Testemunho de um orientalista
“As publicações dos muçulmanos sobre geografia têm desempenhado papel importante até o nossos dias, porque as informações que elas contém somam ao nosso conhecimento de geografia histórica relacionada com os países abordados por essas publicações. Assim, elas desenvolvem indiretamente nosso conhecimento sobre a história desses países. Portanto, a herança do Islam neste campo é de particular importância”[1].
Esta não é a nossa palavra, mas é a palavra do pesquisador ocidental, Martin Plasnir.
A geografia como ciência começou antes do advento do Islam. No entanto, “devido às contribuições dos árabes e aos seus conhecimentos astronômicos, a geografia teve progresso acentuado. Não é por acaso, pois os árabes que inicialmente pegaram o conhecimento dos gregos, principalmente Ptolomeu, são guias no campo da geografia e superaram seus mestres, como é de seus costumes”[2].
Esta também não é a nossa palavra, mas é do grande filósofo francês Gustav Lobon.
As inovações e realizações dos muçulmanos na geografia
Podemos desenhar a história das inovações e conquistas feitas pelos muçulmanos no campo da geografia em três fases:
1 – Correção de erros cometidos pelos seus antecessores,
2 – Descrição distinta de marcos e países,
3 – Suas adições e descobertas.
Os cientistas muçulmanos e a confirmação da circunferência da Terra
A marcha das inovações feitas por cientistas muçulmanos começou quando eles provaram a redondeza da Terra. Os gregos acreditavam que a Terra é um objeto circular plano, rodeado por água do mar de todas as direções. Hecateu, (500 aC), considerado o pai da geografia grega, desenhou os mapas de acordo com o princípio de objeto circular. Embora Platão (348 aC) tenha introduzido a primeira teoria sobre a redondeza da Terra, ele não foi suficientemente apoiado por quem o sucedeu. Pelo contrário, o Estado romano rejeitou essa idéia, em (547 dC), Cosmas, o pai da geografia romana declarou que “o mundo é como uma roda cercada por águas oceânicas de todas as direções”. Esta questão atingiu seu ápice quando a Igreja e seus primeiros papas, encabeçados por Laktanshius, veementemente adotou essa teoria. Eles afirmaram que a Terra era plana e que o outro lado da Terra está desabitada, do contrário, as pessoas podem cair no espaço[3].
Quando a civilização islâmica chegou tentou reanimar a teoria da esfericidade da Terra e a adotou. Uma das mais importantes razões para essa aprovação é que o Alcorão Sagrado refere-se à redondeza da Terra de várias maneiras. Por exemplo, Allah diz: [E a terra, após isso, estendeu-a] (Annaziat:30). O termo “Dahia” na língua árabe significa o círculo. Do mesmo modo, há versículos sobre a rotação da Terra em torno de si causando o fenômeno do dia e da noite. Allah (exaltado seja) diz: [Ele enrola a noite no dia e enrola o dia na noite] (Azzumar: 5).
Ibn Khardazabah[4] (272 dH – 885 dC) disse: “A Terra é redonda como uma bola e está posicionada como a gema no interior do ovo”[5].
Ibn Rustah[6] (290 dH – 903 dC) escreveu: “Allah (exaltado seja) posicionou o espaço redondo como a bola, vazio e circular. Ele também fez a Terra redonda e sólida no meio do espaço”[7].
Em seu livro (Al ‘Iqd Al-farid), o famoso literário Ibn Abd Rabbuh[8], compôs uma poesia em resposta ao astrônomo Abu Ubaidah Muslim ibn Ahmad[9], através deste poema conhecemos que Abu Ubaidah disse que a Terra é redonda, mas Ibn Abd Rabbuh discordava dele. Outro fato que chama a atenção é que Abu Ubaidah disse que cair do céu para a Terra é mais fácil para ele do que mentir. Mesmo sendo esta uma informação ética a princípio, ela nos dá um sentimento de precisão e longa pesquisa antes do pronunciamento da conclusão.
Vale ressaltar que Abu Ubaidah ibn Ahmad nasceu no século III hijri (século IX dC). Ele foi um dos pioneiros da astronomia na Andaluzia. É importante saber que o mundo islâmico não recusou nem se opôs a estas descobertas científicas, mesmo que estas parececem estranhas. Qualquer objeção não passava de uma discussão meramente natural. É importante lembrar isso ao lembrarmos como a marcha do desenvolvimento científico se misturou ao derramamento de sangue, fogo e inquisição na Europa 500 anos depois.
Também é digno de nota que o clérigo muçulmano não ficou nas fileiras dos leigos. Ele encontrou no Islam o que comprova a realidade científica e contraria aqueles que a rejeitaram. Ibn Hazm, por exemplo, registrou a unanimidade dos imams muçulmanos sobre a redondeza da Terra. Ele disse: “Eles disseram que as provas de que a Terra é redonda são autênticas, mas os leigos têm outra opinião. E nossa resposta, com o auxílio de Allah, é que: nenhum imam muçulmano que merece a denominação de imam negou a redondeza da Terra, eles citaram as provas do Alcorão Sagrado e da Sunnah que citaram a redondeza da Terra. Por exemplo, Allah disse: [Ele enrola a noite no dia e enrola o dia na noite] (Azzumar: 5). Esta é a mais clara explicação sobre o giro dela ao seu redor, na língua árabe se diz: kawuaral ‘imamah, a circulou. Este portanto, é um texto sobre a redondeza da Terra”[10].
Al Idrisi e a circunferência da Terra
Al-Idrisi assinalou que “A Terra é redonda como uma bola. E a água é colada a ela e permanece acima dela naturalmente e de forma contínua. Ambos, terra e água, são posicionados no Universo como a gema dentro do ovo. Eles estão posicionados no centro, cercados pela brisa (ou seja, a atmosfera) de todos os lados”[11].
Comentando sobre os mapas elaborados por Al-Idrisi, Wall Durant disse: ” ..Estes mapas foram os maiores mapas elaborados pela ciência da cartografia na Idade Média, jamais foram desenhados mapas mais precisos que estes, nem mais completos e detalhados. E como a maioria dos cientistas muçulmanos, Al-Idrisi afirmava a redondeza da Terra e opinava que esta é uma realidade inquestionável”[12].
E o incrível, depois de tudo que antecedemos, é que alguns livros e referências árabes ainda copiam das referências estrangeiras que os muçulmanos não conheciam a teoria da esfericidade da Terra, e que esta teoria só foi publicada por Copérnico, que morreu em 1543 dC. Compare agora as datas de falecimento dos cientistas muçulmanos citados anteriormente para saber quem transcreveu de quem?!
Além de os muçulmanos terem estabelecido a redondeza da Terra, o califa abássida Al-Ma’mun (falecido em 218 dH/833 dC) foi considerado o primeiro a tentar medir as dimensões da Terra. Ele designou duas equipes de astrônomos e geógrafos, uma equipe liderada por Sanad ibn Ali[13] e outra liderada por Ali ibn Issa Al-Astrlabi[14] (foi dito que uma das duas equipes foi liderada pelos filhos de Mussa ibn Shakir). Ele pediu-lhes para ir a dois diferentes locais do leste e oeste, para em seguida, medir um grau de longitude.
Ibn Khalkan[15] apontou que cada equipe escolheu uma vasta área plana e fixou uma estaca lá. Eles consideraram a Ursa Menor como ponto fixo, então mediram a distância entre a estaca, a Ursa Menor e a Terra. A equipe então se moveu para o norte, onde este ângulo fica maior. Depois, cada equipe mediu a distância entre as duas estacas. As duas equipes mediam a distância da Terra esticando cordas entre as estacas[16].
Surpreendentemente, os resultados foram precisos e semelhantes aos atingidos atualmente pela ciência contemporânea. A medida média das duas equipes foi 56,66 milhas, aproximadamente. Enquanto a medição alcançada pela ciência contemporânea foi 56,93 milhas. De acordo com a medição feita por Al-Ma’mun, o diâmetro da Terra é de 20,400 milhas (aproximadamente 41, 248 km). Comparando este valor com o valor medido por satélites atualmente, que é 40,070 km, fica evidente que a porcentagem de erro nas medições feitas pela equipe de Al-Ma’mun não excedeu 3%!! Sendo assim, esta conquista merece apreço[17].
O livro de geografia de Ptolomeu foi um dos principais livros sobre o qual os muçulmanos se basearam no estabelecimento dos princípios de sua ciência. Este livro pode ter sido o único livro ao qual eles recorreram, junto com o livro de Marinous de Sour[18], que era menos importante[19].
Os cientistas muçulmanos corrigem os erros de outros cientistas
Os cientistas muçulmanos corrigiram os erros cometidos por Ptolomeu, quando ele determinou as linhas de longitude e latitude. Um de seus erros foi o exagero na definição do comprimento do Mar Mediterrâneo e na definição do prolongamento da parte habitada da Terra conhecida para ele. Ptolomeu via os oceanos Índico e Pacífico como lagos, quando ele ligou o sul da Ásia ao sul da África. Ele também exagerou na determinação do tamanho da ilha de Silan, ele também se enganou extremamente quando determinou o tamanho do Mar Cáspio e do Golfo Árabe. Os cientistas muçulmanos retificaram estes e outros erros e, em seguida, eles deixaram a sua geografia descritiva em que uma série de cientistas e viajantes participaram durante aproximadamente cinco séculos para dar a ela sua imagem conclusiva. Assim, os cientistas muçulmanos deixaram uma contribuição incomparável[20] a partir da Idade Média[21].
“Ptolomeu determinou de forma errada a localização geográfica de muitas cidades, a medida de seu erro na definição do comprimento do Mar Mediterrâneo foi estimado em 400 léguas. É suficiente compararmos entre os locais especificados pelos gregos e os locais determinados pelos árabes para se esclarecer para nós a medida dos progressos alcançados pelos árabes”[22].
Os cientistas muçulmanos e a criação das linhas de longitude e latitude
Os muçulmanos são considerados os primeiros a estabelecer as linhas de longitude e de latitude nos mapas da Terra. Eles foram criados pelo cientista Abu Ali Al-Marakishy (660 dH – 1262 dC), a fim de ajudar os muçulmanos a especificar a hora de orações em todo o mundo. Além disso, Al-Biruni definiu uma regra matemática para o achatamento da Terra, ele copiava as linhas de longitude e latitude da Terra a uma superfície plana e vice-versa. Esse procedimento facilitou o desenho de mapas geográficos[23].
Os cientistas muçulmanos e a rotação da Terra
Enquanto o mundo não imaginava que a Terra é redonda e ninguém discutia a questão da rotação da Terra em torno de si, três cientistas muçulmanos foram os primeiros a abordar o conceito de rotação da Terra, isto aconteceu no século XIII dC (século VII dH). Ali ibn Omar Al Katibi[24], Qotb Al-Din Al-Shirazi da Andaluzia, e Abu Al-Faraj Ali da Síria. Estes três cientistas foram os primeiros na história da humanidade a se referir à possibilidade de rotação da Terra em torno de si frente ao Sol uma vez a cada dia e noite. Comentando sobre estes cientistas, Sartun disse: “As investigações desses três cientistas durante o século XIII não passaram despercebidas. Elas foram um dos fatores que influenciaram a pesquisa de Copérnico em sua teoria publicada em (1543 dC)”[25].
Os cientistas da civilização islâmica têm contribuído para a ciência da geografia com enciclopédias geográficas reais. Comentando sobre o livro de Yaqut Al-Hamawy intitulado “Mu’jam Al-Buldan” (Glossário de Países), Durant descreveu-o como uma enciclopédia geográfica ampla na qual ele reuniu todas as informações geográficas disponíveis na Idade Média. Inclui todas as informações sobre astronomia, física, arqueologia, geografia humana e história. Da mesma forma, esta enciclopédia mencionou a distância entre as cidades, sua importância e as vidas de suas celebridades e suas obras. Não conhecemos alguém que pode ter amado a Terra como este grande cientista”[26].
Gustav Lobon assinalou que “os livros dos árabes que chegaram às nossas mãos sobre a ciência da geografia são de extrema importância. Alguns desses livros foram os fundamentos para o estudo desta ciência na Europa por muitos séculos”[27].
Lobon também acrescentou: “O mapa desenhado por Al-Idrisi, que incluiu as nascentes do rio Nilo e os grandes lagos tropicais, ou seja, os locais que foram descobertos pelos europeus somente durante o tempo presente, é o mapa mais importante que ele desenhou. Este mapa mostra que o conhecimento dos árabes sobre a geografia da África é maior do que se imaginava há muito tempo”[28]. E os mapas islâmicos e as publicações dos muçulmanos sobre ciências marinhas marcadamente influenciaram o progresso da navegação ocidental[29].
Quanto às descobertas marítimas: uma das mais importantes foi a descoberta da América, que é atribuída a Cristóvão Colombo[30] em 1924. Desde quando os muçulmanos anunciaram que a Terra é esférica e provaram isso com cálculos astronômicos, começaram a aparecer as referências em seus livros sobre a necessidade da existência de ilhas habitadas do outro lado do planeta que ainda não foram descobertas. Esta teoria se constituiu na conclusão de que não é razoável que uma das superfícies do planeta seja totalmente terrestre enquanto a água cobre o outro lado, porque isso irá interferir no equilíbrio da Terra e na regularidade de sua rotação[31]. Al-Biruni foi o primeiro a apontar este fato e o anunciou em seus livros e, com base nessa teoria, tiveram início as aventuras da descoberta geográfica que foram mencionadas em manuscritos por grandes geógrafos muçulmanos, entre eles Al-Mass’oudi[32] em seu livro “Muruj Al Zhahab”, e Al-Idrisi em seu livro “Nuzhat Al Mushtaq” e outros.
A citação do estudioso historiador e literário “Anastas Karmali”[33] fortalece este fato. Ele citou que os muçulmanos haviam chegado à América a partir de Lisboa antes de Colombo graças ao conhecimento que tinham da corrente quente do Golfo do Atlântico. Em seu texto, ele diz: “Os árabes se antecederam a todas as outras nações no conhecimento desta corrente e suas propriedades, e de seu movimento desde o México até a Irlanda e vice-versa…”[34].
Porém, a mais fascinante e surpreendente referência de que os muçulmanos descobriram a América é o mapa descoberto pelo estudioso alemão Paul Kahle[35] na Biblioteca de Topkapi Saray em Istambul. Ele publicou este mapa para o mundo em 1929 depois de uma investigação científica internacional que durou vários anos .. Este mapa confundiu os cientistas e surpreendeu o mundo, foi escrito por um geográfo muçulmano conhecido como “Piri Reis”[36], cujo nome completo é “Muhyiddin ibn Muhammad Al Reis”. Este geógrafo foi um dos líderes da frota marítima otomana, que era um mestre do mar em seus tempos. Este mapa é dividido, de fato, em vários mapas individuais; ele mostra o leste do Oceano Atlântico, onde estão a costa espanhola e do oeste africano, enquanto que a oeste você vê o continente americano com suas costas, ilhas, portos e fauna, além de seus habitantes originais (os índios), aos quais ele desenha nus e pastoreando ovelhas.
Em seu livro “História da literatura geográfica árabe”, o estudioso “Kraczkowski” explica que Al Reis deve ter constituído este mapa com base nos mapas de Colombo que podem ter pousado em sua mão quando a frota turca venceu a frota de Veneza em 1499 e prendeu alguns de seus navios[37]. No entanto, essa visão tem a oposição de muitos pesquisadores, porque o mapa tem detalhes de locais desconhecidos por Colombo e que não foram descobertos por ele. Porém, estes pesquisadores não ofereceram uma explicação alternativa que revele o segredo desse mapa obscuro.
Vale ressaltar que os jornais do Brasil publicaram em 1952 uma declaração do Dr. Jgerz, professor de ciências arqueológicas e sociais na Universidade de Strand, na África do Sul, na qual ele diz: “Os livros de história erram quando atribuem a descoberta da América a Cristóvão Colombo, isto porque os árabes (muçulmanos) são, na realidade, aqueles que descobriram a América centenas de anos antes dele”. O estudo do professor mencionado acima – que durou seis anos – se baseou no estudo dos esqueletos humanos que ele encontrou no Estado brasileiro de Granada[38].
A descoberta do sexto continente no Pólo Sul: O conteúdo mais impressionante dos mapas de Muhyiddin ibn Al Reis é que eles voltaram a ocupar os cientistas após a época das viagens espaciais e das imagens de satélites. A princípio, os cartógrafos na América e Europa no século XX acreditavam que os mapas são imprecisos e que têm erros no desenho, de acordo com os mais recentes conhecimentos sobre a costa americana. Porém, eles foram surpreendidos, após a primeira imagem dessas áreas tirada por satélite, com a descoberta de que os mapas de Muhyiddin Al Reis são mais precisos do que tudo o que conheciam e imaginavam! E que eles correspondem exatamente à imagem de satélite, e que os seus conhecimentos é que estavam errados. Depois disso, uma equipe de cientistas da agência espacial americana se dedicou para reexaminar os mapas em partes depois de ampliá-las várias vezes. Então, ocorreu a segunda surpresa .. Muhyiddin Al Reis colocou em seus mapas o sexto continente no Pólo Sul, conhecido como Antártida. Ele o descreveu antes da sua descoberta por mais de dois séculos, assim como descreveu as suas montanhas e vales, que só foram descobertos em 1952.
O escritor Erich von Dänikken escreveu em seu livro “Chariots of the gods” (Eram os deuses astronautas?) que os mapas de Muhyiddin Al Rayes foram entregues ao Dr. Maleri Arlington, professor de mapas geográficos em universidades americanas. Ele concluiu, após exame cuidadoso, que os mapas contém todos os fatos geográficos sobre a América, mas ele supôs existir um erro ou imprecisão em alguns lugares, então, ele pediu o auxílio dos geógrafos da marinha americana, cujos estudos mostraram que os mapas de “Piri Reis” transferiram a topografia interna dos continentes (ou seja, o terreno) com extraordinária precisão, neles aparecem as montanhas, rios e planícies, como se fossem imagens tiradas do espaço![39]
Em 1957, uma equipe de geógrafos nos grandes observatórios e na marinha americana se dedicou no aprofundamento do estudo dos mapas de Al Reis, e após estudos com o uso de equipamentos avançados, eles descobriram que suas imagens do sexto continente (Antártida) são corretas e precisas em grau surpreendente, até mesmo no que diz respeito às regiões cujas descobertas ainda não foram concluídas em nossa época. As montanhas do continente da Antártica não foram descobertas até 1952, elas sempre estão cobertas com uma espessa camada de neve, de modo que a descoberta de sua existência nos mapas modernos ocorreu com o uso de aparelhos de eco-sonda.
Vale ressaltar aqui também o interesse da agência espacial americana em continuar o estudo destes mapas, pois se esclareceu que estes mapas são completamente semelhantes às imagens da Terra tiradas de uma nave espacial durante sua passagem sobre a área da Antártida, e é uma imagem que cobre a distância de cinco mil milhas. Eles observaram uma impressionante semelhança entre as imagens de satélite e entre o mapa de Piri Reis![40]
Descobrimento da rota para a Índia a partir da Espanha: Al Qalqashandi (falecido em 1418 dH) descreveu em seu livro (Subh Al A’cha) a ligacão do Oceano Atlântico com o Oceano Índico e uma descrição precisa, que mostra o conhecimento dos muçulmanos sobre esta questão antes de Vasco da Gama[41]. Al Qalqashandi diz sobre o Oceano Atlântico: “Ele se estende desde as costas do extremo oriente, de ziqaq Sibta (o Estreito de Gibraltar), que está entre a Andaluzia e Bar Al Áduah do lado sul até ultrapassar o deserto de Lamtunah (que é o deserto berbere)”. Em seguida, ele continua a explicar o caminho do mar e diz: “Em seguida, vira para o lado leste por trás das montanhas Comores, a partir das quais temos as cabeceiras do rio Nilo, que serão mencionadas adiante, então, o mar mencionado situa-se ao sul e se estende a leste , atrás das terras de “Al Zinj”, e se estende a leste e ao norte até que ele se conecta ao Mar da China e da Índia”[42].
Kraczkowski cita que um marinheiro árabe fez a mesma viagem de Vasco da Gama (1420 dC), porém, por caminho oposto, saiu de um porto no Oceano Índico e girou em torno da África, até chegar aos portos do Marrocos no Oceano Atlântico, e isso foi 27 anos antes de Vasco da Gama[43].
E foi relatado por Vasco da Gama em suas memórias que os marinheiros árabes que ele conheceu em sua viagem tinham consigo bússolas avançadas para orientar os navios, equipamentos de monitoramento e mapas náuticos. Ele pediu auxílio deles e enviou alguns de seus mapas para o rei Manuel. E relatou que um marinheiro muçulmano chamado “mestre Kana”, de Malinde, guiou o seu navio de Malinde a Calicute, na Índia. E em outras referências foi mencionado que quem conduziu o navio de Vasco da Gama foi o navegador geográfico árabe Ibn Majid[44] (inventor da bússola). É notório que todos os mapas antigos dos muçulmanos, igual o mapa de Al Mass’oudi e o mapa de Al Idrisi mostram claramente uma ligação do Oceano Índico com o Oceano Atlântico em volta da África; estas áreas estavam cheias de barcos árabes que iam e vinham entre a Índia e a África Ocidental[45].
É extremamente impressionante pesquisar sobre os esforços dos muçulmanos na ciência da geografia e na descoberta das terras ao seu redor! Como é admirável observar os frutos desses esforços!
“A contagem dos geógrafos árabes e o que eles escreveram de livros precisa de um longo depoimento. Apenas Abul Fida[46] sozinho citou os nomes de sessenta cientistas geógrafos que viveram antes dele… mesmo com a particular insistência dos europeus na imaturidade herdada – que ainda existe – em relação ao Islam, e mesmo com a recusa dos grandes geógrafos ocidentais de assumirem a importância dos árabes na geografia, o grandioso trabalho dos árabes já é suficiente para confirmar o seu valor, pois os árabes concluíram conhecimentos astronômicos precisos que foram considerados a primeira base para os mapas”[47].
Estas também não são as nossas palavras, estas são palavras de Gustav Lobon.
[1] Martin Plasnir: Pesquisa das ciências, publicado no livro “Herança do Islam”, e supervisionado por Schacht Wobozorrtt 2 / 154.
[2] Gustav Le Bon: Civilização dos árabes. p 468.
[3] Gustav Le Bon: Idem, p 468 e Jalal Mazhar: a civilização do Islam e seu Impacto sobre o Desenvolvimento Internacional, p 397-398.
[4] Ibn Khardazabah: Ele é Abul Qasim Ubaidullah ibn Ahmad ibn Khardazabah (204-272 dH/820-885 dC). Ele era historiador e geográfo. Ele adotou o Islam nas mãos de Al-Baramakah. Entre as mais famosas de suas publicações: Os Caminhos e os Reinos (Al-Masalik wal Mamalik). Veja Al-Safadi: Al-Wafi bil Wafiyat 19/229.
[5] Ibn Khardazabah: Os Caminhos e os Reinos (Al-Masalik wal Mamalik) P.4.
[6] Ibn Rustah: Ele é Abu Ali Ahmad ibn Omar (300 dH / 912 dC). Ele foi um geógrafo de Isfahan. Entre seus livros mais importantes: Al-Aalak Al-Nafisah. Veja Al-Zirikli: (Al- Aalam) 1 / 185.
[7] Ibn Rustah, Al-Aalak Al- Nafisah p.8.
[8] Ibn Abd Rabbuh: Ele é Ahmad ibn Muhammad ibn Abdrabbuh ibn Habib ibn Hedar ibn Salim, Abu Omar (246-328 dH/860 – 940 dC). Sábio literário, grande Imam, autor de Al ‘Iqd Al Farid. Ele era de Córdoba. Veja Al. Zirikli: Al-A’lam: 1 / 207.
[9] Abu Ubaidah Al-Falaki (295 dH). Ele é Abu Ubaidah Muslim ibn Ahmad. Ele era sábio na ciência dos movimentos dos planetas e suas leis. Ele também era bem versado em matemática, estrelas, dialética da gramática, língua, poesia, jurisprudência, hadith e debate. Veja Al Maqari: Nafh Al-Tayyb 3 / 374.
[10] Ibn Hazm: Al Fasl fi Al Melal 2 / 78.
[11] Al-Idrisi: Nozhat Al Mushtak fi Ikhtiraq Al-Afak p 7.
[12] Will Durant: História da Civilização 13/358.
[13] Sanad ibn Ali: Ele é Abul Tayyb Sanad ibn Ali Al-Yahudi. Viveu antes de (218 dH). Ele foi um astrólogo, matemático e astrônomo, que serviu na corte de Al-Ma’mun, em cujas mãos ele adotou o Islam. Entre seus livros mais famosos: Al-Monfasilat wa Al Motawasitat. Veja Al-Safadi: Al-Wafi bil Wafiyat 15/242.
[14] Ali ibn Issa Al Astrlabi: (terceiro século hijri – século IX dC). Ele foi um famoso matemático e astrônomo, viveu em Bagdá. Ele foi um dos cientistas encarregados por Al Ma’mun a fazer a medição da linha do Equador.
[15] Ibn Khillikan: Ele é Abul Abbas Ahmad ibn Muhammad ibn Ibrahim ibn Abi Bakr (608-681 dH / 1211-1282 dC). Ele era um historiador enciclopédico, e foi nomeado juiz do Egito e Damasco. Entre seus livros mais famosos: Wafiyat A´ian (As mortes dos mestres) E Anbaa Abnaa Al-Zaman. Veja: Ibn Al-Emad: Shazarat Al-Zhahab 5 / 371 – 374.
[16] Ibn Khillikan: Wafiyat Al-Aayan, 5 / 162.
[17] Ver Yuhans Fillers: Tesouros da Astronomia, p 25.
[18] Marinous de Sour. Ele pertencia à Sour, cidade no Mar Mediterrâneo. Ele viveu entre o século I e o século II dC, Ptolomeu expressamente confessou que ele era um aluno de Marinous de Sour. Entre seus trabalhos mais famosos: Correção de Geografia.
[19] Jalal Mazhar: a civilização do Islam e seu Impacto sobre o Desenvolvimento Internacional, p 390 e 393.
[20] Jalal Mazhar: A civilização do Islam e seu impacto sobre o desenvolvimento internacional, p 390 e 393.
[21] Gustav Lobon: A civilização árabe, p 468.
[22] Gustav Lobon: A civilização árabe, p 468.
[23] Abdul Rahman Humaidah: Os geógrafos árabes famosos. P.459 e Jalal Mazhar: Civilização do Islam e seu Impacto sobre o Desenvolvimento Internacional. P.397.
[24] Ali ibn Omar Al-Katibi: Ele é Najm Al-Din Ali ibn Omar ibn Ali Al-Katibi Al-Qassiouni (600-675 dH / 1203-1277 dC). Ele foi um filósofo e aluno de Nasr Al-Din Al-Tosi. Ele foi autor de muitos livros, incluindo “Al-Shamsiyah” e “Hikmat Al-Ain”. Veja Al Safadi: Al-Wafi bil Wafiyat 21/244.
[25] Sartun: Introdução à História da Ciência. 1 / 46.
[26] Will Durant: História da Civilização. 13/359.
[27] Gustav Lobon: A civilização árabe, p 469.
[28] Idem, p 470.
[29] Martin Plasnir: Pesquisa das Ciências, publicado no livro Herança do Islam, e supervisionado por Schacht Wobozorrtt 2 / 154.
[30] Cristovão Colombo (1451 – 1506 dC). Navegador italiano famoso, a ele é atribuída a descoberta do Novo Mundo (América), Bahamas e ilhas do Mar do Caribe. Morreu na Espanha.
[31] Veja: Jalal Mazhar: a civilização do Islam, p 396, 397.
[32] Al-Mass’oudi: Abu Al Hassan Ali ibn Al Hussain ibn Ali (falecido em 346 dH / 957 dC). Historiador, viajante e pesquisador. Natural de Bagdá, viveu e morreu no Egito. Dentre as suas obras: “muruj al zhahab”. Veja: Al Safadi: Al Uafi bil Uafiyat 21/6,7 e Al Zirikli: Al A’alam 4/277.
[33] Anastas Karmali: Pedro Gabriel José Awad (1283 -1366 dH / 1866 – 1947 dC). Estudioso de literatura, vocabulário, filosofia e história árabe. De origem libanesa e nascido em Bagdá. Veja: Al Zirikli: Al A’alam 2/25.
[34] Anastas Karmali: Os árabes conheceram a América antes do Ocidente. Pesquisa publicada pela revista “al muqtataf”, número 106. Al Áqqad a mencionou em seu livro “O impacto dos árabes na civilização”, p 47.
[35] Paul Kahle (1875 – 1964 dC): Famoso orientalista alemão, aprendeu as línguas orientais nas universidades de Marburg e Berlim e foi nomeado sacerdote dos protestantes na Romênia e no Cairo.
[36] Piri Reis: Muhyiddin ibn Muhammad Al Reis (877 – 962 dH / 1470 – 1555 dC). Foi capitão na batalha naval de Modena no ano de 1500 dC. Ele conseguiu desenhar dois mapas mundi, que foram qualificados – posteriormente – como os mais precisos. Entre as suas obras: “kitab bahriah” (livro do mar).
[37] Kraczkowski: História da literatura geográfica árabe, 2/562.
[38] Shauqui Abu Khalil: A Civilização Árabe Islâmica, p 500. Granada é o nome citado na edição em língua árabe, talvez seja o nome que davam antigamente a uma das províncias ou estados brasileiros, ou a escrita em árabe não está exata (nota do tradutor).
[39] Erich von Dänikken: “Chariots of the gods”, Erinnerungen an die Zukunft, no original alemão, p 29.
[40] Ahmad Shauqui Al Fangry: As Ciências Islâmicas. Link: http://www.islamset.com/arabic/asc/fangry1.html
[41] Vasco da Gama: (1469 – 1542 dC) navegador e descobridor português, a ele é atribuída a descoberta do caminho marítimo da Europa para a Índia. Faleceu na Índia.
[42] Al Qalqashandi: Sobh Al A’asha, 3/237.
[43] Kracskowski: História da literatura geográfica árabe, 2/563. Edição árabe
[44] Ibn Majid: Ele é Ahmad ibn Majid ibn Muhammad Annajdi (falecido depois de 904 dH / 1498 dC). É apelidado de leão do mar, é um dos grandes capitães árabes e um dos sábios da arte da navegação e sua história entre os árabes. Veja: Al Zirikli: Al A’alam 1/200.
[45] Veja: Hussain Yunes: Atlas da História do Islam, p. 12 em diante.
[46] Abul Fida: Ismail ibn Ali ibn Mahmud ibn Shahinshah (672 – 732 dH / 1273 – 1331 dC). Historiador geográfico, da cidade de Aleppo. Veja: Al Wafi bil Wafiyat 9/104, Al Zirikli: Al A’alam 1/319.
[47] Gustav Lobon: A Civilização dos Árabes, p 471.