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A morte e as acções


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Consta que um santo perguntou a um discípulo


seu: “Tu me acompanhaste por um longo período. O


que é que aprendeste comigo durante todo esse


tempo”? O discípulo respondeu: “Oito coisas. E


uma delas, é que eu olhei para a criação e observei


que cada pessoa tem algo querido, mas mesmo


assim, quando chega à sepultura, tal coisa querida


abandona-o. Portanto, eu fiz o que era mais querido


para mim, as minhas boas acções, que me


acompanharão no sepulcro.


De facto, a primeira parte da frase do discípulo


“eu olhei para a criação” contém um ponto muito


importante. Os crentes no passado, costumavam


olhar à sua volta, meditando e reflectindo no que


viam, por forma a que com essa atitude


conseguissem ser prudentes e entendessem a


realidade deste Mundo. E assim atingiram uma


compreensão mais profunda sobre as coisas à sua


volta.


Deus diz no Al-Qur’án, Cap. 45, Vers. 3:


“Na verdade, nos Céus e na Terra há (muitos)


sinais para os que têm fé”.


E diz também no Cap. 51, Vers. 20:


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“E na Terra há muitos sinais (que demonstram o grande poder de Deus) para os que crêem com convicção”.


Nas coisas que acontecem à nossa volta, há sinais para vermos, ouvirmos, e reflectirmos. Não devemos ser demasiado superficiais, passando por todos esses sinais a cada momento, mas mantendo-nos no estado de negligência.


Por isso, para despertar a nossa atenção, Deus diz-nos repetidamente no Al-Qur’án:


“Não vedes”? “Não escutais”? “Não reflectis”?


Portanto, nós devemos olhar através deste Mundo para o Outro Mundo. Olhemos para os lados, observemos, reflictamos! Talvez nos deparemos com algo que venha a abrir os nossos olhos para a verdade, e nos leve à orientação correcta. Pode até ser algo pequeno e simples, ou mesmo algo dificultoso, uma calamidade, ou até mesmo a morte, seja o que for, mas tal pode levar-nos à orientação que procuramos.


Certa vez um teólogo, visitando uma pessoa por ocasião da perda por morte, de um filho, disse: “Se a morte do teu filho abriu para ti uma admoestação e um aviso no teu coração, então a tua calamidade foi uma boa calamidade. Mas se a calamidade da


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morte do teu filho não abriu para ti nenhuma admoestação no teu coração, então a calamidade no teu coração é maior do que a calamidade da morte do teu filho.


Portanto, devemos desenvolver o hábito de prestar atenção ao que está à nossa volta, observando e aprendendo. Esta é uma qualidade que devemos criar e desenvolver dentro de nós.


Cada um de nós tem algo que ama ou valoriza, diferindo de pessoa para pessoa. Pode ser dignidade, nobreza, fama, reconhecimento, estatuto, honra, posição, família, esposa, marido, filhos, riqueza, etc. Estas são algumas das coisas que as pessoas amam e desejam que se mantenham para sempre, nunca se separando delas.


O Profeta Muhammad. S.A.W. disse: “Se o filho de Adão possuísse uma montanha de ouro, ele desejaria ter outra”.


Mas o que é que acontece com todas essas coisas? Mesmo se algum de entre nós tivesse duas montanhas de ouro, de que é que lhe valeriam na campa? Absolutamente nada!


Quando uma pessoa chega à sua sepultura, os seus entes-queridos abandonam-no. A sua esposa, a quem ele muito amou, quando muito, se tiver sorte,


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chorará por alguns dias, mas depois, tudo acabará em pouco tempo. Ao ir para a sepultura, a sua riqueza (carro, montada, avião, barco, etc.) pode eventualmente acompanhá-lo, mas depois também o abandona. A sua posição social e o seu estatuto na vida deste Mundo esfumam-se. Os actos de desobediência que muito gostava de cometer, e dos quais sentia imenso prazer, também se esfumam. Mas então, o que é que permanece junto dele? Nada, senão as suas acções, sejam elas boas ou más.


O Profeta S.A.W. disse: “Quando a pessoa morre, três coisas o acompanham até à sua campa: a sua riqueza; a sua família; e as suas acções. A sua família e a sua riqueza voltam, enquanto que as suas acções permanecem com ele”.


Portanto, a única coisa deste Mundo que dura e permanece, mesmo depois da morte, são a suas acções, boas ou más.


E a situação da pessoa na campa é determinada pelas acções por ela praticadas nesta vida, e não pela sua família, riqueza, filhos, estatuto, honra, etc.


Se nós achamos fácil praticar más acções e desobedecer à Deus, então devemos prestar atenção e ter presente os seguintes cenários pós-morte:


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O Profeta Muhammad, S.A.W. explica-nos num longo hadith (dito, máxima), o que acontece ao pecador desobediente na campa depois de lhe terem sido dirigidas três perguntas acerca do seu Senhor e da sua religião, e sobre o Profeta:


“A seguir aparecerá uma pessoa mal encarada, de cara feia, roupa suja, com um odor nauseabundo, que dirá: ‘Há más notícias para ti! Brevemente receberás aquilo que odeias. Este é o dia que te foi prometido’. O defunto perguntará: ‘Quem és tu’? A pessoa feia responderá: ‘Eu sou as tuas más acções”.


O mesmo hadith, em oposição ao que atrás foi descrito, explica o que acontece ao crente que durante a vida se entregou à prática de boas acções: “Depois de ter respondido às três perguntas aparecer-lhe-á uma pessoa bem parecida, perfumada, e trajando roupa elegante, que dirá: ‘Boa nova para ti. Brevemente receberás o que te agrada. Este é o dia que te foi prometido’ O defunto perguntará: ‘Mas quem és tu?’ Ela responderá: ‘Eu sou as tuas mas acções”. Depois ser-lhe-á aberta uma porta por onde passará em direcção ao Paraíso, e outra de acesso ao Inferno. E ser-lhe-á dito: ”Se tivesses desobedecido, este (o Inferno), seria o teu local de repouso, mas Deus substituiu-o para ti, pelo


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Paraíso”. A pessoa dirá então: “Ó meu Senhor! Apresse a realização do Dia do Julgamento”.


Portanto, sabendo que cada um de nós tem algo que ama, mesmo assim quando chega tal momento crítico e derradeiro, nenhuma dessas coisas que ama o acompanha, sendo inteligentes, devemos fazer com as coisas que nos são queridas sejam as nossas boas acções, pois só estas nos acompanharão até ao fim, mesmo na campa.


E Deus diz no Al-Qur’án, Cap. 3, Vers. 133:


“Apressai-vos na obtenção do perdão do vosso Senhor, e do Paraíso cuja vastidão é como a dos Céus e da Terra, preparado para os piedosos (os que praticam boas acções)”.


E quando fala dos profetas, diz no Cap. 21, Vers. 90:


“Na verdade, eles rivalizavam na prática de boas acções, e invocavam-Nos com esperança e temor, e eram humildes perante Nós”.


Praticar boas acções é ser bom crente, e um bom crente é sempre um bom cidadão, cumpridor e respeitador das leis.


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Os governos devem encorajar, promover e até mesmo estimular os que praticam boas acções, e penalizar exemplarmente os malvados.


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