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Alcorão é a palavra de Deus, revelada a Seu Mensageiro o Profeta Muhammad(que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), desde a Surata da Abertura até a Surata dos Humanos, constituindo o derradeiro dos livros revelados à humanidade.





Ele encerra, em sua totalidade, diversificadas nuanças, tais como: a felicidade, a reforma entre os homens, a concórdia no presente e no futuro; ele foi revelado, versículo por versículo, Surata por Surata, de acordo com as situações e os acontecimentos, no decorrer dos vinte e três últimos anos da vida do Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele). Uma parte foi revelada antes da Hégira, em Makkah, e outra depois, em Madina.





Os versículos e as suratas revelados em Makkah abrangem as normas da crença em Deus, em Seus Anjos, em Seus Livros, em Seus mensageiros e no Dia do Juízo Final. Os versículos e as suratas revelados em Madina dizem respeito aos rituais e à jurisprudência.





Nele há narrativas sobre os nossos antecessores e sobre os nossos sucessores, e é um árbitro entre nós. Há narrativas de povos anteriores, de séculos passados; há histórias dos profetas, dos Mensageiros, dos povos, dos grupos, das pessoas, dos acontecimentos e do desenrolar da história da civilização; nele há explicações e exemplos para aqueles que por ele queiram pautar suas vidas, e exortação para quem tem coração e está disposto a aceitá-la, e a prestar testemunho.





Ele revela a Lei imutável de Deus, quer seja na perdição dos extraviados, quer seja na salvação dos encaminhados. Ele ensina que o mundo dos homens, no decorrer dos séculos, só é benéfico com a religião de Deus; que a humanidade, o que quer que faça, não alcançará a almejada felicidade se não se iluminar, guiando-se com a Mensagem Divina.





Nele há revelações do futuro sobre o dia da Ressurreição, sobre a vida futura, no dia em que os homens se congregarão junto ao Senhor do Universo.





“Aquele que fizer um bem, quer seja do peso de um átomo, vê-lo-á; e aquele que fizer um mal, quer seja do peso de um átomo, vê-lo-á.” (99ª Surata, versículos 7 e 8)





Nele há o julgamento dos problemas e das questões onde é premente uma explicação e uma diretriz do caminho a seguir, no que diz respeito às questões da crença e do pensamento, do caráter e do comportamento, das relações econômicas, dos ramos doutrinários, dos julgamentos pessoais ou não:





“Ó humanos, já vos chegou uma prova convincente de vosso Senhor e vos enviamos uma translúcida Luz.” (4ª Surata, versículo 174)





“Recorda-lhes o dia em que faremos surgir uma testemunha de cada povo para testemunhar contra os seus, e te apresentaremos por testemunha contra os teus. Temos-te revelado, pois, o Livro que é uma explanação de tudo, é guia, misericórdia e auspício para os muçulmanos.” (16ª Surata, versículo 89)





Não há lei religiosa ou um problema, no que diz respeito ao mundo e à vida dos homens, que não tenha nele uma solução; ele é um auxílio ao inesgotável, guia, explicação e orientação para todos, quer seja em partes ou no todo:





 





“Já vos chegou de Deus uma Luz e um Livro Lúcido.” (5ª Surata, versículo 15)





Sim, este fabuloso Alcorão é a luz orientadora para a humanidade. Ele arrancou-a das trevas e transportou-a para luz, para a verdade e para a verdadeira senda. Foi o ponto de transformação na sua longa história, tirando-a da vida atroz de corrupção e levando-a para a vida de liberdade, de religião e de orientação, e instituiu, no mundo todo, o direito e a compreensão, elevando a humanidade do mais baixo degrau os píncaros da perfeição, de maneira sobranceira.





As evidências e os significados que o Alcorão abrange, já citados, só podem ser entendidos através de explicações do texto Alcorânico e de seus versículos. Tal explicação é uma pesquisa sobre a vontade de Deus, sobre o conhecimento dessa vontade através de Suas palavras no Alcorão, de acordo com a capacidade humana. A ciência da exegese nasceu débil e cresceu paulatinamente até alcançar a maturidade, e seguir formidavelmente neste diapasão que conhecemos hoje.





Na época da revelação do Alcorão, enquanto o Profeta Muhammad, vivia, não havia necessidade para a explicação dos versículos, nem a regulamentação dessa ciência, porque o texto, na sua totalidade, era claro, compreensível para o Profeta Muhammad, e seus Companheiros.





Apesar disso, o Profeta Muhammad, explicava alguns versículos e algumas pronúncias que podiam causar ambigüidades; também os Companheiros do Profeta Muhammad, e alguns adeptos assim o fizeram. Isto porque poderia haver má interpretação, quaisquer que fossem as razões que teriam de se desenrolar na alvorada de um povo progressista, em formação, que iria se expandir através de conquistas, enriquecendo sua existência com acontecimentos históricos, discussões doutrinárias e pesquisas em jurisprudência e política.





Alcorão era e continua sendo o centro da cultura Islâmica, dos movimentos filosóficos e de todas as suas atividades intelectuais; seus versículos estimulam a nele pensarmos. Disse o Altíssimo:





“Eis o Livro que te revelamos, para que os sensatos recordem seus versículos e neles meditem.” (38ª Surata, versículo 29)





Disse mais:





“Não meditam, acaso, no Alcorão? Se fosse de outra origem que não de Deus, haveria nele muitas discrepâncias.” (4ª Surata, versículo 82)





E disse ainda:





“Não meditam, acaso, no Alcorão, ou é que seus corações são insensíveis?” (47ª Surata, versículo 24.)





Sua explicação nada mais é do que o resultado de meditação e de deliberação. O ponto de vista dos doutos na matéria, bem como seus métodos, são diversificados. Alguns, levados pela simpatia doutrinária, apegaram-se à explicação dos versículos, nesse sentido. Outros, levados pela simpatia lingüística, eloqüente, estilística e literária, enredaram-se também, nesse particular; o mesmo aconteceu com os simpatizantes da jurisprudência. Outros, ainda, apegaram-se à explicação das narrativas.





Nesse particular, houve aqueles que se prolongaram na explicação, até a prolixidade estafante, e outros restringiram-na à sucintez chocante, e outros, ainda, quedaram-se no meio-termo. Deles, houve quem tendesse para a explicação pessoal, e outros ainda no estilo esdrúxulo; outros em estilo claro. 





De tudo isso resultou uma grande riqueza científica e um movimento intelectual considerável, que elevam glorificam um povo que serve ao Livro de seu Senhor, quer seja em decorá-lo, preservá-lo explicá-lo, quer seja em examiná-lo, elevá-lo e consagrá-lo ao longo de catorze séculos, que serão seguidos por muitos outros, até que tudo que há no universo compareça perante o Criador:





 





“Nós revelamos a Mensagem e somos Seu Preservador” (15ª Surata, versículo 9)





 





“Este é o Livro (o Alcorão) veraz por excelência. A falsidade não se aproxima dele nem pela frente, nem por trás, porque é a revelação do Prudente, Laudabilíssimo.” (41ª Surata, versículo 41-42)





Todas as importantes religiões do mundo são baseadas nos seus Livros Sagrados, os quais são freqüentemente atribuídos a revelações divinas. Seria patético se, por algum infortúnio, uma delas viesse a perder o texto original da revelação; a substituição jamais poderia estar em inteira conformidade com o que fora perdido. 





Os brâmanes, os budistas, os judeus, os masdeístas e os cristãos podem comparar o método empregado para a preservação dos ensinamentos básicos de suas respectivas religiões com o método dos muçulmanos.





Quem lhes escreveu os livros? Quem lhos transmitiu de geração a geração? Será a transmissão provinda de textos originais ou apenas tradução? Não haveriam as guerras fratricidas causado dano às cópias dos textos? Não haverá contradições internas ou lacunas cujas referencias são encontradas em outro lugar? Estas são algumas das questões que poderão ser aventadas, e isso requer respostas satisfatórias.





No tempo em que emergiam o que nós chamamos de as Grandes Religiões, os homens não apenas confiaram em suas memórias, mas também inventaram a arte de escrever, para preservarem sues pensamentos, assinalando, de modo mais premente do que fariam as memórias individuais dos serres humanos que, afinal de contas, têm um limitado ciclo de vida.





Mesmo assim, nenhum destes dois meios é infalível quando tomados separadamente. É uma questão de experiência cotidiana o ato de que, quando se escreve algo e então se o revisa, encontram-se mais ou menos erros inadvertidos, omissão de letras ou mesmo de palavras, repetição de relatos, uso de palavras contrárias àquelas pretendidas, erros gramaticais etc., sem falar nas mudanças de opinião do escritor, que também corrige seu estilo, seus pensamentos, seus argumentos e, às vezes, reescreve todo o documento.





O mesmo acontece quanto à faculdade da memória. Aqueles que têm obrigação ou habilidade em aprender de cor algum texto, para recitá-lo mais tarde, especialmente quando isso envolve longuíssimas passagens, sabem que às vezes suas memórias falham durante a recitação: pulam passagens, misturam umas com as outras, ou não se lembram de toda a seqüência; às vezes o texto correto permanece na subconsciência e é relembrado no último momento, ou no rebuscamento da memória por indicação de outrem, ou ao ser consultado o texto em documento escrito.





Profeta do Islam, Muhammad, de memória privilegiada, empregava ambos os métodos simultaneamente, um ajudando o outro, reforçando a integridade do texto e diminuindo ao mínimo as possibilidades de erro. Os ensinamentos islâmicos são baseados no que o Profeta Muhammad, disse ou fez. Ele próprio ditou certos textos a seus escribas, o que chamamos de Alcorão; outros textos foram compilados por seus companheiros, na maioria das vezes por iniciativa própria; e a esses escritos chamamos de Tradição.





A palavra Alcorão literalmente significa “leitura por excelência” ou “recitação”. Enquanto o ditava a seus Companheiros, o Profeta Muhammad, lhes assegurava que era a Revelação Divina que ele havia recebido. Ele não ditou tudo de uma só vez: as revelações chegavam-lhe em fragmentos, de tempos em tempos.





Tão logo ele recebia uma, costumava comunicá-la a seus companheiros e pedir-lhes não somente que a prendessem de cor <<para que a recitassem durante a prática das orações>>, mas também que a escrevessem e que multiplicassem as cópias. Em tais ocasiões, ele indicava o lugar preciso da nova revelação no texto; não era dele a compilação cronológica. Não é de admirar a precaução e o cuidado tomados para a precisão, levando-se em consideração o padrão da cultura dos árabes daquele tempo.





É razoável acreditarmos que as primeiríssimas revelações recebidas pelo Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), não foram imediatamente submetidas à escrita, pela simples razão de que não havia, ainda, companheiro algum ou aderentes. Estas primeiras partes não eram nem longas, nem numerosas. Não havia risco de que o Profeta Muhammad, pudesse esquecê-las, umas vez que ele as recitava freqüentemente em suas orações e em conversar proselíticas.





Alguns fatos da história dão-nos a idéia do que aconteceu. Umar Ibn al Khattab é considerado a quadragésima pessoa a abraçar o Islam. Isso se refere ao ano quinto da Missão (oito antes da Hégira). Mesmo em uma data primordial existiam cópias escritas de certas suratas do Alcorão e, como Ibn Hicham relata, foi devido ao profundo efeito produzido pela leitura acurada de alguns versículos da vigésima Surata que Umar abraçou o Islam.





Não sabemos precisamente o tempo em que a prática de escrever o Alcorão começou; contudo, há informações precisas de que durante os remanescentes dezoito anos da vida do Profeta Muhammad, o números dos muçulmanos, como também das cópias do texto Sagrado, continuou aumentando dia a dia.





Como o Profeta Muhammad, recebia as revelações em fragmentos, era natural que o texto revelado se referisse aos problemas do dia. Se acontecesse um de seus companheiros morrer, a revelação consistiria em promulgar a lei da herança; não seria de lei penal, tratando de roubo, por exemplo, a ser revelada no momento. As revelações continuaram durante a inteira vida missionária de Muhammad, treze anos em Makkah e dez em Madina. Uma revelação consistia às vezes de uma inteira Surata, curta ou longa, e às vezes de apenas uns poucos versículos.





A natureza das revelações impunha ao Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), repeti-las constantemente em suas recitações, e revisar continuamente a forma que as coleções dos fragmentos teria que tomar. Todos os doutos afirmam, com autoridade, que o Profeta Muhammad, recitava todos os anos, no mês de Ramadan, perante o anjo Gabriel, aparte do Alcorão até então revelada, e que no último ano de sua vida Gabriel pediu-lhe que o recitasse inteiro duas vezes. O Profeta Muhammad, concluiu, desde então, que iria, em breve, despedir-se da vida.





O Profeta costumava revisar, nos meses do jejum, os versículos e as suratas, e colocá-las em sua seqüência adequada. Isto era necessário por causa da continuidade das novas revelações. É também sabido que o Profeta Muhammad, tinha o hábito de celebrar uma prática adicional de oração durante os meses do jejum, todas as noites, às vezes mesmo em congregação, na qual ele recitava o Alcorão do princípio ao fim, tarefa esta que era completada ao cabo de um mês. Esta prática, chamada de Tarawih, continua a ser observada com grande devoção até estes nossos dias.





Quando o Profeta Muhammad, deu seu último suspiro, uma rebelião estava tomando vulto em certas partes do país. Tentando debelá-la, várias pessoas que conheciam o Alcorão de cor tombaram. O Califa Abu Bakr sentiu a urgência da codificação do Alcorão, e a tarefa foi cumprida um mês depois da morte do Profeta.





Durante seus últimos anos de vida, o Profeta costumava usar Zaid Ibn Sábit como principal amanuense, para tomar em ditado as revelações recentemente recebidas. Abu Bakr encarregou a mesma pessoa da tarefa de preparação de uma cópia condizente de todo o texto, em forma de livro.





Havia então em Madina vários Huffaz (aqueles que sabiam todo o Alcorão de cor), e Zaid era um deles. Sob a direção do Califa, Zaid transcreveu o texto escrito em pergaminhos ou pedaços de couro, nas omoplatas das reses, nos ossos, nas pedras polidas e mesmo em pedaços de porcelana.





A cópia condizente, assim preparada, foi chamada de Musshaf (encadernação). Esta foi conservada sob a própria custódia do Califa Abu Bakr e, depois dele, por seu sucessor, Umar Ibn al Khattab. Nesse meio tempo o estudo do Alcorão foi encorajado em toda parte do Império Muçulmano.





O Califa Umar sentiu a necessidade de enviar cópias do texto autêntico aos centros provincianos a fim de evitar as divergências; mas foi deixado a seu sucessor, Uthman, continuar com a tarefa. Um de seus comandantes, Huzaifa Aliaman, havendo voltado de uma viagem pelas vastas terras conquistadas pelos muçulmanos, relatou que havia encontrado divergentes cópias do Alcorão e que havia, às vezes, desentendimento entre os diferentes mestres do Livro, concernente a isso.





Othman fez imediatamente com que a cópia preparada para Abu Bakr fosse confiada a uma comissão presidida pelo acima mencionado Zaid Ibn Sábit, para a reprodução de sete cópias; ele autorizou-lhes a revisão da pronúncia, se necessário. Quando a tarefa foi concluída, o Califa efetuou uma recitação pública da nova edição perante os doutos presentes na capital, perante os companheiros do Profeta, e então enviou estas cópias aos diferentes centros do vasto mundo islâmico, ordenando que dali por diante todas as cópias fossem baseadas na edição autêntica. Ele ordenou a destruição das cópias que, de algum modo, se desviassem do texto assim oficialmente estabelecido.





É concebível que as grandes conquistas militares dos primeiros muçulmanos induzissem alguns espíritos hipócritas a proclamarem sua impulsiva conversão ao Islam por motivos materiais, e para tentar danificá-lo de maneira clandestina. Eles fabricaram versões do Alcorão com interpolações. As “lágrimas de crocodilo”, que foram derramadas pela destruição das cópias não autenticadas do Alcorão, por ordem do Califa Uthman, somente poderiam ter sido de tais hipócritas.





É sabido que o Profeta às vezes ab-rogava certos versículos que haviam sido comunicados previamente ao povo, e isso era feito para fortificar as novas Revelações Divinas. Houve Companheiros que aprenderam a primeira versão, sem contudo estarem cientes das últimas modificações, tanto por causa da morte do Profeta como por suas residências fora de Madina. Estes devem Ter deixado cópias a seus descendentes, as quais, embora autênticas, estavam ultrapassadas.





Ainda, alguns muçulmanos tinham o hábito de pedir ao Profeta que explicasse certos termos empregados no texto sagrado e anotar tais explicações nas margens de suas cópias do Alcorão, a fim de não esquecerem delas. As cópias feitas mais tarde, com base nesses textos anotados, causariam às vezes confusões na questão do texto e do glossário. A despeito da ordem do Califa Uthman, para que se destruíssem os textos inexatos, existia, nos séculos III e IV da Hégira, assunto bastante para a compilação de volumosas obras, constituindo as “variações do Alcorão”.





Estas chegaram até nós, mas um apurado estudo mostra-nos que tais variantes eram arábica, que não possuía vogais, nem se podia distinguir entre as letras semelhantes, nem davam idéia das mesmas, sendo meros pontos, como é feito agora. Além disso existiam diferentes dialetos em diferentes regiões, e o Profeta havia permitido aos muçulmanos de tais regiões recitarem de acordo com suas algaravias, e mesmo substituir as palavras que estavam além de sua argúcia, por sinônimos que conhecessem melhor. Esta foi uma medida imergente de graça e clemência.





No tempo do Califa Uthman, contudo, a instrução pública havia-se desenvolvido suficientemente, e fez-se necessário que aquelas concessões não fossem mais toleradas, pois o Texto Sagrado seria afetado e as variantes da leitura se radicariam.





As cópias do Alcorão enviadas por Uthman aos chefes das províncias gradualmente desapareceram nos séculos subseqüentes; apenas uma delas, que presentemente se encontra em Tashkent, chegou até nós. O governo czarista da Rússia havia publicado em uma reprodução fac-símile; constata-se haver uma completa identidade entre essa cópia e o texto em uso noutras ocasiões. A mesma é cópia fiel do manuscrito existente do Alcorão, tanto completo como fragmentado, datando do primeiro século da Hégira.





Alcorão é dirigido a toda humanidade, sem distinção de raça, cor, religião ou tempo. Ainda mais, ele procura guiar a humanidade em todas as sendas da vida: espirituais, materiais, individuais e coletivas. Ele contém diretrizes para a conduta do chefe do Estado, bem como do homem comum; do rico, bem como do pobre; diretrizes para a paz, bem como para a guerra; tanto para a cultura espiritual como para o comércio e bem-estar material.





O Alcorão busca principalmente desenvolver a personalidade do indivíduo: Cada ser será pessoalmente responsável perante seu Criador. Para tal propósito, o Alcorão não somente fornece ordens, porém tenta ainda convencer. Ele apela para a razão do homem e relata histórias, parábolas e metáforas.





Descreve os atributos de Deus, que é Um, Criador de tudo, Onisciente, Onipotente, Ressuscitador dos mortos e Observador de nosso comportamento terreno; é Justo, Clemente. O Alcorão indica ainda o modo de aprazermos a Deus, apontando quais as melhores orações, quais os deveres do homem com respeito a Ele, a seus semelhantes e a seu próprio ser; ele dá destaque ao fato de que não nos pertencemos, outrossim, pertencemos a Deus. O Alcorão fala das melhores normas relacionadas com a vida social, comercial, matrimonial, com a herança, com o direito penal, com o direito internacional, e assim por diante.





Todavia, o Alcorão não é um livro, no senso comum; é a coleção das palavras de Deus, reveladas de tempos em tempos, durante vinte e três anos, a Seu Mensageiro, escolhido entre os seres humanos. O Soberano dá Suas instruções a Seu vassalo; portanto, há certas nuanças compreendidas e implícitas; há repetições, e mesmo mudanças nas formas de expressão. Deste modo, Deus fala às vezes na primeira pessoa e às vezes na terceira.





Ele diz “Eu”, bem como “Nós” e “Ele”, porém, jamais “Eles”. É uma coleção de revelações enviadas de ocasiões em ocasiões; e devemos, por isso, lê-lo mais e mais, a fim de melhor aquilatarmos os seus significados. Ele possui diretrizes para todos, em todos os lugares e para todos os tempos.





Estilo e a dicção do Alcorão são magníficos e apropriados para a sua qualidade Divina. Sua recitação comove o espírito até daqueles que apenas o ouvem sem entendê-lo. Com o passar do tempo, o Alcorão tem, em virtude de sua reivindicação de origem divina, desafiado a todos a criarem, conjuntamente, mesmo uns poucos versículos iguais aos que ele contém. Tal desafio porém tem permanecido sem resposta até os nossos dias.





Há algumas diferenças intrínsecas entre o Alcorão e os livros precedentes. Tais diferenças podem ser sucintamente estipuladas, como segue:





1º)- Os textos originais da maior parte dos primitivos Livros Divinos foram em sua quase totalidade perdidos, sendo que somente as suas traduções existem hoje. O Alcorão, por outro lado, existe hoje exatamente como foi revelado ao Profeta; nem uma palavra, mais ainda, nem uma letra sequer foi trocada. Encontra-se à disposição, em seu texto original, fazendo com que a Palavra de Deus seja preservada agora, bem como por todo o porvir.





2º)- Nos primitivos Livros Divinos os homens mesclaram suas palavras com as palavras de Deus; porém, no Alcorão encontra-se tão-somente as palavras de Deus em suas prístinas purezas. Isto é admitido, mesmo pelos oponentes ao Islam.





3º)- Não se pode dizer, com base na autêntica evidência histórica, em relação a nenhum outro Livro Sagrado possuído por diferentes povos, que ele realmente pertence ao mesmo profeta a quem é atribuído. No caso de alguns deles, mesmo isto não é sabido. Em que época e a que profeta eles foram revelados? Quanto ao Alcorão, as evidências que existem de que foi revelado a Muhammad, são tão vultosas, tão convincentes, tão sólidas e completivas, que mesmo o mais ferrenho crítico do Islam não pode lançar dúvidas sobre isso. Tais evidências são tão vastas e detalhadas, que sobre muitos versículos do Alcorão, mesmo a ocasião e o local de suas revelações, podem ser conhecidos com exatidão.





4º)- Os primitivos Livros Divinos foram revelados em línguas que estão mortas desde há muito tempo. Na era presente, nação ou comunidade alguma fala tais línguas e há apenas umas poucas pessoas que se jactam de compreendê-las. Destarte, mesmo que tais Livros existissem hoje em suas formas originais e inadulteradas, seria virtualmente impossível, em nossa era, compreender e interpretar corretamente suas injunções, bem como pô-las em prática em sua forma requerida. A língua do Alcorão, por outro lado, é uma língua viva; milhões de pessoas falam-na e outro tanto a compreende. Ela está sendo ensinada e aprendida em quase todas as universidades do mundo; todas as pessoas podem aprendê-la, e aquele que não tem tempo para isso pode, em qualquer parte, deparar com quem conheça a língua, que lhe explique o significado do Alcorão.





5º)- Cada um dos Livros Sagrados existentes, encontrados entre as diferentes nações do mundo, foi dirigido a um povo em particular. Cada um deles contém um número de ditames que parece Ter sido dirigido a um período da história em particular e que supria tão-somente as necessidades daquela era. Tais necessidades não são válidas hoje, nem tampouco podem ser aplainadas e propiciamente vertidas para a prática. Depreende-se disto que tais livros eram dirigidos àqueles povos em particular e nenhum deles para o mundo. Ademais, eles não foram revelados para serem seguidos permanentemente, mesmo pelo povo para o qual foram revelados; restringiam-se a influenciar somente sobre um certo período. Em contraste a isso, o Alcorão é dirigido a toda humanidade; não se pode suspeitar que injunção alguma tenha sido dirigida a um povo em especial. Do mesmo modo, todos os ditames e injunções no Alcorão são os mesmos que podem ser aplicados em todos os lugares e em todas as épocas. Este fato vem provar que o Alcorão é dirigido ao mundo inteiro, constituindo-se em eterno código para a vida humana.





6º)- Não há como negar o fato de que os precedentes Livros Divinos cultuavam o bem e a virtude, ensinavam também os princípios da moralidade e da veracidade, e apresentavam uma maneira de viver consentânea com a vontade de Deus. Contudo, nenhum deles era suficientemente compreensivo para englobar tudo quanto fosse necessário para uma vida humana virtuosa, sem nada supérfluo, sem nada carente. Alguns deles excediam em um aspecto, alguns em outros. É o Alcorão, e tão-somente o Alcorão, que cultua não apenas tudo o que havia de magnífico nos livros precedentes, porém, ainda, aperfeiçoa os desígnios de Deus e os apresenta em sua totalidade, delineando uma norma de vida que compreende tudo o que é necessário para o homem nesta terra.





Os pensamentos se renovam e as culturas se proliferam; a vida evolui e a colheita intelectual da humanidade aumenta a cada dia, e quanto mais a humanidade evolui, mais unida e mais mesclada fica. Os veículos de comunicação em muito ajudam nisso, como se quisessem corroborar as palavras do Alcorão:





“Ó humanos, em verdade, Nós vos criamos de macho e fêmea e vos dividimos em povos e tribos para reconhecerdes uns aos outros.” (49ª Surata, versículo 13)



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