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Jesus Cristo





E por que me chamais: “Senhor, Senhor”, e não praticais o que Eu vos ensino? Eu vos revelarei com quem se compara àquela pessoa que vem a mim, ouve as minhas palavras e as pratica. É como se fosse um homem que, ao construir sua casa, cavou fundo e firmou os alicerces sobre a rocha. E sobrevindo grande enchente, o rio transbordou e as muitas águas avançaram sobre aquela casa, mas a casa não se abalou, por ter sido solidamente edificada. Entretanto, aquele que ouve as minhas palavras e não as pratica, é como um homem que construiu sua casa sobre a terra, sem alicerces. No momento em que as muitas águas chocaram-se contra ela,


a casa caiu, e a sua destruição foi total.





Jesus Cristo


 (Lucas 6:46-49)





Quem era o Jesus histórico? Ao longo da história, essa questão tem assombrado todos os que queriam conhecê-lo. Os judeus têm um conceito, os cristãos unitários outro, os trinitários ainda outro; e estes pontos de vista são bem conhecidos. O que não é tão amplamente entendido é a perspetiva islâmica. A maioria dos cristãos fica agradavelmente surpreendida ao saber que os muçulmanos reconhecem Jesus como o Messias e uma Palavra de Deus. A maioria dos judeus ficam... bem... não tão positivamente impressionados. A tradução do Alcorão Sagrado, surah (capítulo) 3, ayat (versículos)


45-47, lê,





Lembra-lhes de quando os anjos disseram: “Ó Maria! Por certo, Allah te alvissara um Verbo, vindo d‟Ele; seu nome é O Messias, Jesus, Filho de Maria, sendo honorável na vida terrena e na Derradeira Vida, e dos achegados a Allah.





E falará aos homens, no berço, e na maturidade, e será dos íntegros.” Ela disse: “Senhor meu! Como hei de ter um filho enquanto nenhum homem me tocou?” Ele disse: “Assim é! Allah cria o que quer. Quando decreta algo, apenas, diz-lhe: „Sê‟ então, é.”





Em resumo teológico, os muçulmanos creem que Jesus é umaPalavra de Allah (ao contrário dos cristãos, que o consideram como a Palavra), um Messias, nascido por parto virginal de Maria (Maryam) e fortalecido pelo Espírito Santo. Os muçulmanos creem que ele realizou milagres, desde o berço, transmitiu a revelação à humanidade em cumprimento da escritura anterior, curou os leprosos, curou os cegos e ressuscitou os mortos, tudo pela vontade de Allah. Eles também creem que Allah ascendeu Jesus no final do seu ministério para o poupar da perseguição do povo, e substituiuo por outro para ser crucificado no seu lugar. Os muçulmanos creem que um tempo virá quando Jesus será reenviado para derrotar o Anticristo. Depois disso, ele erradicará as crenças e práticas desviantes em todas as religiões, que incluirá corrigir aqueles que se consideram seguidores dos seus ensinamentos





como cristãos, mas que na verdade estão perdidos. Ele, então, estabelecerá a submissão à vontade de Deus (novamente, a definição do Islam) em todo o mundo, viverá uma vida exemplar, morrerá, e logo em seguida virá o Dia do Juízo. Dada a complexidade das questões, cada ponto requer uma discussão separadamente.Não há dúvida que o leitor espera que uma vez que a imagem do Jesus bíblico for repartida para exame, uma análise detalhada irá revelar um perfil consistente com as suas expectativas. No entanto, em busca da verdade, devemos estar preparados para encontrar um Jesus em desacordo com dois mil anos de falso preconceito e corrupção canónica, o verdadeiro Jesus em conflito com noções popularizadas, perfis de mídia e ensino cristão moderno. Poderia Jesus ser tão contrário a construções pessoais e sociais que ele se oporia abertamente às igrejas construídas à volta da sua existência? Se assim for, então papas e sacerdotes, párocos e pastores, bispos e cardeais, evangelistas e monges, ministros e pretendentes messiânicos podem todos encontrar Jesus a condená-los tal como ele condenou os fariseus na sua terra natal. Noutras palavras, um Jesus poderá vir à tona, um que renegaria aqueles que pretendem seguir em seu nome, assim como ele disse que faria, como registrado em


 Mateus 7: 21-23:





Nem todo aquele que me diz: „Senhor, Senhor!‟ entrará no Reino dos céus, mas somente o que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. Muitos dirão a mim naquele dia: „Senhor, Senhor! Não temos nós profetizado em teu nome? Em teu nome não expulsamos demônios? E, em teu nome, não realizamos muitos milagres?‟ Então lhes declararei: „Nunca os conheci. Afastai-vos da minha presença, vós que praticais o mal.‟





Esta passagem prevê claramente um momento em que Jesus negará “seguidores” aparentemente piedosos, apesar das suas profecias impressionantes, maravilhas e exorcismos. Por que? Porque, como disse Jesus, eles praticavam “o mal”. Estes são os seguidores que, apesar dos seus milagres de ministério, não consideravam “a Lei”. Que lei? A lei de Deus, é claro – a Lei do Antigo Testamento que Jesus praticava. A mesma Lei do Antigo Testamento que Paulo negou. O mesmo Paulo de quem a teologia trinitária surgiu. A mesma teologia trinitária fundada maioritariamente em fontes não-bíblicas.





“Ei, espere um minuto”, o leitor poderá dizer. “Quem Jesus disse que negaria, e por que?” Vamos dar uma olhada mais de perto.





 Messias (Cristo)





O Antigo Testamento está repleto de profecias sobre o Messias, mas em nenhum lugar está implícito que o Messias é para ficar como um Deus a ser adorado. Ele é para trazer paz à terra, para construir os lugares devastados, para confortar os de coração partido, mas em nenhum lugar ele é falado como sendo uma divindade.





Olympia Brown, primeira ministra mulher dos EUA, Sermão de 13 de Janeiro de 1895





O conceito de Jesus como o messias predito é tão bem conhecido no mundo do Cristianismo que se torna óbvia a necessidade de discussão. Mas Jesus,


o Messias, no Islam?





O fato de que os muçulmanos reconhecem Jesus como o Messias levou evangelistas cristãos a tentarem influenciar os muçulmanos a aceitarem crenças trinitárias. “Foi Jesus o Messias?”, questiona o evangelista, ao qual os muçulmanos respondem: “Sim.”


O evangelista pergunta: “Foi Muhammad o Messias?


” Os muçulmanos respondem: “Não.”


 O evangelista, em seguida, procura guiar o muçulmano a concluir que Muhammad não era um messias, e, portanto, não um profeta, e que Jesus era o messias previsto, e, portanto, é parceiro na divindade. É um argumento torturado, ao qual os muçulmanos respondem com algumas próprias perguntas:





1. Para além de Jesus, existem outros messias bíblicos?


Resposta: Sim, bastantes


 – não menos do que trinta e oito.


(Para detalhes, veja abaixo.)





2. Eram todos messias bíblicos, como os reis davídicos e altos sacerdotes da antiga Palestina


(agora chamada de Israel), profetas? Resposta: não.





 3. Por outro lado, foram todos os profetas bíblicos, como Abraão, Noé, Moisés, etc., messias? Resposta: não.





4. Portanto, se nem todos os profetas bíblicos eram messias, como podemos desqualificar qualquer





reivindicação de um homem quanto a uma missão profética com base neste não ser um messias?


Pois, nesse caso, Abraão, Noé, Moisés e outros profetas bíblicos também seriam desqualificados pelo mesmo padrão.





5. Por último, se houveram messias bíblicos que nem eram profetas, como pode ser um messias igualado


a divindade quando


o rótulo nem sequer iguala a piedade?





O fato é que a palavra Messias significa simplesmente “o ungido”, e não tem qualquer conotação de divindade. Assim, o muçulmano não tem nenhuma dificuldade em reconhecer Jesus como o Messias, ou na linguagem das traduções para o inglês, Jesus como Cristo, mas sem transgredir no erro de apoteose (igualar a divindade, ou seja, a deificação).


 De onde, então, vêm “messias” e “Cristo”, em primeiro lugar?


 O nome “Cristo” é derivado do grego christos, que foi posteriormente latinizado para “Cristo”.


 O Dicionário Teológico do Novo Testamento define christos como “Cristo, o Messias, o Ungido.”  Uma segunda opinião é a seguinte:


 “A palavra Messiah (às vezes Messias, após a transcrição Helenizada) representa o hebraico mashiah, ou mashuah





„ungido‟, a partir do verbo mashah „ungir‟. É exatamente traduzido para o christos grego „ungido‟.”  Explicando em português, se as pessoas lerem o Antigo Testamento em hebraico antigo lerão mashiah, mashuah, e mashah. Se o lerem em grego antigo, os três acima são “exatamente traduzidos” como christos. O assunto torna-se interessante neste momento porque o aramaico, o hebraico e o grego antigo não têm letras maiúsculas, assim como os tradutores da Bíblia obtiveram “Cristo” com um C maiúsculo de christos com um C minúsculo é um mistério que só lhes é conhecido. Alegações de que o contexto requer capitalização no caso de Jesus Cristo não funcionam, pois christos é aplicado a uma grande variedade de temas em toda a Bíblia. O verbo chrio, que significa “ungir”, é encontrado sessenta e nove vezes no Antigo Testamento, em referência a Saul, Davi, Salomão, Joás e Jeoacaz, entre outros.


O substantivo christos


(o mesmo christos traduzido para


 “Cristo”, no caso de Jesus) ocorre trinta e oito vezes


– em referência a reis  (NE), seis em referência ao sumo sacerdote, e duas vezes em referência a patriarcas do Antigo Testamento.


 O argumento pode ser feito de que “Cristo” com um C maiúsculo era “ungido de Deus” em algum sentido especial, diferente de todos os outros “cristos” com um C minúsculo.





Ou a diferença precisa de ser definida ou o argumento abandonado. De acordo com o Dicionário Teológico do Novo Testamento, “Saul é geralmente chamado de „o ungido do Senhor‟. Para além de Saul, só os reis davídicos têm este título


(exceto em Is. 45:1).


”  Ao ler esta citação, poucas pessoas tendem a tomar conhecimento da exceção impercetível delimitada por parênteses


– um dispositivo de camuflagem literária.


 Os poucos leitores que param e deitam abaixo essa pequena exceção irão achar que o que sai de Isaías 45:1 é Ciro,


o persa


– ou seja, Ciro, o rei dos zoroastristas adoradores do fogo. Graham Stanton, o Professor de Divindade de Lady Margaret na Universidade de Cambridge, resume a informação acima da seguinte forma:





A palavra hebraica “messiah” significa uma pessoa ou coisa ungida. É traduzida por “christos” (portanto, Cristo), na tradução grega do Antigo Testamento, a Septuaginta (LXX). Em numerosas passagens do Antigo Testamento “ungido” é aplicado ao Rei divinamente eleito. (Veja, por exemplo,


1 Sm. 12:3 (Saul) e 2 Sm





19:22 (Davi)). Em algumas passagens “ungido” é usado para profetas (mais notavelmente em Isaías 61:1) e para sacerdotes (Lev. 4:3, 5, 16), mas sem mais designação,


o termo normalmente refere-se ao rei de Israel. Consequentemente, a lista de “Cristo do Senhor” (isto é, o “Christos do Senhor”


– o “ungido do Senhor”,


ou o “messias do Senhor”) inclui Saul o Cristo, Ciro o Cristo, e os muitos reis davídicos


– todos “Cristos”. Ou, pelo menos, é assim que a Bíblia seria lida se os títulos de todos fossem traduzidos da mesma forma. Mas não são. Na sabedoria seletiva dos tradutores da Bíblia, christos é traduzido como “ungido” em todos os casos, exceto no caso de Jesus Cristo. Quando a palavra “ungido” é encontrada em qualquer tradução para português da Bíblia, uma pessoa pode seguramente assumir que o grego subjacente é o mesmo christos a partir do qual Jesus recebe o seu rótulo exclusivo de “Cristo”. Este título exclusivo de “Cristo” com um C maiúsculo, e “Messias” com M maiúsculo, é singularmente impressionante. Na verdade, este faz uma pessoa acreditar que





o termo implica alguma ligação espiritual única, distinta do rebanho de leigos “messias” com Ms minúsculos e nenhum C de todo


- o christos escondido na tradução alternativa de “ungido”. Tudo isto representa um ponto de embaraço a cristãos instruídos, pois sugere a ética questionável da tradução doutrinariamente orientada da Bíblia. Aqueles que reconhecem a preocupação também poderão reconhecer que ainda outra diferença fundamental entre crenças unitárias/islâmicas e trinitárias existe num vácuo de apoio bíblico para o ponto de vista trinitário. A religião islâmica confirma que Jesus era um “ungido” de Deus, mas não se esforça para o elevar além do nível de missão profética, ou para o fazer parecer mais único do que outros portadores de título semelhante ou ofício profético. As mais antigas escrituras bíblicas, como discutido acima, apoiam a crença islâmica de que, assim como todos os profetas e reis davídicos eram christos, assim era Jesus. A conclusão de que nenhum rei ou profeta particular deve ter um rótulo único, separado e distinto de outros que possuam títulos semelhantes, não é irracional. Uma diretiva intrigante da religião islâmica é que a humanidade deve ser verdadeira e evitar os extremos. Neste caso, licença literária injustificada deve ser evitada. Tradução





honesta deve evitar


o viés de preconceito doutrinário. Um documento entendido como revelação de Deus não deve ser ajustado de acordo com os desejos pessoais ou sectários. Tal documento deverá ser tido em devida reverência, e traduzido fielmente. E o desafio para a humanidade sempre foi apenas isso


– para os crentes moldarem as suas vidas com a verdade em vez do contrário. Este conceito, que engloba o reconhecimento de Jesus e adverte contra extremos na religião, é sucintamente expresso na surah 4:171 do Alcorão Sagrado:


Ó seguidores do Livro! Não vos excedais em vossa religião, e não digais acerca de Allah senão a verdade.


 O Messias, Jesus, filho de Maria não é senão o Mensageiro de Allah e Seu Verbo, que Ele lançou a Maria, e espírito vindo d‟Ele. Então, crede em Allah e em Seus Mensageiros, e não digais: “Trindade”. Abstende-vos de dizê-lo: é-vos melhor. Apenas, Allah é Deus Único. Glorificado seja! Como teria Ele um filho?!


D‟Ele é o que há nos céus e o que há na terra. E basta Allah


por Patrono! (OSA 4:171)



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