginamos, considerando que, de acordo com o Pew, o Islã cresce a uma taxa de 2,9% ao ano.   É mais rápido que a população mundial total, que aumenta em torno de 2,3% ao ano.  Esse site reuniu dados estatísticos confiáveis e está disponível aqui.





Dados do estado de Israel sugerem que a taxa de conversão dos judeus ao Islã em Israel dobrou nos últimos anos.  "Os judeus dizem que decidiram se converter depois de aprofundar seu conhecimento do Islã. Muitos estão desapontados no Judaísmo", disse um membro sênior da corte islâmica. Estão se convertendo apesar do Ministério do Interior e para Assuntos Religiosos Israelenses dificultar muito para eles.  De acordo com um convertido, "eles me fazem andar em círculos, me enviando de repartição para repartição. Fizeram com que eu visse um psiquiatra, para se "assegurar que eu não tinha sofrido lavagem cerebral." Fizeram de tudo para que eu me desesperasse e voltasse para o Judaísmo."





Quando você olha para todas as semelhanças certamente parece que é um pequeno passo, não um grande salto cognitivo, para um crente judeu deslizar sem esforço para a religião do Islã.  Entretanto, o Islã é um presente de Deus e Ele o concede a quem desejar.



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