Senhor. Amarás, pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de
toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de todas as tuas forças;
este é o primeiro mandamento”. Outra evidência na Bíblia mostra que
Jesus acreditava em Deus único e não em três pessoas divinas em um.
Lemos em Mateus 4:10: “Então disse-lhe Jesus: Vai-te, Satanás, porque
está escrito: Ao Senhor teu Deus adorarás, só a Ele servirás”.
A doutrina da Trindade foi incorporada nos ensinamentos de
Jesus mais de trezentos anos depois de sua partida. Os quatro
Evangelhos canonizados não contêm qualquer referência à Trindade,
nem Jesus, nem seus discípulos e nenhum dos primeiros padres da Igreja
jamais ensinaram nada semelhante. Hoje sabemos que o dogma da
Santíssima Trindade, na verdade, foi aprovado pelo concílio de Nicéia,
após grandes controvérsias e conflitos pela minoria dos seus membros29.
Além do mais, se analisarmos de forma racional, o conceito de Trindade
é insustentável. A fé em tal dogma nos exige acreditar na existência de
três pessoas diferentes, ou “hypostasis”, na essência de Deus, pessoas
que, por lógica, só podem ser finitas ou infinitas. Se considerarmos
infinitas, então existem três infinitos, no entanto, se considerarmos
finitas, então, nem o Pai, nem o filho e nem o Espírito Santo podem ser
Deus.
A justificativa por parte dos padres da Igreja foi afirmar que o
dogma em questão seria um mistério. Na verdade, o conceito da
Trindade significa a elevação de duas criaturas de Deus, ou seja, Jesus e
o Espírito Santo à categoria de divindade.
O Islam, ao contrário, explica o princípio da unicidade de Deus
de maneira fácil e clara: Deus é único, nada é igual a Ele e nem participa
de sua natureza divina. Ele é o Criador, O Subsistente e Ele (Allah )
sustenta a existência de toda criatura. Não gerou e nem foi gerado, pois
sua essência é completa e perfeita. Nada é comparável a Ele ou
29 No primeiro concílio ecumênico, Jesus foi divinizado, no segundo foi o
Espírito Santo , no terceiro a Virgem Maria, no décimo segundo a Igreja se
atribuiu o direito de outorgar o perdão dos pecados e por último, no vigésimo, se
decretou a infalibilidade do Papa. Segundo a Enciclopédia Americana, “o
monoteísmo surgiu como movimento teológico em um momento muito cedo na
história, muito antes do aparecimento da trindade. Não há dúvida que, o
cristianismo tem suas raízes no judaísmo, o qual manteve um monoteísmo muito
estrito. Portanto, o dogma da Santíssima Trindade, declarado no século IV, não
reflete de maneira exata os ensinamentos do cristianismo primitivo a respeito da
natureza de Deus, devendo ser considerado um desvio dos mesmos” (Vol.25 p.294).
Meu Grande Amor Por Jesus M e Conduziu Ao Islam
40
coparticipa de sua divindade e nem tem uma companheira, como os seres sexuados.
Em João 8:38-40 lemos: “Eu falo do que vi junto de meu Pai e vós fazeis o que também vistes junto de vosso pai. Responderam e disseram-lhe: Nosso pai é Abraão. Jesus lhes disse: Se fosseis filhos de Abraão, faríeis as obras de Abraão. Mas agora procurais me matar, a mim, homem30 que vos tem dito a verdade que de Deus tem ouvido; Abraão não fez isto”. E do mesmo modo em João (17:3-4): “E a vida eterna é esta: que te conheçam, a ti só, por único Deus verdadeiro, a Jesus Cristo, a quem enviaste. Eu glorifiquei-te na terra, tendo consumado a obra que me deste a fazer”.
O Alcorão afirma a unicidade de Deus na surata 112:
“Dize: Ele é Deus, o Único.
Deus, o Absoluto.
Jamais gerou ou foi gerado.
E ninguém é comparável a Ele”.
Também lemos no Alcorão (4:171): “Ó adeptos do Livro, não exagereis em vossa religião e não digais de Deus, senão a verdade. O Messias, Jesus, filho de Maria, foi tão somente um mensageiro de Deus e seu verbo, com o qual Ele agraciou Maria por intermédio do Seu Espírito. Crede, pois, em Deus e em seus mensageiros e não digais: Trindade! Abstende-vos disso, que será melhor para vós, sabeis que Deus é Único. Glorificado seja! Longe está a hipótese de ter tido um filho. A Ele pertence tudo quanto há nos céus e na terra, e Deus é mais do que suficiente Guardião”. Em outro trecho lemos: “São blasfemos aqueles que dizem: Deus é uma Trindade! Portanto não existe divindade alguma, além do Deus Único. Se não desistirem de tudo quanto afirmam, um doloroso castigo açoitará os incrédulos entre eles. Por que não se voltam a Deus e imploram Seu perdão, uma vez que Ele é Indulgente, Misericordiosíssimo”? (Alcorão 5:73-74).
O único texto em toda a Bíblia que “apoiou” a doutrina da Trindade foi a primeira epístola de João (5:7): “Porque três são os que testificam no céu: o Pai, a Palavra e o Espírito Santo, estes três são um”. No entanto, esse texto foi complementarmente eliminado do New
30 “Porque eu sou Deus e não homem” (Oséias 11:9). “Deus não é homem, para que minta; nem filho do homem, para que se arrependa” (Números 23:19). “Não contenderá o meu Espírito para sempre com o homem; porque ele também é carne” (Gênesis 6:3).
Meu Grande Amor Por Jesus Me Conduziu Ao Islam
42
Revised Standard Version (RSV)31 da Bíblia, depois de ter sido
concluído que esse texto foi uma interpolação introduzida no King James
Version (KJV) e outras edições.
A Divindade de Jesus
Os cristãos acreditam que Jesus é Deus eterno, a segunda pessoa
da Trindade divina, que há mais de dois mil anos atrás decidiu encarnar
em um corpo mortal e nascer da Virgem Maria. No entanto, como já
referido anteriormente, esse dogma se trata de uma crença que não
encontra suporte nos ensinamentos de Jesus como está escrito nos
Evangelhos. Jesus nunca se atribui natureza divina. Não há melhor forma
de provar isso citando as próprias palavras de Jesus, reconhecidas por
Marcos, 10:18: “E Jesus lhe disse: Por que me chamas bom? Ninguém
há bom senão um, que é Deus”. Portanto, se Jesus se recusou a ser chamado de
“bom”, iria aceitar ser Deus? Quando Jesus falou de Deus, referiu-se-lhe
como “Meu Pai e Vosso Pai, meu Deus e vosso Deus”. (João 20:17).
Jesus sempre negava possuir qualquer poder. Afirmava que
nada era de sua própria vontade, mas sim da vontade suprema de quem o
enviou. Em João 5:30 lemos: “Eu não posso, de mim mesmo, fazer coisa
alguma32. Como ouço, assim julgo; o meu juízo é justo, porque não
busco a minha vontade, mas a vontade do Pai que me enviou”. Assim
mesmo afirmava em João 12:49: “Porque eu não tenho falado de mim
mesmo; mas o Pai, que me enviou, ele me deu mandamento sobre o que
hei de dizer e sobre o que hei de falar”. Também em João 7:17-18, Jesus
afirma: “Se alguém quiser fazer a vontade dele, pela mesma doutrina
conhecerá se ela é de Deus, ou se falo de mim mesmo. Quem fala de si
mesmo busca sua própria glória; mas o que busca a glória daquele que
o enviou, esse é verdadeiro e não há nele injustiça”.
Jesus declarou também que o Senhor é maior do que ele, de
acordo com João 14:28, que diz: “Se me amásseis, certamente
exultaríeis porque eu disse: Vou para o Pai; porque meu Pai é maior do
que eu.” Tudo o que Jesus fez foi pela glória de Deus e João 8:29 diz:
31 Por exemplo, The Bible in Basic English, The Darby Translation, Weymouth’s
New Testament, Holy Bible: Easy-to-read Version (Contemporary English
Version), The American Standard Version, The New Living Translation, The
New American Standard Bible (The Revised Standard Version), World English
Bible (International Standard Version) e a Hebrew Names Version of World
English Bible.
32 No entanto, dizia de Deus (Allah ): “porque, para Deus todas as coisas
são possíveis”. (Marcos 10:27).
Meu Grande Amor Por Jesus Me Conduziu Ao Islam
43
“E aquele que me enviou está comigo. O Pai não me tem deixado só,
porque eu faço sempre o que lhe agrada”. Jesus veio para trazer a boa
nova do Reino Unido de Deus (Lucas 4:43): “Ele, porém, lhes disse:
Também é necessário que eu anuncie a outras cidades o evangelho do
reino de Deus; porque para isso fui enviado”. Além disso, Jesus afirmou
que só entra no Reino dos céus quem fizer a vontade de Deus (Mateus
7:21): “Nem o que me diz: Senhor, Senhor! Entrará no reino dos céus,
mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus”. E em
Marcos 3:35, ele diz: “Porquanto, quem fizer a vontade de Deus, esse é
meu irmão, minha irmã e minha mãe33”. De acordo com Marcos 13:32,
nem Jesus nem o Espírito Santo sabem da hora final: “Mas, daquele
dia em diante, ninguém sabe, nem os anjos que estão no céu, nem o
Filho, senão o Pai”. Em Lucas 13:33-34, Jesus fala de si como um dos
profetas: “Importa, porém, caminhar hoje, amanhã e no dia seguinte,
para que não suceda que morra um profeta fora de Jerusalém.
Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas e apedrejas os que te são
enviados!...”.
Todas estas palavras que a Bíblia põe na boca de Jesus nos
mostram que, em sua relação com Deus não se considerava mais do que
qualquer outro ser humano. Ele não era o Criador, mas sim a criatura,
nada diferente de Adão . Que outra conclusão podemos obter, quando
o vemos rezar a Deus, por exemplo, em Marcos 1:35, 14:35 e Lucas
5:16. Por acaso não é o profeta que reza a Deus ou Deus que reza para si
mesmo? Jesus também louvou a Deus como fica evidente em Mateus,
11:25: “Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra”.
Concluimos, então, que este dogma da divindade não é apoiado
pelas palavras de Jesus, como está escrito nos evangelhos. Como a
doutrina da Trindade e da Encarnação, esse também surgiu após a partida
de Jesus. Uma vez mais nos encontramos diante de uma concessão cristã
ao paganismo. Na mitologia das religiões que precederam o cristianismo,
podemos ver alguns heróis que foram considerados deuses: o mesmo que
os hindus fizeram com Krishna, os budistas com Buda, os persas com Mitra, os
antigos egípcios com Osíris, os gregos com Baco, os babilônicos com Baal e os
sírios com Adonis, os cristãos fizeram com Jesus .
33 Mateus 12:50 relata ele mesmo o episódio com as seguintes palavras:
“Porque, qualquer que fizer a vontade de meu Pai que está nos céus, este é meu
irmão, irmã e mãe”. Como podemos comprovar, Mateus substituiu “Deus” por
“Pai” atendendo a razões teológicas. Segundo o renomado teólogo Kisman,
tanto Lucas quanto Mateus introduziram não menos que cem trocas no
Evangelho de Marcos pelas mesmas razões.
Meu Grande Amor Por Jesus Me Conduziu Ao Islam
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Ao negar o dogma da Encarnação, o que é o mesmo da
transmutação de Deus em sua criatura, o Islam, libertou seus seguidores
das superstições. O Islam defende com muita firmeza que nem Jesus e
nem nenhum outro ser humano é e nem nunca será Deus O Alcorão
(5:75) afirma que Jesus foi um mensageiro de Deus, como tantos outros
que o precederam, e que “só comeria” em companhia de sua mãe. Uma
criatura que come não pode ser Deus, nem Jesus, nem Muhammad e
nem nenhum outro profeta. O ato de comer implica em necessidade
material e Deus (Allah ) é Autossubsistente, não depende de nada.
Comer implica em digerir e digerir implica no ato de defecar que não é
compatível com a Majestade Divina.
Um grande número de povos antigos, quase primitivos, negava a
possibilidade de um enviado de Deus ser um mortal comum que come e
bebe. Recordemos o que o Alcorão relata sobre o que disseram os
incrédulos a respeito de Noé (23:33): “Porém, os chefes incrédulos
do seu povo, que negavam o comparecimento na outra vida e que
agraciamos na vida terrena disseram: Este não é senão um homem
como vós; come do mesmo que comeis e bebe do mesmo que bebeis”
e, mais tarde, o que os beduínos iletrados disseram do Profeta
Muhammad (25:7): “E dizem: Que espécie de mensageiro é este
que come as mesmas comidas e anda pelas ruas? Por que não lhe foi
enviado um anjo, para que fosse, junto a ele (Muhammad),
Admoestador”?
A divindade de Jesus é rejeitada no Alcorão (5:72): “São
blasfemos aqueles que dizem: Deus é o Messias, filho de Maria
(Jesus), ainda, quando o mesmo Messias disse: Ó, israelitas adorai a
Deus, que é meu Senhor e vosso. A quem atribuir parceiros a Deus,
ser-lhe-á vedada a entrada no Paraíso e sua morada será o fogo
infernal! Os iníquos jamais terão socorredores”.
Deus também revelou (Alcorão 3:59): “O exemplo de Jesus
ante Deus é idêntico ao de Adão, que Ele criou do pó, então lhe disse:
Seja! E foi”. Como Adão que não tinha pai e nem mãe34. Na verdade,
no Alcorão, Deus descreve Jesus como Seu Profeta puro e piedoso como
os outros profetas, mas sempre como ser humano. Jesus disse (Alcorão,
19:30): “Eu lhes disse: Sou o servo de Deus, o Qual me concedeu o
Livro e me designou como profeta”. Nos Atos dos Apóstolos, 3:13
34 Também lemos em Hebreus 7:3 que Melquisedec nasceu “Sem pai, sem mãe,
sem genealogia, não tendo princípio de dias nem fim de vida” e nem por isso
sustenta a natureza divina de Melquisedec.
Meu Grande Amor Por Jesus Me Conduziu Ao Islam
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também diz: “O Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó, o Deus de nossos
pais, glorificou a seu servo Jesus,...” (Novo testamento, edição católica).
Dos fatos apresentados acima ao leitor, fica claro que o Islam
não é a única religião que nega a divindade de Jesus, pois os textos da
Bíblia também o fazem. Numa pesquisa realizada por um programa de
televisão britânico chamado “O Credo”, 19 dos 31 bispos evangélicos
afirmaram que os cristãos não são obrigados a acreditar na natureza
divina de Jesus (Daily News, 25 de junho de 1984).
A Filiação Divina
Esta doutrina, como aquelas discutidas anteriormente, não está
em conformidade com os ensinamentos e ditos de Jesus . Na Bíblia, a
expressão “filho de Deus”, tem sido usada para se referir a Adão
(“Adão, o filho de Deus”, Lucas 3:38) e muitos dos profetas anteriores
que precederam Jesus. Em Êxodo, 4:22 lemos: “Então dirás ao Faraó:
Assim diz o Senhor: Israel é meu filho, meu primogênito”. Nos Salmos o
mesmo título foi dado a Davi (Salmos 2:7): “Proclamarei o decreto:
o Senhor me disse: Tu és meu Filho, eu hoje te gerei”. Da mesma forma,
Salomão foi chamado de “filho de Deus” (Crônicas 22:10): “Ele
edificará uma casa ao meu nome e me será por filho, eu lhe serei por pai
e confirmarei o trono de seu reino sobre Israel, para sempre”.
A partir das afirmações acima e de muitas outras na Bíblia,
devemos concluir que o termo “filho” não é utilizado no sentido próprio,
mas sim no sentido figurado e devemos entender que “filho de Deus” é
pessoa bem amada pelo Criador. Até Jesus disse, nos seguintes
versos, (Mateus 5:44-45): “Eu, porém, vos digo: Amai a vossos
inimigos; para que sejais filhos de vosso Pai que está nos céus”. Em
Mateus 5:9 lemos: “Bem-aventurados os pacificadores, porque eles
serão chamados filhos de Deus”. Não cabe a menor dúvida sobre o que
Jesus quer dizer quando afirma que alguém é “filho de Deus”.
Portanto, não pode haver nenhuma justificativa para considerar Jesus o
filho de Deus em um sentido que não seja o figurado. Quando afirmamos
que Jesus é “filho de Deus”, estamos dizendo exatamente o mesmo
que quando dizemos isso de Adão , do povo de Israel, de Davi ou
de Salomão . Jesus foi referido como “filho de Deus” 13 vezes na
Bíblia, enquanto que como “filho do homem”, 83 vezes.
O Islam rejeita categoricamente o dogma da filiação divina de
Jesus. Assim enfatiza o Alcorão 2:116: “Dizem (os cristãos): Deus
adotou um filho! Glorificado seja! Pois a Deus pertence tudo quanto
existe nos céus e na terra, tudo está consagrado a Ele”.
Meu Grande Amor Por Jesus Me Conduziu Ao Islam
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Definitivamente, atribuir um filho a Deus (Allah ) quebraria o
princípio de perfeição de Deus.
O Pecado Original
Segundo a explicação do dogma, Adão pecou quando
desobedeceu a Deus, (Allah ) por comer o fruto proibido da árvore
do conhecimento do bem e do mal (Gênesis 2:17).35 De acordo com a
teologia cristã, todos os descendentes de Adão herdaram o pecado
dele, o que significa que todos os seres humanos nascem com esse
pecado original. Segundo o cristianismo, a justiça divina exige a
expiação do pecado. Deus não pode perdoar o pecado, ainda que leve,
sem que para isso seja cumprido algo que o compense. E por mais
assombroso que seja, Paulo estabelece em Hebreus 9:22: “e sem
derramamento de sangue não há perdão36”, a doutrina cristã conclui que
o pecado original deve ser lavado com sangue.
Mas que perdão se faria com sangue impuro e culpado? A
salvação haverá de ser de sangue não contaminado, perfeito e livre de
corrupção. E é por isso que Jesus , o “filho de Deus” sem pecado, veio
ao mundo, foi crucificado, sofreu uma agonia indescritível e derramou o
seu sangue. Assim purificou a culpa da humanidade. Portanto, só Deus
infinito poderia pagar o preço infinito do pecado e só quem aceita Jesus
como salvador é que pode se salvar. A não ser que admitamos nossa
redenção por meio da paixão e morte de Jesus, estaremos condenados ao
fogo eterno.
Todo esse assunto pode ser dividido em três questões: o conceito
de pecado original, a crença de que a justiça de Deus (Allah ) requer
que o pecado deve ser pago com sangue e a crença de que Jesus
pagou o preço pelo pecado dos homens, com sua paixão e morte, que a
35 Diante disso não se pode ao menos perguntar como é que Deus (Allah )
castigou Adão por cometer tal ato se naquele tempo desconhecia a diferença
entre o bem e o mal?
36 O qual, por certo, contradiz outras passagens que afirmam que se pode
redimir o pecado com trigo (Levítico), com dinheiro (Êxodo 30:15) e inclusive
com joias (Números 31:50).
Meu Grande Amor Por Jesus Me Conduziu Ao Islam
47
salvação é apenas para aqueles que acreditam no sacrifício de Jesus pelos
homens37.
Em relação à primeira parte, o reverendo De Groot, no seu livro:
"Os Ensinamentos Católicos", página 140, escreve: “As escrituras
sagradas nos ensinam que o pecado de Adão passou a todos os homens,
com isenção de Maria”. Em Romanos 5:19 são: “Porque, como pela
desobediência de um só homem (Adão), muitos foram feitos pecadores,
assim pela obediência de um (Jesus) muitos serão feitos justos.”. Essas
palavras deixam claro que todos os homens herdaram o pecado de Adão
. Como muitas outras crenças cristãs, a doutrina do pecado herdado
não encontra apoio nos ensinamentos de Jesus ou dos profetas que
vieram antes dele. Eles ensinaram que cada homem seria responsável por
seus próprios atos e os filhos não herdam o pecado de seus pais.
Prova de que o ser humano nasce sem culpa nem pecado é que,
para Jesus , nada era tão inocente e puro como uma criança. Jesus
disse (Marcos 10:14-15): “... Deixai vir os meninos a mim e não os
impeçais; porque dos tais é o reino de Deus. Em verdade vos digo que
qualquer um que não receber o reino de Deus como menino, de maneira
nenhuma entrará nele”. Assim, o Islam condena com a maior energia o
dogma do pecado original. Para o Islam, as crianças também são
criaturas puras que nascem desnudas de pecado ou culpa. A culpa não se
herda. A culpa é uma carga individual que impomos quando fazemos o
que não devemos ou não fazer o que devemos.
Racionalmente, seria o cúmulo de injustiça condenar toda a raça
humana por um pecado cometido por seus antecessores. O pecado é a
transgressão intencional da lei de Deus (Allah ) ou da norma que
distingue o bem e o mal, então, a responsabilidade ou culpa deve ser
apenas daquele que o cometeu e não dos descendentes. Considerar o
homem carregado de pecado ao nascer parece uma brincadeira de mau
gosto. Como um homem como Santo Agostinho pode ter um coração tão
duro e ser tão insensato e irracional para deduzir do dogma do pecado
original que as crianças sem batizado estão condenadas a arder no
inferno por séculos e séculos? Até pouco tempo, as crianças não
batizadas não eram enterradas em fundamentos consagrados na
cristandade, porque se acreditava terem morrido com o pecado original.
37 Se a única via para a salvação da alma está na redenção que se segue da
paixão e morte de Jesus , devemos concluir, então, que quem viveu antes
disso acontecer está infalivelmente condenado?
Meu Grande Amor Por Jesus Me Conduziu Ao Islam
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Não há nem que dizer que o Islam rejeita a doutrina do pecado
original e defende que as crianças nascem livres de toda culpa. No Islam,
a culpa não se herda. Cada um carrega a sua culpa por suas ações ou
omissões indevidas. Tendo em vista tudo isso, demonstrado que o
princípio que se sustenta o dogma do pecado original não está de acordo
com os ensinamentos de Jesus e nem com a sanidade, devemos no
mínimo concluir que essa doutrina é falsa por si só.
A segunda parte da doutrina cristã é a crença em que a justiça de
Deus requer um preço a ser pago pelo pecado original e por todos os
outros pecados do homem. Se Deus (Allah ) perdoar um pecador sem
punição significa que não existe justiça divina. O reverendo W. Goldsack
escreve na página cinco de sua obra “The Atonement” (em português, “A
Expiação dos Pecados”): “Deve ser claro, como a luz do dia, na mente de
todos que Deus não pode violar a Sua própria lei. Ele não pode perdoar
um pecador, sem antes lhe dar uma punição adequada. Pois, se Ele faz
assim, como ele se chama ‘O Justo’”?
Essa visão mostra a completa ignorância com a justiça de Deus.
Deus não é um mero juiz ou rei. Ele é como descreve o Alcorão 1:3-4:
“O Clemente, o Misericordioso. Soberano do Dia do Juízo”. Deus,
portanto, é muito mais que justo, como disse José : “Eis que Deus vos
perdoará, porque é O mais Clemente dos misericordiosos” (Alcorão
12:92). Se Deus sabe que o homem está sinceramente arrependido, tem
um desejo real de vencer o mal dentro de si, porque Deus Todo Poderoso
não perdoaria suas falhas e pecados completamente? Portanto, a função
geral do castigo é prevenir o pecado e promover a reforma do pecador.
Punir uma pessoa por seus pecados passados, mesmo depois dela ter se
arrependido é um sinal de vingança e não de justiça. Da mesma forma,
podemos considerar como clemência ou misericórdia o perdão do pecado
pelo qual o pecador já foi castigado? Também seria clemência ou
misericórdia perdoar o pecador punindo outra pessoa no seu lugar?
O Deus (Allah ) Que adoramos é um Deus de clemência. Se
Ele prescreve uma lei e exige obediência, não é para Seu próprio
benefício, mas para o benefício da humanidade. Se Ele pune um homem
por suas falhas e seus pecados, não é para Sua própria satisfação ou
compensação como proclama o dogma cristão, mas é para conter o mal e
purificar o pecador. Deus perdoa os erros e pecados daqueles que se
arrependem de seus pecados e se corrigem sem puni-los ou punir
qualquer pessoa no seu lugar e isso não é contrário à justiça de Deus.
Assim, Deus diz (Alcorão 6:54): “Vosso Senhor impôs a Si mesmo a
clemência, a fim de que aqueles dentre vós que, por ignorância,
Meu Grande Amor Por Jesus Me Conduziu Ao Islam
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cometerem uma falta e logo se arrependerem e se encaminharem,
venham a saber que Ele é Indulgente, Misericordiosíssimo”.
A terceira parte do dogma cristão é a crença na expiação, na qual
Jesus pagou a pena pelo pecado original e pelos pecados da
humanidade com sua morte na cruz do calvário e que a salvação não
pode ser obtida sem a crença no poder salvador de seu sangue. A esse
respeito, o reverendo De Groot escreve, na página 162, de sua obra
supracitada: “Desde que Cristo, Deus encarnado, tenha tomado a Si os
nossos pecados, para expiar por eles dando satisfação da procura de Deus
por justiça, Ele é o mediador entre Deus e o homem”. Isso não é apenas
uma negação da misericórdia de Deus (Allah ), mas também de sua
justiça divina38, visto que, exigir o preço de sangue para perdoar os
pecados dos homens mostra uma total falta de clemência e punir um
homem inocente pelo pecado dos outros é perversidade.
Há muitas refutações que confirmam a falsidade da crença na
expiação e na crucificação. A seguir estão apenas algumas:
Primeiro: O dogma da crucificação de Jesus para expiar o
pecado original é baseado em um pressuposto falso e qualquer coisa
construída sobre um fundamento corrupto é corrupta por si só. O
pressuposto em questão é que não é só Adão que carrega o seu
pecado, mas sim toda a humanidade, como está em Deuteronômio 24:16:
“Os pais não morrerão pelos filhos, nem os filhos pelos pais; cada um
morrerá pelo seu pecado”. Em Ezequiel 18:20 nós encontramos,
também: “A alma que pecar, essa morrerá; o filho não levará a
iniquidade do pai, nem o pai levará a iniquidade do filho. A justiça do
justo ficará sobre ele e a impiedade do ímpio cairá sobre ele”. De
acordo com Mateus 16:27, Jesus mesmo disse: “Porque o Filho do
homem virá na glória de seu Pai, com os seus anjos e, então, dará a
cada um, segundo as suas obras”. Isto está de acordo com o Alcorão
53:38-40: “De que nenhum pecador arcará com culpa alheia? De que
o homem não obtém senão o fruto do seu proceder? De que o seu
proceder será examinado”?
38 Diante de tudo isso, podemos ao menos fazer alguns questionamentos: Os
remorsos de Adão , seu arrependimento, sua expulsão do Paraíso, os
numerosos sacrifícios oferecidos a Deus (Allah ), não foram suficientes para
sua salvação? Porque foi assim? Que expiação possível teria pecados
incomparavelmente mais horrendos? E por outro lado, como é que o mistério da
redenção era desconhecido pelos outros profetas até a Igreja o trazê-lo à tona?
Meu Grande Amor Por Jesus Me Conduziu Ao Islam
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Segundo: De acordo com Gênesis 5:5, nosso pai, Adão, viveu
com a esposa 930 anos mesmo depois de terem comido da árvore
proibida. O que não é sustentado pelo próprio Gênesis 2:17 que afirma:
“Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dela não comerás;
porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás”. Na realidade
isso indica que Adão se arrependeu de seu pecado sendo perdoado por
Deus, o que se deduz pelo que Ezequiel 18:21-22 afirma: “Mas se o
ímpio se converter de todos os pecados que cometeu e guardar todos os
meus estatutos, proceder com retidão e justiça, certamente viverá; não
morrerá. De todas as transgressões que cometeu não haverá lembrança
contra ele; pela justiça que praticou viverá”. Assim, não seria
necessário Jesus morrer crucificado para que fosse perdoado os
pecados de Adão, o que de novo coincide com o Alcorão (20:121-122),
que afirma: “E ambos comeram (os frutos) da árvore, suas vergonhas
foram-lhes manifestadas, puseram-se a cobrir seus corpos com
folhas de plantas do Paraíso. Adão desobedeceu ao seu Senhor e foi
seduzido. Mas logo, seu Senhor o elegeu, absolvendo-o e
encaminhando-o”.
Terceiro: não é correto dizer que Jesus foi morrer
voluntariamente pelos pecados dos homens. Na realidade, lemos na
Bíblia que ele não queria morrer na cruz, pois, quando soube que seus
inimigos estavam tramando contra sua vida, ele declarou (Marcos
14:34): “A minha alma está profundamente triste até a morte; ficai aqui,
vigiai”. Depois que ele orou a Deus disse: “E disse: Aba, Pai, todas as
coisas te são possíveis; afasta de mim este cálice; não seja, porém, o que
eu quero, mas o que tu queres”. (Marcos 14:36).
Quarto: A Bíblia nos diz em Marcos 15:34 que a pessoa
crucificada “exclamou com grande voz, dizendo: Eloí, Eloí, lamá
sabactâni? que, traduzido, é: Deus meu, Deus meu, por que me
desamparaste”? Esses gritos desesperados indicam claramente que nós
falamos de uma pessoa que não queria ser crucificada. Na verdade, essas
palavras não demonstram de maneira categórica que a pessoa pendurada
na cruz era Jesus , o Messias, porque um verdadeiro profeta jamais
gritaria tal coisa. Por outro lado, se Jesus fosse Deus como sustentam os
cristãos, como gritaria tal coisa?
Quinto: De acordo com Marcos 14:50, a crucificação não foi
testemunhada por nenhum dos discípulos de Jesus porque todos eles o
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abandonaram39. Por isso, nenhum dos escritores dos evangelhos e das
epístolas presenciou a crucificação, portanto, suas versões não são de
testemunhas oculares ou presenciais. Tudo isso só aumenta a suspeita:
Qual é a fonte da narração da crucificação já que cada evangelho narra o
episódio de maneiras completamente diferentes?
Sexto: A idéia de que o derramamento de sangue é necessário
para apaziguar a ira de Deus veio dar ao cristianismo a primitiva imagem
de Deus (Allah ) como um demônio todo poderoso. Não há conexão
lógica entre o pecado e o sangue. O que promove a redenção dos pecados
não é o sangue, mas o arrependimento sincero, o desejo de retornar a
Deus, a persistente resistência às más inclinações e a luta constante para
levar a cabo a vontade de Deus como foi revelado pelos profetas.
Ademais, quando Jesus foi perguntado sobre o caminho para a vida
eterna, sua resposta não foi que acreditassem nele (Jesus ) como
salvador por meio do derramamento de seu sangue. Ao contrário foi algo
simples: “Mas se você quiser entrar na vida, guarda os mandamentos”.
(Mateus 19:17).
Definitivamente, o projeto de salvação cristã se revela
extremamente frágil, tanto pelo ponto de vista lógico, quanto ético.
Tanto é que não encontra sustentação nos ensinamentos de Jesus , que
veio para salvar os homens e conduzi-los a luz por meio de seus
ensinamentos e do exemplo vivo de seus atos, em vez de
deliberadamente morrer na cruz oferecendo o seu sangue pelos pecados
do mundo. Sua missão, como a de todos os profetas ao longo da história
da humanidade, era chamar os pecadores ao arrependimento e nunca
disse que veio para a expiação dos pecados dos homens. Isso é
enfatizado em Mateus 4:17, como nos foi dito sobre Jesus: “Desde então
começou Jesus a pregar e a dizer: Arrependei-vos, porque é chegado o
reino dos céus”.
Realmente é difícil entender como a Bíblia chega ao extremo de
maldizer a Jesus por isso: “Cristo nos resgatou da maldição da lei,
fazendo-se maldição por nós; porque está escrito: Maldito todo aquele
que for pendurado no madeiro”. (Gálatas 3:13). Uma vez mais, falamos
sobre mais uma concessão cristã às antigas religiões pagãs. Arthur
Findley no seu livro, A Pedra da Verdade, página 45, citou 16
39 Diante de tal afirmação e como devemos pensar bem dos discípulos e que
Deus (Allah ) está satisfeito com eles, só podemos concluir que ou o
episódio foi inventado para prejudicá-lo ou eles sabiam que a pessoa que estava
presa não era Jesus , mas sim alguém parecido para abandonarem-no.
Meu Grande Amor Por Jesus Me Conduziu Ao Islam
52
personagens históricos que afirmavam terem vindo para a salvação de
seu povo. Há aqui alguns deles: Osíris do Egito (1700 a.C.), o Baal da
Babilônia (1200 a.C.), Krishna da Índia (1000 a.C.), Andra do Tibet (725
a.C.), Prometeu da Grécia (547 a.C.), Buda da China (560 a.C.) e Mitra
da Pérsia (400 a.C.).
O dogma da expiação, não só é um insulto à inteligência, incitanos
a valorizar a fé em detrimento dos atos, justamente como disse Paulo
ao desdenhar a lei e os mandamentos que Jesus veio completar e
chamar os homens a seu cumprimento: “Concluímos, pois, que o homem
é justificado pela fé sem as obras da lei”. (Romanos 3:28). Paulo nega
que as obras de Abraão não foram compensadas, mas, sim, somente
sua fé em Romanos 4:2-3. Foi assim que Paulo disse que a única
salvação atingível é a crença na crucificação do Cristo, independente dos
atos e do cumprimento dos mandamentos de Deus. O que seria da
humanidade se as pessoas aplicassem isso à risca? Para refutar a Paulo,
basta recordarmos as palavras de Jesus : “Qualquer, pois, que violar
um destes mandamentos, por menor que seja e, assim, ensinar aos
homens, será chamado o menor no reino dos céus; aquele, porém, que
cumpri-los e ensinar será chamado grande no reino dos céus”. (Mateus 5:19).
O Islam rejeita firmemente o dogma da expiação. Ele declara
que o perdão dos pecados não pode ser obtido pelo sofrimento e
sacrifício de qualquer outra pessoa, mas somente pela Graça de Deus e
com o arrependimento sincero da própria pessoa com persistentes
esforços para evitar o mal e fazer boas ações. Além disso, se os pecados
cometidos envolvem injustiça para com o direito das pessoas, estes
direitos têm de ser dados de volta aos seus legítimos proprietários e deve
ser pedido perdão para cada injustiçado se possível.
O Islam promete salvação e a todos aqueles que acreditam na
unicidade de Deus e que fazem boas ações: “Qual! Aqueles que se
submetem a Deus e são caritativos obterão recompensa, em seu
Senhor, e não serão presas do temor, nem se atribularão”. (Alcorão
2:112). Deus também diz no Alcorão, 18:110: “Dize: Sou tão somente
um mortal como vós, a quem tem sido revelado que o vosso Deus é
um Deus único. Por conseguinte, quem espera o comparecimento
ante seu Senhor que pratique o bem e não associe ninguém ao culto
d’Ele”, o que está de pleno acordo com os ensinamentos de Jesus que
dizia: “Meus irmãos, que aproveita se alguém disser que tem fé e não
tiver as obras? Porventura a fé pode salvá-lo? Assim também a fé, se
não tiver as obras, é morta em si mesma”. (Tiago 2:14 e 17).
Meu Grande Amor Por Jesus Me Conduziu Ao Islam
53
A Racionalidade do Islam
Uma análise objetiva e serena das doutrinas cristãs acima nos leva a
conclusão de que não são racionais, nem lógicas e vão contra os
ensinamentos de Jesus . É verdade que nos anos seguintes a ascensão
de Jesus ao céu, todos os seus seguidores consideravam-no nada mais
do que um profeta. As doutrinas mencionadas anteriormente são
invenções criadas muitos anos depois. Definitivamente, não podemos,
senão, concluir que as bases nas quais se assentam o cristianismo
constituem uma perversão dos verdadeiros ensinamentos de Jesus e de
todos os profetas que o antecederam.
Não devemos duvidar que a fé na unicidade divina é natural e primitiva
da religiosidade humana e o politeísmo é uma perversão que veio depois
do monoteísmo. Durante os dez séculos depois de Adão, os seres
humanos adoraram somente um Deus, até que o povo de Noé apareceu
com o politeísmo. Então, Noé foi enviado por Deus para guiar o seu
povo de volta ao caminho certo e chamá-los de volta ao culto do Deus
Único. Desde, então, até os tempos de Muhammad , Deus, enviou um
profeta após o outro a todas as nações pregando a mesma mensagem, de
que Deus é Único. A principal missão de todos os profetas não era fazer
as pessoas acreditarem na existência de Deus como Criador e
Sustentador do mundo, pois mesmo os politeístas40 acreditavam nisso.
Inclusive alguns deles acreditavam na benevolência divina devido as
suas boas ações. O problema é que eles colocavam mediadores entre
Deus e eles mesmos, a mensagem dos profetas era justamente para que
abandonassem esses mediadores e se voltassem ao Deus Verdadeiro e
Único. Isso se explica, pois todos os profetas iniciaram seus trabalhos
40 O ateísmo, por outro lado, se estendeu entre os séculos XVIII e XIX por
diversos motivos, dentre eles, cabe destacar a perversidade da Igreja, a
humilhante subjugação que submeteu diversos povos do mundo, o modo vil que
se aproveitou da religião e perverteu o Cristianismo, assim como suas flagrantes
contradições com a razão e com a natureza humana. A expansão das ciências
naturais e da indústria, depois da Igreja ter combatido as ciências etc. Tudo isso
conduziu as pessoas a desejar se vingarem da religião e a se sentirem
deslumbradas pelo mundo material. Sem se esquecer da tendência natural do ser
humano aos prazeres sensuais e afastar qualquer sistema de valores que
imponha um controle a seus instintos e paixões, assim como a carência de
modelos que mostram o valor e a importância da religião e seus ensinamentos
em todos os aspectos da vida.
Meu Grande Amor Por Jesus Me Conduziu Ao Islam
54
pregando da seguinte maneira: "Ó povo meu, adorai a Deus, porque não
tereis outra divindade além d’Ele. Não o temeis”? (Alcorão 7:65). Deus
também afirma no Alcorão (16:36): "Em verdade enviamos a cada
povo um mensageiro (com a ordem): Adorai a Deus e afastai-vos do
sedutor...” E o versículo 21:25 afirma: "E jamais enviamos
mensageiro algum antes de ti (Muhammad), sem que lhe tivéssemos
revelado que: Não há outra divindade além de Mim. Adora-Me e
serve-Me”. Portanto, é evidente que o Islam (submissão a Deus) sempre
foi a religião de todos os profetas e mensageiros de Deus (Allah ), de
Adão até Noé e de Noé até Muhammad , passando por Abraão
, Moisés e Jesus . Aquele que adora o Deus único e que tenha
seguido o profeta de seu lugar e época é um muçulmano e será salvo. O
Islam ensina os homens a terem fé em todos os profetas sem distinção.
Portanto, o Islam recupera a mensagem original revelada por
Deus aos seus profetas e consiste na continuação dela como religião
definitiva, pois, todas elas são as mesmas. Embora Deus tenha enviado
os profetas para pregarem a mensagem original a seus respectivos povos,
com o passar do tempo, ela foi sendo mal interpretada e misturada com
superstições, crenças falsas e rituais pagãos, causando uma degeneração
da verdadeira religião de Deus. O Islam é a mensagem de submissão a
Deus como foi revelado ao Profeta Muhammad, com o intuito de
reafirmar os ensinamentos de Jesus e todos os profetas que o
antecederam. O Islam é uma mensagem enviada a toda humanidade até o
fim dos tempos e não é, como nos casos anteriores, destinada a um grupo
determinado de pessoas.
Deus (Allah ) é O Criador, O Sustentador e Gestor do
universo, Único, Completo e Perfeito sem nenhum defeito. Ele é o único
a quem as orações devem ser dirigidas, caso contrário, estaremos
cometendo o pecado da blasfêmia e de associar outros a Deus, o pecado
terrível que Deus jamais perdoa um homem, a não ser que se arrependa
antes de sua morte: “Deus jamais perdoará a quem Lhe atribuir
parceiros; porém, fora disso, perdoa a quem Lhe apraz. Quem
atribuir parceiros a Deus cometerá um pecado atroz”. (Alcorão
4:48). Além disso, é um pecado que nos priva do Paraíso e condena a
perdição eterna, como afirma Deus por meio de Jesus como citado no
Alcorão (5:72): “São blasfemos aqueles que dizem: Deus é o Messias,
filho de Maria, ainda quando o mesmo Messias disse: Ó, israelitas
adorai a Deus, que é meu Senhor e vosso. A quem atribuir parceiros
a Deus, ser-lhe-á vedada a entrada no Paraíso e sua morada será o
Fogo Infernal! Os injustos jamais terão socorredores”.
Meu Grande Amor Por Jesus M e Conduziu Ao Islam
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Ao Deus (Allah
) único é que todos os seres humanos devem rogar, em quem todas as criaturas devem se entregar com confiança, pois só Ele basta. Deus, o Senhor do Universo, o Clemente cuja misericórdia absoluta a tudo rodeia, o Onisciente que prevalece enquanto tudo passa.
A orientalista italiana Laura Veccia Vaglieri afirma na “Enciclopédia do Islam”: "Graças ao Islam, o paganismo e suas diversas formas foi derrotado. O conceito de universo, as práticas religiosas e os costumes sociais foram libertados de todas as aberrações que os degradaram e as mentes humanas foram feitas livres desses preconceitos. A Humanidade finalmente dignificou a Deus e pediu perdão ao Criador, o Senhor e Mestre da humanidade”. Ela continua: “O espírito foi liberado do preconceito, a vontade do homem foi libertada dos laços que o manteve ligado a outros homens ou aqueles ditos de poderes ocultos. Sacerdotes, guardiões de falsos mistérios, corretores da salvação e todos aqueles que fingiram ser mediadores entre Deus e o homem, que acreditavam ter autoridade sobre a vontade das outras pessoas, caíram de seus pedestais. O homem se tornou servo de Deus por si só, a obrigação de um homem em relação a outro, passou a ser a de um homem livre com outro homem livre. Antigamente os homens sofriam com a injustiça das diferenças sociais e o Islam proclamou a igualdade entre os seres humanos. Cada muçulmano foi distinguido de outro muçulmano não por motivo de nascimento ou de qualquer outro fator não relacionado com o sua personalidade, mas pela intensidade do temor a Deus, suas boas ações, suas qualidades morais e intelectuais". Ela também afirma em seu livro: "Não foi por meio da violência das armas nem através da pressão de missionários intrusivos que o Islam teve grande e rápida difusão, mas acima de tudo, pelo fato dos muçulmanos darem liberdade, aos vencidos, de aceitar ou rejeitar o livro apresentado, o Livro de Deus, a Palavra da Verdade, o maior milagre que Muhammad poderia mostrar para quem tinha dúvida e para quem persistia inflexível”. Ela continua: "A mensagem do Islam tem a força da simplicidade de um cristal puro e maravilhosa facilidade para atingir a alma das pessoas sem recorrer a longas explicações ou sermões complicados".
Assim mesmo, o famoso historiador Arnold J. Toynbee observa: "Na verdade, quero convidar o mundo a adotar o princípio islâmico de fraternidade e igualdade. A doutrina da unicidade de Deus colocada
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pelo Islam é um dos exemplos mais maravilhosos de como unificar o
mundo. A continuação do Islam dá esperança41 ao mundo inteiro".
8 – O passo definitivo para o Islam: Como
Jesus influenciou na minha conversão?
Ainda, que as informações que aparecem nas páginas anteriores sejam
mais que suficiente para se perceber a verdade nos ensinamentos do
Islam e o distanciamento do cristianismo dos verdadeiros ensinamentos
de Jesus , algo dentro de mim impedia de dar o passo definitivo para
me distanciar do caminho que a Igreja tinha me traçado. Meu talismã,
um pacotinho em cujo interior ficavam sete pequenas cruzes pratas e
uma suposta imagem de Jesus, ainda continuava comigo, pois acreditava
que se eu o deixasse algo de mal me ocorreria.
Um dia, quando eu estava revendo os livros que me foram dados
na mesquita, eu li duas frases que encheram meu coração de grande
alegria e as lágrimas começaram a fluir dos meus olhos e eu disse: “Meu
Deus, essa é a verdade. Esta é a resposta que eu nunca consegui
encontrar”. Devo admitir que, até aquele momento, eu nunca havia
tocado ou lido o Alcorão, nem sequer uma copia em qualquer idioma e a
palavra Alcorão não fazia parte do meu vocabulário. De uma forma
enfática, clara e precisa, eu li no livro que havia recebido na mesquita:
“E por dizerem: Matamos o Messias, Jesus, filho de Maria, o
Mensageiro de Deus, embora não sendo, na realidade, certo que o mataram,
nem o crucificaram, senão que isso lhes foi simulado...” (Alcorão 4:157).
Então, fiz uma pausa na leitura. Repeti várias vezes, “Eles não o
mataram, nem o crucificaram”. Naquele momento senti que Deus estava
respondendo à minha pergunta de sempre e para a qual nunca tinha
encontrado uma resposta lógica e convincente e por isso chegava a
duvidar do poder de Deus.
Não foi fácil encontrar essa resposta. Eu tinha que competir com
muitos outros estudantes para ganhar uma bolsa de estudos e tinha que
viajar milhares de quilômetros para o estado de Washington nos E.U.A.
Tinha que aprender a falar e ler inglês e por ser da América Latina, eu
41 Civilization on Trial, New York, Oxford University Press, 1948.
Meu Grande Amor Por Jesus Me Conduziu Ao Islam
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ainda tinha que apresentar um caráter aceitável aos outros muçulmanos
de Seattle. E tudo isso tinha de acontecer para que eu me deparasse com
aquelas duas frases que respondiam minhas questões. A probabilidade de
esta informação chegar às mãos de um Venezuelano, em 1978, era
remota. No entanto, o que foi decretado por Deus (Allah ) havia de se
cumprir. Nesses momentos, enquanto eu ainda aproveitava esta grande
notícia, falei com Deus e lhe pedi perdão. Eu queria voar para a
Venezuela e dar essa notícia a minha família e ao resto do mundo.
Estava acontecendo exatamente como nos filmes. Meu grande
herói, o mocinho do filme, o meu amado profeta, Jesus de Nazaré, para
quem eu costumava rezar duas vezes por dia em um pequeno altar na
minha casa, não tinha sido crucificado! Para mim parecia que o peso da
cruz, que alegaram ter sido carregada por Jesus ao Monte Calvário
tivesse desaparecido e desintegrado como uma montanha demolida por dinamite.
O que se seguiu a essa descoberta, pensando bem, não foi menos
significativo: "Se esta é a verdade, então esta religião é a certa". Durante
vinte anos, eu ouvia dizer que Jesus tinha sido assassinado. Era como se
fosse conduzido por um caminho carente de alternativas. Agora, uma
avenida foi aberta diante dos meus olhos com respostas mais lógicas. As
coisas estavam mais claras e a última peça do quebra-cabeça fora
encontrada. Este foi mais um milagre que Jesus realizou com o poder de Deus.
O homem que, pelo poder de Deus, fez cego enxergar, que
andou sobre as águas, que curou um leproso, que fez um paralítico andar,
que multiplicou os pães e os peixes para alimentar milhares de pessoas e
que tinha dado vida aos mortos, sem dúvida, não poderia ter sido
crucificado. Portanto, agora que consegui enxergar claramente com
inteligência, resolvi ser parte dessa religião e ser um muçulmano.
Da mesma forma que o peso da cruz se desfez, a sexta-feira
santa, o sábado da glória, o domingo da ressurreição, toda a semana
santa, as sete estações de penitência e os jejuns da quaresma também se
desfizeram. Tudo era uma farsa. O poder do talismã desapareceu. A
mente lógica de um jovem estudando para ser engenheiro estava agora
livre de todas estas tradições infundadas construídas sobre um conceito
irracional. Eu que fora bombeiro, salvo vidas e propriedades, que não
adquirira os vícios do fumo e da bebida, por mais que a sociedades considerasse
esses vícios normais, já não podia mais tolerar todas essas imposições.
Durante o verão de 1979 fiz um curso opcional em Oklahoma
State University que iluminou ainda mais meu novo caminho. O curso
era chamado de “tradição islâmica”. No final do verão de 1979, voltei à
Meu Grande Amor Por Jesus M e Conduziu Ao Islam
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Seattle, na presença do mesmo Imam que tinha me dado os livros islâmicos, abracei o Islam formalmente, pronunciando o testemunho da fé (Chahada).
Ainda me lembro do Imam me perguntando: “Você tem certeza de que quer abraçar o Islam?” Eu disse sim. Então, ele insistiu: “Mesmo que fique gravado em seu passaporte que é um muçulmano”? Eu disse: “Mesmo assim”. Então, ele disse: “Se você tiver certeza de que é isso que você quer, então, repita comigo: Testemunho que não há divindade além de Deus, testemunho que Muhammad é mensageiro de Deus”.
Repeti com o Imam em Inglês e, em seguida, em árabe, este foi o meu último passo para o Islam.
9 – Como o Islam afetou a minha vida
Sem dúvida, mudanças envolvem certos ajustes, no meu caso não foi exceção. Uma vez abraçado o Islam, prometi a Deus (Allah
) que faria o que eu pudesse para aprender tudo o que fosse possível sobre essa religião. Quando eu ainda era, relativamente, jovem e tinha acabado de completar meu primeiro curso em Oklahoma State University, casei-me com uma jovem muçulmana. Em Stillwater, Oklahoma, o Centro Islâmico local atribuiu o meu primeiro professor islâmico, que se chamava Faiz e era Palestino. Nada me interessava mais do que me instruir sobre minha nova fé. O irmão Faiz, que Deus o bendiga e lhe pague o quanto me ensinou, dedicou muito do seu tempo para me ensinar a oração e o resto dos pilares do Islam, assim como, proporcionou minhas primeiras noções em torno da vida depois da morte, sobre o Dia da Ressurreição e muitos outros temas. Ainda posso lembrar o grande impacto causado pela discussão mais aprofundada: durante a minha vida como cristão, nunca, ninguém me ensinou algo semelhante e com tantos detalhes. Resumindo, conforme os ensinamentos do último dos profetas, o que acontece depois que morremos.
A vida depois da morte é algo que gera uma enorme curiosidade em todo mundo. Durante minha vida com cristão, a morte sempre me pareceu um mistério que nunca seria desvendado. Não imaginava o que seria de mim depois que meu corpo estivesse debaixo da terra e no Islam encontrei as respostas. Quando uma pessoa morre, ela deve ser enterrada de acordo com os ensinamentos do profeta Muhammad. O corpo da pessoa é totalmente lavado e perfumado. Depois é envolto em dois pedaços de pano branco, o corpo é enterrado no solo sem caixão, com seu rosto orientado na direção de Meca. Segundo o hadith, o morto ouve
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