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Senhor. Amarás, pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de


toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de todas as tuas forças;


este é o primeiro mandamento”. Outra evidência na Bíblia mostra que


Jesus acreditava em Deus único e não em três pessoas divinas em um.


Lemos em Mateus 4:10: “Então disse-lhe Jesus: Vai-te, Satanás, porque


está escrito: Ao Senhor teu Deus adorarás, só a Ele servirás”.


A doutrina da Trindade foi incorporada nos ensinamentos de


Jesus mais de trezentos anos depois de sua partida. Os quatro


Evangelhos canonizados não contêm qualquer referência à Trindade,


nem Jesus, nem seus discípulos e nenhum dos primeiros padres da Igreja


jamais ensinaram nada semelhante. Hoje sabemos que o dogma da


Santíssima Trindade, na verdade, foi aprovado pelo concílio de Nicéia,


após grandes controvérsias e conflitos pela minoria dos seus membros29.


Além do mais, se analisarmos de forma racional, o conceito de Trindade


é insustentável. A fé em tal dogma nos exige acreditar na existência de


três pessoas diferentes, ou “hypostasis”, na essência de Deus, pessoas


que, por lógica, só podem ser finitas ou infinitas. Se considerarmos


infinitas, então existem três infinitos, no entanto, se considerarmos


finitas, então, nem o Pai, nem o filho e nem o Espírito Santo podem ser


Deus.


A justificativa por parte dos padres da Igreja foi afirmar que o


dogma em questão seria um mistério. Na verdade, o conceito da


Trindade significa a elevação de duas criaturas de Deus, ou seja, Jesus e


o Espírito Santo à categoria de divindade.


O Islam, ao contrário, explica o princípio da unicidade de Deus


de maneira fácil e clara: Deus é único, nada é igual a Ele e nem participa


de sua natureza divina. Ele é o Criador, O Subsistente e Ele (Allah )


sustenta a existência de toda criatura. Não gerou e nem foi gerado, pois


sua essência é completa e perfeita. Nada é comparável a Ele ou


29 No primeiro concílio ecumênico, Jesus foi divinizado, no segundo foi o


Espírito Santo , no terceiro a Virgem Maria, no décimo segundo a Igreja se


atribuiu o direito de outorgar o perdão dos pecados e por último, no vigésimo, se


decretou a infalibilidade do Papa. Segundo a Enciclopédia Americana, “o


monoteísmo surgiu como movimento teológico em um momento muito cedo na


história, muito antes do aparecimento da trindade. Não há dúvida que, o


cristianismo tem suas raízes no judaísmo, o qual manteve um monoteísmo muito


estrito. Portanto, o dogma da Santíssima Trindade, declarado no século IV, não


reflete de maneira exata os ensinamentos do cristianismo primitivo a respeito da


natureza de Deus, devendo ser considerado um desvio dos mesmos” (Vol.25 p.294).


Meu Grande Amor Por Jesus M e Conduziu Ao Islam


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coparticipa de sua divindade e nem tem uma companheira, como os seres sexuados.


Em João 8:38-40 lemos: “Eu falo do que vi junto de meu Pai e vós fazeis o que também vistes junto de vosso pai. Responderam e disseram-lhe: Nosso pai é Abraão. Jesus lhes disse: Se fosseis filhos de Abraão, faríeis as obras de Abraão. Mas agora procurais me matar, a mim, homem30 que vos tem dito a verdade que de Deus tem ouvido; Abraão não fez isto”. E do mesmo modo em João (17:3-4): “E a vida eterna é esta: que te conheçam, a ti só, por único Deus verdadeiro, a Jesus Cristo, a quem enviaste. Eu glorifiquei-te na terra, tendo consumado a obra que me deste a fazer”.


O Alcorão afirma a unicidade de Deus na surata 112:


“Dize: Ele é Deus, o Único.


Deus, o Absoluto.


Jamais gerou ou foi gerado.


E ninguém é comparável a Ele”.


Também lemos no Alcorão (4:171): “Ó adeptos do Livro, não exagereis em vossa religião e não digais de Deus, senão a verdade. O Messias, Jesus, filho de Maria, foi tão somente um mensageiro de Deus e seu verbo, com o qual Ele agraciou Maria por intermédio do Seu Espírito. Crede, pois, em Deus e em seus mensageiros e não digais: Trindade! Abstende-vos disso, que será melhor para vós, sabeis que Deus é Único. Glorificado seja! Longe está a hipótese de ter tido um filho. A Ele pertence tudo quanto há nos céus e na terra, e Deus é mais do que suficiente Guardião”. Em outro trecho lemos: “São blasfemos aqueles que dizem: Deus é uma Trindade! Portanto não existe divindade alguma, além do Deus Único. Se não desistirem de tudo quanto afirmam, um doloroso castigo açoitará os incrédulos entre eles. Por que não se voltam a Deus e imploram Seu perdão, uma vez que Ele é Indulgente, Misericordiosíssimo”? (Alcorão 5:73-74).


O único texto em toda a Bíblia que “apoiou” a doutrina da Trindade foi a primeira epístola de João (5:7): “Porque três são os que testificam no céu: o Pai, a Palavra e o Espírito Santo, estes três são um”. No entanto, esse texto foi complementarmente eliminado do New


30 “Porque eu sou Deus e não homem” (Oséias 11:9). “Deus não é homem, para que minta; nem filho do homem, para que se arrependa” (Números 23:19). “Não contenderá o meu Espírito para sempre com o homem; porque ele também é carne” (Gênesis 6:3).


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Revised Standard Version (RSV)31 da Bíblia, depois de ter sido


concluído que esse texto foi uma interpolação introduzida no King James


Version (KJV) e outras edições.


A Divindade de Jesus


Os cristãos acreditam que Jesus é Deus eterno, a segunda pessoa


da Trindade divina, que há mais de dois mil anos atrás decidiu encarnar


em um corpo mortal e nascer da Virgem Maria. No entanto, como já


referido anteriormente, esse dogma se trata de uma crença que não


encontra suporte nos ensinamentos de Jesus como está escrito nos


Evangelhos. Jesus nunca se atribui natureza divina. Não há melhor forma


de provar isso citando as próprias palavras de Jesus, reconhecidas por


Marcos, 10:18: “E Jesus lhe disse: Por que me chamas bom? Ninguém


há bom senão um, que é Deus”. Portanto, se Jesus se recusou a ser chamado de


“bom”, iria aceitar ser Deus? Quando Jesus falou de Deus, referiu-se-lhe


como “Meu Pai e Vosso Pai, meu Deus e vosso Deus”. (João 20:17).


Jesus sempre negava possuir qualquer poder. Afirmava que


nada era de sua própria vontade, mas sim da vontade suprema de quem o


enviou. Em João 5:30 lemos: “Eu não posso, de mim mesmo, fazer coisa


alguma32. Como ouço, assim julgo; o meu juízo é justo, porque não


busco a minha vontade, mas a vontade do Pai que me enviou”. Assim


mesmo afirmava em João 12:49: “Porque eu não tenho falado de mim


mesmo; mas o Pai, que me enviou, ele me deu mandamento sobre o que


hei de dizer e sobre o que hei de falar”. Também em João 7:17-18, Jesus


afirma: “Se alguém quiser fazer a vontade dele, pela mesma doutrina


conhecerá se ela é de Deus, ou se falo de mim mesmo. Quem fala de si


mesmo busca sua própria glória; mas o que busca a glória daquele que


o enviou, esse é verdadeiro e não há nele injustiça”.


Jesus declarou também que o Senhor é maior do que ele, de


acordo com João 14:28, que diz: “Se me amásseis, certamente


exultaríeis porque eu disse: Vou para o Pai; porque meu Pai é maior do


que eu.” Tudo o que Jesus fez foi pela glória de Deus e João 8:29 diz:


31 Por exemplo, The Bible in Basic English, The Darby Translation, Weymouth’s


New Testament, Holy Bible: Easy-to-read Version (Contemporary English


Version), The American Standard Version, The New Living Translation, The


New American Standard Bible (The Revised Standard Version), World English


Bible (International Standard Version) e a Hebrew Names Version of World


English Bible.


32 No entanto, dizia de Deus (Allah ): “porque, para Deus todas as coisas


são possíveis”. (Marcos 10:27).


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“E aquele que me enviou está comigo. O Pai não me tem deixado só,


porque eu faço sempre o que lhe agrada”. Jesus veio para trazer a boa


nova do Reino Unido de Deus (Lucas 4:43): “Ele, porém, lhes disse:


Também é necessário que eu anuncie a outras cidades o evangelho do


reino de Deus; porque para isso fui enviado”. Além disso, Jesus afirmou


que só entra no Reino dos céus quem fizer a vontade de Deus (Mateus


7:21): “Nem o que me diz: Senhor, Senhor! Entrará no reino dos céus,


mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus”. E em


Marcos 3:35, ele diz: “Porquanto, quem fizer a vontade de Deus, esse é


meu irmão, minha irmã e minha mãe33”. De acordo com Marcos 13:32,


nem Jesus nem o Espírito Santo sabem da hora final: “Mas, daquele


dia em diante, ninguém sabe, nem os anjos que estão no céu, nem o


Filho, senão o Pai”. Em Lucas 13:33-34, Jesus fala de si como um dos


profetas: “Importa, porém, caminhar hoje, amanhã e no dia seguinte,


para que não suceda que morra um profeta fora de Jerusalém.


Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas e apedrejas os que te são


enviados!...”.


Todas estas palavras que a Bíblia põe na boca de Jesus nos


mostram que, em sua relação com Deus não se considerava mais do que


qualquer outro ser humano. Ele não era o Criador, mas sim a criatura,


nada diferente de Adão . Que outra conclusão podemos obter, quando


o vemos rezar a Deus, por exemplo, em Marcos 1:35, 14:35 e Lucas


5:16. Por acaso não é o profeta que reza a Deus ou Deus que reza para si


mesmo? Jesus também louvou a Deus como fica evidente em Mateus,


11:25: “Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra”.


Concluimos, então, que este dogma da divindade não é apoiado


pelas palavras de Jesus, como está escrito nos evangelhos. Como a


doutrina da Trindade e da Encarnação, esse também surgiu após a partida


de Jesus. Uma vez mais nos encontramos diante de uma concessão cristã


ao paganismo. Na mitologia das religiões que precederam o cristianismo,


podemos ver alguns heróis que foram considerados deuses: o mesmo que


os hindus fizeram com Krishna, os budistas com Buda, os persas com Mitra, os


antigos egípcios com Osíris, os gregos com Baco, os babilônicos com Baal e os


sírios com Adonis, os cristãos fizeram com Jesus .


33 Mateus 12:50 relata ele mesmo o episódio com as seguintes palavras:


“Porque, qualquer que fizer a vontade de meu Pai que está nos céus, este é meu


irmão, irmã e mãe”. Como podemos comprovar, Mateus substituiu “Deus” por


“Pai” atendendo a razões teológicas. Segundo o renomado teólogo Kisman,


tanto Lucas quanto Mateus introduziram não menos que cem trocas no


Evangelho de Marcos pelas mesmas razões.


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Ao negar o dogma da Encarnação, o que é o mesmo da


transmutação de Deus em sua criatura, o Islam, libertou seus seguidores


das superstições. O Islam defende com muita firmeza que nem Jesus e


nem nenhum outro ser humano é e nem nunca será Deus O Alcorão


(5:75) afirma que Jesus foi um mensageiro de Deus, como tantos outros


que o precederam, e que “só comeria” em companhia de sua mãe. Uma


criatura que come não pode ser Deus, nem Jesus, nem Muhammad e


nem nenhum outro profeta. O ato de comer implica em necessidade


material e Deus (Allah ) é Autossubsistente, não depende de nada.


Comer implica em digerir e digerir implica no ato de defecar que não é


compatível com a Majestade Divina.


Um grande número de povos antigos, quase primitivos, negava a


possibilidade de um enviado de Deus ser um mortal comum que come e


bebe. Recordemos o que o Alcorão relata sobre o que disseram os


incrédulos a respeito de Noé (23:33): “Porém, os chefes incrédulos


do seu povo, que negavam o comparecimento na outra vida e que


agraciamos na vida terrena disseram: Este não é senão um homem


como vós; come do mesmo que comeis e bebe do mesmo que bebeis”


e, mais tarde, o que os beduínos iletrados disseram do Profeta


Muhammad (25:7): “E dizem: Que espécie de mensageiro é este


que come as mesmas comidas e anda pelas ruas? Por que não lhe foi


enviado um anjo, para que fosse, junto a ele (Muhammad),


Admoestador”?


A divindade de Jesus é rejeitada no Alcorão (5:72): “São


blasfemos aqueles que dizem: Deus é o Messias, filho de Maria


(Jesus), ainda, quando o mesmo Messias disse: Ó, israelitas adorai a


Deus, que é meu Senhor e vosso. A quem atribuir parceiros a Deus,


ser-lhe-á vedada a entrada no Paraíso e sua morada será o fogo


infernal! Os iníquos jamais terão socorredores”.


Deus também revelou (Alcorão 3:59): “O exemplo de Jesus


ante Deus é idêntico ao de Adão, que Ele criou do pó, então lhe disse:


Seja! E foi”. Como Adão que não tinha pai e nem mãe34. Na verdade,


no Alcorão, Deus descreve Jesus como Seu Profeta puro e piedoso como


os outros profetas, mas sempre como ser humano. Jesus disse (Alcorão,


19:30): “Eu lhes disse: Sou o servo de Deus, o Qual me concedeu o


Livro e me designou como profeta”. Nos Atos dos Apóstolos, 3:13


34 Também lemos em Hebreus 7:3 que Melquisedec nasceu “Sem pai, sem mãe,


sem genealogia, não tendo princípio de dias nem fim de vida” e nem por isso


sustenta a natureza divina de Melquisedec.


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também diz: “O Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó, o Deus de nossos


pais, glorificou a seu servo Jesus,...” (Novo testamento, edição católica).


Dos fatos apresentados acima ao leitor, fica claro que o Islam


não é a única religião que nega a divindade de Jesus, pois os textos da


Bíblia também o fazem. Numa pesquisa realizada por um programa de


televisão britânico chamado “O Credo”, 19 dos 31 bispos evangélicos


afirmaram que os cristãos não são obrigados a acreditar na natureza


divina de Jesus (Daily News, 25 de junho de 1984).


A Filiação Divina


Esta doutrina, como aquelas discutidas anteriormente, não está


em conformidade com os ensinamentos e ditos de Jesus . Na Bíblia, a


expressão “filho de Deus”, tem sido usada para se referir a Adão


(“Adão, o filho de Deus”, Lucas 3:38) e muitos dos profetas anteriores


que precederam Jesus. Em Êxodo, 4:22 lemos: “Então dirás ao Faraó:


Assim diz o Senhor: Israel é meu filho, meu primogênito”. Nos Salmos o


mesmo título foi dado a Davi (Salmos 2:7): “Proclamarei o decreto:


o Senhor me disse: Tu és meu Filho, eu hoje te gerei”. Da mesma forma,


Salomão foi chamado de “filho de Deus” (Crônicas 22:10): “Ele


edificará uma casa ao meu nome e me será por filho, eu lhe serei por pai


e confirmarei o trono de seu reino sobre Israel, para sempre”.


A partir das afirmações acima e de muitas outras na Bíblia,


devemos concluir que o termo “filho” não é utilizado no sentido próprio,


mas sim no sentido figurado e devemos entender que “filho de Deus” é


pessoa bem amada pelo Criador. Até Jesus disse, nos seguintes


versos, (Mateus 5:44-45): “Eu, porém, vos digo: Amai a vossos


inimigos; para que sejais filhos de vosso Pai que está nos céus”. Em


Mateus 5:9 lemos: “Bem-aventurados os pacificadores, porque eles


serão chamados filhos de Deus”. Não cabe a menor dúvida sobre o que


Jesus quer dizer quando afirma que alguém é “filho de Deus”.


Portanto, não pode haver nenhuma justificativa para considerar Jesus o


filho de Deus em um sentido que não seja o figurado. Quando afirmamos


que Jesus é “filho de Deus”, estamos dizendo exatamente o mesmo


que quando dizemos isso de Adão , do povo de Israel, de Davi ou


de Salomão . Jesus foi referido como “filho de Deus” 13 vezes na


Bíblia, enquanto que como “filho do homem”, 83 vezes.


O Islam rejeita categoricamente o dogma da filiação divina de


Jesus. Assim enfatiza o Alcorão 2:116: “Dizem (os cristãos): Deus


adotou um filho! Glorificado seja! Pois a Deus pertence tudo quanto


existe nos céus e na terra, tudo está consagrado a Ele”.


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Definitivamente, atribuir um filho a Deus (Allah ) quebraria o


princípio de perfeição de Deus.


O Pecado Original


Segundo a explicação do dogma, Adão pecou quando


desobedeceu a Deus, (Allah ) por comer o fruto proibido da árvore


do conhecimento do bem e do mal (Gênesis 2:17).35 De acordo com a


teologia cristã, todos os descendentes de Adão herdaram o pecado


dele, o que significa que todos os seres humanos nascem com esse


pecado original. Segundo o cristianismo, a justiça divina exige a


expiação do pecado. Deus não pode perdoar o pecado, ainda que leve,


sem que para isso seja cumprido algo que o compense. E por mais


assombroso que seja, Paulo estabelece em Hebreus 9:22: “e sem


derramamento de sangue não há perdão36”, a doutrina cristã conclui que


o pecado original deve ser lavado com sangue.


Mas que perdão se faria com sangue impuro e culpado? A


salvação haverá de ser de sangue não contaminado, perfeito e livre de


corrupção. E é por isso que Jesus , o “filho de Deus” sem pecado, veio


ao mundo, foi crucificado, sofreu uma agonia indescritível e derramou o


seu sangue. Assim purificou a culpa da humanidade. Portanto, só Deus


infinito poderia pagar o preço infinito do pecado e só quem aceita Jesus


como salvador é que pode se salvar. A não ser que admitamos nossa


redenção por meio da paixão e morte de Jesus, estaremos condenados ao


fogo eterno.


Todo esse assunto pode ser dividido em três questões: o conceito


de pecado original, a crença de que a justiça de Deus (Allah ) requer


que o pecado deve ser pago com sangue e a crença de que Jesus


pagou o preço pelo pecado dos homens, com sua paixão e morte, que a


35 Diante disso não se pode ao menos perguntar como é que Deus (Allah )


castigou Adão por cometer tal ato se naquele tempo desconhecia a diferença


entre o bem e o mal?


36 O qual, por certo, contradiz outras passagens que afirmam que se pode


redimir o pecado com trigo (Levítico), com dinheiro (Êxodo 30:15) e inclusive


com joias (Números 31:50).


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salvação é apenas para aqueles que acreditam no sacrifício de Jesus pelos


homens37.


Em relação à primeira parte, o reverendo De Groot, no seu livro:


"Os Ensinamentos Católicos", página 140, escreve: “As escrituras


sagradas nos ensinam que o pecado de Adão passou a todos os homens,


com isenção de Maria”. Em Romanos 5:19 são: “Porque, como pela


desobediência de um só homem (Adão), muitos foram feitos pecadores,


assim pela obediência de um (Jesus) muitos serão feitos justos.”. Essas


palavras deixam claro que todos os homens herdaram o pecado de Adão


. Como muitas outras crenças cristãs, a doutrina do pecado herdado


não encontra apoio nos ensinamentos de Jesus ou dos profetas que


vieram antes dele. Eles ensinaram que cada homem seria responsável por


seus próprios atos e os filhos não herdam o pecado de seus pais.


Prova de que o ser humano nasce sem culpa nem pecado é que,


para Jesus , nada era tão inocente e puro como uma criança. Jesus


disse (Marcos 10:14-15): “... Deixai vir os meninos a mim e não os


impeçais; porque dos tais é o reino de Deus. Em verdade vos digo que


qualquer um que não receber o reino de Deus como menino, de maneira


nenhuma entrará nele”. Assim, o Islam condena com a maior energia o


dogma do pecado original. Para o Islam, as crianças também são


criaturas puras que nascem desnudas de pecado ou culpa. A culpa não se


herda. A culpa é uma carga individual que impomos quando fazemos o


que não devemos ou não fazer o que devemos.


Racionalmente, seria o cúmulo de injustiça condenar toda a raça


humana por um pecado cometido por seus antecessores. O pecado é a


transgressão intencional da lei de Deus (Allah ) ou da norma que


distingue o bem e o mal, então, a responsabilidade ou culpa deve ser


apenas daquele que o cometeu e não dos descendentes. Considerar o


homem carregado de pecado ao nascer parece uma brincadeira de mau


gosto. Como um homem como Santo Agostinho pode ter um coração tão


duro e ser tão insensato e irracional para deduzir do dogma do pecado


original que as crianças sem batizado estão condenadas a arder no


inferno por séculos e séculos? Até pouco tempo, as crianças não


batizadas não eram enterradas em fundamentos consagrados na


cristandade, porque se acreditava terem morrido com o pecado original.


37 Se a única via para a salvação da alma está na redenção que se segue da


paixão e morte de Jesus , devemos concluir, então, que quem viveu antes


disso acontecer está infalivelmente condenado?


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Não há nem que dizer que o Islam rejeita a doutrina do pecado


original e defende que as crianças nascem livres de toda culpa. No Islam,


a culpa não se herda. Cada um carrega a sua culpa por suas ações ou


omissões indevidas. Tendo em vista tudo isso, demonstrado que o


princípio que se sustenta o dogma do pecado original não está de acordo


com os ensinamentos de Jesus e nem com a sanidade, devemos no


mínimo concluir que essa doutrina é falsa por si só.


A segunda parte da doutrina cristã é a crença em que a justiça de


Deus requer um preço a ser pago pelo pecado original e por todos os


outros pecados do homem. Se Deus (Allah ) perdoar um pecador sem


punição significa que não existe justiça divina. O reverendo W. Goldsack


escreve na página cinco de sua obra “The Atonement” (em português, “A


Expiação dos Pecados”): “Deve ser claro, como a luz do dia, na mente de


todos que Deus não pode violar a Sua própria lei. Ele não pode perdoar


um pecador, sem antes lhe dar uma punição adequada. Pois, se Ele faz


assim, como ele se chama ‘O Justo’”?


Essa visão mostra a completa ignorância com a justiça de Deus.


Deus não é um mero juiz ou rei. Ele é como descreve o Alcorão 1:3-4:


“O Clemente, o Misericordioso. Soberano do Dia do Juízo”. Deus,


portanto, é muito mais que justo, como disse José : “Eis que Deus vos


perdoará, porque é O mais Clemente dos misericordiosos” (Alcorão


12:92). Se Deus sabe que o homem está sinceramente arrependido, tem


um desejo real de vencer o mal dentro de si, porque Deus Todo Poderoso


não perdoaria suas falhas e pecados completamente? Portanto, a função


geral do castigo é prevenir o pecado e promover a reforma do pecador.


Punir uma pessoa por seus pecados passados, mesmo depois dela ter se


arrependido é um sinal de vingança e não de justiça. Da mesma forma,


podemos considerar como clemência ou misericórdia o perdão do pecado


pelo qual o pecador já foi castigado? Também seria clemência ou


misericórdia perdoar o pecador punindo outra pessoa no seu lugar?


O Deus (Allah ) Que adoramos é um Deus de clemência. Se


Ele prescreve uma lei e exige obediência, não é para Seu próprio


benefício, mas para o benefício da humanidade. Se Ele pune um homem


por suas falhas e seus pecados, não é para Sua própria satisfação ou


compensação como proclama o dogma cristão, mas é para conter o mal e


purificar o pecador. Deus perdoa os erros e pecados daqueles que se


arrependem de seus pecados e se corrigem sem puni-los ou punir


qualquer pessoa no seu lugar e isso não é contrário à justiça de Deus.


Assim, Deus diz (Alcorão 6:54): “Vosso Senhor impôs a Si mesmo a


clemência, a fim de que aqueles dentre vós que, por ignorância,


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cometerem uma falta e logo se arrependerem e se encaminharem,


venham a saber que Ele é Indulgente, Misericordiosíssimo”.


A terceira parte do dogma cristão é a crença na expiação, na qual


Jesus pagou a pena pelo pecado original e pelos pecados da


humanidade com sua morte na cruz do calvário e que a salvação não


pode ser obtida sem a crença no poder salvador de seu sangue. A esse


respeito, o reverendo De Groot escreve, na página 162, de sua obra


supracitada: “Desde que Cristo, Deus encarnado, tenha tomado a Si os


nossos pecados, para expiar por eles dando satisfação da procura de Deus


por justiça, Ele é o mediador entre Deus e o homem”. Isso não é apenas


uma negação da misericórdia de Deus (Allah ), mas também de sua


justiça divina38, visto que, exigir o preço de sangue para perdoar os


pecados dos homens mostra uma total falta de clemência e punir um


homem inocente pelo pecado dos outros é perversidade.


Há muitas refutações que confirmam a falsidade da crença na


expiação e na crucificação. A seguir estão apenas algumas:


Primeiro: O dogma da crucificação de Jesus para expiar o


pecado original é baseado em um pressuposto falso e qualquer coisa


construída sobre um fundamento corrupto é corrupta por si só. O


pressuposto em questão é que não é só Adão que carrega o seu


pecado, mas sim toda a humanidade, como está em Deuteronômio 24:16:


“Os pais não morrerão pelos filhos, nem os filhos pelos pais; cada um


morrerá pelo seu pecado”. Em Ezequiel 18:20 nós encontramos,


também: “A alma que pecar, essa morrerá; o filho não levará a


iniquidade do pai, nem o pai levará a iniquidade do filho. A justiça do


justo ficará sobre ele e a impiedade do ímpio cairá sobre ele”. De


acordo com Mateus 16:27, Jesus mesmo disse: “Porque o Filho do


homem virá na glória de seu Pai, com os seus anjos e, então, dará a


cada um, segundo as suas obras”. Isto está de acordo com o Alcorão


53:38-40: “De que nenhum pecador arcará com culpa alheia? De que


o homem não obtém senão o fruto do seu proceder? De que o seu


proceder será examinado”?


38 Diante de tudo isso, podemos ao menos fazer alguns questionamentos: Os


remorsos de Adão , seu arrependimento, sua expulsão do Paraíso, os


numerosos sacrifícios oferecidos a Deus (Allah ), não foram suficientes para


sua salvação? Porque foi assim? Que expiação possível teria pecados


incomparavelmente mais horrendos? E por outro lado, como é que o mistério da


redenção era desconhecido pelos outros profetas até a Igreja o trazê-lo à tona?


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Segundo: De acordo com Gênesis 5:5, nosso pai, Adão, viveu


com a esposa 930 anos mesmo depois de terem comido da árvore


proibida. O que não é sustentado pelo próprio Gênesis 2:17 que afirma:


“Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dela não comerás;


porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás”. Na realidade


isso indica que Adão se arrependeu de seu pecado sendo perdoado por


Deus, o que se deduz pelo que Ezequiel 18:21-22 afirma: “Mas se o


ímpio se converter de todos os pecados que cometeu e guardar todos os


meus estatutos, proceder com retidão e justiça, certamente viverá; não


morrerá. De todas as transgressões que cometeu não haverá lembrança


contra ele; pela justiça que praticou viverá”. Assim, não seria


necessário Jesus morrer crucificado para que fosse perdoado os


pecados de Adão, o que de novo coincide com o Alcorão (20:121-122),


que afirma: “E ambos comeram (os frutos) da árvore, suas vergonhas


foram-lhes manifestadas, puseram-se a cobrir seus corpos com


folhas de plantas do Paraíso. Adão desobedeceu ao seu Senhor e foi


seduzido. Mas logo, seu Senhor o elegeu, absolvendo-o e


encaminhando-o”.


Terceiro: não é correto dizer que Jesus foi morrer


voluntariamente pelos pecados dos homens. Na realidade, lemos na


Bíblia que ele não queria morrer na cruz, pois, quando soube que seus


inimigos estavam tramando contra sua vida, ele declarou (Marcos


14:34): “A minha alma está profundamente triste até a morte; ficai aqui,


vigiai”. Depois que ele orou a Deus disse: “E disse: Aba, Pai, todas as


coisas te são possíveis; afasta de mim este cálice; não seja, porém, o que


eu quero, mas o que tu queres”. (Marcos 14:36).


Quarto: A Bíblia nos diz em Marcos 15:34 que a pessoa


crucificada “exclamou com grande voz, dizendo: Eloí, Eloí, lamá


sabactâni? que, traduzido, é: Deus meu, Deus meu, por que me


desamparaste”? Esses gritos desesperados indicam claramente que nós


falamos de uma pessoa que não queria ser crucificada. Na verdade, essas


palavras não demonstram de maneira categórica que a pessoa pendurada


na cruz era Jesus , o Messias, porque um verdadeiro profeta jamais


gritaria tal coisa. Por outro lado, se Jesus fosse Deus como sustentam os


cristãos, como gritaria tal coisa?


Quinto: De acordo com Marcos 14:50, a crucificação não foi


testemunhada por nenhum dos discípulos de Jesus porque todos eles o


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abandonaram39. Por isso, nenhum dos escritores dos evangelhos e das


epístolas presenciou a crucificação, portanto, suas versões não são de


testemunhas oculares ou presenciais. Tudo isso só aumenta a suspeita:


Qual é a fonte da narração da crucificação já que cada evangelho narra o


episódio de maneiras completamente diferentes?


Sexto: A idéia de que o derramamento de sangue é necessário


para apaziguar a ira de Deus veio dar ao cristianismo a primitiva imagem


de Deus (Allah ) como um demônio todo poderoso. Não há conexão


lógica entre o pecado e o sangue. O que promove a redenção dos pecados


não é o sangue, mas o arrependimento sincero, o desejo de retornar a


Deus, a persistente resistência às más inclinações e a luta constante para


levar a cabo a vontade de Deus como foi revelado pelos profetas.


Ademais, quando Jesus foi perguntado sobre o caminho para a vida


eterna, sua resposta não foi que acreditassem nele (Jesus ) como


salvador por meio do derramamento de seu sangue. Ao contrário foi algo


simples: “Mas se você quiser entrar na vida, guarda os mandamentos”.


(Mateus 19:17).


Definitivamente, o projeto de salvação cristã se revela


extremamente frágil, tanto pelo ponto de vista lógico, quanto ético.


Tanto é que não encontra sustentação nos ensinamentos de Jesus , que


veio para salvar os homens e conduzi-los a luz por meio de seus


ensinamentos e do exemplo vivo de seus atos, em vez de


deliberadamente morrer na cruz oferecendo o seu sangue pelos pecados


do mundo. Sua missão, como a de todos os profetas ao longo da história


da humanidade, era chamar os pecadores ao arrependimento e nunca


disse que veio para a expiação dos pecados dos homens. Isso é


enfatizado em Mateus 4:17, como nos foi dito sobre Jesus: “Desde então


começou Jesus a pregar e a dizer: Arrependei-vos, porque é chegado o


reino dos céus”.


Realmente é difícil entender como a Bíblia chega ao extremo de


maldizer a Jesus por isso: “Cristo nos resgatou da maldição da lei,


fazendo-se maldição por nós; porque está escrito: Maldito todo aquele


que for pendurado no madeiro”. (Gálatas 3:13). Uma vez mais, falamos


sobre mais uma concessão cristã às antigas religiões pagãs. Arthur


Findley no seu livro, A Pedra da Verdade, página 45, citou 16


39 Diante de tal afirmação e como devemos pensar bem dos discípulos e que


Deus (Allah ) está satisfeito com eles, só podemos concluir que ou o


episódio foi inventado para prejudicá-lo ou eles sabiam que a pessoa que estava


presa não era Jesus , mas sim alguém parecido para abandonarem-no.


Meu Grande Amor Por Jesus Me Conduziu Ao Islam


52


personagens históricos que afirmavam terem vindo para a salvação de


seu povo. Há aqui alguns deles: Osíris do Egito (1700 a.C.), o Baal da


Babilônia (1200 a.C.), Krishna da Índia (1000 a.C.), Andra do Tibet (725


a.C.), Prometeu da Grécia (547 a.C.), Buda da China (560 a.C.) e Mitra


da Pérsia (400 a.C.).


O dogma da expiação, não só é um insulto à inteligência, incitanos


a valorizar a fé em detrimento dos atos, justamente como disse Paulo


ao desdenhar a lei e os mandamentos que Jesus veio completar e


chamar os homens a seu cumprimento: “Concluímos, pois, que o homem


é justificado pela fé sem as obras da lei”. (Romanos 3:28). Paulo nega


que as obras de Abraão não foram compensadas, mas, sim, somente


sua fé em Romanos 4:2-3. Foi assim que Paulo disse que a única


salvação atingível é a crença na crucificação do Cristo, independente dos


atos e do cumprimento dos mandamentos de Deus. O que seria da


humanidade se as pessoas aplicassem isso à risca? Para refutar a Paulo,


basta recordarmos as palavras de Jesus : “Qualquer, pois, que violar


um destes mandamentos, por menor que seja e, assim, ensinar aos


homens, será chamado o menor no reino dos céus; aquele, porém, que


cumpri-los e ensinar será chamado grande no reino dos céus”. (Mateus 5:19).


O Islam rejeita firmemente o dogma da expiação. Ele declara


que o perdão dos pecados não pode ser obtido pelo sofrimento e


sacrifício de qualquer outra pessoa, mas somente pela Graça de Deus e


com o arrependimento sincero da própria pessoa com persistentes


esforços para evitar o mal e fazer boas ações. Além disso, se os pecados


cometidos envolvem injustiça para com o direito das pessoas, estes


direitos têm de ser dados de volta aos seus legítimos proprietários e deve


ser pedido perdão para cada injustiçado se possível.


O Islam promete salvação e a todos aqueles que acreditam na


unicidade de Deus e que fazem boas ações: “Qual! Aqueles que se


submetem a Deus e são caritativos obterão recompensa, em seu


Senhor, e não serão presas do temor, nem se atribularão”. (Alcorão


2:112). Deus também diz no Alcorão, 18:110: “Dize: Sou tão somente


um mortal como vós, a quem tem sido revelado que o vosso Deus é


um Deus único. Por conseguinte, quem espera o comparecimento


ante seu Senhor que pratique o bem e não associe ninguém ao culto


d’Ele”, o que está de pleno acordo com os ensinamentos de Jesus que


dizia: “Meus irmãos, que aproveita se alguém disser que tem fé e não


tiver as obras? Porventura a fé pode salvá-lo? Assim também a fé, se


não tiver as obras, é morta em si mesma”. (Tiago 2:14 e 17).


Meu Grande Amor Por Jesus Me Conduziu Ao Islam


53


A Racionalidade do Islam


Uma análise objetiva e serena das doutrinas cristãs acima nos leva a


conclusão de que não são racionais, nem lógicas e vão contra os


ensinamentos de Jesus . É verdade que nos anos seguintes a ascensão


de Jesus ao céu, todos os seus seguidores consideravam-no nada mais


do que um profeta. As doutrinas mencionadas anteriormente são


invenções criadas muitos anos depois. Definitivamente, não podemos,


senão, concluir que as bases nas quais se assentam o cristianismo


constituem uma perversão dos verdadeiros ensinamentos de Jesus e de


todos os profetas que o antecederam.


Não devemos duvidar que a fé na unicidade divina é natural e primitiva


da religiosidade humana e o politeísmo é uma perversão que veio depois


do monoteísmo. Durante os dez séculos depois de Adão, os seres


humanos adoraram somente um Deus, até que o povo de Noé apareceu


com o politeísmo. Então, Noé foi enviado por Deus para guiar o seu


povo de volta ao caminho certo e chamá-los de volta ao culto do Deus


Único. Desde, então, até os tempos de Muhammad , Deus, enviou um


profeta após o outro a todas as nações pregando a mesma mensagem, de


que Deus é Único. A principal missão de todos os profetas não era fazer


as pessoas acreditarem na existência de Deus como Criador e


Sustentador do mundo, pois mesmo os politeístas40 acreditavam nisso.


Inclusive alguns deles acreditavam na benevolência divina devido as


suas boas ações. O problema é que eles colocavam mediadores entre


Deus e eles mesmos, a mensagem dos profetas era justamente para que


abandonassem esses mediadores e se voltassem ao Deus Verdadeiro e


Único. Isso se explica, pois todos os profetas iniciaram seus trabalhos


40 O ateísmo, por outro lado, se estendeu entre os séculos XVIII e XIX por


diversos motivos, dentre eles, cabe destacar a perversidade da Igreja, a


humilhante subjugação que submeteu diversos povos do mundo, o modo vil que


se aproveitou da religião e perverteu o Cristianismo, assim como suas flagrantes


contradições com a razão e com a natureza humana. A expansão das ciências


naturais e da indústria, depois da Igreja ter combatido as ciências etc. Tudo isso


conduziu as pessoas a desejar se vingarem da religião e a se sentirem


deslumbradas pelo mundo material. Sem se esquecer da tendência natural do ser


humano aos prazeres sensuais e afastar qualquer sistema de valores que


imponha um controle a seus instintos e paixões, assim como a carência de


modelos que mostram o valor e a importância da religião e seus ensinamentos


em todos os aspectos da vida.


Meu Grande Amor Por Jesus Me Conduziu Ao Islam


54


pregando da seguinte maneira: "Ó povo meu, adorai a Deus, porque não


tereis outra divindade além d’Ele. Não o temeis”? (Alcorão 7:65). Deus


também afirma no Alcorão (16:36): "Em verdade enviamos a cada


povo um mensageiro (com a ordem): Adorai a Deus e afastai-vos do


sedutor...” E o versículo 21:25 afirma: "E jamais enviamos


mensageiro algum antes de ti (Muhammad), sem que lhe tivéssemos


revelado que: Não há outra divindade além de Mim. Adora-Me e


serve-Me”. Portanto, é evidente que o Islam (submissão a Deus) sempre


foi a religião de todos os profetas e mensageiros de Deus (Allah ), de


Adão até Noé e de Noé até Muhammad , passando por Abraão


, Moisés e Jesus . Aquele que adora o Deus único e que tenha


seguido o profeta de seu lugar e época é um muçulmano e será salvo. O


Islam ensina os homens a terem fé em todos os profetas sem distinção.


Portanto, o Islam recupera a mensagem original revelada por


Deus aos seus profetas e consiste na continuação dela como religião


definitiva, pois, todas elas são as mesmas. Embora Deus tenha enviado


os profetas para pregarem a mensagem original a seus respectivos povos,


com o passar do tempo, ela foi sendo mal interpretada e misturada com


superstições, crenças falsas e rituais pagãos, causando uma degeneração


da verdadeira religião de Deus. O Islam é a mensagem de submissão a


Deus como foi revelado ao Profeta Muhammad, com o intuito de


reafirmar os ensinamentos de Jesus e todos os profetas que o


antecederam. O Islam é uma mensagem enviada a toda humanidade até o


fim dos tempos e não é, como nos casos anteriores, destinada a um grupo


determinado de pessoas.


Deus (Allah ) é O Criador, O Sustentador e Gestor do


universo, Único, Completo e Perfeito sem nenhum defeito. Ele é o único


a quem as orações devem ser dirigidas, caso contrário, estaremos


cometendo o pecado da blasfêmia e de associar outros a Deus, o pecado


terrível que Deus jamais perdoa um homem, a não ser que se arrependa


antes de sua morte: “Deus jamais perdoará a quem Lhe atribuir


parceiros; porém, fora disso, perdoa a quem Lhe apraz. Quem


atribuir parceiros a Deus cometerá um pecado atroz”. (Alcorão


4:48). Além disso, é um pecado que nos priva do Paraíso e condena a


perdição eterna, como afirma Deus por meio de Jesus como citado no


Alcorão (5:72): “São blasfemos aqueles que dizem: Deus é o Messias,


filho de Maria, ainda quando o mesmo Messias disse: Ó, israelitas


adorai a Deus, que é meu Senhor e vosso. A quem atribuir parceiros


a Deus, ser-lhe-á vedada a entrada no Paraíso e sua morada será o


Fogo Infernal! Os injustos jamais terão socorredores”.


Meu Grande Amor Por Jesus M e Conduziu Ao Islam


55


Ao Deus (Allah


) único é que todos os seres humanos devem rogar, em quem todas as criaturas devem se entregar com confiança, pois só Ele basta. Deus, o Senhor do Universo, o Clemente cuja misericórdia absoluta a tudo rodeia, o Onisciente que prevalece enquanto tudo passa.


A orientalista italiana Laura Veccia Vaglieri afirma na “Enciclopédia do Islam”: "Graças ao Islam, o paganismo e suas diversas formas foi derrotado. O conceito de universo, as práticas religiosas e os costumes sociais foram libertados de todas as aberrações que os degradaram e as mentes humanas foram feitas livres desses preconceitos. A Humanidade finalmente dignificou a Deus e pediu perdão ao Criador, o Senhor e Mestre da humanidade”. Ela continua: “O espírito foi liberado do preconceito, a vontade do homem foi libertada dos laços que o manteve ligado a outros homens ou aqueles ditos de poderes ocultos. Sacerdotes, guardiões de falsos mistérios, corretores da salvação e todos aqueles que fingiram ser mediadores entre Deus e o homem, que acreditavam ter autoridade sobre a vontade das outras pessoas, caíram de seus pedestais. O homem se tornou servo de Deus por si só, a obrigação de um homem em relação a outro, passou a ser a de um homem livre com outro homem livre. Antigamente os homens sofriam com a injustiça das diferenças sociais e o Islam proclamou a igualdade entre os seres humanos. Cada muçulmano foi distinguido de outro muçulmano não por motivo de nascimento ou de qualquer outro fator não relacionado com o sua personalidade, mas pela intensidade do temor a Deus, suas boas ações, suas qualidades morais e intelectuais". Ela também afirma em seu livro: "Não foi por meio da violência das armas nem através da pressão de missionários intrusivos que o Islam teve grande e rápida difusão, mas acima de tudo, pelo fato dos muçulmanos darem liberdade, aos vencidos, de aceitar ou rejeitar o livro apresentado, o Livro de Deus, a Palavra da Verdade, o maior milagre que Muhammad poderia mostrar para quem tinha dúvida e para quem persistia inflexível”. Ela continua: "A mensagem do Islam tem a força da simplicidade de um cristal puro e maravilhosa facilidade para atingir a alma das pessoas sem recorrer a longas explicações ou sermões complicados".


Assim mesmo, o famoso historiador Arnold J. Toynbee observa: "Na verdade, quero convidar o mundo a adotar o princípio islâmico de fraternidade e igualdade. A doutrina da unicidade de Deus colocada


Meu Grande Amor Por Jesus Me Conduziu Ao Islam


56


pelo Islam é um dos exemplos mais maravilhosos de como unificar o


mundo. A continuação do Islam dá esperança41 ao mundo inteiro".


8 – O passo definitivo para o Islam: Como


Jesus influenciou na minha conversão?


Ainda, que as informações que aparecem nas páginas anteriores sejam


mais que suficiente para se perceber a verdade nos ensinamentos do


Islam e o distanciamento do cristianismo dos verdadeiros ensinamentos


de Jesus , algo dentro de mim impedia de dar o passo definitivo para


me distanciar do caminho que a Igreja tinha me traçado. Meu talismã,


um pacotinho em cujo interior ficavam sete pequenas cruzes pratas e


uma suposta imagem de Jesus, ainda continuava comigo, pois acreditava


que se eu o deixasse algo de mal me ocorreria.


Um dia, quando eu estava revendo os livros que me foram dados


na mesquita, eu li duas frases que encheram meu coração de grande


alegria e as lágrimas começaram a fluir dos meus olhos e eu disse: “Meu


Deus, essa é a verdade. Esta é a resposta que eu nunca consegui


encontrar”. Devo admitir que, até aquele momento, eu nunca havia


tocado ou lido o Alcorão, nem sequer uma copia em qualquer idioma e a


palavra Alcorão não fazia parte do meu vocabulário. De uma forma


enfática, clara e precisa, eu li no livro que havia recebido na mesquita:


“E por dizerem: Matamos o Messias, Jesus, filho de Maria, o


Mensageiro de Deus, embora não sendo, na realidade, certo que o mataram,


nem o crucificaram, senão que isso lhes foi simulado...” (Alcorão 4:157).


Então, fiz uma pausa na leitura. Repeti várias vezes, “Eles não o


mataram, nem o crucificaram”. Naquele momento senti que Deus estava


respondendo à minha pergunta de sempre e para a qual nunca tinha


encontrado uma resposta lógica e convincente e por isso chegava a


duvidar do poder de Deus.


Não foi fácil encontrar essa resposta. Eu tinha que competir com


muitos outros estudantes para ganhar uma bolsa de estudos e tinha que


viajar milhares de quilômetros para o estado de Washington nos E.U.A.


Tinha que aprender a falar e ler inglês e por ser da América Latina, eu


41 Civilization on Trial, New York, Oxford University Press, 1948.


Meu Grande Amor Por Jesus Me Conduziu Ao Islam


57


ainda tinha que apresentar um caráter aceitável aos outros muçulmanos


de Seattle. E tudo isso tinha de acontecer para que eu me deparasse com


aquelas duas frases que respondiam minhas questões. A probabilidade de


esta informação chegar às mãos de um Venezuelano, em 1978, era


remota. No entanto, o que foi decretado por Deus (Allah ) havia de se


cumprir. Nesses momentos, enquanto eu ainda aproveitava esta grande


notícia, falei com Deus e lhe pedi perdão. Eu queria voar para a


Venezuela e dar essa notícia a minha família e ao resto do mundo.


Estava acontecendo exatamente como nos filmes. Meu grande


herói, o mocinho do filme, o meu amado profeta, Jesus de Nazaré, para


quem eu costumava rezar duas vezes por dia em um pequeno altar na


minha casa, não tinha sido crucificado! Para mim parecia que o peso da


cruz, que alegaram ter sido carregada por Jesus ao Monte Calvário


tivesse desaparecido e desintegrado como uma montanha demolida por dinamite.


O que se seguiu a essa descoberta, pensando bem, não foi menos


significativo: "Se esta é a verdade, então esta religião é a certa". Durante


vinte anos, eu ouvia dizer que Jesus tinha sido assassinado. Era como se


fosse conduzido por um caminho carente de alternativas. Agora, uma


avenida foi aberta diante dos meus olhos com respostas mais lógicas. As


coisas estavam mais claras e a última peça do quebra-cabeça fora


encontrada. Este foi mais um milagre que Jesus realizou com o poder de Deus.


O homem que, pelo poder de Deus, fez cego enxergar, que


andou sobre as águas, que curou um leproso, que fez um paralítico andar,


que multiplicou os pães e os peixes para alimentar milhares de pessoas e


que tinha dado vida aos mortos, sem dúvida, não poderia ter sido


crucificado. Portanto, agora que consegui enxergar claramente com


inteligência, resolvi ser parte dessa religião e ser um muçulmano.


Da mesma forma que o peso da cruz se desfez, a sexta-feira


santa, o sábado da glória, o domingo da ressurreição, toda a semana


santa, as sete estações de penitência e os jejuns da quaresma também se


desfizeram. Tudo era uma farsa. O poder do talismã desapareceu. A


mente lógica de um jovem estudando para ser engenheiro estava agora


livre de todas estas tradições infundadas construídas sobre um conceito


irracional. Eu que fora bombeiro, salvo vidas e propriedades, que não


adquirira os vícios do fumo e da bebida, por mais que a sociedades considerasse


esses vícios normais, já não podia mais tolerar todas essas imposições.


Durante o verão de 1979 fiz um curso opcional em Oklahoma


State University que iluminou ainda mais meu novo caminho. O curso


era chamado de “tradição islâmica”. No final do verão de 1979, voltei à


Meu Grande Amor Por Jesus M e Conduziu Ao Islam


58


Seattle, na presença do mesmo Imam que tinha me dado os livros islâmicos, abracei o Islam formalmente, pronunciando o testemunho da fé (Chahada).


Ainda me lembro do Imam me perguntando: “Você tem certeza de que quer abraçar o Islam?” Eu disse sim. Então, ele insistiu: “Mesmo que fique gravado em seu passaporte que é um muçulmano”? Eu disse: “Mesmo assim”. Então, ele disse: “Se você tiver certeza de que é isso que você quer, então, repita comigo: Testemunho que não há divindade além de Deus, testemunho que Muhammad é mensageiro de Deus”.


Repeti com o Imam em Inglês e, em seguida, em árabe, este foi o meu último passo para o Islam.


9 – Como o Islam afetou a minha vida


Sem dúvida, mudanças envolvem certos ajustes, no meu caso não foi exceção. Uma vez abraçado o Islam, prometi a Deus (Allah


) que faria o que eu pudesse para aprender tudo o que fosse possível sobre essa religião. Quando eu ainda era, relativamente, jovem e tinha acabado de completar meu primeiro curso em Oklahoma State University, casei-me com uma jovem muçulmana. Em Stillwater, Oklahoma, o Centro Islâmico local atribuiu o meu primeiro professor islâmico, que se chamava Faiz e era Palestino. Nada me interessava mais do que me instruir sobre minha nova fé. O irmão Faiz, que Deus o bendiga e lhe pague o quanto me ensinou, dedicou muito do seu tempo para me ensinar a oração e o resto dos pilares do Islam, assim como, proporcionou minhas primeiras noções em torno da vida depois da morte, sobre o Dia da Ressurreição e muitos outros temas. Ainda posso lembrar o grande impacto causado pela discussão mais aprofundada: durante a minha vida como cristão, nunca, ninguém me ensinou algo semelhante e com tantos detalhes. Resumindo, conforme os ensinamentos do último dos profetas, o que acontece depois que morremos.


A vida depois da morte é algo que gera uma enorme curiosidade em todo mundo. Durante minha vida com cristão, a morte sempre me pareceu um mistério que nunca seria desvendado. Não imaginava o que seria de mim depois que meu corpo estivesse debaixo da terra e no Islam encontrei as respostas. Quando uma pessoa morre, ela deve ser enterrada de acordo com os ensinamentos do profeta Muhammad. O corpo da pessoa é totalmente lavado e perfumado. Depois é envolto em dois pedaços de pano branco, o corpo é enterrado no solo sem caixão, com seu rosto orientado na direção de Meca. Segundo o hadith, o morto ouve


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