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92 Parte I – História do Al-Qur’án


A fase seguinte mencionada no versículo é referida pela palavra árabe


“Mudghah”, que tem como signifi cado “uma substância mastigada”. O Dr.


Moore exemplifi cou isto colocando marcas dos seus dentes num pedaço de


plasticina, assemelhando ao embrião no seu 28º dia.


Se alguém levar um pedaço de pastilha e mastigá-lo deixando marcas dos seus


dentes, e de seguida compará-lo com o embrião nesta fase, poderá facilmente


concluir que o mesmo se parece com “algo mastigado”. Isto acontece devido


a certas marcas que existem nas “costas” do embrião, algo que se assemelha


a marcas de dentes numa substância mastigada.


Após adquirir novos conhecimentos através do Al-Qur’án, Moore compilou


uma nova edição do seu livro em 1992 (a terceira edição do mesmo), com


o qual foi premiado pelo melhor livro em medicina escrito por um único


autor. Os seus trabalhos continuam sendo utilizados actualmente por muitos


estudantes desta área.


m) PERÍODO DE GESTAÇÃO E AMAMENTAÇÃO DO SER HUMANO


Segundo o Al-Qur’án, o tempo mínimo de gestação é de 6 meses e o período


completo de lactação é de 24 meses; assim, entre a concepção e a ablactação


decorrem 30 meses.


Esta matéria também condiz com a ciência moderna, segundo a qual o tempo


máximo de amamentação ocorre quando a criança completa a sua primeira


dentição (conhecida como “dentes de leite”) e isso acontece aos 24 meses,


quando surgem os segundos molares. Nesta altura, ela já está apta para mastigar


os alimentos e tornar-se independente do leite materno e outros líquidos.


Vejamos os versículos que se referem a esta matéria:


“E recomendamos ao homem benevolência para com os seus pais; com


dores, sua mãe o carrega durante a sua gestação e, posteriormente, sofre as


dores do seu parto. E de sua concepção até à sua ablactação há um espaço


de trinta meses.” [Al-Qur’án 46:15]


“As mães amamentarão os seus fi lhos durante dois anos inteiros, aos quais desejarem


completar a lactação, devendo o pai mantê-las e vesti-las equitativamente;


ninguém é obrigado a fazer mais do que aquilo que está ao seu alcance.”


[Al-Qur’án 2:233]


História do Al-Qur’án, do Hadice e da Bíblia 93


“E recomendamos ao homem benevolência para com os seus pais. Sua mãe o suporta,


entre dores e dores, e sua desmama é aos dois anos.” [Al-Qur’án 31:14]


CONCLUSÃO


As evidências científi cas existentes no sagrado Al-Qur’án provam claramente


a sua origem Divina. Nenhuma criatura poderia preparar um livro como este


que contivesse factos científi cos tão profundos, que vieram a ser comprovados


apenas séculos mais tarde.


Como é possível que os árabes tivessem conhecimento destes e doutros factos


não mencionados aqui, há mais de 1400 anos, factos esses que foram descobertos


apenas recentemente, graças à utilização de aparelhos ou equipamentos


modernos e sofi sticados, criados após muitos anos de intensa pesquisa e investigação


científi ca?


Quem ensinou tudo isso a um iletrado como o profeta Muhammad ? Como


poderia ele preparar um livro tão perfeito como o sagrado Al-Qur’án?


A resposta vem-nos imediatamente: Foi ALLAH Quem lhe ensinou (revelou),


pois este é o verdadeiro Livro Divino. É este tipo de argumentação que se


utiliza no sentido de provar a origem Divina do Al-Qur’án, que vem confi rmar


também a profecia de Muhammad .


ALLAH revelou tudo isso no Seu sagrado Livro, pois chegaria um tempo


em que todas essas realidades provenientes dum Conhecimento Brilhante


e Infi nito seriam desvendadas e observadas e, consequentemente, seriam


testemunhadas por aqueles que são verdadeiramente sensatos:


“De pronto lhes mostraremos os Nossos sinais em todas as regiões (da Terra),


assim como em suas próprias pessoas, até que lhes seja esclarecido que ele


(Al-Qur’án) é a verdade.” [Al-Qur’án 41:53]


“E os que foram agraciados com a sabedoria, sabem que o que te foi revelado


por teu Senhor é a verdade, e que isso conduz à senda do Poderoso – o Digno


de Louvores.” [Al-Qur’án 34:6]


Portanto, o Al-Qur’án não é um livro de “ciências” (no sentido moderno) mas


sim um livro de “sinais”, que servem para convidar o Homem a compreender


a razão da sua existência aqui na Terra e de viver em harmonia de acordo


com as leis contidas neste Livro.


94 Parte I – História do Al-Qur’án


Algumas pessoas aceitam o Isslam com apenas um desses sinais, outras requerem


dezenas, enquanto que outras ainda, mesmo que lhes sejam apresentados


centenas ou milhares de sinais sobre a origem Divina deste grande Livro, não se


manifestam desejosos de aceitar a Verdade. Esse tipo de mentalidade “fechada”


é condenada no sagrado Al-Qur’án através do seguinte versículo:


“São surdos, mudos, cegos e não se retraem do erro.” [Al-Qur’án 2:18]


“Todavia, a cegueira não é a dos olhos, mas a dos corações que estão em


seus peitos.” [Al-Qur’án 22:46]


INTERPRETAÇÃO DO AL-QUR’ÁN E


SUA INTERLIGAÇÃO COM O HADICE


O Al-Qur’án proporciona um código de vida completo e princípios orientadores


compreensivos para toda a humanidade, a fi m de salvá-la dos males que possam


surgir. Porém, para a perfeita compreensão destes princípios é necessário uma


tradução e interpretação correctas deste sagrado Livro.


É sabido que o Al-Qur’án não foi enviado aos muçulmanos duma forma


directa, para que cada um começasse a ler, compreender e pô-lo em prática


individualmente e como desejasse. Antes da sua revelação, foi escolhido e


preparado um mensageiro cuja função e objectivo era de ensinar, explicar e


guiar todos os povos vindouros.


Repetidamente foi proclamado que o profeta Muhammad  não só recitaria


os versículos do Al-Qur’án, como também explicaria profundamente o seu


signifi cado, demonstrando na prática o modo de vida ordenado por ALLAH,


conforme consta no seguinte versículo:


“E a ti revelamos o Livro, para que expliques às pessoas o que lhes foi revelado


e para que elas refl ictam.” [Al-Qur’án 16:44]


Assim, o Al-Qur’án é o Livro de orientações gerais e os Hadices, que


representam as tradições práticas ou verbais do Profeta , são a explicação e


elucidação das ordens proclamadas no Al-Qur’án. ALLAH diz:


“ALLAH agraciou os crentes ao fazer surgir de entre eles um mensageiro, que


lhes recita os Seus versículos, purifi ca-os, ensina-lhes o Livro e a sabedoria,


após terem estado em fl agrante ignorância.” [Al-Qur’án 3:164]


História do Al-Qur’án, do Hadice e da Bíblia 95


Neste versículo fala-se de recitar os versículos e ensinar o Livro, que são


duas coisas diferentes. Ensinar o Livro quer dizer esclarecer o signifi cado


dos seus versículos.


Assim como os versículos do Al-Qur’án representam uma prova, o seu


signifi cado dado pelo Profeta  também é uma prova, pois não é possível


guiar-se através do Al-Qur’án sem a respectiva explicação.


Sem os Hadices, torna-se bastante difícil compreender o Al-Qur’án, daí a


sua importância na interpretação e explicação do mesmo. Além disso, o Al-


Qur’án repetidamente nos ordena a obedecer a ALLAH e o Profeta .


O Profeta  explicou o signifi cado dos versículos e demonstrou-os na


prática, fi cando deste modo esclarecida qualquer ordem Divina proclamada


no sagrado Al-Qur’án.


Por exemplo, quando ALLAH ordenou a prática do Salát, foram mencionadas


somente alguns dos seus componentes como Quiyám, Quirát, Rukú e Sajdah;


os restantes pormenores tais como os horários, o número de Rakátes e a


própria forma de praticar os diferentes Salátes não foram mencionados. Esses


aspectos foram detalhados pelo Profeta .


A respeito do Salát, o Al-Qur’án diz apenas: “Cumpri o Salát assiduamente”.


Qualquer um pode interrogar-se: Como cumprir? Qual o método correcto


para praticá-lo?


O Profeta  praticou o Salát e, de seguida, disse: “Cumpri o Salát da forma


como vós me vistes a cumprir”. Além da demonstração prática, ele dava


ainda explicações acerca de como o Salát deve ser praticado.


O mesmo aconteceu com o Haj – a peregrinação à Makkah – que foi prescrito


no Al-Qur’án como um dever religioso, mas o seu método e formalidades não


foram defi nidos. Depois de revelada a ordem Divina, o Profeta  mostrou


pessoalmente a forma correcta de praticar o Haj.


Na ocasião do Haj de despedida e na presença de todos os peregrinos, o


Profeta  declarou abertamente em Arafah: “Ó gente! Aprendei de mim


os rituais e cerimónias de Haj, pois é possível que eu não esteja convosco


depois deste ano”.


Com as práticas de Jejum, Zakát e de outros rituais legitimamente isslâmicos


também aconteceu o mesmo.


96 Parte I – História do Al-Qur’án


A linguagem do Al-Qur’án é de natureza Divina e, portanto, o seu signifi cado,


interpretação e objectivo para o qual várias palavras e frases foram utilizadas


no seu texto são melhores conhecidas por ALLAH e a seguir pelo Seu


mensageiro, através de inspiração Divina.


Deste modo, os versículos do Al-Qur’án e o respectivo signifi cado provêm


somente de ALLAH; ao Profeta  coube apenas a transmissão de ambos. Por


isso, sejam estas verbais ou práticas, são de importância vital neste contexto.


Portanto, conclui-se naturalmente que se qualquer signifi cado ou interpretação


que seja atribuído a alguma parte do Al-Qur’án não vai ao encontro directo das


palavras do Profeta , então não pode ser considerado autêntico nem correcto.


Será apenas uma mera opinião ou comentário dogmático de alguém que


se acha erudito na matéria, não sendo digno de confi ança, tomando em


consideração a proibição declarada pelo Profeta  acerca de comentários


dessa natureza.


Abdullah ibn Abbass  narra que Rassulullah  disse: “Quem expressar a


sua opinião pessoal na explicação do Al-Qur’án ou dizer algo que não sabe,


(esse) que considere ter preparado para si próprio o seu lugar no Inferno”.


[Musslim]


Isto signifi ca que interpretar errada ou propositadamente o Al-Qur’án e fazêlo


sem conhecimento é um pecado bastante grave e deve ser evitado a todo


o custo. Os grandes e nobres companheiros do Profeta  tinham o máximo


cuidado quando lhes era pedido para comentar alguns versículos do Al-Qur’án


sob forma de explicação.


Abu Bakr  costumava dizer: “Onde haverá espaço para mim por baixo do


céu e onde haverá lugar para mim sobre a terra, se eu me atrever e dizer algo


que não sei a respeito da palavra de ALLAH (Al-Qur’án)”.


E o Profeta  disse: “Quem interpretar o Al-Qur’án sem conhecimento correcto,


esse que prepare a sua morada no Fogo do Inferno”. [Tirmizhi]


Uma vez que o texto do Al-Qur’án é absoluto, a sua interpretação feita pelo


Profeta  também é absoluta, caso contrário, não haveria razão de ele ser


incumbido por ALLAH como explicador do Al-Qur’án.


E como o Al-Qur’án é a última palavra de ALLAH e Muhammad  o Seu último


mensageiro, é essencial que este Livro se mantenha intacto e inalterado em todas


as eras, até ao Fim do Mundo, razão pela qual ALLAH tomou a responsabilidade


História do Al-Qur’án, do Hadice e da Bíblia 97


de preservá-lo, assim como também é de importância vital conservar e difundir a


explicação verbal e prática do Al-Qur’án dada pelo Profeta .


Portanto, os Hadices e o Sunnat são interpretações do Al-Qur’án e são indispensáveis


para a sua explicação.


O ESTATUTO DO AL-QUR’ÁN


Enquanto que os cristãos crêem que a palavra eterna de Deus se encarnou


em Jesus Cristo, para os muçulmanos, essa palavra foi revelada sob forma


de Livro, muito especial e conhecido por Qur’án Al-Karim – o nobre Al-


Qur’án, que representa a base do Isslam, pois é a última palavra de ALLAH


revelada como orientação para o resto da humanidade – Al-Hudá.


O Profeta  utilizava uma bela comparação para explicar o estatuto do Al-


Qur’án, ao dizer que este Livro é como uma corda que faz a ligação entre o


Céu e a Terra, entre ALLAH e os crentes.


A rica linguagem que está patente no Al-Qur’án estabeleceu o critério para a


literatura árabe. Os seus versículos ornamentam as mesquitas, edifícios particulares


e públicos, capas de livros, etc., através da arte criativa da caligrafi a.


O Al-Qur’án é o porta-voz de ALLAH; por isso, após a conclusão de cada


recitação, o leitor declara que “ALLAH Todo-Poderoso falou a verdade”. A


dinâmica da sua expressão é excitante para todos os corações, fazendo rolar


lágrimas de alegria e esperança nos homens e mulheres.


É uma revelação para todas as eras e circunstâncias, penetrando em todos os


aspectos da vida do crente, da comunidade e no quotidiano de cada um. O


conteúdo das lições que daí se extrai, serve para cultivar uma vida exemplar aqui


neste mundo, preparar para o Julgamento Final e para a vida após a morte.


Quando as suas majestosas palavras são recitadas, o processo fi siológico da


audição desperta uma reacção emocional, mas o impacto espiritual que se


estimula sobre o crente, excita uma variedade de experiências religiosas.


Essas experiências não são meras proezas (acções) da pessoa que o recita,


mas sim uma dádiva da graça de ALLAH. Por outras palavras, o Al-Qur’án


é um meio fundamental através do qual o crente tem esperança em descobrir


pela prática, o encontro com o Criador em qualquer dos Seus atributos.


Através do Al-Qur’án, ALLAH coloca a Sua bênção à nossa disponibilidade. Na


verdade, este sagrado Livro é o mediador entre ALLAH e a humanidade.


98 Parte I – História do Al-Qur’án


De entre as diferentes avenidas através das quais chegamos a compreender


algo acerca do estatuto do Al-Qur’án, devemos enfatizar a sua função ética


e social, que atesta (sustenta) a sua importância na civilização moderna e


actual, assim como o fez no passado e durante vários séculos.


Apesar da ciência e da tecnologia terem removido a barreira da distância


e do tempo entre o Oriente e Ocidente, “reduzindo” assim o nosso mundo


numa comunidade global, parece-nos que a humanidade está cada vez mais


dividida devido às diferenças étnicas e culturais.


Enquanto que a ciência e a tecnologia são responsáveis pela confl uência das


pessoas nas grandes cidades do mundo, não foram efectivos em trazer uma


transformação positiva na vida e reconciliação das pessoas, numa irmandade


comum sob um Único Criador.


De facto, alguns acham que embora esses dois factores conseguiram trazer o


fenómeno “sociologia” da confl uência das pessoas através de meios modernos


de comunicação e transporte, está fora do seu alcance e para além do seu


poder, iniciar uma mudança fundamental na vida do ser humano.


Não restam dúvidas de que existem muitos que colocam toda a sua fé na


ciência e no materialismo, sob a falsa suposição de que esses feitos do


Homem têm poder de salvá-lo.


A razão principal que está relacionada com as diferença básicas entre as


pessoas, causadas pela ganância, conduta imoral, diferença étnica, económica


e religiosa, é devido à nossa indiferença com Deus. Durante séculos, o Al-


Qur’án vem clamando ao mundo para se arrepender e voltar com coração


contrito, pois Deus é Misericordioso e Compassivo.


O grande paradoxo do mundo moderno é o facto de que, apesar de termos


sido trazidos próximos um do outro como uma experiência social, somos


pessoas divididas num mundo já fragmentado.


A questão é que nós nos tornamos irracionalmente envolvidos com uma falsa


noção de direitos e liberdades, esquecendo-nos de que o direito de ALLAH deve


ser prioritário. Somente n’Ele é que encontraremos respostas certas para isso.


Socialmente, o Mundo ostenta grandes comunidades com diferenças étnicas


e culturais. Apesar de se transparecer um sentido de unidade pelo facto dos


cidadãos declararem lealdade a uma bandeira, constituição, hino nacional


e moedas comuns, a verdadeira harmonia e união estão limitados e são


superfi ciais devido a tais diferenças.


História do Al-Qur’án, do Hadice e da Bíblia 99


Qualquer demonstração de relacionamento, cooperação e reciprocidade cultural


que pode surgir, fi cam minados pela suspeita, medo e discriminação.


Contudo, o sentido al-Qur’ânico de comunidade (Ummat) é fundamental,


distinto e ímpar, pois antes de mais, reconhece que ALLAH é o Criador e


Originador de tudo e de todos e, logicamente, aceita a analogia consequente


de que todo o ser humano partilha uma irmandade comum e tem a obrigação


de tratar a cada pessoa como se estivesse a tratar o próprio irmão.


O sagrado Al-Qur’án proclama:


“Ó Homens! Temei o vosso Senhor, que vos criou de uma só pessoa, e desta


criou sua mulher, e de ambos espalhou pela Terra muitos homens e mulheres.


E temei a ALLAH, em nome de Quem vos solicitais mutuamente, e respeitai


os laços uterinos. Por certo, ALLAH observa-vos.” [Al-Qur’án 4:1]


Este versículo enfatiza a união da raça humana; a diferença racial é algo


secundário pelo facto de que todo o ser humano é fruto do mesmo “sangue”,


criados pelo mesmo Deus.


ALLAH criou-nos em nações e tribos diferentes para que conhecêssemos uns


aos outros e, apesar das várias diferenças que existem, o factor comum pelo


qual somos considerados nobres perante ALLAH, é a conduta de cada um.


Este é um dos textos que enfatiza o monoteísmo ético de forma implacável,


pois ninguém pode afi rmar que é obediente a ALLAH mas, ao mesmo tempo,


é incapaz de mostrar uma boa conduta aos seus semelhantes.


Indiferente da herança e estatuto social, o Profeta  não fez qualquer


compromisso em relação à igualdade entre os Homens. A nobreza não vem com


o nascimento e nem é algo que pode ser herdado, pois um simples escravo pode


ser nobre perante ALLAH se a sua conduta for aceitável pelo seu Criador.


O critério para se defi nir o bem e uma vida de êxito não está baseada naquilo


que a mente humana pode produzir através da sua habilidade científi ca e


tecnológica, mas está no quanto fi el é a pessoa em relação a ALLAH.


O Al-Qur’án ensina que ALLAH dotou o ser humano com as faculdades para


saber o que é bom e correcto, promove o processo de aprendizagem e eleva


a verdade como o maior desafi o à intuição e à razão.


O Isslam aprecia a compreensão e sabedoria com abertura e um sentido de


objectividade:


100 Parte I – História do Al-Qur’án


“O cego não é igual àquele que vê. Nem a escuridão é igual à luz.”


[Al-Qur’án 35:19-20]


O Al-Qur’án mostra-nos o caminho para sairmos da escuridão (ignorância) em


direcção à luz (sabedoria) e é a sabedoria que está direccionada à criatividade,


caridade, irmandade e, acima de tudo, à vontade de Deus.


O Isslam coloca toda a esperança e fé no Al-Qur’án como meio de salvação


da humanidade. É verdade que a ciência e a tecnologia melhoraram a vida até


um ponto signifi cativo, mas não possuem a potencialidade para a salvação


espiritual do ser humano.


As grandes guerras que têm ocorrido pelo mundo, principalmente as mais


recentes, vêm revelando a forma dramática de como a tecnologia está a destruir


a humanidade, aniquilando milhares de vidas. Também é falso argumentar


que é devido à tecnologia que temos guerras e destruição, pois aí estaríamos a


supor erradamente de que a ciência possui poderes de determinismo próprio.


O que na realidade acontece é que o ser humano foi dotado com a faculdade


racional e liberdade de opção, sendo único de entre todas as criaturas de ALLAH


que tem a habilidade de determinar o curso da ciência e da tecnologia. Portanto,


é o carácter moral e espiritual do próprio Homem que determina como a ciência


deve ser usada e tudo isso depende da qualidade da pessoa que a está a utilizar.


O Al-Qur’án elevou o ser humano ao mais nobre estatuto de entre todas as


criaturas de ALLAH, considerando-os vice-reis aqui na terra; por isso, têm a


obrigação moral de cumprir com a vontade de Deus.


Ao utilizar a ciência e a tecnologia, o ser humano deve saber que a vontade


de ALLAH está acima de tudo. Como vice-reis, são chamados a proporcionar


uma restauração dos seus semelhantes para junto de ALLAH, proteger as


Suas criaturas e promover a paz, justiça, igualdade e fraternidade. Quando


foi criado, o ser humano estava puro e livre de pecados, sendo o ambiente à


sua volta que o corrompeu.


O sagrado Al-Qur’án é o culminar da revelação Divina e Sua exortação


fi nal para a humanidade, a fi m de prestarem atenção no Seu chamamento à


obediência e responsabilidade.


Este sagrado Livro proporciona ao Homem um olhar para a vida na sua


verdadeira perspectiva: primeiro, como um ser temporal neste mundo fenomenal,


História do Al-Qur’án, do Hadice e da Bíblia 101


e segundo, como um ser com uma alma sublime que anseia ser restaurado pelo


seu Criador, para um estado extraordinário de existência.


O Al-Qur’án é o último documento que serve como base para a vida aqui neste


mundo assim como para uma boa preparação para a vida após a morte.


AUTENTICIDADE DO AL-QUR’ÁN


Na era pré-isslâmica, as diferentes raças da humanidade viviam no isolamento.


Nessa altura, os meios de comunicação entre uma nação e outra eram quase


inexistentes. As mensagens Divinas eram enviadas através de profetas a


nações diferentes.


Por exemplo, o profeta Moisés foi enviado para libertar da escravatura os


Filhos de Israel; por sua vez, vejamos o que disse Jesus:


“Não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel.”


[S. Mateus 15:24]


O mesmo aconteceu com outros profetas. Mas o profeta Muhammad  foi


enviado para todo o universo, assim como ALLAH diz:


“E não te enviamos senão como misericórdia para os mundos.”


[Al-Qur’án 21:107]


Portanto, Muhammad  é o único profeta que veio para transmitir uma


mensagem universal e eterna, o que não aconteceu em qualquer outra


religião. A vinda da última e mais completa Mensagem Divina também foi


predita por Jesus:


“Tenho ainda muitas coisas a vos dizer, mas não sois capazes de as


compreender por agora. Quando ele vier, o espírito da verdade, irá guiar-vos


para a verdade completa.” [S. João 16:12-13]


Num outro versículo do Al-Qur’án, consta:


“E quando Jesus fi lho de Maria disse: Ó fi lhos de Israel! Por certo, sou para


vós o mensageiro de ALLAH (enviado) para vós, para confi rmar aquilo que foi


revelado antes de mim (Torah) e para dar a boa-nova de um mensageiro que


virá depois de mim, cujo nome é Ahmad. Então, quando lhes chegou com os


claros sinais, eles disseram: Isso é magia evidente.” [Al-Qur’án 61:6]


102 Parte I – História do Al-Qur’án


É pertinente que quando um exército vai à guerra, são necessárias armas e


munições para se conseguir restaurar a paz. O objectivo de enviar o selo dos


profetas é para apagar os vícios sociais, acabar com a ignorância, melhorar a


sociedade e unifi cá-la. Para se conseguir tudo isso, é necessário um critério


que sirva como fonte de orientação.


Portanto, o instrumento para a reforma dado ao Profeta  foi o Al-Qur’án e é


acerca disso que disseram tratar-se de “magia evidente”, assim como consta


no versículo citado. Contudo, o Al-Qur’án defende-se contra os críticos que


duvidam da sua autenticidade.


Algumas pessoas acham que o profeta Muhammad  foi o autor do Al-


Qur’án, o que é impossível para qualquer humano, mesmo que possua


qualidades literárias extraordinárias. O conteúdo do Al-Qur’án está acima


da habilidade humana em compor algo semelhante; é por essa razão que


ALLAH desafi a os Homens e os jinn’s a produzirem algo semelhante:


“Diz (ó Muhammad): se toda a humanidade e os jinn’s se juntassem para


produzir algo semelhante a este Al-Qur’án, eles não poderiam produzir


algo igual a ele, ainda que uns deles ajudassem aos outros.”


[Al-Qur’án 17:88]


“Diz: Então, trazei dez capítulos, invenção iguais às dele; e para tal, chamai


quem puderdes excepto ALLAH, para vos ajudar, se sois verídicos.”


[Al-Qur’án 11:13]


Outros versículos em que ALLAH desafi a o Homem no mesmo tema podem


ser encontrados no Al-Qur’án [vide 2:23 e 52:22].


É de salientar que o profeta Muhammad  cresceu entre analfabetos,


conforme já se viu. Numa era de ignorância, a questão típica que pode agitar


uma mente sã é: Como é que um homem que cresce num ambiente de iletrados


pode pronunciar afi rmações repletas de verdades naturais e científi cas, tais


como aquelas que constam no Al-Qur’án?


Para além disso, o Profeta  era conhecido pela sua honestidade, fi delidade,


rectidão e integridade, qualidades essas que atraíram a admiração por parte


de todos, muçulmanos e não muçulmanos; por isso, ele tinha os títulos de


As-Sádiq e Al-Amín.


História do Al-Qur’án, do Hadice e da Bíblia 103


Portanto, não é correcto dizer que o profeta Muhammad  foi autor desse


tipo de inspiração, que foi enviada à humanidade a fi m de guiá-la para o


caminho recto:


“Será que não meditam sobre o Qur’án? Se fosse por parte de outrem para


além de ALLAH, encontrariam nele muitas discrepâncias (contradições).”


[Al-Qur’án 4:82]


Consistência total é uma qualidade extremamente rara, sendo um atributo


exclusivo de ALLAH. Portanto, está fora da capacidade humana compor um


livro no qual não exista discordâncias.


Para um livro ser todo perfeito, o autor deve ter o controlo total do


conhecimento, pois isso engloba o passado e o futuro e se estende ainda para


todos os objectos da criação. Não deve haver dúvida alguma quanto à sua


percepção acerca da natureza essencial das coisas.


Além disso, esse conhecimento não pode ser fundamentado através de dados


ou informações recebidos por outras fontes, mas sim deve estar baseado no


próprio conhecimento do autor. Mais ainda, este deve ter uma outra qualidade


distinta: ser capaz de ver as coisas tal como elas realmente são e não através


duma luz de preconceitos.


Portanto, só um Ser Divino possui essas qualidades extraordinárias e,


consequentemente, apenas o Livro de ALLAH permanecerá eternamente


livre de qualquer inconsistência ou discordância.


Por outro lado, a obra humana está sempre susceptível a imperfeições, pois o


próprio Homem não é todo ele perfeito. Compor um livro isento de discrepâncias


não está ao seu alcance, devido a limitações da sua actividade cerebral.


Se algumas partes dum livro se contradizem entre si, então o mesmo é inconsistente.


E se essa contradição entrar em desacordo com factos conhecidos, é


porque a obra é inconsistente com a própria realidade.


Numa obra, as contradições surgem basicamente devido às defi ciências do


autor; duas coisas são essências para que tais imperfeições sejam evitadas:


conhecimento absoluto e objectividade total. Não existe ser humano algum


que não seja defi ciente nestes dois aspectos.


Só ALLAH é Omnisciente e, portanto, apenas o Seu Livro é que pode estar


isento de contradições. O próprio Al-Qur’án reivindica ser livre de qualquer


104 Parte I – História do Al-Qur’án


tipo de inconsistência, enquanto que nenhum trabalho humano pode reivindicar


o mesmo. Daqui se conclui facilmente que este Livro só pode ser duma origem


Superior e Divina.


Devido às limitações que o ser humano apresenta, existem muitas coisas que


ele não pode compreender intelectualmente, conforme já foi mencionado


anteriormente. Por isso, é forçado a especular, o que faz com que frequentemente


tire conclusões precipitadas ou entre em debates sem base.


Com o andar do tempo, o Homem vai mudando a sua forma de pensar e várias


vezes se contradiz a si próprio. Quando era mais novo, pensava em algo duma


certa forma; depois, quando se tornou jovem, começou a pensar de maneira


diferente e, quando atinge a maturidade, tem outras opiniões ainda, assim


sucessivamente até envelhecer; até mesmo quando está prestes a morrer, ainda


tem muito que aprender. Somente ALLAH está livre de todas essas limitações,


sendo o Seu Livro de uma consistência impecável.


Por seu lado, a Bíblia, que inicialmente fora a palavra de Deus, deixou de sêla


na sua íntegra, pois ao longo do tempo foi sofrendo intervenções humanas,


começando a surgir nela muitas contradições.


Vejamos por exemplo, quanto à genealogia de Jesus no Evangelho. Segundo


Mateus, consta: “Registo de genealogia de Jesus Cristo, fi lho de David, fi lho


de Abraão” [S. Mateus 1:1].


Mais adiante, fala-se da genealogia de Jesus em detalhes, começando com


Abraão e terminando em José que, segundo o Novo Testamento, era “o marido


de Maria, de quem nasceu Jesus” [S. Mateus 1:16].


Quando se lê o Evangelho segundo Marcos, encontra-se as seguintes palavras:


“Princípio do Evangelho de Jesus Cristo, o fi lho de Deus” [S. Marcos 1:1].


De acordo com um capítulo do Novo Testamento, Jesus foi fi lho dum homem


chamado José, enquanto que num outro capítulo do mesmo Testamento,


consta que ele era o fi lho de Deus.


Não há dúvida alguma de que o Injil era a palavra de Deus na sua forma


original, livre de qualquer inconsistência. Contudo, após a revelação Divina,


as pessoas começaram a alterar os versículos e fazer acréscimos, surgindo


desse modo várias contradições num texto outrora consistente.


História do Al-Qur’án, do Hadice e da Bíblia 105


A Igreja Cristã criou ainda mais uma contradição extraordinária a fi m de


explicar esta discrepância no seu livro sagrado; segundo a Enciclopédia


Britânica (Edição de 1984), a descrição dada a José é a seguinte: “Pai terrestre


de Cristo, o marido da virgem Maria”!


Se o Al-Qur’án fosse uma obra senão de ALLAH e se posteriormente fosse


alterada por alguém, teria muitas inconsistências, pois algo Divino não se


compara com algo humano.


O profeta Muhammad , a quem foi revelado o Al-Qur’án, não era


alfabetizado nem fi lósofo e, para além disso, foi criado entre iletrados e


numa era das trevas.


A revelação dos versículos al-Qur’ânicos era circunstancial e chegava consoante


a exigência da situação. Obviamente que um livro desses não poderia ter a


uniformidade no seu estilo, que é seguido nos livros formais sobre religião. Cada


versículo ou capítulo revelado estava sempre em conformidade com a necessidade


e exigência que surgia em cada fase do movimento isslâmico que passava.


O Al-Qur’án está isento de erros, incoerência ou inexactidão; contém


somente a verdade e nada mais para além disso. É o último Livro Divino que


foi enviado à humanidade e que ainda existe na sua forma original.


Ao contrário doutros livros que vieram antes e que se perderam, cujas versões


e traduções existentes foram corrompidas e adulteradas pela mão humana, o


Al-Qur’án continua intacto conforme foi revelado por ALLAH ao profeta


Muhammad  e assim continuará para sempre, pois foi Ele Quem prometeu


conservá-lo e preservá-lo, facto este que não aconteceu com os outros livros


por Si enviados.


Para além disso, os livros anteriores foram enviados em línguas antiquadas,


que não são mais percebidas pelas nações ou raças existentes hoje em dia.


Se tais livros ainda existissem, a sua linguagem poderia parecer arcaica


e inacessível à geração actual e, portanto, seria difícil compreender o seu


conteúdo e interpretar as exortações contidas neles.


O Al-Qur’án foi revelado em árabe, uma língua viva que ainda é usada e


ensinada em muitas instituições académicas e também é falada, escrita e


percebida por milhões de pessoas neste mundo actual.


106 Parte I – História do Al-Qur’án


A mensagem do Al-Qur’án é universal e dirigida a todas as nações do mundo,


independentemente da cor, tribo ou raça; as exortações nele contidas são


dirigidas para toda a humanidade.


O Al-Qur’án é visto como uma escritura maravilhosa, coerente, exacta e não


corrompida, a única escritura do género existente no universo.


OPINIÃO DE ALGUMAS PERSONALIDADES


A RESPEITO DO SAGRADO AL-QUR’ÁN


“Por uma sorte absolutamente única na história, Muhammad é triplo fundador:


duma nação, dum império e duma religião. O Al-Qur’án é um Livro que é


um poema, código de leis, de orações comuns, tudo isto num só; é respeitado


por uma grande secção da raça humana como um milagre de pureza e estilo,


de prudência e veracidade. É um milagre reivindicado por Muhammad como


o seu “milagre vivo” – assim como ele o denomina; de facto, é mesmo um


milagre!” – Rev. Bosworth Smith


“O Al-Qur’án ocupa reconhecidamente uma posição importante entre os


grandes livros religiosos do mundo. Os trabalhos da época actual pertencentes


a esta classe de literatura quase não produzem efeito algum relativamente


ao que o Al-Qur’án produziu sobre as massas; criou uma nova fase do


pensamento humano e uma nova forma de carácter.


Primeiro, transformou um número de tribos heterogéneas do deserto da


Península Arábica numa nação de heróis; posteriormente continuou a criar


as vastas organizações políticas e religiosas do mundo muçulmano, que são


uma das maiores potências que a Europa e o Oriente hoje respeitam.”


– Introdução de J. M. Rodwell’s, G. Margoliouth,


“The Koran New York”, Every Mans Library, 1977


“O tempo de “Vedas Puranas” já era; agora, o único livro capaz de guiar a


humanidade é o Al-Qur’án.” – Guru Nanak, fundador da religião Sikh


“É uma revelação literal de Deus, ditada a Muhammad por Gabriel, perfeito


em cada letra. Um milagre sempre presente testemunhado por si próprio e


por Muhammad – o profeta de Deus. A sua milagrosa qualidade reside em


História do Al-Qur’án, do Hadice e da Bíblia 107


parte no seu estilo, tão perfeito e sublime, que nenhum homem nem jinn


consegue produzir um único capítulo para se comparar com o mais curto


capítulo, e em parte no seu conteúdo, ensinamentos, profecias sobre o futuro e


assombrosamente informações exactas que um analfabeto como Muhammad


jamais poderia reunir sozinho.” – Harry Gaylord Dorman


“Todos os que estão familiarizados com o Al-Qur’án em árabe concordam em


elogiar a beleza deste livro religioso; a sua grandeza é tão sublime que nenhuma


tradução em qualquer língua europeia pode permitir a sua avaliação.”


– Edward Monter


“Em mil e cinquenta anos [acima de mil e quatrocentos agora], ninguém jamais


utilizou este instrumento sonoro com tanto poder, tanta audácia e com tal leque


de efeitos emocionais; as suas imagens fulgurantes e o seu rítmo inexorável


vão directo ao cérebro e arrebatam-no. Portanto, não é de admirar que um bom


recitador do Al-Qur’án possa levar um auditório a derramar lágrimas, pois


estas são qualidades que nenhum outro livro possui.” – Prof. Gibb


“A caneta humana é impotente para escrever um livro milagroso como o


Al-Qur’án; é um milagre absoluto. Muito superior ao milagre de ressuscitar


os mortos!” – George Sail, conhecido tradutor do Al-Qur’án


“Para mim, está claro de que estas declarações (Al-Qur’án) só podem


ter chegado a Muhammad através de Deus, pois a maior parte do seu


conhecimento não tinha sido descoberto até séculos depois. Isto prova de que


Muhammad só pode ter sido um mensageiro de Deus [...] Eu não encontro


difi culdades em aceitar que o Al-Qur’án é a palavra de Deus.”


– Dr. Keith L. Moore, conceituado professor de Anatomia e Embriologia


“O Al-Qur’án é o milagre do Isslam por excelência. Como poderia este


maravilhoso livro ser da autoria de Muhammad, um árabe iletrado? O Al-


Qur’án não poderia ser da autoria dum homem analfabeto, a não ser que ele


tivesse apoio do Todo-Poderoso.” – Dra. Laura V. Vaglieri


“Provavelmente não existe outro livro no mundo cujo texto se manteve tão


puro e inalterado durante doze séculos [catorze agora].” – Sir William Muir


108 Parte I – História do Al-Qur’án


“Podemos igualmente dizer que o Al-Qur’án é um dos maiores livros de sempre.


Tal obra é um problema do mais alto interesse para todo o observador pensativo


dos destinos da humanidade. E que as melhores testemunhas árabes nunca


tiveram êxito em produzir algo semelhante ao Al-Qur’án em méritos. Compor tal


revelação, por desejo, estava fora de alcance do maior artista e perito literário.”


– in “Encyclopaedia Britannica”


De acordo com os ditos do profeta Muhammad : “Antes de mim, foi


atribuído um milagre a cada profeta; eles praticaram-no durante a sua


vida. Jesus utilizou-o para curar doentes e ressuscitar mortos...; Moisés


teve o cajado...; e a mim foi-me dado um milagre permanente. Assim,


desejo que os meus seguidores sejam mais numerosos que os apóstolos


dos outros, tal como este milagre permanecerá até o Dia da Ressurreição,


que é um Livro glorioso”.


Quando alguém o aprofunda, mesmo que não seja muçulmano, fi ca convencido


de que o Al-Qur’án não foi escrito por um ser humano ou qualquer outra


criatura (anjo, jinn, etc.), mas que provém do Criador dos Céus e da Terra. É


o único livro completamente memorizado e o mais lido no mundo, pois mais


de um terço da população mundial o recita quer nas cinco orações diárias,


quer individualmente no seu quotidiano, desde a infância.


O Al-Qur’án desafi ou conjuntamente todos os árabes eloquentes a produzirem


um único capítulo semelhante; contudo, ninguém conseguiu e nem conseguirá.


ALLAH diz no sagrado Al-Qur’án:


“Mesmo que toda a humanidade e todos os jinn’s se reunissem para produzir


algo semelhante a este Qur’án, jamais teriam feito algo semelhante, nem


mesmo ajudando-se uns aos outros.” [Al-Qur’án 17:88]


“Se estais em dúvida a respeito do Livro que revelamos ao Nosso servo


(Muhammad), produzi então um capítulo igual às dele (do Al-Qur’án) e convocai


vossas testemunhas ou apoiantes (se é que existem) para além de Deus, se o que


dizeis for verídico.


Mas, se não o fi zerdes – e certamente nunca podereis fazê-lo – temei então o


Fogo, cujo combustível é constituído por homens e pedras, preparado para


os descrentes.” [Al-Qur’án 2:23-24]


História do Al-Qur’án, do Hadice e da Bíblia 109


E de facto, já passaram mais de 14 séculos desde que o Al-Qur’án emitiu este


desafi o à humanidade. Contudo, apesar das tentativas dos inimigos, ninguém


conseguiu produzir algo semelhante. Isto é um testemunho vivo da origem


Divina do Al-Qur’án.


“Portanto, todo o louvor para ALLAH, Senhor dos Céus, Senhor da Terra,


o Senhor dos Mundos. E somente a Ele pertence a grandeza nos Céus e na


Terra. Ele é o Poderoso, o Sábio.” [Al-Qur’án 45:36-37]


ALGUMAS CURIOSIDADES SOBRE


O CONTEÚDO DO AL-QUR’ÁN


• Existem 114 Surat (capítulos) e, segundo uma opinião, 6236 Áyat (versículos).


• Existem 30 Juz e 540 Rukú; o último Juz contém 37 capítulos.


• O capítulo mais longo é Al-Baqarah, com 286 versículos, e o mais curto é


Al-Kauçar, com 3 versículos.


• O versículo mais longo é o número 282 do Surat Al-Baqarah.


• A letra mais utilizada é o Alif e a menos utilizada é o Zá.


• O melhor alimento mencionado é o mel e a melhor bebida é o leite.


• O Tassmiyah é mencionado 114 vezes, sendo que 113 capítulos iniciam


com esta frase.


• O Surat Al-Baráa (também conhecido por At-Taubah) é o único que não


inicia com Tassmiyah; esta frase aparece duas vezes no Surat An-Naml.


• São 86 os capítulos considerados Makkiyah e 28 os considerados Madaniyah.


• No total, vinte e nove capítulos iniciam com os “Mukatti’át” (letras místicas


abreviadas).


• Sete capítulos iniciam com as letras “Há-Mim”, estando todos eles um a


seguir ao outro.


• Seis capítulos iniciam com as letras “Alif-Lam-Mim”: Al-Baqarah, Ál


Imran, Al-Ankabut, Ar-Rum, Lukmán e As-Sajdah.


• Cinco capítulos iniciam com as letras “Alif-Lam-Rá”: Yunuss, Hud, Yussuf,


Ibrahim e Al-Hijr.


110 Parte I – História do Al-Qur’án


• Cinco capítulos iniciam com as palavras “Al-Hamdulilláh”: Al-Fátiha, Al-


An’ám, Al-Kahf, Sabá e Fátir.


• Cinco capítulos iniciam com a palavra “Qul”: Al-Jin, Al-Káfi run, Al-Ikhláss,


Al-Falaq e An-Náss.


• Quatro capítulos iniciam com “Inná”: Al-Fat’h, Nuh, Al-Qadr e Al-Kauçar.


• Dois capítulos iniciam com “Qad”: Al-Mu’minun e Al-Mujádala.


• Dois capítulos iniciam com “Tabárakallazi”: Al-Furqán e Al-Mulk.


• Quatro capítulos foram atribuídos nomes referentes ao Profeta : Yá-Sin,


Muhammad, Al-Muzzammil e Al-Muddassir.


• O único capítulo que foi atribuído o nome de um inimigo do Profeta 


é Al-Lahab.


• Cinco capítulos foram atribuídos nomes de animais: Al-Baqarah, An-Nahl,


An-Naml, Al-Ankabut e Al-Fil.


• Al-Lail e At-Tabbat são os únicos capítulos cujas letras árabes se forem


invertidas não mudam o nome dos mesmos.


• O Surat Al-Fátiha é considerado como “Ummul-Qur’án” (a mãe do Al-


Qur’án) e é o único que foi revelado duas vezes; este capítulo não possui


as letras “Jim” e “Fá”.


• O Surat Yá-sin é considerado como “Qalbul-Qur’án” (o coração do Al-Qur’án).


• O Surat Ar-Rahmán é conhecido por “Arussul-Qur’án” (a noiva do Qur’án).


• Os capítulos Al-Falaq e An-Náss são conhecidos por “Al-Mu’áwazatain”


(os dois capítulos de protecção).


• O versículo número 255 do capítulo Al-Baqarah é denominado “Áyatul-


Kurssi” (Versículo do Trono).


• No Surat Al-Mujádalah, o nome de ALLAH é mencionado em todos os


versículos.


• O único Sahábi que é mencionado no Al-Qur’án é Zaid , fi lho adoptivo


do Profeta , no capítulo Al-Ahzáb.


• No Surat Al-Qauçar, todos os versículos terminam com a letra “Rá”.


• No Surat Al-Ikhláss, todos os versículos terminam com a letra “Dhal”.


PARTE II


HISTÓRIA


DO HADICE





História do Al-Qur’án, do Hadice e da Bíblia 113


DEFINIÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DE SUNNAT E HADICE


O sagrado Al-Qur’án é o alicerce sobre o qual toda a estrutura da religião


isslâmica se encontra edifi cada. Sendo a autoridade única, absoluta e fi nal em


todas as discussões referentes aos princípios isslâmicos, pode se afi rmar que é a


principal fonte de onde se originam todos os ensinamentos e práticas do Isslam.


O Sunnat e o Hadice representam inquestionavelmente a segunda fonte fundamental


a partir das quais se derivam os preceitos isslâmicos. Estes dois


termos são a seguir defi nidos de forma a elucidar o seu estatuto e a autoridade


do profeta Muhammad .


1. Sunnat


Lexicalmente, a palavra árabe “Sunnat” (cujo plural é Sunan) signifi ca “caminho”,


“modo” ou “curso”, sejam eles benéfi cos ou prejudiciais. No sagrado


Al-Qur’án, esta palavra foi ao todo mencionada dezasseis vezes, tanto no


singular como no plural.


Por exemplo, ALLAH diz:


“Tal foi o procedimento (conduta, modo) de Deus com as gerações passadas,


e não encontrarás alteração alguma no procedimento de Deus.”


[Al-Qur’án 48:23]


O Sunnat pode-se referir a um dos seguintes aspectos do profeta Muhammad :


a) Suas afi rmações ou ditos; por exemplo: “As acções serão julgadas (por ALLAH)


consoante as intenções”.


b) Suas acções; por exemplo, o modo como ele praticou o Salát, cumpriu


com o Jejum, efectuou o Haj, etc.


c) Suas reprovações ou aprovações tácitas; por exemplo, Aisha (RTA), esposa


do Profeta , afi rma que ele não levantou qualquer objecção por ela estar


deitada à sua frente quando ele estivesse a fazer o Salát.


d) Suas feições; Ánass bin Málik , um dos serventes do Profeta , descreveo


como um homem não muito alto nem muito baixo, nem pálido e nem


escuro na cor e no aspecto da pele.


e) Seu carácter e comportamento; Aisha (RTA) descreve-o como um homem


que não se vingava para si próprio a não ser que os limites de ALLAH


fossem violados.


114 Parte II – História do Hadice


Os juristas isslâmicos afi rmam que Sunnat é aplicável às acções que não são


obrigatórias para os muçulmanos. Na terminologia de Hadice, Sunnat aplicase


a uma acção que pode ser obrigatória ou voluntária.


2. Hadice


Literalmente, a palavra “Hadice” signifi ca “comunicação”. Nos primórdios do


Isslam, as histórias e passagens relacionadas ao Profeta  dominavam todo o


tipo de comunicação. Actualmente, esta palavra é utilizada quase exclusivamente


para descrever as narrações que estejam relacionadas ao Profeta .


O termo Hadice é mais generalizado no signifi cado do que Sunnat, pois este último


contém acções, afi rmações, aprovações, censuras, carácter e hábitos do profeta


Muhammad ; contudo, o Hadice inclui (abrange) todas as suas descrições.


Cada Hadice é constituído por duas partes: a primeira, que contém os nomes


das pessoas que narraram o texto da tradição duma para a outra e suporta a


confi ança na afi rmação, conhecida por “Sanad”, e a segunda, que é o assunto


em questão ou o texto real, chamado “Matn”.


A autenticidade do Sanad é examinada e determinada cuidadosamente através


duma verifi cação crítica e rigorosa da idoneidade dos relatores que formam


uma cadeia que transmite um determinado Hadice, cadeia essa que inicia


num Sahábi (companheiro) que ouviu directamente as palavras do Profeta 


ou presenciou o acontecimento em questão.


Isto é feito com o objectivo de avaliar as qualidades dos narradores, numa


tentativa de estabelecer se cada um deles é: fi dedigno e credível, forte ou


fraco na memória e confi ável ou fabricador.


Para além disso, o Matn é comparado com outras narrações semelhantes, de


forma a reforçar a sua aceitação e fi abilidade. Toma-se ainda em consideração


a sua gramática, a fi m de distingui-la dos textos fabricados.


Se algum Hadice é classifi cado como Da’if (fraco), então é porque existe na


sua cadeia de narradores alguém cuja idoneidade é duvidosa ou porque não


satisfaz as condições necessárias para ser classifi cado como Sahih (autêntico)


ou Hassan (aceitável); pode ainda ser considerado como fraco se existir na sua


cadeia um individuo mentiroso ou que alguma vez fora acusado de mentir.


Um Hadice autêntico constitui uma base justifi cativa para permitir ou interditar


uma certa prática no Isslam, logo a seguir ao sagrado Al-Qur’án.



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