O Hajj nos tempos pré-islâmicos
A primeira vez que o Hajj foi ordenado, foi na época de Abraão (as), mas, com o passar do tempo, ele foi distorcido.
O Hajj transformou-se em um lugar onde os poetas recitavam elogios tribais ou satirizavam outras tribos. Eram realizadas competições liberais, com o objetivo de uma tribo ser exaltada em toda a Arábia.
Canto, bebida, adultério e todo o tipo de imoralidades eram praticadas e muito pouco pensava-se em Deus. O ritual do tawaaf ficou reduzido a um espetáculo circense, onde homens e mulheres sem roupas circundavam a Caaba. A oração nada mais era do que um bater de mãos, assovios e buzinas. Os sacrifícios eram oferecidos a outras divindades que não Deus, e o sangue dos animais sacrificados era derramado nas paredes da Caaba. Até os quatro meses sagrados do Hajj, isto é, shawwal, dhul-qa’dah, dhul-hijjah e muharram, foram desvirtuados, como se as tribos quisessem lutar durantes esses meses. Muitos rituais distorcidos do Hajj continuaram por pelo menos 200 anos.
Somente após a chegada do último Profeta e Mensageiro de Deus (saw) é que o Hajj foi purificado, para permanecer como é hoje, até o Dia do Juízo. Foi ele (saw) quem nos mostrou como praticar adequadamente o Hajj. Disse ele: “Pratiquem os rituais do Hajj como eu faço.” Todas as abominações do passado foram proibidas, assim como os rituais desnecessários. O Hajj transformou-se em modelo de piedade, temor a Deus, pureza, simplicidade e austeridade. Os peregrinos eram ordenados a saírem de suas casas em estado puro, afastados da poluição mundana, abstendo-se do linguajar obsceno, da indecência e de relações sexuais com as esposas. Acabaram-se todas as diferenças de raça, riqueza e nacionalidade, porque diante de Deus todos devem aparecer humildes, como verdadeiros adoradores. É proibido matar um animal em estado de ihraam, ou mesmo falar da morte de um ser humano. A paz é o objetivo, juntamente com a recordação de Deus, toda a sinceridade e devoção. A proclamação do peregrino é “Aqui estou, ó Deus e por Vós estou aqui, não tendes parceiros, estou aqui. Na verdade, são Vossos todos os louvores e bênçãos e a Vós pertence toda a soberania. Não tendes parceiros.” E é o desejo do peregrino de cumprir as palavras do Profeta Mohammad (saw) “Aquele que faz o Hajj unicamente por Deus e se abstém dos pecados, retornará tão puro quanto um recém-nascido”, isto é, com todos os seus pecados perdoados.
História da Caaba e da Masjid Al-Haram de Mecca
O Profeta Abraão (as) foi ordenado por Deus para deixar sua esposa Hagar e seu filho no vale árido de Becá. Após o Profeta Abraão (as) tê-los deixado lá por um tempo, eles saíram em busca de suprimentos e Hagar foi procurar água. Ela deixou o menino Ismael no vale e correu entre os dois montes de Safa e Marwan, em busca de água. Um poço lançou água para fora, aos pés da criança. Esse poço agora é conhecido como o Poço de Zam-zam. Anos mais tarde, durante uma de suas visitas, Abraão (as) recebeu a ordem para reconstruir as fundações da primeira casa dedicada unicamente à adoração de Deus, e que era, na verdade, a Caaba. Este fato está citado no Alcorão:
“E recorda-te de quando indicamos a Abraão o local da Casa, dizndo: Não Me atribuas parceiros, mas consagra a Minha Casa para os circungirantes, para os que permanecem em pé e para os genuflexos e prostrados.” (22:26)
E:
“Ó! A primeira casa construída para a humanidade foi em Bakkah, bênção e orientação para todas as pessoas.”
O Profeta Abraão (as) colocou uma pedra especial no canto leste, como o ponto de partida para a volta em torno da Caaba O Profeta Mohammad (saw) afirmou que, originalmente, quando foi trazida do Paraíso (al-Jannah), ela era branco brilhante mas, devido aos pecados do homem, a cor se alterou para o atual preto escuro. É por isto que ela é conhecida como a Pedra Negra (al-Hajar al-Aswad). Um grande bloco de pedra, que ele usou para completar a parte mais alta de suas paredes, foi deixado fora da parede leste da Caaba, e é conhecido até hoje como Maqaam Ibrahim. A Caaba, no início, não possuía telhado e tinha uma forma retangular com uma parede semicircular. O limite desta parede ainda está marcado por uma parede semicircular, chamada al-Hijr Ismail. A Caaba foi estabelecida por Abraão como um lugar de Hajj, ou peregrinação, e, com o passar do tempo, foi propriedade de diversas tribos. Estando localizada no fundo de um vale, ficou exposta a enchentes e, certa vez, foi completamente destruída e reconstruída com um telhado.
A idolatria abriu caminho na península arábica e os ídolos foram colocados dentro da Caaba, como se fossem quadros dos profetas. Havia mais de 360 ídolos na Caaba, juntamente com os respectivos altares. Ali aconteciam concursos de poesia e as sete melhores eram penduradas lá dentro, chamado de al-Mu’allaqaat. O prédio foi parcialmente destruído pelo fogo e, mais uma vez, as enchentes abalaram suas estruturas. A tribo do coraix tomou para si a tarefa de reconstruir a Caaba, no ano de 600 d.C. Foram usadas madeira tirada de um navio bizantino e pedras. Surgiu uma discussão sobre quem deveria ter a honra de assentar a Pedra Negra em seu devido lugar e a questão foi resolvida por Mohammad (saw), antes de ele receber a mensagem profética. Devido à falta de dinheiro, o comprimento da Caaba foi encurtado, ficando com a forma cúbica atual. Quando mais tarde o Profeta Mohammad (saw) conquistou Meca, ele não mexeu na Caaba, exceto na parte que tinha os ídolos e as pinturas, que ele destruiu.
Na verdade, a Caaba voltou ao seu tamanho original, durante o período de Abdullah Ibn Zubair, depois de ter sido derrubada durante um cerco e a Pedra Negra partiu-se em três pedaços. Logo após a demolição, ela retornou à forma coraixita. A Caaba sobreviveu com esta forma até os dias atuais, com algumas reformas sendo feitas, sendo que a última foi em 1998 (1419 d.H). Todas as inovações importantes foram repelidas graças à piedade do povo e alterações maiores não foram feitas desde 693 d.C. Em um período particularmente negro da história, Mecca foi invadida por uma seita islâmica (al-qaraamitah), que arrancou a porta da Caaba e carregou com a Pedra Negra, que ficou desaparecida por vinte anos ou mais. Enchentes ocasionais representavam um perigo constante para a estrutura e, em 1611 d.H, foi colocada uma cinta de cobre em torno de suas paredes para impedir que caísse. Em 1630, uma enchente de maiores proporções causou a queda da parede norte e a Caaba foi demolida e reconstruída, usando-se as pedras originais e mantendo-se o projeto coraixita.
Em 1957, um novo telhado foi colocado, juntamente com algumas reformas menores. A Caaba foi coberta por um kiswah desde os tempos antigos. O primeiro a colocar uma cobertura sobre ele, foi o rei As’ad Tubba’, do Iêmen. No dia em que conquistou Mecca, no ano 8, da Hégira, o Mensageiro de Deus (saw) deixou que ficasse, e durante séculos, califas, reis e príncipes cuidaram dessa cobertura, que é mudada anualmente. De tempos em tempos, um novo kiswah era lançado por cima do antigo, ano a ano, até o século VIII, d.C. Esta cobertura era feita em uma fábrica especial de Mecca, desde o ano de 1357 d.H. O kiswah é feito de seda pura e é bordado com versículos alcorânicos por artífices habilidosos, que usam fios de ouro e prata pura.
O Poço de Zam-zam está situado dentro dos muros da Haram e dele emana água abençoada para a multidão de peregrinos, de graça. Ela está disponível por toda a masjid e fora dela. Esta é a água citada pelo Profeta (saw) como uma fonte de cura para as doenças e todo muçulmano dá muita importância a ela.
Al-Haram Makkah
Desde os primórdios do Islam, houve várias iniciativas de se expandir a Haram, sendo a última durante o Califado de al-Muqtadir Billah, no período abássida, no ano de 306 d.H. Em 1000 anos, além de embelezamento e reformas, nada mais foi feito para sua expansão.
Na época da fundação do Reino da Arábia Saudita, o rei Abdul-Aziz Ibn Saud pretendeu alargar as duas Harams, que resultaram em dois andares nos montes de As-Safa e al-Marwan, que foram incluídos na estrutura da construção da mesquita. Isto possibilitou uma ampliação, que passou a acomodar meio milhão de adoradores. No entanto, o crescente número de peregrinos à Casa de Deus precisava de soluções drásticas. Quando o curador das Duas Mesquitas Sagradas, rei Fahd Ibn Abdul-Aziz, chegou ao poder, ele ordenou uma nova ampliação da Masjid al-Haram, para aumentar a capacidade. No ano de 1409 d.H, ele colocou a pedra angular neste espaço maior, o que aumentou a área da mesquita para 360.000 m², incluindo o telhado e os jardins externos, que podem acomodar mais de 1 milhão de adoradores, na época de pico.
Juntamente com a expansão, outro projeto foi iniciado para embelezamento, renovação e preparação da Haram. Foram usados os reursos mais modernos, como pavimento de mármore, que conserva a temperatura fria contra o calor intenso e escadas rolantes e sistema de ar condicionado central e sistemas de comunicação interna, rádio e estúdios de televisão.
A porta da Caaba é da época do rei Khalid Ibn Abdul-Aziz, e foi feita de ouro maciço pelos artífices sauditas, em substituição à antiga porta de ouro da época de seu pai. A Sagrada Haram, ou a Grande Mesquita de Mecca, que os muçulmanos visitam hoje, é fruto dos esforços extraordinários que foram feitos e estão sendo feitos em prol da Casa de Deus.
Pedimos que Deus aceite sua intenção de fazer o Hajj, para que tenha êxito uma vez aceito e que alcance a recompensa de al-Jannah.
fonte
sbmrj.org.br