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74 Parte I – História do Al-Qur’án


Porém, é Harám recitar o Al-Qur’án quando estiver no estado de impureza


maior, mesmo se for um versículo curto. O Profeta  autorizou o Zikr e


Tassbihát, mas proibiu explicitamente a recitação do Al-Qur’án nesse estado.


Contudo, é permitido recitar algumas partes do Al-Qur’án que são frequentemente


utilizadas como Zikr ou Duá, tais como os Tassbihát “Subhánallah”,


“Alhamdulillah” e “Alláhu Akbar”, o Tassmiyah antes de iniciar algo, entre


outras. Existem igualmente alguns versículos ou parte deles que são utilizados


como Duá, por exemplo:


a) Quando ocorre alguma perda ou infelicidade:


“A ALLAH pertencemos e a Ele iremos retornar.”


b) Ao entrar em algum meio de transporte:


“Glória para Aquele que colocou isto (meio de transporte) sob o


nosso controle, ainda que não fossemos capazes de controlá-lo;


certamente regressaremos para junto do nosso Senhor.”


b) Para pedir o bem ou outras preces:


“Senhor nosso! Conceda-nos o bem neste mundo assim


como no Ákhirah, e salve-nos do castigo do Fogo.


Senhor nosso! Perdoe a nós e aos nossos irmãos que nos antecederam


na fé e livra os nossos corações de qualquer rancor contra os crentes.


Senhor nosso! Na verdade, Tu és Benevolente e Misericordioso.”


Nestes casos, apesar dos Duás mencionados serem versículos do Al-Qur’án,


é permitido recitá-los para quem estiver no estado de impureza maior, pois a


História do Al-Qur’án, do Hadice e da Bíblia 75


intenção é de fazer Duá e não de recitar propriamente o sagrado Al-Qur’án.


Nesta situação incluem-se também as mulheres durante o período menstrual


ou pós-parto.


Isto é válido apenas caso o versículo puder ser utilizado como Zikr ou Duá, caso


contrário é proibido recitá-los. Por exemplo, o versículo seguinte ou parte dele:


“As mães amamentarão os seus fi lhos durante dois anos inteiros, aos quais


desejarem completar a lactação...”


jamais poderá ser utilizado como súplica (Duá) e, portanto, não pode ser


recitado por aqueles que estiverem no estado de impureza maior.


Não existe impedimento em apenas olhar para o Al-Qur’án sem tocá-lo ou imaginar


algum versículo sem pronunciá-lo para aqueles que estejam neste estado.


Todos os actos que demonstrem desrespeito pelo Al-Qur’án são também


proibidos. Em certos casos, a pessoa pode cair na descrença somente por pegar


o Al-Qur’án como se estivesse a pegar um livro ou uma revista qualquer, fazer


dele uma almofada, colocar os pés em sua direcção ou colocá-lo no chão ou


debaixo doutros livros.


Também não se deve deixar que crianças menores ou dementes segurem o Al-


Qur’án, pois se corre o risco destes o desrespeitarem. Essa responsabilidade


recai sobre os pais e tutores; caso se desleixem nesse aspecto, o pecado recairá


sobre estes.


Imám Nawawi disse no seu livro At-Tibiyán que é recomendável levantar-se


para receber o Al-Qur’án quando alguém o estiver a nos entregar e respeitálo


ao máximo, pois trata-se dum Livro de ALLAH.


Se alguma folha ou livro que contenha versículos ou palavras sagradas de ALLAH


estiver rasgado ou gasto de tal modo que já não seja possível utilizar na recitação,


então não se deve esfrangalhar nem deitar fora, pois isso representa um desrespeito


pelo Al-Qur’án, expondo-o ao desprezo, humilhação e desonra. Nesse caso, devese


queimar, enterrar ou deitar ao mar as partes que estejam nessas condições, para


que as letras desapareçam e não caiam na lixeira ou lugares impróprios.


Depois de transcrever as cópias do Al-Qur’án, Ussman  mandou queimar


todas as outras cópias individuais e nenhum Sahábah  contestou esse acto.


76 Parte I – História do Al-Qur’án


Quando o crente chega a um local onde o Al-Qur’an está sendo recitado, é


muito importante que ele o escute atentamente, pois ALLAH diz:


“E quando o Al-Qur’án é recitado, escutai-o atentamente e calai (observai o


silêncio) para que possais obter misericórdia.” [Al-Qur’án 7:204]


“E recorda-te quando Nós te enviamos um grupo de jinn’s, para ouvirem a


leitura do Qur’án. Ao chegarem disseram: Escutai em silêncio. E quando


terminaste a recitação, regressaram ao seu povo para os advertir.


Disseram: Ó povo nosso! Acabamos de ouvir a leitura de um Livro que foi


revelado depois de Moisés, confi rmando os livros anteriores, um Livro que


guia para a verdade e para o caminho recto.” [Al-Qur’án 46:29-30]


JURAR PELO AL-QUR’ÁN


É sabido que no Isslam só é permitido jurar em nome de ALLAH e Seus


atributos. O mesmo acontece noutras religiões como o Judaísmo ou Cristianismo,


pois essa é uma regra Divina que foi revelada em todas as doutrinas


monoteístas e celestiais, nas quais só é permitido jurar em nome de Deus.


Por exemplo, consta na Bíblia:


“Ao Senhor, teu Deus, temerás, e a Ele servirás, e pelo Seu nome jurarás.”


[Deuteronómio 6:13]


“Ao Senhor, teu Deus, temerás; a Ele servirás, a Ele te chegarás e pelo Seu


nome jurarás.” [Deuteronómio 10:20]


Certa vez, quando o Profeta  ouviu Umar  a jurar pelo seu pai, disse:


“ALLAH proibiu-vos de jurar pelos vossos pais. Quem quiser jurar, que jure


por ALLAH ou então que se mantenha calado”. [Bukhari, Musslim]


Num outro Hadice, Abu Hurairah  narra que o Profeta  disse: “Não jureis


senão por ALLAH”. [Nassaí]


Se alguém jurar pelo Al-Qur’án dizendo “Imanti Qur’án Sharif”, assim como


tem sido hábito geral aqui em Moçambique, e se a intenção for de estar a jurar


pelas palavras de ALLAH, então esse juramento será considerado válido e terá


História do Al-Qur’án, do Hadice e da Bíblia 77


que ser cumprido, caso contrário terá que pagar a expiação pelo juramento


de acordo com as regras do Shari’ah, que pode ser feito de três formas, por


ordem: Libertar um escravo, alimentar ou vestir dez pobres, ou então, jejuar


três dias (somente para aquele que não tiver capacidade fi nanceira de cumprir


com a segunda opção).


Em geral, todos os Imámes consideram-no um juramento realizado [Al-


Mughni], pois é feito com o uso de palavras eternas de ALLAH; Qatádah


 costumava jurar pelo Al-Qur’án. É lógico que quando a pessoa jura, não


tem intenção de estar a fazê-lo apenas pelas folhas do Al-Qur’án ou pela


encadernação em si, mas por aquilo que se encontra escrito nele, que são


palavras Divinas.


VIRTUDES AO RECITAR O AL-QUR’ÁN


Existem vários Hadices que enfatizam a recitação ou leitura do sagrado


Al-Qur’án, mostrando simultaneamente as virtudes e recompensas que daí


advêm. O Profeta  disse:


1. “Quem recitar uma letra (Harf) do Al-Qur’án terá uma recompensa por isso


e essa recompensa equivale a dez; e não digo que “Alif-Lam-Mim” é uma


partícula, mas “Alif” é uma, “Lam” é outra e “Mim” também outra”.


[Dárimi]


Portanto, obtém-se trinta recompensas somente por recitar “Alif-Lam-Mim”.


Isto signifi ca que para se obter a recompensa pela recitação, não é condição


essencial que se recite com compreensão (apesar de ser preferível), pois


ninguém para além de ALLAH conhece o signifi cado destes três Huruf.


2. “Aquele que recitar o Al-Qur’án e pô-lo em prática, será dado aos seus


pais (do recitador) uma coroa cujo brilho é mais belo que o brilho do Sol”.


O Profeta  continuou: “Se os pais do recitador do Al-Qur’án receberão


tamanha recompensa, qual será então a recompensa para o próprio recitador


que pôs o Al-Qur’án em prática.” [Abu Dawud, Mussnad Ahmad]


3. “A casa onde é recitado o Al-Qur’án, aparece para os habitantes celestiais


assim como aparecem os astros para os habitantes terrestres”.


78 Parte I – História do Al-Qur’án


4. “Iluminai as vossas casas com a prática do Salát e recitação do Al-Qur’án”.


5. “Quem se ocupar na recitação do Al-Qur’án e na Minha recordação (ALLAH),


não tendo assim oportunidade de Me rogar (pedir Duá), Eu dar-lhe-ei muito


melhor em comparação àquilo que dou aos que Me pedem. A superioridade


do Al-Qur’án (palavras de ALLAH) acima doutras palavras é como a


superioridade de ALLAH acima de todas as Suas criaturas”. [Tirmizhi]


6. “Na verdade, os corações se enferrujam assim como o ferro se enferruja”.


Os Sahábah , perguntaram: “Ó Rassulullah ! Como fazer com que


o coração não se enferruje?” Respondeu: “Recitando o Al-Qur’án e


recordando da morte”.


7. “Recitai o Al-Qur’án, pois no Dia da Ressurreição, ele (Al-Qur’án) intercederá


a favor daqueles que o recitavam”. [Musslim]


8. “Ó Muáz! Se quiseres viver uma vida feliz, e ter a morte como um mártir, e


salvação no Dia da Ressurreição, e segurança no Dia de medo, e luz no Dia


das trevas, e sombra no Dia de calor intenso, e algo para matar a sede no Dia da


sede, e peso no Dia leve, e orientação no Dia da perdição, então estude (recite,


compreenda) o Al-Qur’án, pois ele é uma recordação do Misericordioso, e


uma protecção contra o Satanás e uma inclinação na Balança”. [Dailami]


Para além destas, existem muitas outras virtudes ao recitar o sagrado Al-


Qur’án, pois é um acto bastante virtuoso e no Dia de Quiyámat o mesmo


intercederá a favor daqueles que o recitavam aqui neste Mundo.


Não existe recompensa alguma ao ler outros livros revelados anteriormente,


uma vez que já se encontram deturpados e adulterados. Quanto ao Al-


Qur’án, ALLAH prometeu conservar a sua autenticidade e incitou-nos à


sua recitação, prometendo inúmeras recompensas, sendo essa também uma


forma para a sua conservação.


No entanto, é de salientar que todos estes benefícios e recompensas obtêmse


apenas pela recitação do sagrado Al-Qur’án em árabe – língua original na


qual este Livro foi revelado por ALLAH ao Seu mensageiro Muhammad .


As palavras e frases árabes contidas no Al-Qur’án são Divinas enquanto que


História do Al-Qur’án, do Hadice e da Bíblia 79


as suas traduções são fruto de trabalho humano e não estão isentas de falhas,


por mais perfeitas que possam parecer. E todos sabemos que uma tradução


nunca pode atingir o mesmo estatuto e equivalência que o conteúdo original.


Os crentes não cessam a sua recitação; desde a infância até à adolescência


e em todos os estados da vida. É por essa razão que os inimigos do Isslam


nunca têm êxito ao tentar alterar algo no Al-Qur’án. O menor dos seus


capítulos chegou até nós sob forma de Tawátur (sucessão ou frequência) e


serve de desafi o aos mais dotados.


São particularidades que qualquer outro livro não possui e, por conseguinte,


os muçulmanos se orgulham de serem os únicos a possuírem um Livro


Divino autêntico e inalterado há mais de 1400 anos e assim continuará, pois


essa é uma promessa feita por ALLAH.


VIRTUDES POR MEMORIZAR O AL-QUR’ÁN


Abdullah ibn Amr  narra que o Profeta  disse: “Será dito (no Dia de


Quiyámat) ao possuidor do Al-Qur’án (Háfi z): vai subindo os degraus do


Paraíso recitando, e recita com Tartil (calma) tal como recitavas no Mundo;


fi nalmente, o teu lugar será onde terminares a recitação do último versículo”.


[Tirmizhi]


Segundo os Muhaddicin (comentadores de Hadice), esta é uma alusão ao


Háfi z de Al-Qur’án. Neste Hadice, está claro que é válida somente a recitação


do Al-Qur’án quando for feita com Tartil.


Cada Háfi z recitará no Paraíso assim como recitava na terra. Portanto, eles


devem habituar-se a recitar com calma pois, quanto mais prolongada for a


recitação, maior benefício terá e o seu grau será muito mais elevado.


Num outro Hadice narrado por Uqbah bin Ámir , o Profeta  disse: “Quem


estudou o Al-Qur’án, de seguida memorizou-o, tratou por Halál o que está


declarado nele (no Al-Qur’án) Halál e o que está declarado Harám tratou-o


por Harám, ALLAH introduzir-lhe-á no Paraíso e aceitará a sua intercessão a


favor de dez familiares seus, familiares esses que estavam já condenados ao


Fogo do Inferno”. [Ahmad, Tirmizhi]


80 Parte I – História do Al-Qur’án


Este Hadice revela a grande virtude dum Háfi z; ALLAH aceitará o seu


pedido a favor de dez familiares muçulmanos que estavam condenados ao


Inferno, na condição de não terem praticado o Shirk (associar algo ou alguém


a ALLAH), pois este é um pecado imperdoável. E infelizmente, existem


muitos muçulmanos que praticam o Shirk por ignorância, a não ser que se


arrependam e se submetam perante ALLAH, antes que encontrem a morte.


O Profeta  disse: “Os melhores de entre o meu povo são aqueles que carregam o


Al-Qur’án (no seu íntimo, i.é, são Háfi zes) e aqueles que se mantêm acordados no


Ibádat durante a noite”. Portanto, é bastante virtuoso memorizar o Al-Qur’án.


Se por alguma razão ou circunstância não conseguiu adquirir este mérito, que


procure encorajar os fi lhos, familiares ou amigos próximos a fazerem-no, ou


mesmo apoiar àqueles que estejam directa ou indirectamente envolvidos neste


nobre acto, tais como estudantes de Hifz ou instituições isslâmicas que leccionam


esse curso, talvez assim ALLAH também nos salve do Inferno, Inshá-Allah.


Contudo, é necessário não só para os Háfi zes como também para todos aqueles


que memorizaram alguns capítulos ou versículos do Al-Qur’án, que façam


constantemente a respectiva revisão a fi m de não se esquecerem daquilo que


foi decorado, pois o Profeta  disse: “Não há pecado maior do que memorizar


um versículo ou capítulo e esquecê-lo posteriormente”. [Abu Dawud]


O EFEITO DO AL-QUR’ÁN


Alguns podem questionar o facto de muitos muçulmanos recitarem o Al-Qur’án


em árabe sem contudo perceberem o seu signifi cado. Na realidade, apesar de


não se compreender o seu conteúdo, ALLAH colocou tanta virtude ao se recitar


este Livro, de tal forma que o seu efeito infl uencia na vida do crente.


Certa vez, um homem vivia com o seu neto numa quinta que se situava à


beira dum rio. Todas as manhãs, o avô sentava-se perto da lareira e recitava o


Al-Qur’án; o neto, que pretendia seguir cada passo do avô, procurava imitálo


em todos os aspectos.


Um dia, o neto questionou ao avô: Eu tento recitar o Al-Qur’án assim como o


avô, mas não consigo compreender o seu signifi cado e, aquilo que compreendo,


esqueço logo que fecho o Livro; que bem é que obtemos ao recitar o Al-Qur’án?


História do Al-Qur’án, do Hadice e da Bíblia 81


O avô, que estava a colocar o carvão na lareira, disse ao neto: Leve este cesto


ao rio e traga-o cheio de água.


O neto assim o fez, só que antes de chegar à casa, toda a água tinha se


esvaziado do cesto. O avô sorriu e disse: Deves ser mais rápido quando


voltares do rio.


Desta vez, o rapaz correu mas, mesmo assim, chegou à casa com o cesto


vazio. Já sem fôlego, disse ao avô: É impossível trazer água num cesto,


prefi ro utilizar um balde para o efeito.


O avô disse: Eu não quero um balde de água, quero um cesto de água; tu não


estás a te esforçar como devias.


Agora, o rapaz já sabia que era impossível carregar água num cesto, mas quis


apenas mostrar ao avô que, mesmo correndo tão rápido quanto possível, a


água iria se verter na mesma.


Mais uma vez, o neto introduziu o cesto no rio, correu arduamente e, quando


chegou já sem fôlego, disse ao avô: Veja, é em vão tentar trazer água num cesto!


Então o avô respondeu: Achas que é em vão? Então olhe para o cesto!


O rapaz olhou para o cesto e, pela primeira vez, verifi cou que o mesmo


estava diferente, já não estava mais sujo como dantes; o cesto agora estava


limpo, por dentro e por fora.


Então o avô concluiu: O mesmo acontece quando recitamos o sagrado Al-


Qur’án; podemos até não compreender ou recordar o que está nele escrito,


mas após recitá-lo, ALLAH transforma-nos interna e externamente.


Portanto, este é um dos efeitos do Al-Qur’án e da obra de ALLAH nas nossas


vidas. Assim como é indispensável a pessoa se purifi car exteriormente, a


purifi cação espiritual também é algo necessário, pois da mesma forma que


o corpo exige uma higiene física, a alma também carece constantemente de


purifi cação. Um corpo imundo carrega (transporta) sempre uma alma imunda


e um corpo puro carrega consigo uma alma pura!


AL-QUR’ÁN COMO O ÚLTIMO LIVRO DIVINO


Sabe-se que entre Ádam  e Muhammad , o primeiro e último profeta


respectivamente, ALLAH enviou vários outros profetas e mensageiros com o


82 Parte I – História do Al-Qur’án


objectivo de guiarem os respectivos povos. Contudo, surge aqui uma questão:


após a vinda do último profeta – Muhammad , e com a revelação do último


Livro – Al-Qur’án, será que a falsidade, a perdição e o mal também terminam


para sempre? Se não, nesse caso, porque é que ALLAH não enviou mais


mensageiros e livros?


Ao refl ectirmos bem nesta questão, encontraremos a resposta bem abreviada


no seguinte versículo:


“Hoje Eu completei para vós a vossa religião, aperfeiçoei sobre vós a Minha


graça e aprovei para vós o Isslam como religião.” [Al-Qur’án 3:5]


É por essa razão que os judeus disseram que se este versículo tivesse sido


revelado na sua religião, teriam tomado essa data (da revelação deste versículo)


como Ide e festejar todos os anos [Bukhari, Musslim].


Neste versículo, ALLAH diz que esta religião – Isslam – é sufi ciente para


guiar a humanidade no caminho recto e salvá-la da perdição até ao Fim do


Mundo e, por isso, não haveria necessidade de fazer surgir uma nova religião


nem de acréscimos (externos) a esta.


Numa forma fi gurativa, o Profeta  explicou isso dizendo: “O meu caso e o dos


outros profetas antes de mim é como aquele que construiu um lindo palácio, mas


que para a sua fi nalização, faltava o preenchimento do espaço de um bloco (tijolo);


a minha vinda veio preencher esse espaço”. [Bukhari, Musslim]


Naturalmente, quando um edifício está completo e satisfaz as necessidades


de todos os seus residentes, de todos os feitios e épocas, e está equipado para


protegê-los contra perigos iminentes, então resta somente a sua conservação e


manutenção, não havendo necessidade de construir ou adicionar algo mais.


O mesmo se aplica a esta religião, que sendo completa e perfeita, necessita


apenas de garantia para a sua conservação e preservação, responsabilidade


essa que foi assumida por ALLAH, assim como consta no Al-Qur’án [15:9].


A ordem que ALLAH deu ao Seu mensageiro de recitar o Livro (Al-Qur’án) e


a consequente aprendizagem, pronúncia e memorização por parte de milhares


de crentes, até ao Fim do Mundo e em todas as eras e locais, faz parte do plano


Divino de preservar o Al-Qur’án.


Contudo, nenhum livro ou mensageiro pode ser considerado protegido e


preservado se, juntamente com as palavras, o seu signifi cado e interpretação


História do Al-Qur’án, do Hadice e da Bíblia 83


não estiverem conservados, pois as palavras funcionam como meio e a


interpretação, a sua refl exão prática.


Portanto, se não fossem tomadas medidas para a protecção e preservação do signifi


cado correcto do Al-Qur’án, seria inútil preservar simplesmente os versículos.


OS MILAGRES DO AL-QUR’ÁN E A CIÊNCIA MODERNA


Descobertas bastante impressionantes realizadas pelo Dr. Tariq Swadain


deixam-nos espantados. Após investigar profundamente os versículos do


sagrado Al-Qur’án, ele concluiu que ALLAH menciona o mesmo número de


vezes, algumas palavras que são equiparáveis umas às outras.


Por exemplo, é impressionante como a palavra “homem” aparece mencionada


24 vezes no Al-Qur’án e igualmente aparece a palavra “mulher”. Esta


equiparação não acontece somente com estas duas palavras.


O Dr. Tariq concluiu que isso ocorre com outras palavras árabes existentes


no Al-Qur’án:


a) Dúnia (este mundo): 115, Ákhirah (Além): 115;


b) Anjos: 88, Satanás: 88;


c) Vida: 145, Morte: 145;


d) Bondade: 50, Corrupção: 50;


c) Mensageiros: 50, Pessoas: 50;


d) Ibliss (líder dos demónios): 11, Pedido de refúgio contra Ibliss: 11;


e) Calamidade: 75, Gratidão (a ALLAH): 75;


f) Sadaqah (caridade voluntária): 73, Satisfação: 73;


g) Pessoas desencaminhadas: 17, Mortos: 17;


h) Crentes: 41, Jihád (esforço pela causa de ALLAH): 41;


i) Ouro: 8, Vida fácil: 8;


j) Magia: 60, Fitna (tentação): 60;


k) Zakát (caridade obrigatória): 32, Barakah (bênção): 32;


l) Mente: 49, Nur (Luz): 49;


m) Língua: 49, Sermão: 49;


n) Renúncia: 8, Medo: 8;


o) Falar publicamente: 18, Publicar: 18;


p) Difi culdade: 114, Paciência: 114;


q) Muhammad : 4, Shari’ah: 4.


84 Parte I – História do Al-Qur’án


Para além disso, o Al-Qur’án é consistente com vários factos e descobertas


científi cas, incluindo aquelas que foram realizadas recentemente. É impressionante


que essas informações estão completamente livres de erros, considerando o


conhecimento que existia na altura da revelação, pois havia muitas coisas nas


quais as pessoas acreditavam mas que posteriormente foram provadas falsas.


Nada disso aconteceu com os dados existentes no sagrado Al-Qur’án.


Este Livro contém várias referências a fenómenos naturais, com um claro


propósito de explicar o signifi cado da vida e da existência de forma geral. A


sua consistência com as recentes descobertas continua sendo espantosa.


De seguida, identifi cam-se alguns versículos revelados por ALLAH ao profeta


Muhammad  há mais de 14 séculos, onde existe uma surpreendente concordância


com as descobertas realizadas nos últimos tempos pela ciência moderna:


a) PROPORÇÃO ENTRE MAR E TERRA


O mais espantoso ainda é o número de vezes que as palavras “Mar” e “Terra”


são mencionadas: 32 vezes a palavra Mar e 13 a palavra Terra. Se fi zermos


Mar + Terra = 32 + 13 = 45, ou seja, 100% do Globo Terrestre, teremos que


Mar = 32/45 = 71,111% e Terra = 13/45 = 28,889%.


A ciência moderna provou apenas há algum tempo que a água ocupa 71%


do Globo e a terra 29%, aproximadamente. Será tudo isto uma coincidência?


Vejamos mais exemplos.


b) ORIGEM DO UNIVERSO E DA VIDA


“Não vêem, acaso, os que descrêem, que os céus e a terra formavam uma só


massa compacta, que Nós os separámos, e que criámos todos os seres vivos


da água? Não crêem ainda?” [Al-Qur’án 21:30]


Este versículo merece ser lido várias vezes, de forma a ser devidamente meditado.


Nele, vemos que toda a matéria existente era uma só massa (corpo), até que


fosse espalhada através duma grande explosão. Isto é uma clara referência ao


“Big Bang” – a teoria largamente aceite segundo a qual todo o Universo teve a


sua origem a partir duma grande massa (a Nebulosa Primária) que sofreu uma


forte explosão, denominada “Big Bang”, resultando na formação das galáxias


e, posteriormente, das estrelas, dos planetas, etc.


História do Al-Qur’án, do Hadice e da Bíblia 85


Esta teoria foi formulada e é defendida por vários físicos e astrónomos de


renome, após várias gerações de pesquisa e investigação científi ca.


No mesmo versículo, ALLAH informa-nos de que toda a vida tem origem a


partir da água. Aqui existem duas possíveis explicações: a primeira, todo o


ser vivo é formado de água (como elemento principal), e a segunda, toda a


vida tem origem a partir da água.


A primeira explicação é correcta pois a água é o elemento predominante em


todas as células vivas; o segundo signifi cado é confi rmado pelo facto de que


todo o tipo de vida conhecido tem origem na água, razão pela qual a procura


de vida fora da Terra é baseada na pré-condição de existência de água.


Estes aspectos deixam os leitores estupefactos, pois são vistos com toda a


clareza pela ciência moderna e são dados espantosamente correctos. Contudo,


a última parte do versículo (não crêem ainda?) é que não tem sido observada


pelos incrédulos!


c) EXPANSÃO DO UNIVERSO


Em 1925, o astrónomo americano Edwin Hubble providenciou evidências de


que todas as galáxias estão se afastando umas das outras, o que implica que o


Universo está a se expandir. Para além disso, as teorias ligadas à Cosmologia


que descrevem o Universo só começaram a ser desenvolvidas após Albert


Einstein ter formulado a Teoria da Relatividade. Segundo o Al-Qur’án:


“E (fomos Nós que) construímos o Céu com (Nosso) poder e, certamente,


(somos Nós que) o estamos expandindo (ampliando).” [Al-Qur’án 51:47]


Um dos grandes astrofísicos da actualidade – Stephen Hawking, afi rma no


seu livro “Uma Breve História do Tempo” que a descoberta de que o Universo


está a se expandir foi uma das grandes revoluções intelectuais do século XX.


O versículo acima é dum Livro que foi revelado há mais de 14 séculos!


Poderia o profeta Muhammad  ter conhecimento acerca disso senão através


da revelação recebida por parte de ALLAH – o Conhecedor de tudo?


d) VÁCUO E ESCURIDÃO NO ESPAÇO


Para que o astronauta consiga vaguear pelo espaço, é necessário que esteja


munido de vestimenta especial que o proteja do contacto com o meio externo


86 Parte I – História do Al-Qur’án


e que esteja simultaneamente equipado com reservas de oxigénio pois, como


se sabe, quanto maior a altitude mais rarefeito se torna o ambiente.


Estudos científi cos modernos provaram que quanto mais o Homem se eleva


na atmosfera, mais difícil se torna a sua respiração pelo nariz. Ao alcançar a


altitude de 360 metros, só é possível respirar pela boca; continuando a se elevar,


chegará o momento em que se torna completamente impossível respirar.


Isso já nos foi indicado no sagrado Al-Qur’án há mais de catorze séculos:


“A quem ALLAH deseja guiar, dilata-lhe (abre) o peito (coração) para o


Isslam; e a quem deseja desviar (por tal merecer), torna-lhe o peito apertado


e comprimido, como se subisse na atmosfera.” [Al-Qur’án 6:125]


Sabemos também através de imagens ou telescópios que a Terra está rodeada


por uma grande escuridão que abrange todo o Universo ou espaço sideral.


Vejamos o que ALLAH diz no sagrado Al-Qur’án:


“E se lhes abríssemos uma porta do céu, pela qual eles ascendessem, diriam:


Nossos olhos foram ofuscados, aliás, somos um povo enfeitiçado! E, com efeito,


colocámos constelações no Céu e embelezámo-lo para os observadores.”


[Al-Qur’án 15:14-16]


e) CÉU COMO PROTECTOR DA TERRA


A atmosfera é a camada (abóbada) que envolve o nosso planeta e que protege


os seres vivos contra radiações ou objectos oriundos do Espaço. Fornece


ainda elementos químicos como oxigénio e gás carbónico que os mesmos


seres necessitam para obter energia e desempenhar actividades vitais.


Caso fossemos atingidos pela radiação cósmica, poderíamos sofrer sérias


consequências devido aos efeitos nocivos que daí resultariam. O exemplo


disso é a grande preocupação por parte dos ambientalistas quanto à emissão


de gases poluentes que estão a destruir a camada de ozono.


ALLAH disse no sagrado Al-Qur’án:


“E fi zemos do céu um tecto bem protegido (como abóbada); e, apesar disso,


eles afastam-se desses sinais.” [Al-Qur’án 21:32]


f) NUVENS, CHUVA E RELÂMPAGO


“Porventura, não vês que é ALLAH Quem move levemente as nuvens? Em


seguida, junta-as e depois as acumula? Então, tu vês a chuva sair de dentro


delas; e que Ele faz descer granizo das montanhas (nuvens) que há no céu, com


História do Al-Qur’án, do Hadice e da Bíblia 87


o qual atinge quem Ele quer e o desvia de quem Ele quer? O brilho intenso do


seu relâmpago quase que tira as vistas (dos Homens).


ALLAH alterna a noite e o dia. Na verdade, nisto há uma lição para os que


têm olhos para ver (compreender).” [Al-Qur’án 24:43-44]


g) ESCURIDÃO NAS PROFUNDEZAS DO MAR


A luz solar atravessa a atmosfera terrestre, atinge a superfície do mar e penetra


nele chegando às ondas internas, onde os diversos tons de luz são absorvidos


gradualmente até que se torne completamente inexistente nas profundezas do


mar, culminando numa escuridão total.


Esse tipo de mar foi descoberto pelo cientista francês Jacques Yves Cousteau


(1910-1997), que veio a abraçar o Isslam. Ele comparou a sua descoberta


àquilo que ALLAH descreve no seguinte versículo:


“Ou (estará) como nas trevas de um profundo oceano, coberto por ondas;


ondas cobertas por nuvens escuras que se sobrepõem umas às outras; quando


(o Homem) estende a sua mão, mal pode vê-la. Pois a quem ALLAH não


concede luz, para esse, não há luz.” [Al-Qur’án 24:40]


Repare-se que o versículo não se refere a qualquer mar, pois nem todos


podem ser descritos como tendo camadas de escuridão acumuladas uma


acima doutra. O versículo refere-se essencialmente a um mar ou oceano


profundo: “... nas trevas de um profundo oceano”.


h) MONTANHAS COMO ESTACAS


Sabe-se que os icebergs são enormes montanhas de gelo que fl utuam na água.


Contudo, a sua base submersa estende-se muito abaixo da superfície, sendo


na maior parte das vezes, muito maior do que a porção visível.


Segundo o Dr. Frank Press, co-autor do livro “Earth” (referência básica em


muitas universidades do mundo), consultor científi co no governo de Jimmy


Carter e presidente durante doze anos da Academia Nacional de Ciências em


Washington, afi rma que as montanhas têm profundas “raízes” sob a superfície


da terra, como se fossem estacas ou pinos afi xados por baixo daquilo que nos


é visível. Ainda de acordo com Dr. Press, as montanhas desempenham um


papel bastante importante para a estabilização da crusta terrestre.


88 Parte I – História do Al-Qur’án


ALLAH diz no sagrado Al-Qur’án:


“E entre os Seus sinais está o dos navios, que se elevam como montanhas


nos oceanos.” [Al-Qur’án 42:32]


“Acaso, não fi zemos da terra, um leito; e das montanhas, estacas?”


[Al-Qur’án 78:6-7]


“Criou os céus sem colunas aparentes; fi xou na terra fi rmes montanhas,


para que não oscile convosco...” [Al-Qur’án 31:10]


i) A TERRA EM CONSTANTE MOVIMENTO


“E verás as montanhas, que te parecem fi xas, passarem rápidas como as nuvens...”


[Al-Qur’án 27:88]


Ao se comparar os dois últimos versículos, dá-se a sensação de existir


uma certa contrariedade entre ambos. Na alínea anterior, o Al-Qur’án fala


das montanhas como tendo sido fi xadas por ALLAH de forma a garantir a


estabilidade da Terra e evitar que esta oscilasse.


Entretanto, noutro versículo ALLAH mostra-nos que as montanhas parecemnos


fi xas pois, na realidade, estão em constante movimento, assim como


acontece com as nuvens.


Ora, se as montanhas estão fi xas em relação a um observador na Terra, e ao


mesmo tempo em movimento juntamente com as nuvens em relação a um


outro referencial fora do planeta, pode-se facilmente concluir de que a Terra


está toda ela em constante movimentação.


Com isto, o Al-Qur’án já havia deitando abaixo qualquer hipótese da Teoria


Geocêntrica defendida pela Igreja Católica durante vários anos, segundo a


qual a Terra estava parada no centro do Universo e os outros corpos celestes


orbitavam ao seu redor. De recordar que quando o físico italiano Galileu se opôs


a essa teoria no decorrer do século XVII, foi condenado pelo Tribunal de Santo


Ofício, cujo perdão foi concedido apenas cerca de 400 anos mais tarde.


j) A LUA NÃO POSSUI LUZ PRÓPRIA


Há alguns séculos, acreditava-se que a Lua emanava a sua própria luz. Hoje,


sabemos através da ciência e de factos concretos de que isso não é nada mais


do que um refl exo da luz emitida pelo Sol.


História do Al-Qur’án, do Hadice e da Bíblia 89


Consta no sagrado Al-Qur’án o seguinte:


“Bendito seja Aquele que colocou constelações no Céu (Espaço) e colocou


nele uma lâmpada (Sol) e uma Lua refl ectidora.” [Al-Qur’án 25:61]


O Sol gera um calor intenso e emite a sua própria luz devido à combustão


que ocorre no seu interior. Por sua vez, a Lua emite um brilho, não devido a


reacções internas a ela, mas por causa do refl exo da forte luz que recebe do


Sol, ou seja, o Al-Qur’án já reconhecia a diferença entre a natureza destes


dois tipos de luminosidade, isso há mais de catorze séculos.


k) AUSÊNCIA DE GLÂNDULAS SUDORÍPARAS NO CÃO


Os veterinários confi rmam que a única forma do cão se livrar do efeito do


calor é arquejar, pois ao contrário doutros animais, a sua pele não apresenta


glândulas sudoríparas. Consta no sagrado Al-Qur’án:


“O seu exemplo é semelhante ao do cão que, se o acossas, arqueja; se o


deixas, assim mesmo arqueja. Tal é o exemplo daqueles que desmentem os


Nossos versículos.” [Al-Qur’án 7:176]


l) FECUNDAÇÃO E FASES EMBRIONÁRIAS


Este é um dos factos mais impressionantes revelados no Al-Qur’án e


corresponde exactamente à descrição feita actualmente por peritos na matéria.


Para além disso, nenhum versículo que se refere a esta temática é contestado


pela ciência moderna.


O desenvolvimento do embrião humano é descrito com tamanho detalhe,


apesar de nessas fases inicias serem impossíveis de imaginar no tempo do


profeta Muhammad , pois o tamanho do mesmo é bastante pequeno para


ser observado a olho nu, sendo necessário recorrer-se ao microscópio.


Há alguns anos, o Dr. Keith L. Moore – proeminente cientista da Universidade de


Toronto (Canadá), professor no campo da Anatomia e Embriologia e autor de “O


Desenvolvimento Humano”, livro de referência científi ca que foi traduzido em


mais de oito línguas – foi convidado a visitar a Arábia Saudita com o objectivo


de procurar esclarecer o conteúdo de alguns versículos do sagrado Al-Qur’án.


As descobertas realizadas por Moore e comprovadas pelo pioneiro do bebéproveta


– Dr. Robert Edwards – deixaram perplexos até mesmo os sábios


90 Parte I – História do Al-Qur’án


muçulmanos. Eles viram nos versículos que lhes foram apresentados, uma


descrição exacta do desenvolvimento do embrião humano em cada uma das


suas fases iniciais, algo que havia sido proposto por peritos na matéria apenas


em 1940 e comprovado algumas décadas mais tarde.


“Estou surpreendido pela precisão científi ca destas citações que foram feitas


no século VII” – disse Moore num documento que elaborou após examinar tais


versículos. “Investiguei tanto o Velho como o Novo Testamento, mas não consegui


estabelecer qualquer comparação em relação aos versículos al-Qur’ânicos;


algumas descrições do Al-Qur’án acerca do desenvolvimento do embrião nos


seus primeiros 28 dias são bastante impressionantes” – continuou.


Afi rmou ainda que os versículos, juntamente com alguns dizeres do profeta


Muhammad , podem ajudar a fechar a brecha que existe entre a ciência


e a religião.


Segundo Moore, o embrião humano tem um comprimento de cerca de


um décimo do milímetro nesta fase e que na óptica humana seria como


um pequeníssimo ponto; para se ver a sua forma é necessário um potente


microscópio, o qual ainda não tinha sido desenvolvido até ao século VII.


Dr. Moore, na companhia de mais três cientistas – Dr. Robert Edwards, Dr.


T.V.N. Persaud e Dr. Marshall Johnson, começaram por analisar a tradução


dos seguintes versículos:


“Que vos sucede, que não depositais as vossas esperanças em ALLAH, sendo


que Ele vos criou em fases sucessivas?” [Al-Qur’án 71:13-14]


“Criámos o homem da essência de barro; depois, fi zemo-lo uma gota de


esperma que colocamos num lugar fi rme. Então, transformamos o esperma em


Alaqah, que depois transformamos numa substância mastigada (Mudghah).


A substância mastigada é então transformada em ossos; depois, revestimos


os ossos de carne; então, o desenvolvemos em outra criatura. Bendito seja


ALLAH, Criador por excelência.” [Al-Qur’án 23:12-14]


“Ele cria-vos nos ventres de vossas mães, criação após criação (em estágios), no


interior de três envoltórios escuros. Tal é ALLAH, vosso Senhor; a Ele pertence


a soberania; não existe outra divindade além d’Ele.” [Al-Qur’án 39:6]


História do Al-Qur’án, do Hadice e da Bíblia 91


De acordo com Moore, os “três envoltórios escuros” podem perfeitamente


ser interpretados como a membrana amniocoriónica, o útero e a parede


abdominal materna (ventre).


Ele mencionou ainda no seu documento: “Não foi antes do século XVIII que


se mostrou experimentalmente que eram necessários tanto o macho como


a fêmea para se iniciar a reprodução [...] Não é difícil interpretar a mistura


de secreções mencionadas no Al-Qur’án no século sete, como sendo uma


referência à combinação de células sexuais masculina e feminina descritas


onze séculos depois.”


Em 1677, Leewenhoek e Hamm, usando um microscópio melhorado,


observaram pela primeira vez um espermatozóide e pensaram que o mesmo


continha um ser humano em miniatura (denominado homúnculo ou animálculo)


que se desenvolvia após ser depositado nos órgãos sexuais femininos, ou seja,


o espermatozóide era como “semente” e o óvulo, o “terreno de plantação”.


Só por volta de 1775 é que Spallanzani demonstrou que eram necessários um


espermatozóide e um óvulo para haver reprodução humana (na natureza) na


qual o esperma era o factor fecundante.


Quanto aos outros versículos acima citados, encontramos duas palavras


árabes que foram utilizadas para descrever as diferentes fases do embrião:


Alaqah e Mudghah.


Literalmente, a palavra “Alaqah” possui três signifi cados: sanguessuga, algo


suspenso e coágulo de sangue.


Comparando o embrião nesta fase com um sanguessuga, encontramos


similaridades quanto à feição de ambos. Para além disso, assim como o


parasita se alimenta de sangue do seu “hospedeiro”, o embrião também é


alimentado através da sua mãe.


O segundo signifi cado – “algo suspenso” – refl ecte exactamente àquilo que


acontece com o embrião quando fi ca alojado no útero materno.


De acordo com Dr. Moore, a última defi nição também condiz com o embrião


nesta fase, pois a sua aparência externa é semelhante a um coágulo sanguíneo.


Isso acontece devido a uma presença de sangue relativamente maior, que não


circula até ao fi nal da terceira semana.


Portanto, as três defi nições da palavra “Alaqah” condizem precisamente às


descrições do embrião humano nesta fase.



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