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A Sunnah, ou Hadice, é a segunda fonte de onde os ensinamentos do Islam são tirados. Hadice, literalmente, significa transmitir, comunicar ao homem, mas na terminalogia muhadithin, Hadice significa os ditos do Profeta, suas ações ou a prática de sua aprovação silenciosa de uma ação ou prática. Hadice e sunnah comumente se confundem entre si, mas algumas vezes têm sentidos diferentes.





 





Para lidar com esta questão, é preciso conhecermos a posição do Profeta do Islam, porque a indispensabilidade do Hadice depende da posição dele.





Analisando o problema, percebemos três posições distintas:





A obrigação do Profeta era apenas transmitir a mensagem e nada mais foi exigido dele.





Além de transmitir a mensagem ele também deveria agir de acordo com ela e explicá-la. Mas, isto foi por um período determinado e, após sua morte, o Alcorão foi suficiente para guiar a humanidade.





Sem dúvida que ele transmitiu a Mensagem Divina mas também era sua obrigação agir de acordo com ela e explicá-la para as pessoas. Suas ações e explicações são fonte de orientação para sempre. Seus ditos, atos, práticas e explicações são uma fonte de luz para todo muçulmano em qualquer época.





Os estudiosos do Millat Muslim são de opinião unânime de que somente a terceira posição é a que corresponde à avaliação correta da condição do Profeta no Islam. O Alcorão contém dezenas de citações sobre a importância da posição do Profeta. Por exemplo, diz o Alcorão:





“Realmente, tendes no Mensageiro de Deus um excelente exemplo para aqueles que esperam contemplar Deus, deparar-se com o Dia do Juízo Final e invocam Deus frequentemente.” (33:21)





De acordo com este versículo, todo muçulmano tem no bom exemplo do Profeta um ideal de vida. Em um outro versículo, Deus, Todo Poderoso, transformou-o em “hakam” para os muçulmanos. Ninguém continua muçulmano se não aceitar as decisões e julgamentos do Profeta:





“Qual! Por teu Senhor, não crerão até que te tomem por juiz de suas dissenções e não objetem ao que tu tenhas sentenciado. Então, submeter-se-ão a ti espontaneamente.” (4:65)





O Alcorão, ao explicar as qualidades dos muçulmanos, diz:





“A resposta dos fiéis, ao serem convocados ante Deus e Seu Mensageiro, para que julguem entre eles, será: Escutamos e obedecemos! E serão venturosos.” (24:51)





Em diversas passagens o Alcorão deu seu veredicto sobre esta questão.





“Odecei a Allah e obedecei ao Mensageiro.” (4:59)





E:





“… Aceitai o que vos der o Mensageiro, e abstende-vos de tudo quanto ele vos proíba.” (59:7)





O Alcorão é muito explícito ao expressar seus pontos de vista em relação à posição do Profeta. De acordo com o Alcorão, o Profeta tem quatro qualidades e deve ser obedecido em cada uma delas. Ele é mu’allim wa murabbi, ele é shaari’, aquele que explica o Livro, ele é legislador e juiz e ele é um governante. Em todas essas qualidades ele é um exemplo ideal para os muçulmanos. A seguir, alguns versículos do Alcorão, que exemplificam o exposto neste parágrafo:





“Deus agraciou os fiéis, ao fazer surgir um Mensageiro da sua estirpe, que lhes ditou os Seus versículos, redimiu-os, e lhes ensinou o Livro e a Prudência, embora antes estivessem em evidente erro.” (3:164)





“E a ti enviamos a Mensagem, para que elucides os humanos a respeito do que foi revelado.” (16:44)





“…(o Mensageiro) o qual lhes recomenda o bem e lhes proíbe o ilícito, prescreve-lhes todo o bem e veda-lhes o imundo, alivia-os dos seus fardos e livra-os dos grilhões que os deprimem.” (7:157)





“Ó fiéis, obedecei a Deus, ao Mensageiro e às autoridades, dentre vós! Se disputardes sobre qualquer questão, recorrei a Deus e ao Mensageiro, se crerdes em Deus e no Dia do Juízo Final.” (4:59)





“Não é dado ao fiel, nem à fiel, agir conforme seu arbítrio, quando Deus e Seu Mensageiro é que decidem o assunto. Sabei que quem desobedecer a Deus e ao Seu Mensageiro desviar-se-pa evidentemente.” (33:36)





Nos versículos acima, o Alcorão explicou os vários aspectos da personalidade do profeta. A partir desses versículos, podemos entender a importância dele. Há um outro versículo importante do Alcorão que, na verdade, é uma sentença contra aqueles que não acreditam no Hadice como uma fonte autêntica da lei:





“A quem combater o Mensageiro, depois de haver sido evidenciada a Orientação, seguindo outro caminho que não o dos fiéis, abandoná-lo-emos em seu erro e o introduziremos no inferno. Que péssimo destino!” (4:115)





O Alcorão estimula os muçulmanos a obedecerem o Profeta e vai mais adiante quando anuncia que a missão de Mohammad (saw) como profeta está acima de todas as limitações de tempo e lugar. Ele é o último Profeta e é um Mensageiro de Deus para toda a humanidade e para sempre.





O Hadice nada mais é do que uma reflexão sobre a personalidade do Profeta, a quem devemos obedecer a qualquer custo.





Qualquer um que estude o Alcorão perceberá que o Livro Sagrado geralmente lida com princípios gerais ou essenciais da religião, e em raros casos desce a detalhes maiores. Os detalhes foram generosamente fornecidos pelo próprio Profeta, seja ele mesmo mostrando como uma injunção deve ser cumprida ou explicando-as com palavras. A Sunnah ou Hadice do Profeta não foi, como em geral se supõe, uma coisa da qual se pudesse sentir sua falta somente após sua morte, porque havia uma grande necessidade durante sua existência. As duas mais importantes instituições religiosas do Islam são a oração e o zakat; no entanto, quando as injunções relacionadas à oração e ao zakat foram reveladas, e elas foram repetidamente reveladas tanto em Mecca como em Medina, não foram fornecidos detalhes a respeito. Façam as orações (aqimu as-salaah, a injunção alcorânica) e foi o Profeta quem, por intermédio de seus atos,  nos forneceu os detalhes da oração e disse: “Rezem como me vêem rezar” (sallu kamaa ra’aytamuni usaalli)





O pagamento do zakat é uma injunção frequentemente repetida no Alcorão, mas foi o Profeta (saw) que nos deu as regras e normas para seu pagamento e recolhimento. Estes não são mais do que dois exemplos; mas, uma vez que o Islam abrange a todas as esferas das atividades humanas, centenas de aspectos tinham que ser explicados pelo Profeta (saw), o que ele fazia com seus atos e palavras.





Os ulamas discutiram a questão do Hadice criteriosamente como um “wahyun khafe” e sabedoria profética. Não queremos descer a minúcias, mas uma coisa deve ser dita muito claramente: houve casos em que o Profeta, não tendo recebido uma revelação, fazia um esforço pessoal para formular uma opinião, partindo de sua sabedoria. Mais tarde, ou era corrigido por uma nova revelação ou então era aprovado. A importância da Sunnah como uma segunda fonte do Islam, foi uma questão estabelecida pelos Companheiros do Profeta. Citamos apenas um dos muitos exemplos, aquele de Mu’az ibn Jabal, que disse ao Profeta que ele se decidiria de acordo com a  sunnah se não encontrasse a resposta para um problema no Livro. Conforme Dr. Hamidullah:





“A importância do Hadice é maior para o muçulmano, pelo fato de que o Profeta Mohammad (saw) não só ensinava, mas aproveitava a oportundiade para colocar em prática  seus ensinamentos a respeito de todos os aspectos importantes da vida. Ele viveu mais 23 anos após ser escolhido como o Mensageiro de Deus. Ele dotou sua comunidade de uma religião que foi praticada por ele em toda a sua essência. Ele fundou um estado que ele governou como seu chefe supremo, manteve a paz e a ordem internas, liderou exércitos na defesa da comunidade, julgou e decidiu os litígios de seus subordinados, puniu os crimes e legislou sobre todas as instâncias da vida. Ele se casou e deixou um modelo de vida familiar. Um outro fato importante é que ele não se declarou acima da lei comum que ele impôs aos outros. Sua prática não era só na conduta privada, mas uma interpretação detalhada e a aplicação de seus ensinamentos.” (Introdução ao Islam, pág. 23)





Portanto, a pessoa que abraça o Islam tem a necessidade do Alcorão e da Sunna como referências. Na verdade, o Hadice é tão importante que sem ele não podemos compreender inteiramente o Livro Sagrado e o Islam, ou aplicá-lo em nossa própria vida.





 





by Dr. Khalid Alvi


The Place of Hadith in Islam, © 1977 MSA


American Trust Publications



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