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Direitos dos Pais


Os filhos devem obedecer aos pais conquanto eles não os ordenem a fazer algo pecaminoso. Os filhos devem tratar bem seus pais e ser generosos com eles, se esforçar para agradá-los e sustentá-los. Eles devem assegurar para eles as necessidades por comida, bebida, vestimenta e abrigo. Os filhos devem falar com eles brandamente e não devem ser severos, e eles devem ter paciência em servi-los e ter consideração por seus sentimentos. Eles não devem falar mal deles nem machucar seus sentimentos nem fazer nada que os deixe com raiva. Allah s.w.t. diz:





 





E teu Senhor decretou que não adoreis senão a Ele; e decretou benevolência para com os pais. Se um deles ou ambos atingem a velhice, junto de ti, não lhes digas “Ufa”, nem os maltrates, e dizei-lhes dito nobre. [17:23]





 





O Islam considera a desobediência aos pais um dos maiores pecados. Abdullah ibn ‘Amr r.a.a. narrou que um beduíno veio ao Profeta s.a.w. e disse:





“Ó Mensageiro de Allah s.a.w., quais são os pecados mais graves?” Ele respondeu: “Adorar ou associar parceiros a Allah” Ele disse: “E depois?” Ele respondeu: “Desobediência aos pais” Ele disse: “E depois?” Ele respondeu: “Um juramento submerso[1] (ghamoos)” Ele disse: “E o que é um juramento submerso?” Ele respondeu: “Uma mentira que é jurada para que se usurpar o dinheiro de outro muçulmano” [al-Bukhari]





 





Para retratar o status dos pais no Islam, o Profeta s.a.w. disse:





 





“O agrado de Allah é obtido através do agrado dos pais, e a ira de Allah é decorrente da ira dos pais” [at-Tirmidhi]





 





É obrigatório que esses direitos sejam dados aos pais, mesmo que eles sejam de uma religião diferente. Asmaa’ bint Abi Bakr disse:





 





“Minha mãe, quando ainda de mantinha na idolatria, fez-me uma visita, ainda nos tempos do Mensageiro de Allah s.a.w.. Foi então que eu o consultei, dizendo-lhe: ‘Minha mãe esteve em minha casa, e veio me pedir ajuda; porém, continua conservando a sua idolatria. Acaso tenho eu o dever de manter os meus laços com ela?’ Ele disse ‘Sim, conserva os teus laços com ela!’” [al-Bukhari]





 





As mães têm uma prioridade em relação aos pais no que se refere ao bom tratamento e o companheirismo. Abu Hurairah r.a.a. relatou que um homem disse ao Profeta s.a.w.:





 





“Ó Mensageiro de Allah quem é a melhor pessoa a quem devo oferecer minha amizade?” Ele respondeu “A sua mãe, depois sua mãe, depois sua mãe, depois seu pai, e depois aqueles após ele, e depois aqueles após ele” [Muslim]





 





O Profeta s.a.w. concedeu à mãe três direitos e ao pai um direito porque a mãe carrega dificuldades e sofrimentos que o pai não. As mães são como Allah s.w.t. descreveu:





 





E recomendamos ao ser humano benevolência para com seus pais. Sua mãe carrega-o penosamente, e o dá à luz, penosamente. [46:15]





 





Ela sofre desde a dificuldade quando o carrega em seu ventre, sugando a nutrição dela, durante o parto, e quando ela o alimenta após o parto e ficando acordada durante as noites.





Direitos do Governante





[1] Os muçulmanos devem obedecer ao governante enquanto ele não ordená-los a fazer algo proibido no islam. Allah s.w.t. diz:





 





Ó vós que credes! Obedecei a Allah e obedecei ao Mensageiro e às autoridades dentre vós. [4:59]





 





[2] Eles devem dar conselhos sinceros ao governante, de maneira gentil, guiando a ele e seu povo para coisas benéficas, e para lembrá-lo das necessidades dos que estão sob sua responsabilidade. Allah s.w.t. instruiu Moisés e seu irmão Aarão ao enviá-los para Faraó para pregar a verdadeira religião:





 





Então, dizei-lhe dito afável, na esperança de ele meditar ou recear a Allah. [20:44]





 





O Profeta s.a.w. disse:





 





“‘A religião é sinceridade’. Nós perguntamos, ‘A quem?’ Ele respondeu, ‘À Allah, a Seu livro, a Seu Mensageiro, e aos líderes dos muçulmanos e às pessoas em geral’” [Muslim]





 





[3] Apoiá-lo em períodos de adversidade e crise e não se revoltar contra ele ou abandoná-lo, mesmo que a pessoa seja de um grupo que não jurou lealdade a ele. O Profeta s.a.w. disse:





 





“Quem vier até vocês enquanto estiverem todos unidos sob um único lide e desejar quebrar a união e solidariedade (entre os muçulmanos), matem-no”. [Muslim]





O Aspecto Econômico do Islam





A riqueza é a energia e a base sobre a qual a vida é mantida. A Shari’ah Islâmica objetiva com ela estabelecer uma sociedade equilibrada, na qual a justiça social é sustentada e o indivíduo pode viver uma vida honrável. Allah s.w.t. disse:





 





As riquezas e os filhos são o ornamento da vida terrena . [18:46]





 





Como o Islam considera o dinheiro uma das necessidades indispensáveis sem a qual o indivíduo nem a sociedade podem existir, ele ordena que o Zakaah (2,5%) seja retirado do capital dos ricos, se a quantidade necessária da qual ele é retirado está sob posse da pessoa pelo período de um ano lunar. O dinheiro deve ser distribuído entre os pobres. É um direito dos pobres e é proibido negar-lhes isso.





 





Isso não significa que o Islam abole posses individuais e propriedades privadas; ao contrário, ele as sanciona e as respeita. Existem muitos textos explícitos que proíbem a transgressão contra a riqueza e a propriedade dos outros. Allah s.w.t. diz:





 





E não devoreis, ilicitamente, vossas riquezas, entre vós. [2:188]





 





O Islam decretou leis e regulamentos cuja aplicação garante alcançar seu objetivo... fornecer uma vida honrável para cada indivíduo na sociedade islâmica. Alguns desses regulamentos são:





 





[1] O Islam proibiu os juros, pois não permite que as pessoas explorem os outros nem devorem suas riquezas erroneamente. O Islam tornou a riqueza e a propriedade invioláveis. Devido ao fato de que os juros levam as pessoas a abandonar a generosidade e os leva ao acúmulo de riquezas nas mãos de poucos. Allah s.w.t. diz:





 





Ó vós que credes! Temei a Allah e deixai o que resta da usura, se sois crentes. E, se o não fizerdes, certificai-vos de uma guerra de Allah e de Seu Mensageiro; e, se vos voltardes para Allah arrependidos, tereis vosso capital. Não estareis cometendo injustiça nem sofrendo injustiça. [2:278-9]





 





[2] A religião do Islam encoraja as pessoas a dar empréstimos. Também encoraja a pessoa a estender o prazo (para devolução), se ela estiver tendo dificuldade para pagar o empréstimo. Não se deve ser severo com aquele que tenciona pagar seu débito. Quanto àqueles que têm como pagar o débito, mas escolhem não pagar, deve-se tomar uma providência diferente. Allah s.w.t. diz:





 





E, se um devedor estiver em dificuldade, concedei-lhe espera, até que tenha facilidade. [2:280]





 





O Profeta s.a.w. disse:





 





“Quem emprestar dinheiro a uma pessoa com dificuldade receberá uma recompensa de caridade para cada dia que der à pessoa. E quem estende o prazo para o devedor que tem dificuldade em pagar um empréstimo receberá uma recompensa de caridade por cada dia que assim fizer.” [Ibn Majaah]





 





[3] O Islam encoraja que o empréstimo seja perdoado em sua totalidade se for difícil para o devedor pagá-lo. Allah s.w.t. diz:





 





E, se um devedor estiver em dificuldade, concedei-lhe espera, até que tenha facilidade. E fazerdes caridade vos é melhor. Se soubésseis! [2:280]





 





O Profeta s.a.w. disse:





 





“Quem deseja que Allah o salve das dificuldades no Dia da Recompensa, que ele estenda o prazo para um devedor ou que perdoe a dívida”. [Muslim]





 





[4] Acumular e monopolizar qualquer tipo de comodidade é proibido, porque assim o comerciante se empossa de produtos que as pessoas precisam sem vendê-los até que todo o fornecimento diminua, e ele então os vende ao preço que desejar. Isso prejudica tanto o indivíduo como a sociedade, os ricos e os pobres. O Profeta s.a.w. disse:





 





“Quem acumular (comodidades) estaria pecando...” [Muslim]





 





Abu Yusuf, o aluno do Imam Abu Haneefah, que Allah esteja satisfeito com ele, disse:





 





“Qualquer coisa que é acumulada e se torna comprovadamente prejudicial para as pessoas, é considerada como do tipo proibido de monopólio, mesmo que (a coisa acumulada) seja ouro ou prata. Quem acumular (qualquer coisa que as pessoas precisam) estaria certamente fazendo mau uso do que possui. A razão pela qual o monopólio é proibido é para proteger as pessoas de se prejudicarem, pois por certo, as pessoas têm muitas necessidades diferentes, e monopolizar nisso seria impor dificuldade sobre as pessoas.”





 





Um governante deve forçar aquele que acumula comodidades a vendê-las por um preço razoável que não seja prejudicial nem para o comerciante nem para os clientes. Se o monopolista se recusar a vender desta forma, o governante deve tomar posse das comodidades acumuladas e vendê-las pelo preço razoável de forma a prevenir aqueles que estejam pensando em explorar as pessoas de monopolizar os bens dos quais elas precisam.





 





[5] O Islam proibiu impostos cobrados de um comerciante para permitir que ele venda seus produtos ou para que importe para outro país. O Profeta s.a.w. disse:





 





“Aquele que recolhe impostos dos comerciantes não entrará no Paraíso.” [Ahmad & Abu Dawood]





 





Esse imposto é considerado como receber dinheiro ilegalmente e dá-lo àqueles que não o merecem. Todos que contribuem para esse imposto, incluindo cobradores, escrivães, testemunhas e recebedores caem no dito do Profeta s.a.w.:





 





“Nenhuma carne cresce a partir de coisas ilícitas será admitida no Paraíso. O Inferno terá a melhor reivindicação dela” [at-Tirmidhi]





 





[6] O Islam proibiu o acúmulo de riqueza e o não gasto dela com os direitos de Allah; ambos indivíduo e sociedade se beneficiariam disso. A riqueza deve circular na sociedade para estimular a economia, e com isso todos os indivíduos dentro da sociedade se beneficiariam. Allah s.w.t. diz:





 





E os que entesouram o ouro e a prata e não os despendem no caminho de Allah, alvissara-lhes doloroso castigo. [9:34]





 





Como o Islam respeita a propriedade individual, ele impõe direitos e deveres sobre ela. Dentre elas estão obrigações relativas ao proprietário, tais como ele deve cuidar de si e de seus dependentes, parentes e aqueles que ele mantém. Há outros direitos relacionados aos indivíduos na sociedade, como o dever de pagar o Zakaah, dar em caridade e ajudar os outros. Outras obrigações referem-se à sociedade como um todo, como o dever de construir escolas, hospitais, orfanatos, mesquitas e outras instalações que beneficiariam a sociedade. O que se busca com isso é que os recursos não fiquem acumulados nas mãos de poucos dentro da sociedade.





 





[7] Proíbe dar menos na medida e no peso, pois isto é um tipo de roubo, trapaça e enganação. Allah s.w.t. diz:





 





Ai dos fraudadores, que, quando compram algo, por medida, aos homens, a exigem exata, e, quando lhes vendem algo, por medida ou peso, fraudam-nos. [83:1-3]





 





[8] Proibiu domínio de uma posse pública, como a água ou pastagens abertas, que não pertencem à ninguém; e também proibiu prevenir as pessoas de se beneficiar delas. O Mensageiro de Allah s.a.w. disse:





 





“Há três pessoas com quem Allah não falará no Dia do Juízo nem para quem não olhará. Uma pessoa (comerciante) que jurou falsamente ter comprado um produto por um preço maior que aquele pelo que (o comprador) o comprou, uma pessoa que jura falsamente pelo (tempo sagrado de) ‘Asr (a tarde) para usurpar o dinheiro de um muçulmano, e um homem que recusar dar um excedente de água. Nesse dia, Allah dirá a ele: ‘Hoje eu nego a você a Minha Graça assim como você negou o excedente de suas necessidades, mesmo você não sendo criador delas’” [al-Bukhari]





 





O Profeta s.a.w. disse:





 





“Todos os muçulmanos tem parcelas iguais em três coisas: pastagem, água e fogo.” [Ahmad]





 





[9] A Religião do Islam trouxe um sistema de herança através do qual a riqueza é distribuída entre os herdeiros legais de um homem; sejam eles jovens, velhos, homens ou mulheres. Ninguém tem o direito de distribuir a herança de qualquer maneira. Um dos benefícios desse sistema é que ele divide os estados não importando seu tamanho quando for dividida em partes menores, tornando, desta forma, impossível que o dinheiro fique estagnado com um certo grupo. O Profeta s.a.w. disse:





 





“Por certo, Allah deu à cada pessoa seu direito. Então que nenhum de vós deixe algo para alguém a quem já tenha sido destinada uma porção da herança”. [Abu Dawood & at-Tirmidhi]





 





[10] O Islam legislou doações, que são de dois tipos:





 





a)      Doações privadas limitadas à família e aos filhos do doador para protegê-los da pobreza e de ter que pedir esmola. A condição para sua validade é que a doação deve servir para causas caridosas após cessar a descendência do doador.





b)      Doações de caridade pública que são usadas para manter causas caridosas, tais como construir hospitais, escolas, ruas, livrarias públicas, mesquitas, casas de assistência social para órfãos, menores abandonados e idosos, e tudo isso é de interesse público.





 





[11] A Religião do Islam legislou um sistema de transmissão; assim, todo muçulmano tem o direito de transferir uma porção de seu dinheiro para ser usado após sua morte para propósitos virtuosos. A religião limitou esta porção para um terço, para que os herdeiros não sejam prejudicados. Aamir bin Sa’d r.a.a. disse:





 





“O Profeta s.a.w. me visitou enquanto eu estava doente em Makkah. Eu disse a ele, ‘Eu tenho alguma riqueza, posso deixá-la por inteiro (para caridade)?’ Ele respondeu, ‘Não’, Eu disse, ‘E metade dela?’, Então eu disse, ‘Um terço?’, Ele respondeu, ‘Um terço, e um terço é muito. Se você deixar seus herdeiros ricos isso seria melhor para eles do que deixá-los pobres. O que você gastar será um ato de caridade para você, até mesmo um bocado de comida com que você alimente sua esposa. Talvez Allah eleve seu status e faça com que algumas pessoas se beneficiem de você, ou que faça com que se prejudiquem’” [al-Bukhari]





 





[12] o Islam proibiu tudo que cai sob as palavras de Allah:





 





Ó vós que credes! Não devoreis, ilicitamente, vossas riquezas, entre vós. [4:29]





 





Isso inclui:





 





a)      Usurpação de qualquer coisa sem direito, pois isso envolve injustiçar os outros e espalhar corrupção na sociedade. O Profeta s.a.w. disse:





 





“Quem usurpar o direito de um muçulmano através de um falso juramento, Allah tornará o Inferno obrigatório para ele e o Paraíso proibido.” Um homem perguntou, “Mesmo se fosse algo insignificante?” Eles respondeu: “Mesmo se fosse um ramo de uma árvore de ‘Arak” [Muslim]





b)      Roubo. O Profeta s.a.w. disse:





 





“O fornicador que fornica não é um crente verdadeiro enquanto cometer este pecado, nenhum ladrão que rouba é um crente verdadeiro enquanto cometa furtos, e nenhum ébrio que bebe vinho é um crente verdadeiro enquanto ele beber”. [Muslim]





 





Pois isso inclui tomar a riqueza das pessoas sem direito. Allah s.w.t. diz:





 





E ao ladrão e à ladra, cortai-lhes, a ambos, a mão, como castigo do que cometeram, e como exemplar tormento de Allah. E Allah é Todo-Poderoso, Sábio. [5:38]





Para que a mão do homem seja cortada como punição, as seguintes condições devem existir:





 





A riqueza deve estar sob custódia e proteção de seu proprietário.


O motivo por trás do roubo não pode ter sido necessidade de alimento, bebida ou vestimenta. Se um destes for o motivo, a mão não deve ser cortada. Isso é devido ao julgamento de ‘Umar r.a.a. no ano de Ramaadah.


A quantia roubada deve atender estar dentro da quantia mínima necessária estabelecida pela aplicação desta punição.



 





Alguns dos sábios afirmaram que o arrependimento do ladrão não é aceito até que ele devolva aquilo que roubou do proprietário Se ele não tiver riqueza, pede-se que o proprietário da riqueza o perdoe. Além do mais, se o proprietário perdoar o ladrão antes de o caso chegar à corte, então a punição não é aplicado.





 





c)      Fraude e Trapaça. O Mensageiro de Allah s.a.w. disse:





 





“Quem lutar contra nós não é um de nós, e quem nos fraudar não é um de nós.” [Muslim]





 





d)     Suborno. Allah s.w.t. diz:





 





E não devoreis, ilicitamente, vossas riquezas, entre vós, e não as entregueis, em suborno, aos juízes, para devorardes, pecaminosamente, parte das riquezas das pessoas, enquanto sabeis. [2:188]





 





O Profeta s.a.w. disse:





 





“Que Allah amaldiçoe aquele que suborna e aquele que aceita o suborno em assuntos de regras judiciais”. [at-Tirmidhi]





 





Allah amaldiçoou aquele que suborna porque ele ajuda a espalhar o mal na sociedade; se ele não tivesse oferecido suborno, nunca teria havido nenhum suborno. Allah amaldiçoou aquele que aceita o suborno porque ele toma para si o que não é dele por direito, e quebra a confiança que lhe foi dada; pois ele cobra por uma responsabilidade que lhe foi designada antes.





 





e)      Proíbe que a pessoa venda algo para um cliente depois de seu irmão estar prestes a fazer um negócio com ele, exceto se ele permitir que ele faça isso. Isso porque este ato cria inimizade e ódio entre os indivíduos na sociedade. O Profeta s.a.w. disse:





 





“Que nenhum de vós venda algo se seu irmão (comerciante) estiver prestes a fazer um negócio, e que nenhum de vós peça em casamento uma mulher a quem seu irmão já pediu, exceto com permissão dele”. [Muslim]





O Aspecto Político do Islam





A legislação Islâmica introduziu princípios básicos e regras gerais nos assuntos políticos que atuam como as bases sobre as quais o Estado Islâmico é construído. O governante do Estado Muçulmano executa e aplica os mandamentos de Allah. Allah s.w.t. diz:





 





Buscam, então, o julgamento dos tempos da ignorância? E quem melhor que Allah, em julgamento, para um povo que se convence da verdade? [5:50]





 





O governante de um país Islâmico é na verdade um deputado para a Ummah, o que o obriga a aplicar o seguinte:





 





[1] Fazer tudo dentro de sua capacidade para aplicar as legislações e leis de Allah, e fornecer meios de vida honráveis e honestos para a nação, para salvaguardar a religião, a segurança as vidas e a riqueza. O Profeta s.a.w. disse:





 





“Nenhum servo de Allah é incumbido de cuidar dos assuntos dos Muçulmanos e falha na sinceridade e verdade nisso, exceto que ele não sinta o cheiro do Paraíso.” [al-Bukhari]





 





O governante do Estado Islâmico deve ter as características necessárias, conforme descrito por ‘Umar ibn al-Khattab r.a.a. quando ele disse aos seus Companheiros: “Mostrem-me um homem a quem eu possa designar a responsabilidade por certos assuntos que me preocupam”. Eles responderam: “Abdur-Rahman inm ‘Auf”. Ele disse: “Ele é fraco”. Eles mencionaram um outro homem e ele disse: “Não é dele que eu preciso”. Então eles perguntaram: “Que tipo de pessoa você quer?” Ele disse: “Eu quero um homem que, se ele for líder deles, se comporte como se fosse um deles, e se ele não for líder deles, que aparente ser.” Eles disseram: “Ninguém é mais adequado que Ar-Rabee’ah ibn ul-Haarith” ‘Umar disse: “Vocês falaram a verdade”, e ele o designou.





 





[2] O governante não deve escolher ninguém dos muçulmanos que não se encaixe na função ou em quem não se confie. Ele não deve favorecer um amigo ou um parente ao invés de um candidato para um determinado posto. O Profeta s.a.w. disse:





 





“Nenhum servo recebe a responsabilidade sobre um povo e morre em um estado em que ele foi desleal a eles, exceto que Allah proíba para ele o Paraíso” [Muslim]





 





As regras e princípios mencionados acima são caracterizados pelo seguinte:





 





Elas são divinas, ordenadas por Allah e suas luzes são todas consideradas iguais... o governante e o governado, o rico e o pobre, o nobre e o plebeu, o branco e o negro – ninguém, não importa quão elevada seja sua posição, tem permissão de violá-las ou criar leis que contradigam estas. Allah s.w.t. diz:





 





E não é admissível a crente algum nem a crente alguma – quando Allah e Seu Mensageiro decretam uma decisão – que a escolha seja deles, por sua própria decisão. E quem desobedece a Allah e a Seu Mensageiro, com efeito, se descaminhará com evidente descaminho. [33:36]





 





Todos devem se submeter, respeitar e aplicar estas regras e princípios; ambos governantes e governados. Allah s.w.t. diz:





 





O dito dos crentes, quando convocados a Allah e a Seu Mensageiro, para que este julgue, entre eles, é, apenas, dizerem: “Ouvimos e obedecemos”. E esses são os bem-aventurados. [24:51]





 





No Islam, nenhum homem tem poder absoluto; inclusive o governante, pois seus poderes são restringidos pelos limites estabelecidos pela Legislação Islâmica; se ele se opuser a eles, o povo deve desobedecê-lo e seguir a verdade. O Profeta s.a.w. disse:





 





“É obrigatório para o muçulmano ouvir e obedecer (a autoridade) naquilo que ele gostar ou não, exceto se ele for ordenado a fazer algo pecaminoso. Se ele for ordenado a cometer um pecado, ele não deve ouvir nem obedecer”. [al-Bukhari]





 





Consulta mútua... o sistema político no Islam é construído sobre isso. Allah s.w.t. diz:





 





E para os que atendem a seu Senhor, e cumprem a oração, e cuja conduta é a consulta, entre eles, e despendam daquilo que lhes damos por sustento. [42:38]





 





Allah s.w.t. também diz:





 





E, por uma misericórdia de Allah, tu, Muhammad, te tornaste dócil para eles. E, se houvesses sido ríspido e duro de coração, eles se haveriam debandado de teu redor. Então, indulta-os e implora perdão para eles e consulta-os sobre a decisão. [3:159]





 





No primeiro versículo, Allah associa a consulta mútua com as orações, que são a espinha dorsal do Islam. Isto indica a importância de consulta mútua no Islam em todos os assuntos que dizem respeito à Ummah (nação). As pessoas com conhecimento devem ser consultadas nestes assuntos. Ao final da primeira ayah, Allah s.w.t. elogia os crentes em geral por eles se consultarem mutuamente em todos os assuntos.





 





Na segunda ayah, Allah s.w.t. ordena Seu Mensageiro, que era o Chefe de Estado, a consultar mutuamente seus Companheiros em assuntos de interesse comum para a Ummah (nação) se nenhuma regra aparente sobre o assunto houver sido revelada. Não há consulta mútua quanto aos assuntos que têm regra na Shari’ah. O Profeta s.a.w. disse:





 





“Nenhum povo se consulta mutuamente sem que seja guiado da melhor forma. O Mensageiro de Allah s.a.w. então recitou:





 





{... e que conduzem seus assuntos através da mútua consulta}” [al-Adab al-Mufrad]





 





Os sábios estabeleceram a obrigação de o governante consultar o povo em assuntos relativos aos seus interesses. Se ele negligenciar sua consulta, as pessoas devem exigir isso para que possam expressar suas opiniões. Isto é baseado nos versículos mencionados acima, e porque a religião do Islam considera o governante como um deputado que é responsável por cumprir aquilo que lhe foi delegado. Assim o povo deve monitorar de que forma o governante aplica a Lei. O Islam dá a todos a liberdade de expressar suas opiniões e de criticar da maneira que considerarem apropriada, de acordo com os princípios estabelecidos pela religião. Eles não devem fazer isso de uma forma que cause perturbação. O Profeta s.a.w. disse:





 





“Certamente a melhor Jihad é pronunciar uma palavra de justiça diante de um governante tirano” [Abu Dawood & ibn Majaah]





 





Abu Bakr, o primeiro Califa do Islam, se dirigiu às pessoas dizendo:





“Ó povo! Eu fui designado como seu governante apesar de eu não ser o melhor dentre vós. Então se me encontrarem sobre a verdade, me ajudem. Mas se me encontrarem no erro, me corrijam. Me obedeçam enquanto eu obedecer Allah quanto a conduzir seus assuntos. Entretanto, se eu desobedecê-lO, não reivindico que me obedeçam”





 





‘Umar ibn al-Khattab, o segundo Califa, subiu um dia no púlpito e se dirigiu às pessoas dizendo: “Ó povo! Se souberem que caí em corrupção... então endireitem-me”. Um beduíno se levantou no meio do povo e disse: “Por Allah! Se soubermos que você se entortou (corrompeu), nós o endireitaremos com nossas espadas”, e ainda assim ‘Umar não ficou bravo nem pensou mal dele. Ele apenas levantou suas mãos para os céus e disse: “Louvado seja Allah Que fez dentre nossa nação uma pessoa capaz de corrigir a tortuosidade de ‘Umar.”





 





O governante também prestará contas e será questionado. Uma vez, ‘Umar se dirigiu ao povo vestindo duas peças de roupa. Quando ele disse: “Ó povo! Escutai e obedecei”, um homem se levantou e disse: “Nós não ouviremos nem obedeceremos!” ‘Umar r.a.a. perguntou: “E por que não?” O homem respondeu: “Porque você está usando duas peças de roupa e nós estamos usando apenas uma (ele deu uma roupa para cada muçulmano). ‘Umar então gritou o mais alto que podia: “Abdullah ibn ‘Umar (filho dele)! Diga-lhes!”Abdullah disse: “É minha roupa que eu dei a ele” O homem então disse: “Agora nós ouvimos e obedecemos”.





 





Assim o Islam preserva os direitos e a liberdade tanto da sociedade como do indivíduo. Ele protege as fontes da legislação dos caprichos e vontades dos legisladores, pois eles modelam suas legislações com necessidades pessoais e regionais e com as circunstâncias. A Legislação Islâmica não discute outros detalhes menores do governo. Isso com o objetivo de deixar aberta a porta para is muçulmanos criem regras e regulamentos apropriados que se encaixem às suas condições específicas e sirvam ao máximo aos seus interesses em qualquer época e local específico, contanto que tais regras e regulamentos não contradigam os princípios e fundamentos do Islam.



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