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O caminho dos piedosos leva à disputa entre o bem e o mal. Enquanto o bem, ou seja, as crenças e práticas da religião, é ensinado ao novo convertido, uma e outra vez, um dos assuntos mais importantes para o novo convertido também é um dos menos discutidos – e este é o caminho do mal. E, a propósito, quanto ao mal, este significa o caminho (ou sunnah) do Shaitan (Satanás, também conhecido pelo seu nome próprio: Iblis), cuja finalidade específica (junto com seus ajudantes shayatin [gênios do mal, ou demônios]) é desencaminhar a humanidade. Conhecer as crenças e práticas da religião é aprender o caminho da piedade. Conhecer a sunnah, ou caminho, de Iblis é ‗conhecer o inimigo‘, a fim de proteger-se de emboscadas ou desvios.





 Para começar, Iblis se aproxima de muitas maneiras. Para aqueles que já estão perdidos, ele fornece incentivos tornando o caminho da impiedade fácil e atraente. Ele pode optar por deixar os injustos por si mesmos, mas, também, pode realmente fornecer prazeres ou experiências místicas ou mesmo milagres aparentes, a fim de consolidar o desvio sobre uma falsa fé. Assim, na verdade, estátuas podem chorar através das maquinações dos shayatin, levando os idólatras a maior devoção nas profundezas do seu engano pagão. Visões de Jesus ou Maria podem realmente ser geradas por Iblis ou por um de seus shayatin confederados, a fim de reforçar as crenças equivocadas que reclinam sobre artigos de incredulidade, como a trindade ou a apoteose de Jesus. Ou, a um nível menor, o orgulho do incrédulo pode ser reforçado a fim de reforçar a confiança na falsidade, sufocando efetivamente a modéstia necessária para que a pessoa se volte ao Criador com franqueza e sinceridade. 





E qual foi o primeiro pecado? Esta é uma pergunta que incomoda mais novos convertidos, e também muitos muçulmanos maduros. Então, qual foi o primeiro pecado? Foi comer a fruta proibida? Não, o primeiro pecado foi o pecado do orgulho, pelo qual Iblis foi expulso do paraíso. O primeiro pecado não foi o de Adão, mas de Iblis, e a história, em resumo, é a seguinte: Iblis costumava ser um dos gênios piedosos. Ele praticava os atos de adoração com tal piedade que ganhou um lugar na companhia dos anjos, e, de fato, Allah atribuiu-lhe a supervisão do céu mais baixo. No entanto, quando Adão foi criado e os ocupantes do céu tinham sido ordenados a prostrarem-se para Adão, Iblis tornou-se orgulhoso, concebendo-se ser melhor, ponderando que os gênios foram feitos a partir do fogo sem fumaça, enquanto a humanidade foi feita do barro. O Alcorão relata a história como,  





―E quando dissemos aos anjos: ‗Prosternai-vos diante de Adão‘; então, eles prosternaram-se, exceto Iblis. Ele recusou fazê-lo, e se ensoberbeceu e foi dos infiéis‖ (TSA 2:34) 





Em uma breve análise, Allah nos informa que Iblis se recusou, o motivo era o orgulho, e o resultado foi a incredulidade. Quão rapidamente um crente pode cair da graça na descrença! E sem outra razão que não o orgulho, e o mal que este colhe. Para continuar a história,





  7:12 Allah disse: ―O que te impediu de te prostenares, quando to ordenei? Sata disse: ―Sou melhor que ele. Criaste-me de fogo e criaste-o de barro. 7:13 Allah disse; ―Então, desça dele! E nao te é admissível te mostrares soberbo nele. Sai, pois, por certo, és dos humilhados!‖ 7:14 Satã disse: ―Concede-me dilação até um dia, em que eles serão ressuscitados. 7:15 Allah disse: ―Por certo, és daqueles aos quais será concedida dilação. 7:16 Satã disse: ―Então, pelo mal a que me condenaste, ficarei, em verdade, à espreita deles, em Tua senda reta.  7:17 Em seguida, achegar-me-ei a eles, por diante e por detrás deles, e pela direita deles e pela esquerda deles, e não encontrarás a maioria deles agradecida. 7:18 Allah disse: ―Sai dele como execrado, banido. Dos que, dentre eles, te seguirem, encherei a Geena (o Inferno), de todos vós.





Como punição por seu orgulho, que obstruiu sua obediência a Allah, o Altíssimo, Iblis foi expulso do Paraíso. Depois de conseguir a prorrogação de Allah até o Dia do Juízo, Iblis prometeu desencaminhar a humanidade da ―senda reta‖. Quanto àqueles que seguirem a desorientação de Iblis, Allah promete: ―Dos que, dentre eles, te seguirem, encherei a Geena, de todos vós. Agora, voltando para a pessoa que lê estas palavras. Qual seria uma das características dominantes da humanidade, se não o orgulho? E qual a barreira que está entre a maioria das pessoas e a volta para Allah com humildade, em busca de Sua verdade? Resposta: O orgulho. E com que rapidez o orgulho pode levar uma pessoa da crença à descrença? 


Do paraíso à perdição? Muito rápido – veja acima. Quais outras fraquezas da natureza humana fornecem brechas através das quais o Shaitan pode alavancar a desobediência ao Criador? A inveja é uma. Ganância outra. Desejo, desespero, insatisfação, impaciência, paixão sexual e raiva, algumas mais. Mesmo o contentamento, se leva a pessoa à inércia. E o orgulho. No início, no final, e em todos os pontos intermediários. 





 Vejamos como isso pode funcionar. Para começar, Iblis, o Shaitan, tem prioridades. Primeiro, ele tentará levar as pessoas a cometerem kufr, ou incredulidade. Se ele não puder levar as pessoas a cometerem shirk maior, ele tentará levá-las a cometer shirk menor. Se isso falhar, ele tentará as pessoas a cometerem inovação (bida). Se isso falhar, ele tentará as pessoas a cometerem grandes pecados, e se não for possível, então pecados menores. Mas e se ele não puder levar a pessoa a cometer nem mesmo um pecado menor? Então, talvez o Shaitan tentará invalidar uma boa ação, por exemplo injetando um sentimento de orgulho, fazendo com que a pessoa se incline ao exibicionismo, ou, motivando-a através da ganância, buscando ganho mundano em vez do prazer de Allah. Todas essas motivações podem levar Allah a recusar as boas ações daquela pessoa. Para conduzir ao ponto principal, Muhammad ﷺ ensinou que as primeiras três pessoas a entrarem no Inferno, no Dia do Juízo são um estudioso, um homem caridoso, e um mártir que dedicaram as suas ações para outro além de Allah. O hadith é o que segue: 





Abu Hurairah narrou que o Profeta ﷺ disse: ―Em verdade, Allah, o Excelso, descerá aos Seus servos, no Dia do Juízo Final, e julgará entre eles. Todas as nações se humilharão em seus joelhos (rebaixando-se). As primeiras pessoas a serem chamadas a prestar contas no Dia da Julgamento serão [um estudioso] e recitador do Alcorão, e um mártir que foi morto na causa de Allah, e uma pessoa rica (que costumava constantemente dar a sua riqueza).


 Allah perguntará [ao erudito] e recitador do Alcorão: ‗Não fui Eu quem te ensinou o que foi revelado ao Meu Mensageiro?


‘ E ele responderá: ‗Sim‘. Então, Allah irá perguntar-lhe: ‗O que tu fizeste com que eu te ensinei?‘ Ele responderá: ‗Eu costumava recitá-lo dia após dia [e eu costumava buscar o conhecimento e ensinálo às pessoas].‘ Então, Allah irá responder-lhe: ‗Não, tu mentiste!‘, e os anjos dirão: ‗Não, tu mentiste!‘ Allah dirá então: ‗Tu só querias que as pessoas dissessem sobre ti: Ele é um [estudioso e] recitador do Alcorão, e assim foi dito!‘ E a pessoa com grande riqueza será trazida, e Allah dirá, ‗Eu não te abençoei para que não precisasses de depender de outros?‘ Ele responderá: ‗Sim!‘ Allah perguntará: ‗Então, o que tu fizeste com o que Eu te dei?‘ Ele dirá, ‗Eu cumpri com minhas obrigações familiares, e gastei meu dinheiro em caridade.‘ Então, Allah dirá: ‗Não, tu mentiste!‘, E os anjos dirão: ‗Não, tu mentiste!‘ Allah dirá, então: ‗Tu só gastaste para que as pessoas te chamassem de generoso, e assim foi dito!‘ E a pessoa que morreu no caminho de Allah será questionada, ‗Como morreste?‘ Ela responderá, ‗Ó meu 





Senhor! Eu fui ordenado a fazer Jihad no Teu caminho, então eu lutei até que fui morto!‘ Allah dirá: ‗Não, tu mentiste!‘, e os anjos dirão, ‗Não, tu mentiste!‘ Allah dirá, então: ‗Tu só lutaste para que fosse dito de ti: Ele tem uma grande coragem,  e assim dito!‘ Então, o Profeta ﷺ bateu em meu joelho e disse: ―Ó Abu Hurairah! Estas são as três primeiras pessoas da criação de Allah que o fogo do Inferno consumirá no Dia do Juízo!





O ponto é que as boas ações, se dedicadas a outro além de Allah, serão rejeitadas – mais um exemplo de ações julgadas por intenções. E se estudiosos, caridosos e mártires não estão a salvo de intenções equivocadas, então quem está? 





Se tudo isso falhar, Iblis pode tentar aliviar a pessoa na complacência, pois a sensação de bem-estar (a crença de excesso de confiança em ter feito suficientes boas ações) pode ser o primeiro passo para afastar uma pessoa da grandeza da piedade. Aqueles que não podem ser levados à ruína completamente, Iblis pode tentar derrubar pouco a pouco. 





Mas se uma pessoa persistir no caminho da justiça, mesmo assim, o Shaitan não desiste, pois ele ainda pode causar impacto distraindo a pessoa da realização de boas ações de maior valor para boas ações de menor valor. Afinal de contas, há muitas horas no dia. 





Portanto, a pessoa deve estar vigilante e não desesperar. Saber que uma vida de piedade equivale a uma vida de luta contra as forças do mal ajuda a pessoa a se preparar para a luta, na qual Iblis mantém o homem em uma combinação entre as tentações externas e desejos internos. Saber que Iblis nunca desiste até que a alma deixe o corpo também ajuda a pessoa a se comprometer com paciência e firmeza. E saber que Allah criou a humanidade imperfeita ajuda a pessoa a evitar o desespero, pois o teste de fé de uma pessoa, na beneficência de Allah, não reside em alcançar o inalcançável (ou seja, a perfeição), mas sim em confiar que Allah aceitará nossa tawbah (arrependimento) quando o erro é cometido. O problema em não reconhecer a tendência humana de errar faz com que as pessoas vejam a religião como dieta. Uma vez que violam a dieta, mesmo com uma única folha extra de alface, supõem que a arruinaram, que está tudo acabado, então poderiam, muito bem, terminar a caixa de biscoitos e os chocolates também. Isto pode ser o que ocorre em relação às dietas, mas não é a maneira da religião, pois, nas palavras de Yaqub (Jacó), ―Por certo, não se desespera da misericórdia de Allah senão o povo renegador da Fé. (TSA 12:87) 





O fato é que Allah poderia ter criado a humanidade livre de erros, como os anjos. No entanto, ao contrário dos anjos, aos humanos foi dado o livre arbítrio, com o objetivo de nossa existência servir e adorar a Allah voluntariamente, e retornar a Ele em arrependimento quando em erro. 





Para alguns, no entanto, isso não é suficiente. Para alguns, a vida é governada por uma constante procura por um significado maior da existência. Estes indivíduos são frequentemente atraídos para o misticismo, porque através do misticismo eles sentem que alcançaram uma consciência espiritual elevada e uma proximidade com Allah. Aqui entra o Shaitan mais uma vez. Tendo já discutido o primeiro pecado de Iblis, qual foi o primeiro pecado de Adão?


 Todos conhecem a história de comer da árvore do fruto proibido, mas por que, exatamente, Adão fez isso?


 Qual foi sua motivação? Encontramos a resposta no Alcorão, Surah 7, Ayah 20-21, onde foi registrado que Iblis aconselhou Adão, 





 ―‗Vosso Senhor não vos coibiu desta árvore senão para não serdes dos anjos ou serdes dos eternos.‘ E jurou-lhes: ‗Por certo, sou para ambos de vós um dos conselheiros‘. 





E Adão acreditou nele. Apesar do fato de que Allah já havia advertido Adão contra Iblis (Quando Allah chamou Adão, fez a seguinte pergunta retórica: ―Não vos coibi a ambos desta árvore e não vos disse que Satã vos era inimigo declarado?‖ TSA 7:22). Tudo isso pode levar uma pessoa a razoar que a natureza do homem, desde o início, é tal que o seu senso de razão pode ser dominado por sua ânsia por estados espirituais mais elevados (isto é, o dos anjos ou ―do imortal‖). E Shaitan continua a usar essa fraqueza contra muitos muçulmanos, como fez com Adão. 





E como Adão, os muçulmanos foram avisados.  





No entanto, ao longo do tempo, sempre houve aqueles ansiosos para morder a maçã do misticismo e da apoteose. Alguns ficaram tão entusiasmados que extrapolaram na religião, atribuindo divindade a elementos da criação de Allah. Uma seita do Judaísmo costumava considerar Uzair (Esdras) o Filho de Deus, muitos cristãos reverenciam Jesus Cristo como o Filho de Deus, ou como parceiro na divindade, e alguns membros do extremismo xiita foram tão longe que deificaram Ali. Grupos maiores, no entanto, desviaram das leis do Judaísmo, Cristianismo e Islam através de movimentos da Reforma, gnósticos e sufis, respectivamente, como discutido anteriormente. O fato de que estas tendências são compartilhadas entre todas essas três religiões abraâmicas sugere que Iblis encontrou uma abordagem para desorientar esses assuntos, e manteve repetindo-os ao longo das religiões, e ao longo dos tempos – ―Abrace o misticismo, abandone a lei; abrace o misticismo, abandone a lei; eu sou seu sincero conselheiro.



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