O que é o Hajj
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A peregrinação anual a Meca (Hajj) é uma obrigação somente para aqueles que
são física e financeiramente capazes de empreendê-la. Apesar de Meca estar
sempre cheia de visitantes, o hajj anual começa no décimo segundo mês do
calendário islâmico.
"... A peregrinação à Casa é um dever para com Deus, por parte de todos os
seres humanos, que estão em condições de empreendê-la; entretanto, quem se
negar a isso saiba que Deus pode prescindir de toda a humanidade." (Alcorão
Sagrado : )
A peregrinação é uma obrigação somente para aquelas pessoas que atingiram a
puberdade, são livres, mentalmente sãs, física e financeiramente capazes para
empreender tal viagem. O peregrino deve empreender o Hajj com dinheiro lícito,
após saldadas todas as suas dívidas e ter deixado o sustento suficiente para suprir
a necessidade da sua família equivalente ao período para o qual irá ficar fora
devido a peregrinação.
A maioria dos rituais da peregrinação baseiam-se em atos praticados pela família
do profeta Abraão, quando foi incumbido por Deus de reconstruir a Kaaba
juntamente com o seu filho Ismael. Isto demonstra que o Islam é a religião de
Deus e não uma religião feita pelo profeta Muhammad, pois os ritos e as normas
da peregrinação não foram estabelecidos pelo profeta Muhammad , mas sim por
Deus, como também não está vinculada à pessoa do profeta Muhammad, nem à
sua vida, mas sim a Abraão e ao seu filho Ismael, mostrando, dessa forma, a
abrangência e o universalismo do Islam. Logo, a peregrinação é um atendimento
ao chamamento que o profeta Abraão dirigiu a todos os homens, obedecendo à
ordem de Deus.
Os elementos principais da peregrinação:
AL IHRAM
É a intenção de cumprir a peregrinação. A partir do momento em que o peregrino
se propõe a iniciar os rituais da peregrinação, ele veste duas peças de tecido, de
preferência branco, eliminando, dessa forma, as diferenças de cultura e de classes
entre as pessoas, ficando todos iguais perante Deus.
AL TAWAF
Consiste em dar sete voltas em torno da Kaaba, repetindo, com isso, o que foi
feito pelo profeta Abraão e seu filho Ismael. É também como se fosse uma réplica,
aqui na terra, do que os anjos fazem constantemente no céu, circundando o
Trono de Deus, orando e adorando-O.
AL SAI
Consiste em percorrer a distância entre os montes de Al Safa e Al Marua, sete
vezes, repetindo com isso o que foi feito pela esposa do profeta Abraão, Agar,
quando procurava água para o seu filho Ismael.
JAMRAT
Que consiste em repetir o mesmo ato feito pelo profeta Abraão, quando estava
indo cumprir a ordem de Deus de sacrificar o seu filho Ismael.
A PARADA EM ARAFAT
Que consiste em ficar ali desde o entardecer do dia nove até o pôr do sol do
mesmo dia. Arafat é o único local na realização da peregrinação, em que todos os
peregrinos ficam juntos num mesmo lugar.
Os peregrinos passam esses momentos em oração, pedindo perdão a Deus.
Podemos ter nesse momento uma idéia, uma visão de como será o Dia do Juízo
Final, onde todos os seres humanos, após serem ressuscitados, estarão juntos
esperando pelo julgamento. A peregrinação a Makkah, é a maior convenção anual
de fé, o maior congresso mundial, realizado anualmente por muçulmanos de
diferentes nacionalidades, línguas e cores. O Islam desde anos, realiza tais
congressos que foram instituídos por Deus, durante os quais os muçulmanos se
encontram, se conhecem, examinam os assuntos comuns relativos ao Islam e aos
muçulmanos e através da troca de experiências dos peregrinos, ao retornarem
aos seus países de origem passam aos demais os resultados dessa troca de
experiências. Como é também a maior conferência de paz regular que a história
da humanidade jamais conheceu. Durante a peregrinação podemos observar
inúmeros benefícios tanto individuais como coletivos. Como a manifestação na
prática dos verdadeiros traços da universalidade do Islam, da fraternidade e da
igualdade entre os muçulmanos. A sua realização transcende os limites de lugar,
idioma e cor. Igualando a todos governantes e governados, ricos e pobres, aonde
todos são iguais sendo o melhor ante Deus o mais temente. Logo podemos
observar todos com um mesmo objetivo, adorar a Deus da maneira que melhor O
agrada. E durante a peregrinação nós nos familiarizamos com o ambiente
espiritual e histórico no qual viveu o profeta Muhammad.
AL Masjid Al Haram (A mesquita sagrada)
A mesquita sagrada, desde o tempo em que Abraão e seu filho Ismael
reconstruíram a Kaaba, sempre foi um pátio ao redor da Kaaba, sem casas
construídas por perto, nem paredes cercando-a. Com o passar do tempo,
construiu-se uma mesquita que veio sofrendo várias ampliações, sendo que hoje
a sua área corresponde a metros quadrados.
O Id-AL-Adha (A festa do sacrifício)
É a segunda festa do Islam, sendo a primeira a festa do desjejum. O Id-Al-Adha é
uma recordação da história do que iria ser o sacrifício do profeta Ismael, quando
seu pai, o profeta Abraão, seguindo sem hesitação a ordem de Deus, iria sacrificar
seu filho.
Os passos do Hajj numa imagemAPÓS O HAJJ, E O ANO NOVO
Graças à Deus os nossos compatriotas voltaram sãos e salvos de Makkah, não tendo sido atingidos
por nenhuma das tragédias lá ocorridas. A primeira ocorreu na Mesquita Sagrada, antes dos rituais
de Peregrinação, e a segunda ocorreu em Mina, arredores de Makkah, durante os rituais finais do
Hajj. Nestes dois acidentes morreram largas centenas de peregrinos.
Como forma de exortação aos peregrinos recentemente regressados, gostaria de tecer algumas
considerações a propósito do Hajj.
De entre os sinais de aceitação do acto de Peregrinação temos a continuação na busca de perdão, a
constante recordação do Criador, a súplica, a adoração, o temor à Deus, e o recordar
permanentemente o Outro Mundo, a boa postura isslâmica, o abandono das qualidades detestáveis
e a competição na prática de boas acções.
A viagem para a realização do Hajj é em si uma grande lição. Deixamos as nossas casas e
empreendemos uma viagem rumo à Makkah. De seguida partimos para Mina, onde pernoitamos,
para no dia seguinte nos dirigirmos à Arafah. Aqui passamos o dia, e ao entardecer rumamos para
Muzdalifah onde pernoitamos num descampado, ao ar livre. Dia seguinte voltamos à Mina onde
prosseguimos com os rituais de Hajj, deixando depois esta localidade, de regresso à cidade santa de
Makkah. Concluído o Hajj regressamos à casa.
Mas será que tiramos alguma ilação desta viagem e reflectimos sobre um dia em que também
deixaremos este mundo, e assim começarmos a preparar a nossa merenda, que nos beneficiará
nessa derradeira viagem?
Deus diz no Al-Qur’án, Cap. 29, Vers. 64:
“E esta vida terrena não é, senão entretenimento e divertimento, e, certamente, a morada do Outro
Mundo é que é a verdadeira vida. Se soubésseis”!
O coração que abandonou este mundo terreno deixando a sua riqueza, a sua família, e a sua terra,
como é que pode voltar novamente a afogar-se e envolver-se na preocupação dessas coisas?
A língua que de forma repetida recitou o “talbyih”, que fez “dhikr” e fez súplicas, como pode voltar a
mentir, a caluniar, a enganar e a “fofocar”?
As pernas que fizeram “tawaf” no Kaãba, que fizeram “saiy” no Safa e Marwa, como podem voltar a
andar e correr atrás do haraam (coisas ilícitas)?
As mão que tocaram no Hajr Asswad (pedra negra), que humildemente se levantaram no dia de
Arafah, que atiraram pedrinhas contra Satanás, como podem entregar-se de novo ao pecado, ou
agredir injustamente os direitos dos outros?
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Os olhos que viram o Kaãba, e que por temor à Deus choraram de forma prolongada, como podem
voltar para o haraam?
E Deus diz no Al-Qur’án, Cap. 16, Vers. 92:
“ Não sejais como aquela mulher que desfez o fio que tecera após o ter solidamente tecido”.
Devemos também ter sempre presente algumas lições do último sermão que o Profeta Muhammad
(S) dirigiu no mesmo local na sua derradeira Peregrinação. Algumas das recomendações que fez são
as seguintes: “A vossa vida, a vossa riqueza e a vossa honra são sagradas, assim como o é este dia
(Arafah), esta terra (Makkah) e este mês (Dhul-Hijja)”
Portanto, tirar a vida a alguém é haraam (proibido) e devorar as riquezas dos outros usando
processos fraudulentos também é haraam, assim como os juros e a usura o são.
E disse também que todos somos iguais, e ninguém é superior a outro na base da raça, cor ou etnia.
No seu último sermão, o Profeta Muhammad (S) recomendou-nos que tratemos bem as mulheres,
pelo que é nossa obrigação, tanto dos “hajji’s” e também dos não “hajji’s” cuidar bem das nossas
esposas, observando os seus direitos, educando-as, acarinhando-as e evitando maltratá-las.
Pela oportunidade, gostaria também de falar do início do Novo Ano Lunar do Calendário Isslâmico de
1437, que começa com o mês de Muharram que é um dos quatro meses sagrados a respeito dos
quais Deus diz no Al-Qur’án, Cap. 9, Vers. 36:
“Por certo, o número de meses, junto de Deus, é de doze meses, conforme está no Livro de Deus,
desde o dia em que Ele criou os Céus e a Terra. Quatro deles são sagrados”.
Portanto, vamos comemorar a santidade do mês de Muharram jejuando, especialmente no dia 10
(dia de Ãshura), antecedido ou precedido de mais um dia, que tanto pode ser o dia 9 ou o dia 11, de
acordo com a recomendação do Profeta Muhammad (S).
Que o Novo Ano de 1437 de Hijra traga a todos nós maiores felicidades e paz com justiça.