Termos em árabe:
· Qiblah - A direção em que se orienta durante as orações formais.
· Halal - Permitido.
A importância de aprender as regulações islâmicas sobre a alimentação
Meat-of-the-People-of-the-Book-(part-1-.jpgPara os muçulmanos, ainda existe muita confusão em torno da questão dos alimentos e da carne que é vendida nos mercados e que é consumida nos restaurantes do Ocidente. A questão do sacrifício de animais não é um assunto mundano no qual o indivíduo possa agir como deseja, ele é considerado um ato de adoração. O Mensageiro de Allah (que a misericórdia e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) disse:
“Quem reza nossa oração, orienta sua face em direção a qiblah e come nossos animais sacrificados, é um crente e está sob a proteção de Allah e de Seu Mensageiro.”[1]
Este hadith do Mensageiro de Allah é claro; o sacrifício de animais ocupa um lugar importante no Islam. O Profeta contava o sacrifício de animais como a oração e a orientar-se em direção a qiblah.
Duas categorias de alimentos
Vegetais e frutas
Naturalmente, nem as frutas nem os legumes têm regulações especiais para o abate. Por consenso dos estudiosos, eles são halal e permissíveis independentemente de quem os cultivou ou possuiu, desde que sejam saudáveis e livres de impurezas. Portanto, um muçulmano pode comê-los, mesmo que eles venham de pessoas de outras religiões.
A carne de animais se divide, por sua vez, em duas categorias: frutos do mar e animais terrestres.
Frutos do mar
De acordo com os sábios, os frutos do mar são halal em geral, independentemente de onde foram capturados. Visto que os pescados não requerem procedimentos especiais de sacrifício, são considerados lícitos. Isto inclui camarões e lagostas, segundo a grande maioria dos estudiosos. Algumas exceções são:
· Crocodilos
· Rãs
· Lontras e tartarugas (porém são halal depois de sacrificados)
Carnes proibidas de animais domésticos
É permitido comer a carne de um animal selvagem (ou seja, não domesticado) se os pré-requisitos de caça forem cumpridos.
É permitida a carne de animais domésticos com a condição de terem sido abatidos em conformidade com as diretrizes islâmicas. Caso se enquadre numa das categorias mencionadas no versículo seguinte, se torna proibido:
“Estão-vos vedados: a carniça, o sangue, a carne de suíno e tudo o que tenha sido sacrificado com a invocação de outro nome que não seja o de Allah...” (Alcorão 5:3)
Ibn ‘Abbas narrou que o Mensageiro de Allah proibiu comer todos os animais carnívoros que tenham dentes caninos feitos para desgarrar a carne (ou seja, animais de rapina, como cães e raposas) e todos os pássaros com garras (como águias e falcões).[2]
Elementos do procedimento islâmico para o sacrifício
· O que deve ser cortado:
· Duas veias jugulares (vasos sanguíneos largos do pescoço)
· A garganta (canal de respiração; traqueia)
· O Esôfago (tubo que passa os alimentos e a água; garganta)
· É permitido usar qualquer instrumento capaz de sangrar o animal, seja de aço, ferro, pedra afiada ou madeira, exceto osso, dente ou unha. O instrumento deve ser afiado. É desencorajado o uso de um instrumento contundente para que o animal não seja afligido ou sofra desnecessariamente.
Sabedoria por trás das regras islâmicas do sacrifício
A sabedoria das regras islâmicas para o sacrifício é tirar a vida do animal da maneira mais rápida e menos dolorosa; os requisitos de usar um instrumento afiado e cortar a garganta estão relacionados com este fim. É proibido cortar a garganta com dentes ou unhas, pois isso causará dor ao animal e é provável que o estrangule. O Profeta recomendou afiar a faca e acalmar o animal, dizendo: "Allah ordenou a bondade em tudo, e quando você sacrificar, faça-o da melhor maneira, afiando primeiro a faca e acalmando o animal.”[3]
Pronunciar Bismillah é um pré requisito?
Primeiro, esta prática se opõe a prática dos idólatras antes do Islam, que mencionavam os nomes de seus ídolos inexistentes enquanto sacrificavam.
Segundo, os animais, como os seres humanos, são criaturas de Allah e são seres vivos. Portanto, é importante dizer "Bismillah" antes de tirar a vida de um desses animais, pois essa prática equivale a obter permissão de Allah. Mencionar o nome de Allah ao sacrificar o animal é uma declaração desta permissão divina, como se aquele que sacrifica o animal dissesse: "Este meu ato não é um ato de agressão contra o universo ou de opressão desta criatura, mas em nome de Allah eu sacrifico, em nome de Allah eu caço, e em nome de Allah eu me alimento."
Segundo a maioria dos sábios muçulmanos, é necessário pronunciar Bismillah já que do contrário a carne se torna proibida. Isto se baseia nos versículos 6:121, 5:4, 22:34, 22:36, 6:138, 6:119. O Profeta Muhammad disse: "Assim que sacrifiquem em nome de Allah." [4]
Quem está qualificado para sacrificar?
O muçulmano, o judeu e o cristão estão qualificados para realizar o sacrifício. Segundo a grande maioria dos sábios, a carne sacrificada por um judeu, ou um cristão deve cumprir os mesmos critérios que as de um muçulmano. Se não são cumpridos esses critérios, então a carne será considerada como a de um "animal morto" ou similar.
Objeção comum
Algumas pessoas dizem que enquanto o Povo do Livro considerar que o que mataram (por choque ou elétrico, etc) é halal e o considerem permissível em sua religião, é halal para os muçulmanos.
Isto é incorreto, porque:
(a) Allah nos proibiu um animal que tenha sido estrangulado ou sufocado até a morte (por exemplo, amarrando uma corda), ou golpeado até a morte por uma marreta como indicado no Alcorão 5:3, e todos os sábios muçulmanos concordam com sua proibição. Portanto, um animal abatido por um judeu ou cristão sem o devido processo será considerado proibido e a carne será proibida assim como a carne de porco, e não faz diferença se é um muçulmano que estrangula ou espanca o animal até a morte ou se é outra pessoa. De acordo com o Alcorão 5:3 está proibido.
(b) A carne de porco é consumida pelos cristãos, porém nenhum sábio a considera permitida. Da mesma forma, é proibida a carne de um animal que tenha sido morto por um judeu ou cristão ao quebrar o pescoço ou de qualquer outra forma que não satisfaça os critérios islâmicos de sacrifício. Por quê? Porque todos eles - carne de porco, carniça, animais estrangulados ou espancados até à morte - foram proibidos por Allah, no mesmo versículo do Alcorão (5:3). O versículo não faz distinção entre o porco, um animal morto por estrangulamento, atordoado/eletrocutado, golpeado até à morte ou cuja cabeça seja esmagada.
Termos em árabes:
· Shariah – Lei islâmica.
· Halal - Permitido.
· Haram - Proibido.
Procedimento nos matadouros do Ocidente
Existem muitas provas documentadas dos procedimentos dos matadouros no Ocidente:
Procedimentos Avícolas
· Encarceramento:
No matadouro as aves permanecem nos caminhões sem comida nem água entre 1 e 9 horas, às vezes até mais, esperando serem sacrificadas. No interior da planta, na zona "live -hang", ficam presas numa grelha de metal que as segura de cabeça para baixo pelos pés.
· Tanque atordoador para imobilização elétrica:
As cabeças e o tronco das aves são arrastados através de um canal de água chamado "atordoador". Esta água é fria e salgada para conduzir eletricidade. O propósito é imobilizar as aves, evitar que se golpeiem e paralisar os músculos de suas asas para que possam sair facilmente. Às vezes a máquina para e o frango fica pendurado durante horas.
· Corte do pescoço:
Depois de ser arrastado pelo banho atordoador, as aves são degoladas parcialmente por uma lâmina rotativa e/ou cortador manual. Muitas vezes as artérias são perdidas porque estão embutidas no pescoço da ave.
· Túnel de sangria e tanque de escaldamento:
Ainda vivas - a indústria mantém intencionalmente as aves vivas durante o processo de abate para que os seus corações continuem bombeando sangue - são pendurados de cabeça para baixo durante 90 segundos num túnel onde supostamente morrem devido à perda de sangue, mas milhões de aves não morrem, e muitas delas afogam-se em piscinas de sangue, quando a correia transportadora passa muito próxima do solo. Vivas ou mortas, as aves são atiradas em tanques de água semi-escaldada. Em 1993, dos 7 bilhões de aves abatidas nas instalações dos EUA, mais de 3 milhões foram submersas vivas em tanques escaldantes [1]. Segundo um ex trabalhador de matadouro, quando as aves são escaldadas vivas, "elas caem, gritam, chutam e saem os olhos das cabeças. Elas saem do outro lado com os ossos quebrados, sem algumas partes do corpo ou desfiguradas, devido ao esforço que fazem no tanque."
· Pela perspectiva da Shariah, este método é problemático devido as seguintes razões:
(a) O atordoamento pode levar à morte. Algumas estimativas indicam que até 90% das galinhas morrem eletrocutadas. Se assim for, então o frango estará morto antes de seu pescoço ser cortado e, portanto, será considerado carniça.
(b) As lâminas das máquinas para cortar os pescoços muitas vezes não tocam no pescoço e o cortam parcialmente. A indústria avícola tem um nome especial para este tipo de frango, "peles vermelhas". Eles então são mortos no tanque escaldante. Estas galinhas também serão consideradas carniça.
(c) Quando a máquina está cortando as gargantas, não é possível pronunciar Bismillah para cada galinha. No máximo, a pessoa pode pronunciar antes de ligar a máquina. Pronunciar Bismillah no momento do abate é um requisito para que a carne do animal seja halal.
Procedimentos pecuários
Antes de serem abatidos, os gados bovinos do Ocidente são mantidos no que chamam de feedlot ou "cidade das vacas". Em vez de pasto, eles são alimentados com milho, que é barato, para que engordem em um curto período de tempo. O milho cria problemas de saúde, por isso são administrados antibióticos. Há até 100.000 animais em algumas centenas de hectares. As vacas têm pouco espaço para ficar de pé, dormem e descansam sobre o estrume. A primeira coisa que fazem quando chegam ao matadouro é remover o estrume. É um processo difícil, alguns se misturam com a carne. O estrume contém E-Coli e outros agentes patogênicos. E isso contamina a carne.
Nos EUA, por lei, o gado deve ser atordoado por um choque elétrico, gás, golpe na cabeça com um martelo, ou um tiro entre os olhos com um parafuso de mola (denominado "sistema de êmbolo cativo") antes de ser pendurado de cabeça para baixo e abatido pela garganta. Durante esta fase do processo, apenas duas veias jugulares são cortadas e o esôfago e o trato respiratório são deixados intactos.
Este é um procedimento típico: um homem segurando um objeto que se parece com uma pistola de pregos, chamada de aturdidor, injeta um parafuso de metal no cérebro da vaca, bem entre os olhos. Com o tamanho e comprimento de um lápis grosso. Isto deveria fazer com que o cérebro do animal morra.
Um animal atordoado é halal, depois de ser abatido por um muçulmano, judeu ou cristão? Em alguns casos, os animais morrem antes de serem sacrificados, o que os torna haram. Os sábios que já presenciaram alguns desses procedimentos duvidam que o animal esteja vivo depois de ter sido alvejado entre os olhos. Em alguns casos, choque elétrico e inalação de gases tóxicos também causam morte por asfixia. Esta parece ser uma área de pesquisa para os especialistas muçulmanos. No mínimo, atordoar os animais desta forma é uma prática duvidosa e vale a pena mencionar que os judeus não a realizam.
O consumo de carne vendida em mercearias ocidentais não pode ser considerado halal pelas seguintes razões:
(a) Não há forma de saber a religião da pessoa que faz o sacrifício, já que muitas pessoas que trabalham nos matadouros são hindus, sikhs, budistas, ateus ou não têm religião.
(b) Embora a maioria das pessoas que vivem na área onde o matadouro está localizado sejam do Povo do Livro, não há como saber se aquele que faz os sacrifícios é apenas alguém com um nome cristão, já que muitas pessoas no Ocidente hoje em dia têm nomes cristãos, mas não o são.
(c) Mesmo que se assuma que a pessoa é cristã, a maioria dos métodos usados em matadouros tornaria o animal completamente haram ou pelo menos duvidoso (como as vacas atordoadas).
Dadas as considerações anteriores, não é permitido que um muçulmano compre sua carne em mercearias no Ocidente a menos que exista a certeza de que a carne tenha sido sacrificada de acordo com as normas da Shariah.
'Adi ibn Hatim narrou: "Perguntei ao Mensageiro de Allah sobre a caça. Ele disse: "Quando lançares a flecha recita o nome de Allah; e se descobrirem que a flecha matou, comam, exceto quando encontrem o animal caído na água, pois nesse caso não saberão se foi a água que causou a sua morte ou a sua flecha." [2]
Este hadith indica: existem alguns indícios se a carne é halal e outros de que é haram, neste caso terão preferência os indícios de que é haram. Além disso, se considera que a carne é ilícita, até que se demonstre que é halal, como mencionam muitos juristas.
E se não soubermos se o nome de Deus foi pronunciado na carne sacrificada por um judeu ou cristão??
Sem nenhuma controvérsia acadêmica, está permitido consumir em tal caso.
Carne sacrificada por pagãos, hindus e ateus
Os eruditos estão de acordo que essa carne sacrificada é haram e não se pode comer.
Se o hindu ou politeísta não sacrifica a carne, ele próprio, e compra carne halal, então pode comê-la.
O que faço se não sei quem sacrificou, nem como, a carne encontrada em mercado ou restaurante?
(i) Se estiver num país de maioria muçulmana, pode comprar a carne no mercado e comê-la sem nenhum inconveniente, inclusive se não sabe o nome da pessoa que a abateu ou se foi feita de acordo com a Shariah. Isto porque se supõe que, o que é encontrado em terras muçulmanas, cumpre os critérios estabelecidos pela Shariah.
Uma pessoa comentou ao Profeta que recebeu carne e não sabia se haviam pronunciado o nome de Allah sobre ela. O Profeta orientou que dissessem "Bismillah" e que comessem.
(ii) Em um país onde a maioria das pessoas não são judeus nem cristãos, a carne não pode ser comprada nos mercados e não pode ser consumida, a menos que se determine ou tenha boas razões para crer que foi devidamente sacrificada por um muçulmano, um judeu ou um cristão.
(iii) Se está em um país onde se encontra carne halal e haram, então não é permitido devido a dúvida; porque em um cenário onde o halal e o haram coexistem, se dá preferência (na regra) ao haram; portanto, devemos evitar tais carnes. Esta é a posição da maioria dos eruditos. Se baseia em um hadith de 'Adi que perguntou: "Suponhamos que enviei meu cachorro, porém eu encontrei outro cachorro no campo, e eu não sei que cachorro peguei. O Profeta respondeu: 'Não coma, porque embora você tenha mencionado o nome de Allah sobre seu cão, você não o mencionou sobre o outro cão.'"
(iv) Se você está em um país onde a maioria da população é judia e cristã, a regra original é a mesma que a dos países muçulmanos, pois sua carne é permitida assim como a dos muçulmanos. Mas, quando se sabe com certeza ou há uma boa razão para acreditar que eles não sacrificam de acordo com os critérios estabelecidos pela Shariah então a carne não pode ser comida a menos que tenha sido provado que foi devidamente abatida. Este é o caso predominante nos países ocidentais, como afirmam muitos estudiosos que viveram aqui ou que pesquisaram este tema.
Conselhos práticos
· Busque as lojas muçulmanas halal em sua área ou cidades vizinhas.
· Entre em contato com sua mesquita local ou peça a seus amigos muçulmanos informação sobre as lojas que vendem carne halal.
· Em relação às carnes sacrificadas por judeus e cristãos, deve-se ter cuidado para que as carnes não sejam processadas. Se são processadas, é necessário ler a etiqueta dos ingredientes. Em muitos casos é colocado álcool (vinho tinto/vinho branco) aos produtos para amaciar e dar sabor.
· Você pode comprar carne crua marcada como kosher nas mercearias locais.