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Descobertas arqueológicas modernas sugerem que a alta sacerdotisa era a filha do imperador.  Naturalmente ela deve ter considerado fundamental fazer um exemplo do homem que profanou seu templo.  Logo Abraão, ainda um homem jovem[1], se viu em teste, se defrontando sozinho com um rei, provavelmente o rei Nimrod.  Até seu pai não estava do seu lado.  Mas Deus estava como Ele sempre esteve.





Disputa com um Rei





Enquanto os tradicionalistas judaico-cristãos afirmam claramente que Abraão foi sentenciado ao fogo pelo reio, Nimrod, o Alcorão não elucida esse assunto.  Menciona, entretanto, a disputa que um rei teve com Abraão, e alguns estudiosos muçulmanos sugerem que foi esse mesmo Nimrod, mas somente depois de uma tentativa de matar Abraão[2] ser feita pelas massas.  Depois de Deus ter salvado Abraão do fogo, seu caso foi apresentado ao rei, que do alto de sua pompa, disputou com o próprio Deus por causa de seu reino.  Ele debateu com o jovem homem, como Deus nos conta:





“Não reparaste naquele que disputava com Abraão acerca de seu Senhor, por lhe haver Deus concedido o poder?” (Alcorão 2:258)





 A lógica de Abraão era inegável:





“Meu Senhor é Quem dá a vida e a morte! Retrucou: Eu também dou a vida e a morte.” (Alcorão 2:258)





O rei trouxe dois homens sentenciados à morte.  Libertou um e condenou outro.  Essa resposta do rei foi fora de contexto e extremamente estúpida e assim Abraão apresentou outra, que certamente o silenciou.





“Abraão disse: Deus faz sair o sol do Oriente, faze-o tu sair do Ocidente. Então o incrédulo ficou confundido, porque Deus não ilumina os iníquos.” (Alcorão 2:258)





Abraão em Migração





Depois de anos de chamado incessante, enfrentando a rejeição de seu povo, Deus ordenou a Abraão que se desassociasse de sua família e povo.





“Tivestes um excelente exemplo em Abraão e naqueles que o seguiram, quando disseram ao seu povo: Em verdade, não somos responsáveis por vossos atos e por tudo quando adorais, em lugar de Deus, Renegamos-vos e iniciar-se-á inimizade e um ódio duradouro entre nós e vós, a menos que creiais unicamente em Deus!” (Alcorão 60:4)





Ao menos duas pessoas em sua família aceitaram sua exortação – Lot, seu sobrinho, e Sara, sua esposa.  Assim Abraão migrou com os outros crentes.





“Lot acreditou nele. Ele disse: Em verdade, emigrarei para onde me ordene o meu Senhor, porque Ele é o Poderoso, o Prudentíssimo.” (Alcorão 29:26)





Migraram juntos para uma terra abençoada, a terra de Canaã, ou Grande Síria onde, de acordo com as tradições judaico-cristãs, Abraão e Lot dividiram seu povo a ocidente e oriente da terra para a qual haviam migrado[3].





“E o salvamos, juntamente com Lot, conduzindo-os à terra que abençoamos para a humanidade.” (Alcorão 21:71)





Foi lá, nessa terra abençoada, que Deus escolheu abençoar Abraão com descendência.





“E o agraciamos com Isaac e Jacó, como um dom adicional, e a todos fizemos virtuosos.” (Alcorão 21:72)





“Tal foi o Nosso argumento, que proporcionamos a Abraão (para usarmos) contra seu povo, porque Nós elevamos a dignidade de quem Nos apraz. Teu Senhor (ó Muhammad) é Prudente, Sapientíssimo. Agraciamo-los com Isaac e Jacó, que iluminamos, como havíamos iluminado anteriormente Noé e sua descendência, Davi e Salomão, Jó e José, Moisés e Aarão. Assim, recompensamos os benfeitores. E Zacarias, Yáhia (João), Jesus e Elias, pois todos se contavam entre os virtuosos. E Ismael, Eliseu, Jonas e Lot, cada um dos quais preferimos sobre os seus contemporâneos. E a alguns de seus pais, progenitores e irmãos, elegemo-los e os encaminhamos pela senda reta. Tal é a orientação de Deus, pela qual orienta quem Lhe apraz, dentre os Seus servos. Porém, se tivessem atribuído parceiros a Ele, tornar-se-ia sem efeito tudo o que tivessem feito. São aqueles a quem concedemos o Livro, a sabedoria e a profecia.”  (Alcorão 6:83-87)





Profetas, escolhidos para a orientação de sua nação:





“E os designamos imames, para que guiassem os demais, segundo os Nossos desígnios, e lhes inspiramos a prática do bem, a observância da oração, o pagamento do zakat, e foram Nossos adoradores.” (Alcorão 21:73)





Abraão ficou em Canaã por vários anos indo de cidade em cidade pregando e convidando as pessoas para Deus até que a fome fez com que ele e Sara migrassem para o Egito.  No Egito estava um faraó despótico que tinha um desejo passional de tomar posse de mulheres casadas.[1]  Esse relato islâmico é surpreendentemente diferente das tradições judaico-cristãs, que dizem que Abraão alegou que Sara[2] era sua irmã para se salvar do Faraó[3].  O Faraó levou Sara para seu harém e honrou Abraão por isso, mas quando sua casa foi atingida por várias pragas ele soube que Sara era esposa de Abraão e o castigou por ele não ter lhe dito isso, banindo-o do Egito. [4]





Abraão sabia que Sara atrairia sua atenção, então disse a ela que se o Faraó perguntasse, ela dissesse que era irmã de Abraão. Quando entraram em seu reino, como esperado, o Faraó perguntou sobre seu relacionamento com Sara e Abraão respondeu que ela era sua irmã.  Embora a resposta tenha aliviado um pouco de sua paixão, ainda assim ele a fez cativa.  Mas a proteção do Todo-Poderoso a salvou de sua trama. Quando o Faraó convocou Sara para agir de acordo com suas paixões doentias, Sara se voltou para Deus em oração.  No momento em que o Faraó se aproximou de Sara, a parte superior de seu corpo se enrijeceu.  Ele chorou para Sara em desespero, prometendo libertá-la se ela orasse por sua cura!  Ela orou pela cura dele.  Mas apenas depois de uma terceira tentativa fracassada ele finalmente desistiu.  Ao perceber suas naturezas especiais, ele a deixou partir e a retornou a seu suposto irmão.





Sara retornou enquanto Abraão ainda orava, acompanhada de presentes do Faraó, uma vez que ele tinha se dado conta de suas naturezas especiais, junto com sua própria filha Agar, de acordo com as tradições judaico-cristãs, como criada[5].  Ela havia transmitido uma mensagem poderosa para o Faraó e os egípcios pagãos.





Depois de retornarem para a Palestina, Sara e Abraão continuaram sem filhos, apesar das promessas divinas de que ele teria um filho.  O costume da esposa estéril presentear o marido com uma criada para gerar descendência parece ser uma prática comum daquela época[6], e Sara sugeriu a Abraão que ele tomasse Agar como sua concubina.  Alguns estudiosos cristãos dizem que de fato ele a tomou como esposa[7].  Qualquer que seja o caso, na tradição judaica e babilônica qualquer descendência nascida de uma concubina seria reivindicada pelo ex-ama da concubina e seria tratada exatamente como uma criança nascida dela[8], inclusive em questões de herança.  Enquanto estava na Palestina, Agar deu a ele um filho, Ismael.





Abraão em Meca





Quando Ismael estava sendo amamentado Deus escolheu testar a fé de seu amado Abraão e ordenou-o levar Agar e Ismael para um vale deserto de Beca a 1.300 km ao sul de Hebron.  Tempos mais tarde se chamaria Meca.  De fato era um grande teste, porque ele e sua família tinham esperado por muito tempo por uma descendência e quando seus olhos estavam cheios de alegria por causa de um herdeiro, veio a ordem para levá-lo para uma terra distante, conhecida por sua aridez e dificuldade.





Embora o Alcorão afirme que esse era outro teste para Abraão enquanto Ismael ainda era um bebê, a Bíblia e as tradições judaico-cristãs afirmam que foi o resultado da ira de Sara, que pediu a Abraão para banir Agar e o filho dela quando viu Ismael “debochando” [9] de Isaque[10] depois de ser desmamado.  Uma vez que a idade típica para o desmame, pelo menos na tradição judaica, era de 3 anos[11], isso sugere que Ismael estava com aproximadamente 17 anos[12]quando esse evento ocorreu.  Parece logicamente impossível que Agar fosse capaz de carregar um rapaz em seus ombros e levá-lo por centenas de quilômetros até que ela alcançasse Paran, só então colocando-o no chão, como diz a Bíblia, sob um arbusto[13].  Nesses versos Ismael é tratado por uma palavra diferente da usada descrevendo seu banimento.  Essa palavra indica que era um menino muito novo, possivelmente um bebê, ao invés de um rapaz.





Então Abraão, após ter ficado um tempo com Agar e Ismael, deixou-os lá com um cantil de água e uma bolsa de couro cheia de tâmaras.  Quando Abraão começou a caminhar deixando-os para trás, Agar ficou ansiosa com o que aconteceria.  Abraão não olhou para trás.  Agar o seguiu: “Ó Abraão, onde estás indo, deixando-nos nesse vale onde não existe nenhuma pessoa cuja companhia possamos desfrutar, nem qualquer outra coisa?”





Abraão apressou o passo.  Finalmente Agar perguntou: “Foi Deus Que pediu que o fizesse?”





Repentinamente Abraão parou, se voltou e disse: “Sim!”





Sentindo um pouco de conforto nessa resposta, Agar perguntou: “Ó Abraão, com quem está nos deixando?”





“Eu os deixo aos cuidados de Deus”, respondeu Abraão.





Agar se submeteu a seu Senhor: “Estou satisfeita em estar com Deus!”[14]





Enquanto voltava para o pequeno Ismael, Abraão prosseguiu até que alcançou uma passagem estreita na montanha onde eles não podiam vê-lo.  Ele parou lá e invocou Deus em oração:





“Ó Senhor nosso, estabeleci parte da minha descendência em um vale inculto perto da Tua Sagrada Casa para que, ó Senhor nosso, observem a oração; faze com que os corações de alguns humanos os apreciem, e agracia-os com os frutos, a fim de que Te agradeçam.”(Alcorão 14:37)





Logo a água e as tâmaras acabaram e o desespero de Agar aumentou.  Incapaz de saciar sua sede ou amamentar seu pequeno bebê, Agar começou a procurar por água.  Deixou Ismael sob uma árvore e começou a escalar o declive rochoso de uma colina próxima.  “Talvez exista uma caravana de passagem”, pensou consigo mesma.  Ela correu entre as duas colinas de Safa e Marwa sete vezes procurando sinais de água ou ajuda, personificado depois por todos os muçulmanos no Hajj.  Exausta e perturbada, ela ouviu uma voz, mas não pode localizar sua origem.  Então, olhando para o vale ela viu um anjo, que é identificado como Gabriel nas fontes islâmicas[15], de pé ao lado de Ismael.  O anjo cavou o chão com seu calcanhar próximo ao bebê e a água jorrou.  Foi um milagre!  Agar tentou fazer um reservatório ao seu redor para mantê-lo fluindo e encheu seu cantil.[16]  “Não tema ser negligenciada”, disse o anjo, “porque esta é a Casa de Deus que será construída por esse menino e seu pai, e Deus nunca negligencia seu povo.”[17]  Esse poço, chamado Zamzam, continua a jorrar até hoje na cidade de Meca na Península Arábica.





Não muito tempo depois a tribo de Jurham, deslocando-se do sul da Arábia, parou no vale de Meca depois de ver um sinal incomum de um pássaro voando em sua direção, que só podia significar a presença de água.  Finalmente se estabeleceram em Meca e Ismael cresceu entre eles.





Um relato semelhante desse poço é dado na Bíblia em Gênesis 21.  Nesse relato, a razão para se afastar do bebê era evitar vê-lo morrendo ao invés de buscar ajuda.  Então, após o bebê começar a chorar de sede, ela pediu a Deus para não permitir que ela o visse morrer.  É dito que o surgimento do poço foi uma resposta ao choro de Ismael, e não à súplica dela, e não é relatado nenhum esforço de Agar para encontrar ajuda.  A Bíblia também diz que o poço era no deserto de Paran, onde moraram depois disso.  Os estudiosos judaico-cristãos com frequência mencionam Paran como em algum lugar ao norte da Península do Sinai, devido à menção ao Monte Sinai em Deuteronômio 33:2.  Arqueólogos bíblicos modernos, entretanto, dizem que o Monte Sinai é de fato na atual Arábia Saudita, o que requer que Paran seja lá também.





Abraão Sacrifica Seu Filho





Havia quase dez anos que Abraão tinha deixado sua esposa e bebê em Meca aos cuidados de Deus.  Depois de uma jornada de dois meses ele ficou surpreso em encontrar Meca muito diferente do que era quando partiu.  A alegria da reunião logo foi interrompida por uma visão que seria o teste supremo de sua fé.  Deus comandou através de um sonho que Abraão sacrificasse seu filho, o filho que ele tinha tido depois de anos de orações e tinha acabado de encontrar depois de uma década de separação.





Sabemos do Alcorão que a criança a ser sacrificada era Ismael, já que Deus, ao dar as boas novas do nascimento de Isaque a Abraão e Sara, também deu as boas novas de um neto, Jacó (Israel):





“...alvissaramo-la com o nascimento de Isaac e, depois deste, com o de Jacó.” (Alcorão 11:71)





Da mesma forma, no verso bíblico Gênesis 17:19, foi prometido a Abraão:





“Sara, tua mulher, te dará à luz um filho, e lhe chamarás Isaque; com ele estabelecerei o meu pacto como pacto perpétuo para a sua descendência depois dele.”





Como Deus prometeu dar a Sara um filho de Abraão e netos daquela criança, não era lógica e praticamente possível para Deus ordenar que Abraão sacrificasse Isaque, uma vez que Deus não quebra Sua promessa e nem é o “autor de confusão.”





Embora o nome de Isaque seja explicitamente mencionado como aquele que seria sacrificado em Gênesis 22:2, aprendemos de outros contextos bíblicos que essa é uma interpolação clara, e aquele que seria sacrificado era Ismael.





“Teu Único Filho”





Nos versos de Gênesis 22, Deus ordena Abraão sacrificar seu único filho.  Todos os estudiosos do Islã, Judaísmo e Cristianismo concordam que Ismael nasceu antes de Isaque.  Não faria sentido chamar Isaque de único filho de Abraão.





É verdade que os estudiosos judaico-cristãos argumentam com frequência que como Ismael nasceu de uma concubina, não era filho legítimo.  Entretanto, já mencionamos antes que de acordo com o próprio Judaísmo era uma ocorrência comum, válida e aceitável esposas estéreis darem concubinas a seus maridos para gerarem descendência, e a criança produzida pela concubina era reivindicada pela esposa do pai[1], desfrutando todos os direitos como se fosse filho da própria esposa, incluindo herança.  Além disso, recebiam o dobro da parte das outras crianças, mesmo que fossem “odiadas” [2] .





Em acréscimo a tudo isso, é inferido na Bíblia que a própria Sara considerava um filho nascido de Agar como seu herdeiro de direito.  Sabendo que havia sido prometido a Abraão que sua semente encheria a terra entre o Nilo e o Eufrates (Gênesis 15:18) de seu próprio corpo (Gênesis 15:4), ela ofereceu Agar a Abraão para que ela fosse o meio do cumprimento dessa profecia.  Ela disse:





“Eis que o Senhor me tem impedido de ter filhos; toma, pois, a minha serva; porventura terei filhos por meio dela.” (Gênesis 16:2)





Também é semelhante à Léa e Raquel, as esposas de Jacó, filho de Isaque, darem suas servas a Jacó para gerarem descendência (Gênesis 30:3, 6-7, 9-13).  Seus filhos foram Dan, Neftali, Gad e Asher, que eram dos doze filhos de Jacó, os pais das doze tribos dos israelitas e, consequentemente, herdeiros[3] válidos.





 Disso entendemos que Sara acreditava que uma criança nascida de Agar seria um cumprimento da profecia dada a Abraão, e seria como se tivesse nascido dela própria.  Assim, de acordo apenas com esse fato, Ismael não é ilegítimo, mas um herdeiro de direito.





O próprio Deus considera Ismael um herdeiro válido porque, em várias passagens, a Bíblia menciona que Ismael é uma “semente” de Abraão.  Por exemplo, em Gênesis 21:13:





“Mas também do filho desta serva farei uma nação, porquanto ele é da tua linhagem.”





Existem muitas outras razões que provam que Ismael e não Isaque deveria ser sacrificado e, se Deus quiser, um artigo separado será dedicado a esse assunto.





Para continuar com o relato, Abraão consultou seu filho para ver se ele compreendia o que lhe foi ordenado por Deus:





“E lhe anunciamos o nascimento de uma criança (que seria) dócil. E quando chegou à adolescência, seu pai lhe disse: Ó filho meu, sonhei que te oferecia em sacrifício; que opinas? Respondeu-lhe: Ó meu pai, faze o que te foi ordenado! Encontrar-me-ás, se Deus quiser, entre os perseverantes!” (Alcorão 37:101-102)





De fato, se o pai diz a uma pessoa que ela deverá ser morta por causa de um sonho, isso não será recebido da melhor maneira.  Pode-se duvidar do sonho e também da sanidade da pessoa, mas Ismael conhecia a posição de seu pai.  O filho virtuoso de um pai virtuoso estava determinado a se submeter a Deus.  Abraão levou seu filho ao lugar onde deveria ser sacrificado e o deitou com o rosto para baixo.  Por essa razão, Deus os descreveu com as mais belas palavras, pintando uma imagem da essência da submissão; uma que leva lágrimas aos olhos:





“E quando ambos aceitaram o desígnio (de Deus) e (Abraão) preparava (seu filho) para o sacrifício.” (Alcorão 37:103)





Quando a faca de Abraão estava descendo, uma voz o interrompeu:





“Então o chamamos: Ó Abraão, Já realizaste a visão! Em verdade, assim recompensamos os benfeitores. Certamente que esta foi a verdadeira prova.” (Alcorão 37:104-106)





De fato, foi o maior de todos os testes, sacrificar seu único filho, nascido depois de ter alcançado uma idade avançada e anos de espera por descendência.  Aqui Abraão mostrou sua disposição de sacrificar tudo que tinha por Deus, e por essa razão, foi designado um líder de toda a humanidade, aquele a quem Deus abençoou com uma descendência de profetas.





“E quando o seu Senhor pôs à prova Abraão, com certos mandamentos, que ele observou, disse-lhe: Designar-te-ei Imam dos homens. (Abraão) perguntou: E também o serão os meus descendentes?” (Alcorão 2:124)





Ismael foi resgatado com um carneiro:





“...E o resgatamos com outro sacrifício importante.” (Alcorão 37:107)





É esse epítome de submissão e confiança em Deus que centenas de milhões de muçulmanos reencenam todo ano durante os dias do Hajj, um dia chamado Yawm-un-Nahr – O Dia do Sacrifício, ou Eid-ul-Adhaa – ou a Celebração do Sacrifício.





Abraão retornou à Palestina e ao fazê-lo, foi visitado pelos anjos que deram a ele e à Sara as boas novas de um filho, Isaque:





“...viemos alvissarar-te com a vinda de um filho, que será sábio.” (Alcorão 15:53)





Nesse momento também lhe é dito sobre a destruição do povo de Lot.





Depois de uma separação de vários anos, mais uma vez pai e filho se encontram.  Foi nessa jornada que os dois construíram a Caaba por ordem de Deus como um santuário permanente; um local estabelecido para a adoração de Deus.  Foi aqui, no mesmo deserto árido onde Abraão deixou Agar e Ismael anteriormente, que ele suplicou a Deus para fazer dele um lugar onde pudessem estabelecer a oração, livre de idolatria.





“E recorda-te de quando Abraão disse: Ó Senhor meu, pacifica esta Metrópole e preserva a mim e aos meus filhos da adoração dos ídolos! Ó Senhor meu, já se desviaram muitos humanos. Porém, quem me seguir será dos meus, e quem me desobedecer... Certamente Tu és Indulgente, Misericordiosíssimo! Ó Senhor nosso, estabeleci parte da minha descendência em um vale inculto perto da Tua Sagrada Casa para que, ó Senhor nosso, observem a oração; faze com que os corações de alguns humanos os apreciem, e agracia-os com os frutos, a fim de que Te agradeçam. Ó Senhor nosso, Tu sabes tudo quanto ocultamos e tudo quanto manifestamos, porque nada se oculta a Deus, tanto na terra como no céu. Louvado seja Deus que, na minha velhice, me agraciou com Ismael e Isaac! Como o meu Senhor é Exorável! Ó Senhor meu, faze-me observante da oração, assim como à minha prole! Ó Senhor nosso, escuta a minha súplica! Ó Senhor nosso, perdoa-me a mim, aos meus pais e aos fiéis, no Dia da prestação de contas!” (Alcorão 14:35-41)





Agora, anos depois, Abraão mais uma vez reunido com seu filho Ismael, estabelecia a honrada Casa de Deus, o centro de adoração, para cuja direção as pessoas deveriam voltar seus rostos oferecendo orações, tornando-se um local de peregrinação.  Existem muitos belos versículos no Alcorão que descrevem a santidade da Caaba e o propósito de sua construção.





“E (recorda-te) de quando indicamos a Abraão o local da Casa, dizendo: Não Me atribuas parceiros, mas consagra a Minha Casa para os circungirantes, para os que permanecem em pé e para os genuflexos e prostrados. E proclama a peregrinação às pessoas; elas virão a ti a pé, e montando toda espécie de camelos, de todo longínquo lugar.” (Alcorão 22:26-27)





“Lembrai-vos que estabelecemos a Casa, para o congresso e local de segurança para a humanidade: Adotai a Estância de Abraão por oratório. E estipulamos a Abraão e a Ismael, dizendo-lhes: Purificai Minha Casa, para os circundantes (da Caaba), os retraídos, os que genuflectem e se prostram.” (Alcorão 2:125)





A Caaba é o primeiro lugar de adoração apontado para toda a humanidade com o propósito de orientação e bênção:





“A primeira Casa (Sagrada), erigida para o G6enero humano, é a de Bakka, onde reside a bênção servindo de orientação à humanidade. Encerra sinais evidentes; lá está a Estância de Abraão, e quem quer que nela se refugie estará em segurança. A peregrinação à Casa é um dever para com Deus, por parte de todos os seres humanos, que estão em condições de empreendê-la;” (Alcorão 3:96-97)





O Profeta Muhammad, que a misericórdia e bênçãos de Deus estejam sobre ele, disse:





“De fato esse local foi feito sagrado por Deus no dia em que Ele criou os céus e a terra, e permanecerá assim até o Dia do Juízo.” (Saheeh Al-Bukhari, Saheeh Muslim)





As Orações de Abraão





A construção de um santuário a ser preservado para todas as gerações posteriores era uma das melhores formas de adoração que homens de Deus podiam fazer.  Eles invocaram Deus durante seu feito:





“E quando Abraão e Ismael levantaram os alicerces da Casa, exclamaram: Ó Senhor nosso, aceita-a de nós pois Tu és Oniouvinte, Sapientíssimo. Ó Senhor nosso, permite que nos submetamos a Ti e que surja, da nossa descendência, uma nação submissa à Tua vontade. Ensina-nos os nossos ritos e absolve-nos, pois Tu és o Remissório, o Misericordiosíssimo.”(Alcorão 2:127-128)





“E quando Abraão implorou: Ó senhor meu, faze com que esta cidade seja de paz, e agracia com frutos os seus habitantes que crêem em Deus e no Dia do Juízo Final!” (Alcorão 2:126)





Abraão também orou que um profeta surgisse da descendência de Ismael, que seriam os habitantes dessa terra, como a descendência de Isaque habitaria as terras de Canaã.





“Ó Senhor nosso, faze surgir, dentre eles, um Mensageiro, que lhes transmita as Tuas leis e lhes ensine o Livro, e a sabedoria, e os purifique, pois Tu és o Poderoso, o Prudentíssimo.” (Alcorão 2:129)A oração de Abraão por um Mensageiro foi respondida vários milhares de anos depois quando Deus fez surgir o Profeta Muhammad entre os árabes, e como Meca foi escolhida para ser um santuário e Casa de Adoração para toda a humanidade, o Profeta de Meca também foi enviado para toda a humanidade.





 





Foi esse apogeu da vida de Abraão que foi a conclusão de seu propósito: a construção de um local de adoração para toda a humanidade, não para qualquer raça ou cor escolhida, para a adoração do Único e Verdadeiro Deus.  O estabelecimento dessa casa foi a garantia de que Deus, o Deus a Quem ele chamava e para Quem fez intermináveis sacrifícios, seria adorado para sempre, sem a associação com qualquer outro deus.  Foi de fato um dos maiores favores concedidos a qualquer humano.





Abraão & e a Peregrinação do Hajj





Anualmente os muçulmanos de todo o mundo se reúnem para responder à oração de Abraão e o chamado para a Peregrinação.  O ritual é chamado Hajj, e comemora muitos eventos do amado servo de Deus Abraão e sua família.  Depois de circular em torno da Caaba os muçulmanos oram atrás da Estação de Abraão, a pedra na qual Abraão ficou de pé para construir a Caaba.  Depois das orações um muçulmano bebe do mesmo poço, chamado Zamzam, que fluiu em resposta à oração de Abraão e Agar, provendo sustento para Ismael e Agar, e foi a causa para a habitação da terra. O ritual de andar entre Safa e Marwah comemora a busca desesperada de Agar por água quando ela e seu bebê estavam sozinhos em Meca.   O sacrifício de um animal em Mina durante o Hajj e por muçulmanos em todo o mundo em suas próprias terras, segue o exemplo da disposição de Abraão de sacrificar seu filho em nome de Deus.  E por fim, o apedrejamento dos pilares de pedra em Mina exemplifica a rejeição de Abraão das tentações satânicas que o impediam de sacrificar Ismael.





O “servo amado de Deus” sobre quem Deus disse “Designar-te-ei um imam dos homens” [1], retornou à Palestina e lá morreu.



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