Livros forjados? Na Bíblia?
Os Documentos do Novo Testamento
Para os católicos, são 73 livros. Para os protestantes, 66. A Igreja Ortodoxa considera 78. E os judeus apenas 39, da parte conhecida como Antigo Testamento pelos cristãos.
Denominações cristãs não concordam nem mesmo sobre a definição do que é exatamente um livro “inspirado” de Deus. Os protestantes são ensinados que existem 66 livros verdadeiramente “inspirados” na Bíblia, enquanto que os católicos são ensinados que existem 73 livros verdadeiramente “inspirados”, sem mencionar muitas outras denominações e seus livros “mais novos”, como os mórmons, etc. Como veremos brevemente, os primeiros cristãos, por muitas gerações, não seguiram nem os 66 livros dos protestantes nem os 73 livros dos católicos. Muito pelo contrário, eles acreditavam nos livros que, muitas gerações depois, foram “reconhecidos” como fabricações e apócrifos por uma época mais iluminada do que a dos apóstolos.
Bem, de onde todas essas Bíblias vêm e por que a dificuldade em definir qual é realmente a palavra “inspirada” de Deus? Elas vêm de “manuscritos antigos” (também conhecidos como MSS). O mundo cristão hoje apresenta um excesso de 24.000 “manuscritos antigos” da Bíblia todos datando do século quatro depois de Cristo (mas não da época de Cristo ou dos apóstolos). Em outras palavras, temos conosco evangelhos que datam do século em que os trinitaristas assumiram o controle da Igreja Cristã. Todos os manuscritos anteriores a esse período estranhamente pereceram. Todas as Bíblias em existência hoje são compiladas desses “manuscritos antigos”. Qualquer estudioso da Bíblia nos dirá que não existem dois manuscritos exatamente idênticos.
As pessoas hoje geralmente acreditam de só existe UMA Bíblia e UMA versão de qualquer verso da Bíblia. Isso está longe de ser verdade. Todas as Bíblias em nossas mãos hoje (como a do Rei Jaime, NVI, etc.) são o resultado de um extenso recortar e colar desses vários manuscritos sem nenhum deles atuando como a referência definitiva. São casos incontáveis em que um parágrafo aparece em um “manuscrito antigo”, mas não aparece em muitos outros. Por exemplo, Marcos 16: 8-20 (doze versos inteiros) não aparece nos manuscritos mais antigos disponíveis hoje (como o manuscrito sinaítico, o Vaticano 1209 e a versão armênia), mas aparece em “manuscritos antigos” mais recentes. Também existem muitos casos documentados em que até as localizações geográficas são completamente diferentes de um manuscrito antigo para outro. Por exemplo, no “manuscrito pentateuco samaritano”, o Deuteronômio 27:4 fala de “monte Gerizim”, enquanto que o “manuscrito hebreu” o mesmo verso fala de “monte Ebal.” De Deuteronômio 27: 12-13 podemos ver que esses são dois locais totalmente diferentes. Da mesma forma, Lucas 4:44 em alguns “manuscritos antigos” menciona “sinagogas da Judéia”, enquanto que em outros menciona “sinagogas da Galiléia.” Essas são apenas amostras. Seria necessário um livro para uma lista abrangente.
Existem inúmeros exemplos na Bíblia em que versos de natureza questionável são incluídos no texto sem qualquer aviso ao leitor de que muitos estudiosos e tradutores fazem sérias reservas em relação às suas autenticidades. A Bíblia do Rei Jaime (também conhecida como “Versão Autorizada”), a única nas mãos da maioria da Cristandade hoje, é uma das mais notórias a esse respeito. Não dá ao leitor nenhuma pista quanto à natureza questionável desses versos. Entretanto, traduções mais recentes da Bíblia estão agora começando a ser um pouco mais honestas e acessíveis a esse respeito. Por exemplo, a Nova Versão Revisada da Bíblia, da Oxford Press, adotou um sistema extremamente sutil de colocação de parênteses duplos ([[ ]]) nos exemplos mais evidentes desses versos questionáveis. É altamente improvável que o leitor casual perceba a verdadeira função desses parênteses. Estão lá para dizer ao leitor informado que os versos marcados são de uma natureza altamente questionável. Alguns exemplos são a história da “mulher tomada em adultério” em João 8:1-11, Marcos 16:9-20 (ressurreição e retorno de Jesus) e Lucas 23:34 (que, muito interessantemente, está lá para confirmar a profecia de Isaías 53:12)... e assim por diante.
A Bíblia é obra meramente humana, ou foi divinamente inspirada?
Jesus não escreveu O Evangelho; apenas anunciado oralmente a mensagem
sabendo que o idioma que Jesus falava era o aramaico, e não o grego ,
, assim como seus discípulos .
E assim, todas as enciclopédias convencionais concordam que Jesus, os discípulos e os judeus em geral, falavam aramaico. Que o aramaico era a língua dominante e geralmente falada na , no primeiro século.
Os judeus eram desencorajados, até mesmo proibidos, de falar grego.
Eles rejeitaram a linguagem grego e não incentivavam o aprendizado da língua das nações pagãs ao seu redor.
Então, se Jesus, um judeu religioso, e os discípulos, homens iletrados como eram, teriam sido desencorajados a falar grego e evitariam aprender e usar o grego, como poderia o Novo Testamento ter sido escrito em uma língua que eles não falavam ou entendiam bem?
O Novo Testamento contém inconsistências suficientes para ter produzido uma variedade estonteante de interpretações, crenças e religiões,
Por que tanta variação nos pontos de vistas?
Não podemos confiar em uma única frase da Bíblia?
O fato é que existem mais de 5.700 manuscritos gregos de todo ou parte do Novo Testamento. Além disso, “nem dois desses manuscritos são exatamente iguais em todos os seus detalhes...
E algumas dessas diferenças são significativas
Nenhum dos manuscritos originais do período cristão primitivo sobreviveu. Os manuscritos antigos mais completos (Vaticano MS. No. 1209 e o Códice Sinático Siríaco) datam do quarto século, trezentos anos depois do ministério de Jesus. Mas e os originais? Perdidos. E as cópias dos originais? Também perdidas. Nossos manuscritos mais antigos, em outras palavras, são cópias das cópias de cópias de ninguém-sabe-quantas cópias dos originais.
até os autores do evangelho são desconhecidos. De fato, são anônimos. Não há nos documentos mais antigos o título nem o nome do autor , ressalta.
Eruditos bíblicos raramente, se o fazem, atribuem a autoria do evangelho a Mateus, Marcos, Lucas ou João. Como Ehrman nos diz, “A maioria dos eruditos hoje abandonou essas identificações e reconhece que os livros foram escritos por cristãos desconhecidos mas relativamente bem-educados que falavam (e escreviam) em grego, durante a segunda metade do primeiro século.” Graham Stanton afirma, “Os evangelhos, ao contrário dos escritos greco-romanos, são anônimos. Os títulos familiares que dão o nome de um autor (‘O Evangelho de acordo com....’) não são parte dos manuscritos originais, porque foram adicionados somente no início do segundo século.”
Entretanto, os manuscritos do Novo Testamento não estavam nas melhores mãos. Durante o período dos originais cristãos os escribas não eram treinados, não eram confiáveis, eram incompetentes e, em alguns casos, analfabetos
Nas palavras de Metzger e Ehrman, “Uma vez que a maioria, se não todos, [os escribas] eram amadores na arte da cópia, um número relativamente grande de erros sem dúvida entrou nos textos enquanto os reproduziam.” Ainda pior, alguns escribas permitiram que o preconceito doutrinário influenciasse sua transmissão da escritura. Como Ehrman afirma, “Os escribas que copiaram os textos os mudaram.” Mais especificamente, “O número de alterações deliberadas feitas no interesse da doutrina é difícil de avaliar.” E ainda mais especificamente, “Na terminologia técnica do criticismo textual – que retenho por suas ironias significativas – esses escribas ‘corromperam’ seus textos por razões teológicas.”
Segundo, mesmo entre aqueles livros que foram canonizados, os muitos textos fonte variantes carecem de uniformidade. Essa falta de uniformidade é tão onipresente que The Interpreter’s Dictionary of the Bible (O Dicionário Bíblico do Intérprete) afirma: “É seguro dizer que não existe uma frase no Novo Testamento no qual a tradição manuscrita seja toda uniforme.”
Deus Todo-Poderoso diz no Alcorão Sagrado
Ai daqueles que copiam o Livro, (alterando-o) com as suas mãos, e então dizem: Isto emana de Deus, para negociá-lo a vil preço. Ai deles, pelo que as suas mãos escreveram! E ai deles, pelo que lucraram!” (Alcorão 2:79)
“E quando lhes foi apresentado um Mensageiro (Muhammad) de Deus, que corroborou o que já possuíam, alguns dos adeptos do Livro (os judeus) atiraram às costas o Livro de Deus, como se não o conhecessem.”
(Alcorão 2:101)
Os judeus não reconhecem este Novo Testamento da Bíblia,
A versão final da Bíblia como conhecemos é um conjunto de textos do Antigo Testamento (que é basicamente o livro sagrado do judaísmo, no qual é chamado de Tanakh)
Ninguém que escreveu os Evangelhos disse que o que escrevo é uma revelação de Deus
Os evangelhos não foram documentos escritos pelos apóstolos de Jesus Cristo nem foram considerados "inspirados pelo Espírito Santo" quando foram escritos. No século II dC, São Justino referiu-se aos evangelhos como "As Memórias dos Apóstolos". Na introdução ao Evangelho de Lucas, o autor afirma que a sua intenção é “compilar” um registo como os outros e diz que recebeu esta informação de testemunhas oculares – insinuando que não foi testemunha ocular. A introdução de seu capítulo diz assim:
Visto que muitos já tentaram pôr em ordem a história das coisas que têm sido muito verdadeiras entre nós, assim como nos ensinaram aqueles que no princípio viram com seus olhos e foram ministros da palavra, também me pareceu, tendo diligentemente investigou todas as coisas desde sua origem, escreva-as para você em ordem...
Os estudiosos de nosso tempo concordam que os evangelhos não datam da época de Jesus Cristo. a maior parte data do período entre as duas grandes revoluções na Judéia - AD 66-74 e AD 132-135 -
anos depois do ministério de Jesus.
da crítica histórica consideravam que havia uma distância tal entre a redação dos Evangelhos e a vida de Jesus que toda uma geração de testemunhas oculares havia desaparecido.
de acordo com os registros mais antigos. Esses primeiros escritos podem ter incluído documentos já perdidos naquela época - uma vez que houve uma destruição total dos registros escritos quando a primeira rebelião despertou.
Deus tem um nome?
Na Bíblia, Deus diz: “Eu sou Jeová. Este é meu nome.” (Isaías 42:8) Embora ele também tenha muitos títulos, como “Deus Todo-poderoso”, “Soberano Senhor” e “Criador”,
e algumas até obscurecem o fato de que Deus tem um nome. Por exemplo, em algumas traduções, um trecho da oração de Jesus registrada em João 17:26 diz: “Eu fiz com que eles te conheçam” e em João 17:6: “Dei-te a conhecer àqueles que me confiaste.” No entanto, uma tradução das palavras da oração de Jesus é: “Eu tornei o teu nome conhecido a eles” e “tornei o teu nome conhecido aos homens que me deste”.
ele dignifica seus adoradores por convidá-los a se dirigir a ele usando seu nome. — Gênesis 17:1; Atos 4:24; 1 Pedro 4:19.
O nome de Deus aparece milhares de vezes em manuscritos da Bíblia antigos. Mesmo assim, várias traduções da Bíblia substituíram esse nome por títulos como “Senhor” ou “Deus”.
Comecemos do começo. Nenhum estudioso da Bíblia na terra jamais reivindicará que a Bíblia foi escrita pelo próprio Jesus. Todos concordam que a Bíblia foi escrita depois da partida de Jesus, que a paz esteja sobre ele. O Dr. W Graham Scroggie do Instituto Bíblico Moody, em Chicago, uma missão evangélica cristã de prestígio, diz:
“... Sim, a Bíblia é humana, embora alguns em nome do zelo que não está de acordo com o conhecimento, neguem isso. Aqueles livros passaram pelas mentes dos homens, são escritos na língua do homem, foram escritos pelas mãos dos homens e carregam em seu estilo as características dos homens..
Outro estudioso cristão, Kenneth Cragg, o bispo anglicano de Jerusalém, diz:
“...Nem tanto o Novo Testamento... Existe uma condensação e edição; existe escolha na reprodução e testemunho. Os Evangelhos têm a mente da igreja por trás dos autores. Representam experiência e história...”
“É bem conhecido que o Evangelho cristão primitivo foi inicialmente transmitido oralmente e que essa tradição oral resultou em relatos variantes de palavras e atos. É igualmente verdade que quando o registro cristão foi transformado em escrita continuou a ser sujeito à variação oral involuntária e intencional, nas mãos dos escribas e editores.
Versão do Rei Jaime (KJV). No prefácio da RSV de 1971 encontramos o seguinte:
“...Ainda assim a Versão do Rei Jaime tem DEFEITOS GRAVES...”
Prosseguem nos prevenindo que:
“...Esses defeitos SÃO TANTOS E TÃO SÉRIOS que requerem uma revisão”
As Testemunhas de Jeová em sua revista “DESPERTAI!” datada de 8 de setembro de 1957 publicou a seguinte manchete: “50.000 Erros na Bíblia” onde diziam “...existem provavelmente 50.000 erros na Bíblia...erros que se infiltraram no texto bíblico... 50.000 erros sérios...” Depois de tudo isso, entretanto, eles prosseguem dizendo: “... como um todo a Bíblia é precisa.” Vejamos apenas alguns poucos desses erros.
Em João 3:16 – Versão Autorizada lemos:
“Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.”
[...] essa fabricação “unigênito” foi agora extirpada sem cerimônia por esses revisores mais eminentes da Bíblia. Entretanto, a humanidade não teve que esperar 2.000 anos por essa revelação.
primeira epístola de João 5:7 (Versão do Rei Jaime) encontramos:
“Porque três são os que testificam no céu: o Pai, a Palavra e o Espírito Santo; e estes três são um.”
Como já vimos na seção 1.2.2.5, esse verso é o mais próximo do que a Igreja chama de sagrada Trindade. Entretanto, como visto naquela seção, esse pilar da fé cristão também foi descartado da RSV pelos mesmos trinta e dois estudiosos cristãos da mais alta eminência apoiados por cinquenta denominações cristãs, mais uma vez tudo de acordo com os “manuscritos mais antigos.” E mais uma vez, descobrimos que o nobre Alcorão revelou essa verdade há mil e quatrocentos anos:
“Ó adeptos do Livro, não exagereis em vossa religião e não digais de Deus senão a verdade. O Messias, Jesus, filho de Maria, foi tão-somente um mensageiro de Deus e Seu Verbo, com o qual Ele agraciou Maria por intermédio do Seu Espírito. Crede, pois, em Deus e em Seus mensageiros e não digais: Trindade! Abstende-vos disso, que será melhor para vós; sabei que Deus é Uno. Glorificado seja! Longe está a hipótese de ter tido um filho. A Ele pertence tudo quanto há nos céus e na terra, e Deus é mais do que suficiente Guardião.”
(Alcorão 4:171)
Notaremos que todo Evangelho começa com a introdução "De acordo com...", como “O Evangelho de acordo com Mateus”, “o Evangelho de acordo com Lucas,” “o Evangelho de acordo com Marcos,” “o Evangelho de acordo com João.” A conclusão óbvia para o homem comum é que essas pessoas são conhecidas como os autores dos livros atribuídos a elas. Esse, entretanto, não é o caso. Por que? Porque nenhuma das alardeadas quatro mil cópias existente apresenta a assinatura de seu autor. Foi apenas suposto que eles eram os autores. Descobertas recentes, entretanto, refutam essa crença. Até as evidências internas provam que, por exemplo, Mateus não escreveu o Evangelho atribuído a ele:
“E Jesus, passando adiante dali, viu assentado na alfândega um homem chamado Mateus e (Jesus) disse-lhe: Segue-me. E ele (Mateus), levantando-se, o seguiu.” (Mateus 9:9)
Não é preciso ser um cientista espacial para ver que nem Jesus e nem Mateus escreveram esse verso de “Mateus.” Essa evidência pode ser encontrada em muitos lugares ao longo do Novo Testamento. Embora muitas pessoas tenham levantado a hipótese de que é possível que um autor às vezes escreva na terceira pessoa, ainda assim, à luz do resto da evidência que veremos nesse livro, existe simplesmente muita evidência contra essa hipótese.
Essa observação não está de forma alguma limitada ao Novo Testamento. Existe até prova de que ao menos partes do Deuteronômio não foram nem escritas por Deus e nem por Moisés. Isso pode ser visto em Deuteronômio 34:5-10 no qual lemos:
“Então Moisés... MORREU… e ele (Deus Todo-Poderoso) O ENTERROU (Moisés)... Tinha 120 anos QUANDO MORREU... e não houve um profeta DESDE ENTÃO em Israel como Moisés...”
Moisés escreveu seu próprio obituário? Josué também fala em detalhes sobre sua própria morte em Josué 24:29-33. A evidência apóia de forma esmagadora o reconhecimento atual de que a maioria dos livros da Bíblia não foi escrita por seus supostos autores.
Os autores da RSV pela Collins dizem que o autor de “Reis” é “desconhecido”. Se soubessem se tratar da palavra de Deus a teriam indubitavelmente atribuído a Ele. Ao contrário, escolheram honestamente dizer “Autor... desconhecido.” Mas se o autor é desconhecido então por que atribuí-la a Deus? Como se pode então alegar que foi “inspirada”?
Continuando, lemos que o livro de Isaías é “Creditado principalmente a Isaías. Partes podem ter sido escritas por outros.” Eclesiastes: “Autor. Duvidoso, mas comumente atribuído a Salomão.” Rute: “Autor. Não é definitivamente conhecido, talvez Samuel,” e assim por diante.
Na primeira epístola de João 5:7 (Versão do Rei Jaime) encontramos:
“Porque três são os que testificam no céu: o Pai, a Palavra e o Espírito Santo; e estes três são um.”
Como já vimos na seção 1.2.2.5, esse verso é o mais próximo do que a Igreja chama de sagrada Trindade. Entretanto, como visto naquela seção, esse pilar da fé cristão também foi descartado da RSV pelos mesmos trinta e dois estudiosos cristãos da mais alta eminência apoiados por cinquenta denominações cristãs, mais uma vez tudo de acordo com os “manuscritos mais antigos.” E mais uma vez, descobrimos que o nobre Alcorão revelou essa verdade há mil e quatrocentos anos:
“Ó adeptos do Livro, não exagereis em vossa religião e não digais de Deus senão a verdade. O Messias, Jesus, filho de Maria, foi tão-somente um mensageiro de Deus e Seu Verbo, com o qual Ele agraciou Maria por intermédio do Seu Espírito. Crede, pois, em Deus e em Seus mensageiros e não digais: Trindade! Abstende-vos disso, que será melhor para vós; sabei que Deus é Uno. Glorificado seja! Longe está a hipótese de ter tido um filho. A Ele pertence tudo quanto há nos céus e na terra, e Deus é mais do que suficiente Guardião.” (Alcorão 4:171)
Antes de 1952 todas as versões da Bíblia faziam menção a um dos eventos mais milagrosos associados com o profeta Jesus, que a paz esteja sobre ele, que é a sua ascensão aos céus:
“Ora, o Senhor, depois de lhes ter falado, foi recebido no céu e assentou-se à direita de Deus.” (Marcos 16:19)
... e mais uma vez em Lucas:
“E aconteceu que, abençoando-os ele, se apartou deles e foi elevado ao céu. E, adorando-o eles, tornaram com grande júbilo para Jerusalém.” (Lucas 24:51-52)
Na RSV de 1952 Marcos 16 termina no verso 8 e o restante é relegado a nota de rodapé em letras pequenas (mais informações adiante). De forma semelhante, no comentário sobre os versos de Lucas 24, nos é dito nas notas de rodapé da Nova Bíblia RSV “Em outras autoridades antigas falta “e foi elevado ao céu” e “Em outras autoridades antigas falta ‘adorando-o eles.’” Dessa forma, vemos que o verso de Lucas em sua forma original apenas dizia:
“E aconteceu que, abençoando-os ele, se apartou deles. E tornaram com grande júbilo para Jerusalém.”
Foram séculos de “correção inspirada” para nos dar Lucas 24:51-52 em sua forma atual.
Os exemplos são muito numerosos para listá-los aqui. Entretanto, o encorajamos a obter uma cópia da Nova Versão Revisada da Bíblia e examinar os quatro evangelhos. Você terá grande dificuldade em encontrar ao menos duas páginas consecutivas que não contenham as palavras “Em outras autoridades antigas falta...” ou “Em outras autoridades antigas é adicionado...” etc., nas notas de rodapé.
Olhemos mais detalhadamente do Novo Testamento:
O autor do Livro dos Hebreus é desconhecido. Martim Lutero sugeriu que Apolo fosse o autor... Tertuliano disse que Hebreus era uma carta de Barnabé... Adolf Harnack e J. Rendel Harris especularam que foi escrito por Priscila (ou Prisca). William Ramsey sugeriu que foi feito por Felipe. Entretanto, a posição tradicional é que o apóstolo Paulo escreveu Hebreus... Eusébio acreditava que Paulo o escreveu, mas Orígenes não foi positivo em relação à autoria paulina.”
Isso é como definimos “inspirado por Deus”?
Na última parte do segundo século, Dionísio, Bispo de Coríntios, disse:
“Como os irmãos desejavam que escrevesse epístolas (cartas), eu o fiz, e isso os apóstolos do demônio encheram com elementos indesejáveis, mudando algumas coisas e adicionando outras, para quem existe uma aflição reservada. Não é, portanto, uma questão de espanto se alguns também tentaram adulterar os escritos sagrados do Senhor, uma vez que tentaram o mesmo em outros trabalhos que não são comparados com esses.”
O Alcorão confirma isso com as palavras:
“Ai daqueles que copiam o Livro, (alterando-o) com as suas mãos, e então dizem: Isto emana de Deus, para negociá-lo a vil preço. Ai deles, pelo que as suas mãos escreveram! E ai deles, pelo que lucraram!” (Alcorão 2:79)
1 Pedro
Pedro foi um “apelido” dado por Jesus à Simão. Não existem relatos de pessoas chamadas Pedro nos primórdios do cristianismo. Portanto, o autor de 1 Pedro com certeza alega ser “aquele” Pedro. “Isso é revelado por seu comentário em 5,1 de que foi ‘testemunha dos sofrimentos de Cristo’.” 1 Pedro é uma falsificação. Os motivos serão mostrados a seguir.
2 Pedro
Também é uma falsificação, na qual o autor alega mais claramente ainda ser Pedro, pois se diz Simão Pedro, que viu a transfiguração de Jesus.
“Uma das razões pelas quais quase todos os acadêmicos concordam que Pedro não escreveu essa carta é que a situação suposta surge em época muito posterior. Quando o próprio Pedro morreu – digamos, o ano 64 d.C., sob as ordens de Nero – ainda havia uma expectativa ansiosa de que Jesus retornasse logo; nem uma geração inteira se passara desde a crucificação. Foi apenas com o passar do tempo que a alegação cristã de que tudo aconteceria ‘nesta geração’ (Mc 13, 30) e antes de que os discípulos houvessem 'provado a morte (9,1) começou a soar vazia. No momento em que 2 Pedro foi escrita, os cristãos estavam tendo de se defender de oponentes que debochavam de sua visão de que o fim deveria ser iminente.”
Pedro era um pescador de Cafarnaum, na Galileia. Segundo o arqueólogo americano da Palestina, Jonathan Reed, Cafarnaum era uma aldeia historicamente insignificante do interior da Galieia. Pedro era um camponês analfabeto.
“Na verdade, isso não devia ser surpresa. Há no Novo Testamento evidências do nível de educação de Pedro. Segundo Atos 4,13, Pedro e seu companheiro João, também pescador, eram agrammatoi, uma palavra grega que significa literalmente ‘iletrados’, ou seja, ‘analfabetos’.”
“É possível, claro, que Pedro tenha decidido ir para a escola após a ressurreição de Jesus. Nessa hipóteses imaginativa (para não dizer imaginária), ele aprendeu o alfabeto, aprendeu a pronunciar as sílabas e depois as palavras, aprendeu a ler e aprendeu a escrever. Depois fez aulas de grego, dominou o grego como língua estrangeira e começou a decorar trechos da Septuaginta, depois teve aulas de composição em grego e aprendeu a construir frases complicadas e eficazes; então, no fim de sua vida, escreveu 1 Pedro.
Esse cenário é plausível?”. O cenário não é plausível, e não existem relatos de educação para adultos na Antiguidade.
E há bons motivos para pensar que essas cartas foram escritas após a morte de Pedro. 1 Pedro faz alusão à destruição de Jerusalém por Roma, no ano 70 d.C., que foi depois da morte de Pedro, segundo as tradições, que ocorreu em 64 d.C..
“Quem escreveu a Bíblia?”. Esse livro mostra que os Evangelhos de Mateus, Marcos, Lucas e João não foram escritos por Mateus, Marcos, Lucas e João. E que muitas cartas de Paulo, Pedro e João do Novo Testamento não foram escritas por Paulo, Pedro e João. Essa não é uma visão só de Bart Ehrman. Na verdade, a maioria dos estudiosos da crítica textual, a área da teologia encarregada de verificar adulterações nos escritos bíblicos, concorda com Bart Ehrman, de que não foram esses autores que redigiram esses textos. Não estou falando de cristãos fundamentalistas que acreditam cegamente que a Bíblia é infalível, estou falando de estudiosos com doutorado em crítica textual.
Bart Ehrman é Doutor em teologia pela Universidade de Princeton e dirige o departamento de estudos religiosos da Universidade da Carolina do Norte. Ele é especialista em Novo Testamento, Igreja primitiva, ortodoxia, manuscritos antigos e na vida de Jesus.
Então, os ensinamentos mais importantes de Jesus - suas últimas palavras, sua oração, a unicidade de Deus e a lei de nosso Criador para a humanidade - estão todos cancelados na Bíblia por Paulo, ou por teólogos paulinos que seguiram o caminho dele.
São Paulo e sua igreja depois dele foram responsáveis por mudanças por atacado na religião de Jesus (que a paz esteja sobre ele) depois de sua partida, e foram posteriormente responsáveis pelo estabelecimento de uma campanha maciça de morte e tortura de todos os cristãos que se recusaram a renunciar aos ensinamentos dos apóstolos em favor das doutrinas paulinas. Todos os evangelhos que não estavam de acordo com a fé paulina foram então sistematicamente destruídos ou reescritos. O Rev. Charles Anderson Scott tem o seguinte a dizer:
“É altamente provável que nenhum dos Evangelhos Sinóticos (Mateus, Marcos e Lucas) existisse na forma que os temos, antes da morte de Paulo. Se os documentos fossem adotados em sua ordem cronológica estrita, as epístolas paulinas viriam antes dos Evangelhos sinóticos.”
Essa afirmação é confirmada posteriormente pelo Prof. Brandon: “Os primeiros escritos cristãos que foram preservados para nós são as cartas do apóstolo Paulo”
Há 13 cartas de “Paulo” no Novo Testamento. 6 delas não foram escritas por Paulo. 7 foram escritas por Paulo (Romanos, 1 e 2 Coríntios, Gálatas, Filipenses, 1 Tessalonicenses e Filemon). Acadêmicos chamam essas 6 epístolas de deuteropaulinas. Três dessas 6 parecem ter sido escritas pela mesma pessoa (1 e 2 Timóteo e Tito), essas três foram chamadas de epístolas pastorais.
Na segunda epístola aos tessalonicenses, encontramos um versículo intrigante, no qual o autor diz a seus leitores que não devem ser desencaminhados por uma carta ‘que se diga vir de nós’ indicando que ‘o Dia do Senhor’ já estivesse próximo (2,2). O autor, em outras palavras, tem conhecimento de uma carta que circula alegando ser de Paulo mas que, na verdade, não é. (...)
“Uma incrível parcela de erudição foi dedicado às epístolas pastorais nos útimos trinta ou quarenta anos, dois séculos após Schleiermacher. Grande parte delas é tediosa para seres humanos normais, mas fascinante para acadêmicos anormais. Não posso resumir tudo aqui. Em vez disso, vou oferecer três razões para pensar que todas as três cartas foram escritas pela mesma pessoa, e que essa pessoa não foi Paulo.”
“O motivo é que elas partilham conexões verbais e semelhanças demais para que seja acidental. Veja apenas como começam:
1 Timóteo: ‘Paulo, apóstolo de Jesus Cristo [...] a Timóteo [...] graça, misericórdia, paz da parte de Deus Pai e de Jesus Cristo, nosso Senhor!’
2 Timóteo: ‘Paulo, apóstolo de Jesus Cristo [...] a Timóteo [...] graça, misericórdia, paz da parte de Deus Pai e de Jesus Cristo, nosso Senhor!’
São praticamente iguais. E, mais importante ainda, não há outra carta de Paulo que comece assim. (...) As duas cartas têm em comum palavras e frases não encontradas em nenhuma das outras cartas atribuídas a Paulo, como: ‘a promessa de vida’, ‘com uma consciência pura’, ‘de um coração puro’, ‘guarde o depósito (de fé)’, Paulo é um ‘apóstolo, mensageiro e mestre’ etc. O impressionante é que não só essas frases e muitas outras sejam encontradas nessas duas cartas, mas que sejam encontradas apenas nelas.”
“Em 1921, o estudioso britânico A. N. Harrison escreveu um importante estudo das epístolas pastorais no qual apresentou muitas estatísticas sobre a utilização de palavras nesses textos. Um dos números mais citados é que há 848 palavras diferentes usadas nas epístolas pastorais. Delas, 306 – mais de um terço! – não aparecem em nenhuma das outras epístolas paulinas do Novo Testamento. É um número muito alto; em especial, considerando-se o fato de que cerca de dois terços dessas 306 palavras são usadas por autores cristãos vivendo no século II. Isso sugere que esse autor está usando um vocabulário que se tornava mais comum depois da época de Paulo, e que, portanto, também ele viveu após Paulo. (...)
Ao mesmo tempo, não se deve dar peso demasiado a simples números. Afinal, todos usam palavras diferentes em ocasiões diferentes, e que a maioria de nós tem um vocabulário muito mais rico do que aquele revelado em determinada carta ou conjunto de cartas que escrevemos.
O problema é que um grande número de fatores parece apontar na mesma direção, mostrando que esse autor não é Paulo. Para começar, algumas vezes o autor usa as mesmas palavras de Paulo, mas com significados diferentes. O termo ‘fé’ era de suprema importância para Paulo. Em livros como Romanos ou Gálatas, fé se refere à confiança que a pessoa tem em Cristo para dar a salvação por meio da morte. Em outras palavras, o termo descreve uma relação com o outro; fé é confiança ‘em’ Cristo. O autor das pastorais também usa o termo ‘fé’. Mas não diz respeito a uma relação com Cristo; fé passa a significar o corpo de ensinamentos que compõe a religião cristã. É ‘a fé’(ver Tito 1,13). Mesma palavra, significado diferente. Da mesma forma com outros termos fundamentais, como ‘retidão’.”
Nas pastorais, o autor insiste que os líderes da igreja sejam casados. Nas cartas de Paulo, este diz que é melhor que as pessoas não sejam casadas, e que pessoas solteiras deveriam permanecer solteiras (1Coríntios 7).
Para Paulo, a salvação era pela morte e ressurreição de Cristo. Mas em 1 Timóteo 2 é dito que as mulheres serão salvas tendo filhos. Não dá para saber o que isso quer com exatidão, mais não significa o que Paulo queria dizer.
Paulo fala de obras no sentido de observar a lei judaica. Mas, nas pastorais, a lei judaica não é mais um problema.
“O maior problema em aceitar as pastorais como sendo de Paulo envolve a situação histórica que elas parecem pressupor. Paulo, como Jesus antes dele, acreditava viver no fim dos tempos. Quando Jesus foi erguido dentre os mortos, esse foi o sinal de que o fim já começara e de que a futura ressurreição dos mortos estava prestes a acontecer. Segundo a crença judaica, a ressurreição aconteceria quando esta era chegasse ao fim. Por isso, Paulo chamou Jesus de ‘primícias dos que morreram’ em 1 Coríntios 15, 20. É uma metáfora agrícola. Os agricultores celebram o primeiro dia de colheita com uma festa à noite. E quando eles vão pegar o resto da colheita? No dia seguinte – não vinte ou dois mil anos depois. Jesus é o primeiro fruto, porque com ele serão erguidos para o julgamento. Por isso Paulo acha que ele mesmo estará vivo quando Jesus retornar do céu (ver 1Ts 4, 14-18).
A única coisa que Paulo não faz é escrever aos líderes da igreja de Corinto e dizer a eles para dar um jeito nos paroquianos. Por quê? Porque não havia líderes na igreja de Corinto [na época de Paulo]. Não havia bispos ou diáconos. Não havia pastores. Havia um grupo de indivíduos, cada um deles com um dom do Espírito, nesse breve tempo antes do fim que se aproximava.”
“O que a maioria dos milhões de pessoas que acredita no breve retorno de Jesus, enquanto estivermos vivos, não sabe é que sempre houve cristãos que pensaram isso de sua própria época. Esse era um ponto de vista destacado entre cristãos conservadores no começo do século XX, fim do século XIX, no século XVIII, no século XII, no século II, no século I – na verdade, em quase todos os séculos. A única coisa que todos aqueles que já pensaram isso têm em comum é que todos estavam irrefutavelmente errados.
Quando Jesus retornar em glória nas nuvens do céu, ‘os que morreram em Cristo ressurgirão primeiro; depois nós, os que ainda estamos na terra, seremos arrebatados juntamente com eles sobre nuvens ao encontro com o Senhor, nos ares’
(4, 16-17).
[1 Tessalonicenses] Leiam os versículos com cuidado: Paulo espera ser um daqueles que ainda estarão vivos quando isso acontecer.”
Há uma separação, os que morreram e os que ainda estão aqui, na terra, como Paulo. Ou seja, os que ainda estão vivos, em contraponto aos que estão mortos. E os que estão vivos serão arrebatados, incluindo Paulo, depois dos mortos, ou seja, Paulo ainda estará vivo quando for arrebatado.
Paulo escreve que o fim virá subitamente e que é iminente. O autor de 2 Tessalonicenses, alegando ser Paulo, argumenta que o fim não se dará imediatamente. Rebelião política ou religiosa acontecerá, uma espécie de anticristo surgirá, e outras coisas acontecerão até o fim chegar.
“Em outras palavras, os tessalonicenses podem ficar tranquilos de que ainda não estão no momento final da história quando Jesus reaparece.” Eles verão que o fim está chegando quando esses acontecimentos se cumprirem.
“É particularmente interessante que o autor de 2 Tessalonicenses indica que já ensinou essas coisas a seus convertidos quando esteve com eles (2,5).” Mas com explicar 1 Tessalonicenses. Paulo nunca ensinou essas coisas.
O autor de 2 Tessalonicenses diz que assina a carta de próprio punho, e diz que essa é uma prática comum (3, 17), mas não é como termina a maioria das epístolas incontestáveis de Paulo.
EFÉSIOS
“As razões para pensar que Paulo não escreveu essa epístola são muitas e convincentes. Para começar, o estilo de redação não é o de Paulo. Paulo normalmente escreve frases curtas e incisivas; as sentenças de Efésios são longas e complexas. (...) Alguns acadêmicos apontaram que nas cem sentenças de Efésios cerca de nove delas têm mais de cinquenta palavras de extensão. Compare isso com as cartas do próprio Paulo. Filipenses, por exemplo, tem 102 sentenças, com apenas uma delas com mais de cinquenta palavras; Gálatas tem 181 sentenças, mais uma vez com apenas uma acima de cinquenta palavras. O livro também tem um número incomum de palavras que não ocorre nos outros escritos de Paulo: 166 no total – bem acima da média (50% mais que em Filipenses, por exemplo, que tem aproximadamente o mesmo tamanho).”
Em Efésios 2, 1-10, Paulo afirma que antes de ser cristão, era desviado “pelos desejos da carne, satisfazendo às vontades da carne e seus impulsos”. Já nas epístolas escritas por Paulo ele diz que antes de ser cristão, era “irrepreensível” quanto à “justiça que há na lei” (Fl 3,6)
O verbo salvar só era usado no futuro nas cartas de Paulo. As pessoas ainda serão salvas, salvação não é algo que as pessoas já tenham, é o que elas irão ter quando Jesus retornar e poupar seus seguidores da ira de Deus. Mas Efésios fala que as pessoas já foram salvas pela graça de Deus.
Paulo dizia que a ressurreição era um acontecimento físico futuro, Paulo era enfático nesse ponto, como 1 Coríntias 15 demonstra. E Paulo combatia, na sua carta aos coríntios, a visão de que os crentes já desfrutavam de uma existência ressuscitada em Cristo.
“Contudo, compare essa afirmação com o que diz Efésios: ‘Quando ainda estávamos mortos em consequência de nossos pecados, [Deus] deu-nos vida juntamente com Cristo, [...] juntamente com ele nos ressuscitou e nos fez assentar nos céus.’ (2, 5-6). Ali os crentes já experimentaram uma ressurreição espiritual e desfrutaram de uma existência celestial aqui e agora. Esse é o ponto de vista contra o qual Paulo argumentou em sua carta aos coríntios
COLOSSENSES
“As razões para crer que o livro, na verdade, não foi escrito por Paulo são em grande parte as mesmas do caso de Efésios. Entre outras coisas, o estilo de redação e o conteúdo do livro diferem significativamente daqueles das epístolas não questionadas de Paulo. De longe o mais convincente estudo do estilo de redação de Colossenses foi feito pelo acadêmico alemão Walter Bujard há cerca de quarenta anos. Bujard analisou todos os tipos de traços estilísticos da epístola: o tipo e a frequência das conjunções, infinitivos, particípios, orações subordinadas, sequência de genitivos e uma série de outros elementos. Ele se interessou sobretudo por comparar Colossenses com epístolas de Paulo de tamanho similar: Gálatas, Filipenses e 1 Tessalonicenses. As diferenças entre essa carta e os escritos de Paulo são chocantes de convincentes. Apenas como prova:
Frequência com que a epístola usa ‘conjunções adversativas’ (por exemplo, ‘embora’): Gálatas, 84; Filipenses, 52; 1 Tessalonicenses, 29. Colossenses, apenas 8.
Frequência com que a epístola usa conjunções causais (por exemplo, ‘porque’): Gálatas, 45; Filipenses, 20; 1 Tessalonicenses, 31. Colossenses, apenas 9.
Frequência com que a epístola usa uma conjunção (por exemplo, ‘que’, ‘como’) para introduzir uma declaração: Gálatas, 20; Filipenses, 19; 1 Tessalonicenses, 11. Colossenses, apenas 3.
A lista continua por muitas páginas examinando todo tipo de informação, com inúmeras considerações, toas apontando na mesma direção: é alguém com um estilo de redação diferente do usado por Paulo.
E mais uma vez, aqui, o conteúdo do que o autor diz está em contradição com o que Paulo pensava, mas é coerente com Efésios” O de que os cristãos já foram elevados com cristo quando batizados, apesar de Paulo combater essa visão e falar que a ressurreição era futura
(ver Cl 2, 12-13).
Porém, quando os pais da Igreja estavam decidindo quais livros incluir nas Escrituras, era necessário ‘saber’ quem escrevera esses livros, já que apenas escritos com claras ligações apostólicas podiam ser considerados Escritura oficial”. Estava circulando quatro evangelhos antigos anônimos com o nomes de Mateus, Marcos, Lucas e João. O livro de Atos foi atribuído a Lucas. O livro de Hebreus foi atribuído a Paulo, embora muitos estudiosos antigos soubessem que não era de Paulo, como os acadêmicos de hoje concordam.