Agradecemos a oportunidade que vocês nos oferecem, de estarmos esclarecendo algumas questões referentes a religião islâmica.
Para nós, é muito difícil abordar o tema “Feminismo”, uma vez que para as mulheres muçulmanas é totalmente incompreensível que se tenha que lutar no mundo Ocidental, por direitos que são instituídos por Deus.
É importante lembrar que o Criador diz no Alcorão que homens e mulheres são iguais em deveres e obrigações. Vejamos alguns exemplos:
“Quanto aos muçulmanos e às muçulmanas, aos fiéis e às fiéis, aos consagrados e às consagradas, aos verazes e às verazes, aos perseverantes e às perseverantes, aos humildes e às humildes, aos caritativos e às caritativas, aos jejuadores e às jejuadoras, aos recatados e às recatadas, aos que se recordam muito de Deus e às que se recordam d’Ele, saibam que Deus lhes tem destinado a indulgência e uma magnífica recompensa.” (33 Surata, versículo 35)
“As divorciadas aguardarão três menstruações e, se crêem em Deus e no Dia do Juízo Final, não deverão ocultar o que Deus criou em suas entranhas. E seus esposos têm mais direito de as readmitir, se desejarem a reconciliação, porque elas têm direitos equivalentes aos seus deveres, embora os homens tenham um grau sobre elas, porquanto Deus é Poderoso, Prudentíssimo.” (2 Surata, versículo 228)
O primeiro versículo é um dos inúmeros exemplos encontrados no Alcorão de que as mulheres possuem os mesmos direitos e deveres dos homens perante Deus e a sociedade, sendo que em outros versículos são citados alguns dos exemplos destes direitos, como o de não ser obrigada a trabalhar para se sustentar.
O versículo seguinte é citado no Alcorão ao ser abordado o tema do divórcio, direito instituído pelo Islam sendo de direito tanto do homem quanto da mulher, já há 14 séculos atrás. Quando são citadas as menstruações é para acautelar-se a possibilidade de que esta mulher esteja grávida do marido e este se furte da obrigação de sustentar e reconhecer este filho. Portanto já é mais uma garantia para a mulher. Em seguida é novamente especificado que as mulheres possuem direitos iguais aos dos homens.
Na frase seguinte o Alcorão diz “ embora os homens tenham um grau sobre elas “. Deus não está falando de inteligência, nem de qualquer tipo de superioridade. Na religião islâmica, é do homem a responsabilidade de manutenção financeira do lar, mesmo que a mulher trabalhe. Cabe ao homem sustentá-la e o Alcorão está fazendo referência a responsabilidade de sustento da mulher. O homem tem um grau a mais na responsabilidade, na obrigação. E para esta conquista, as mulheres no Islam não precisaram sair às ruas em passeata, nem se dizerem feministas. O dinheiro da mulher que trabalha é inteiramente dela. Uma sociedade feminista já há 14 séculos.
Em relação às liberdades individuais o Alcorão cita exemplos que demonstram que as mulheres no Islam tiveram seus direitos garantidos muito antes das mulheres ocidentais que ainda lutam por eles. Por exemplo, já há 14 séculos a mulher muçulmana é OBRIGADA a adquirir conhecimento, pode pedir o divórcio, pode escolher o seu parceiro, pode ter independência de nome ao se casar, pode possuir riquezas suas e não tem obrigação de dividi-las ou gastar delas, possui direito a voto 1/1, possui direito a herança como filha, como esposa, como irmã, como mãe. Algumas destas conquistas são restritas até hoje no Ocidente.
A sociedade islâmica é obrigada a proteger a mulher desde o seu nascimento até a sua morte. Ela não é sequer obrigada a cozinhar, lavar, passar ou arrumar a casa. Este é um dever do marido muçulmano e isto está escrito na sunnah do Profeta. Ela faz SE quiser.
O que se diz de alguns grupos que retiraram esses direitos das mulheres pode até ser verdade em alguns casos, mas são muito poucos. É preciso lembrar que somos 1 bilhão e 300 milhões de muçulmanos no mundo e boa parte dos fiéis são mulheres. O aumento do número de adeptos se verifica sobretudo no Ocidente, em países da Europa e nos EUA. Seria como declarar que as mulheres desses países são loucas por trocarem os “direitos e liberdades” ocidentais pela “repressão islâmica”. No Brasil, 7 em cada 10 convertidos são mulheres. Se as leis islâmicas fossem repressoras, por que essas mulheres estariam se convertendo ?
Transcrevemos abaixo um depoimento elaborado por algumas brasileiras, convertidas, que serve de exemplo ao que afirmamos. Foi utilizado por ocasião do Dia Internacional da Mulher deste ano:
Das Muçulmanas para Todas as Mulheres
Como nos últimos anos, comemora-se neste dia 08, o “Dia Internacional da Mulher”.
“É interessante notar a falta de consciência de uma sociedade, que necessita eleger um dia para valorizar um indivíduo que luta, trabalha e enobrece o meio em que vive. Cremos ser a prova inequívoca da desigualdade com a qual nós, mulheres, somos julgadas e tratadas no mundo Ocidental.
Numa sociedade verdadeiramente islâmica, não existe para esta data, o peso que algumas feministas aí colocam.
Isto acontece simplesmente porque o princípio religioso islâmico já encaminha a sociedade para uma visão equilibrada. Cada ser tem seu lugar no mundo e o mundo precisa de todos para caminhar.
Ao contrário da visão feminista ocidentalizada, a mulher muçulmana sabe seu valor e utiliza sua inteligência, sua cultura, sua força de trabalho e de realização, para auxiliar o homem muçulmano a buscar a solução para as dificuldades que se apresentam no dia à dia.
Não precisamos queimar peças íntimas em praça pública para que nossos homens nos valorizem. Há 14 séculos votamos, temos direito a herança, decidimos sobre nossos casamentos, ao contrário do que muitos pensam, somos respeitadas enquanto parte pensante e ativa da sociedade, e sabemos da imensa responsabilidade que cabe à nós, de transformar as desigualdades em igualdades.
Esperamos que um dia as mulheres ocidentais percebam a imensa armadilha que os segregacionistas armaram para mantê-las cativas, tanto no aspecto social quanto cultural. Enquanto a mulher continuar se posicionando como objeto sexual ou talvez pior, seguir lutando para ser um ser “igual” ao homem, continuará a ser submetida ao jugo machista e continuará a ser diferente.
Nós não somos iguais aos homem: somos mais bonitas, mais hábeis, mais criativas, em muitos aspectos mais inteligentes, mais espertas, mais sedutoras e temos a consciência de que completamos o que falta aos homens. E à eles, muitas vezes, falta muito.
Nós muçulmanas temos plena certeza de nosso poder e esperamos que um dia, todas as mulheres tenham estes valores em mente e que não precisem apenas uma vez no ano se lembrarem que são MULHERES.”
Cremos que o texto de nossas irmãs fale por si só.
Caso possamos ser úteis em mais alguma coisa, estamos ao seu dispor.
Salam,
Sheikh Jihad Hassan Hammadeh
Vice-Presidente da WAMY