Aminuddin Muhammad
O COMÉRCIO SEM PERDA
No seu conceito mais básico, o comércio envolve a venda ou troca de bens e serviços.
Todavia, para além da simples movimentação de bens e serviços numa direcção, e o dinheiro noutra direcção, esta actividade tem outros aspectos, que ainda que periféricos, se devem observar.
No produto objecto de comércio, na sua embalagem (empacotamento), no sistema de entrega ao comprador e nas mensagens de publicidade que acompanham todo o processo comercial, etc., encontramos tanto aspectos bons, aceitáveis e desejáveis, como encontramos também aspectos maus, inaceitáveis e indesejáveis.
Contudo, o comércio pode ser um poderoso agente de troca e propagação de hábitos culturais sãos, contrariamente ao que acontece nesta nossa era materialista em que os media, que são os maiores
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veículos de campanhas de marketing profissional, em muitos casos despidas de regras, aumentaram substancialmente.
Nas economias mais desenvolvidas do Planeta, as mensagens publicitárias chegam ao consumidor de todos os lados, em todos os tempos, tanto de dia como de noite. A publicidade é feita de maneira a convencer de todas as formas o consumidor a comprar os produtos publicitados. E isso é o resultado do sistema capitalista e materialista espalhado por todos os cantos do Mundo. E nas mensagens que nos são transmitidas pela indústria publicitária, dá-se-nos a entender que vivemos para consumir.
As suas vítimas, levadas pela contundência da máquina publicitaria, tudo fazem para preencher o vazio dentro de si com as novas engenhocas, dando-se por felizes por viverem numa era de progressos. Mas à medida que as pessoas vão acumulando mais e mais coisas, a noção da futilidade de tudo isso vai aumentando ainda mais. E mais ainda, por detrás do brilho atraente do produto colocado no mercado para venda, pode-se descortinar a horrorosa face da exploração.
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Vejamos por exemplo como se tem estado a explorar o charme feminino na venda de tudo, desde automóveis à pastas dentífricas e cosméticos. Nunca antes na História as mulheres foram exploradas de forma tão despida de pudor.
Os que se dedicam à actividade publicitária vêm o seu negócio a florescer à custa da ocupação de todos os espaços disponíveis com fotografias de mulheres ostentando variadas formas de nudez.
Infelizmente, o ambiente está tão saturado deste tipo de imundície, que se assemelha à uma pessoa que vive junto à emanações de esgotos e fossas, que de tão habituada, já não sente o cheiro que delas exala.
Os comerciantes honestos, em especial os muçulmanos, têm uma grande responsabilidade nesta situação. Eles devem repor o objectivo da publicidade da compra e da venda.
Devem fazer uso do seu considerável potencial para fazer uma publicidade limpa, demonstrando uma ética e moral elevadas, que muita falta fazem ao Mundo de hoje.
Temos que entender o papel do comércio na sociedade actual. Esta actividade não se deve resumir apenas ao ganho de dinheiro. Deve sim,
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incorporar valores morais nessa actividade, desde a concepção e desenho do produto, à comunicação ao mercado, à políticas comerciais e práticas.
O Profeta Muhammad S.A.W. diz: “O comerciante honesto estará (no outro Mundo) na companhia dos profetas e dos mártires”. (At-Tirmizi)
A companhia dos profetas e dos mártires é o mais alto grau a que um crente pode aspirar.
E de que forma é que a pessoa pode atingir esse grau ao consumir o seu tempo ganhando dinheiro? Pode atingir tal grau ao praticar um comércio honesto, pois assim a pessoa junta o útil ao desejável, ganhando dinheiro ao mesmo tempo que introduz hábitos de rectidão na vida.
Foi através de comerciantes honestos que o Isslam se expandiu por todos os cantos do Globo, pois os muçulmanos nunca estabeleceram missões para converter as pessoas. Quando os nativos de qualquer zona entravam em contacto com comerciantes muçulmanos, ao verem a piedade, a honestidade e a veracidade do negócio destes, ficavam muçulmanos. E assim fizeram surgir uma nova era que acabou com a corrupção e exploração, trazendo a paz e a prosperidade.
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Novamente essa grande oportunidade está a espera dos muçulmanos.
Através do comércio bem pensado e de práticas honestas, eles podem acabar com a exploração da mulher, do consumidor e dos pobres.
E isso é que o Mundo precisa, e é o que eles próprios precisam, pois o comércio recto é o único comércio em que a pessoa nunca perde.
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