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O TERRORISMO E A “MEDIA”





Aminuddin Muhammad





O terrorismo, e antes disso, o fundamentalismo, são mitos criados de forma sistemática por


alguns intelectuais ocidentais, com o objectivo de pintar os muçulmanos, transmitindo assim uma


imagem de gente violenta e primitiva, que não se ajusta no desempenho de qualquer papel na arena


mundial. Estes intelectuais têm na “media” um agente instrumental para as suas políticas.


E é este agente que se esforça por projectar os muçulmanos e o Isslam como uma religião


violenta, tudo isto na tentativa de reduzir o interesse no Isslam por parte da sociedade ocidental que


actualmente conhece uma acentuada decadência moral.


Tenta projectar o ateísmo, o laicismo e a concorrência como um sistema de vida nas sociedades


isslâmicas, isto para levar os muçulmanos a adoptarem o materialismo com todos os seus atributos de


agressividade e competição. E enquanto por um lado denuncia o terrorismo por outro vai-o incitando,


como um sistema e motivo real do comportamento político no mundo isslâmico.


Devemos compreender o real papel e os objectivos actuais da “media”. Ela é uma instituição


bem integrada nos interesses nacionais das sociedades democráticas ocidentais.


A “media” colhe as suas normas dessas instituições, que são responsáveis principalmente na


montagem da agenda e mecanismos de controlo do processo de formação do programa político.


O que eles agora conseguem alcançar através da “media”, nas décadas primitivas era feito


através de intervenções militares e engajamento nos campos de batalha tradicionais. Portanto, o


objectivo político é o mesmo, a táctica de domínio é que mudou.


A “media” internacional selecciona eventos invulgares das sociedades isslâmicas sob várias


formas, e tira-os do seu contexto, apresentando-os de uma forma que os menos atentos se convençam


que estão perante a mais absoluta verdade.


É muito comum ouvir os agentes influentes da “media” a aplicarem as suas pré-concebidas


noções sem consideração aos valores isslâmicos, para interpretarem os eventos e as imagens de forma a


enquadrarem-nos no seu programa político.


Dotados de uma habilidade invulgar, a maior parte dos peritos na “media” apelidam o Isslam e os


muçulmanos de terroristas e fundamentalistas. Mas se formos ver na prática e historicamente, esses


títulos aplicam-se aos outros, que não são muçulmanos. E exemplos disso, há-os, e muitos.


Por exemplo, depois do colapso da União Soviética e dos regimes comunistas, os mitologistas


ocidentais precisavam obsessivamente de inventar uma nova “ameaça”, para garantir a sobrevivência do


seu sistema político de vida e do sistema económico. Assombrosamente suficiente,


os fazedores do programa político ocidental e a “media” encontraram o Isslam e os muçulmanos


como um “stock” pronto e disponível para o seu consumo.


Mas porquê os muçulmanos terroristas? Será que o terrorismo e o Isslam se correlacionam?


Com noções pré-concebidas, alguns jornais trazem títulos descrevendo histórias sobre gente que


ostenta nomes árabes. Reportam alegados casos de alguma violência por eles praticados, e logo


apelidam tais práticas de “terrorismo isslâmico”. Porém, na realidade os muçulmanos é que são as


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vítimas do terrorismo organizado por essas organizações, e até mesmo por Estados, mas mesmo assim os


planeadores estratégicos consideram-nos “ameaça” à ordem mundial.


Quem ganha com tudo isso? Só podem ser algumas economias e sistemas políticos, pois com isso


avolumou-se nos seus cofres a receita da venda de armas.


Mostram alguns locais seleccionados no mundo isslâmico, como mesquitas e madrassas, onde os


crentes reavivam as práticas morais e espirituais da fé isslâmica. Enquanto uns vão perdendo os seus


valores estando as suas sociedades em decadência, desconsideram e desrespeitam a religião isslâmica,


em contrapartida os crentes muçulmanos, nas suas orações diárias enviam bênçãos de Deus para o


Profeta Abraão, crêem e têm um respeito profundo para com Moisés e Jesus (que a paz esteja com todos


eles).


Os fazedores do programa político ocidental não desejam ver os valores isslâmicos como um


sistema de vida a ser introduzidos em qualquer parte do Globo, até mesmo nos países


predominantemente isslâmicos.


Eles orgulham-se pelos seus sistemas políticos, económicos e culturais, e querem impô-los aos


outros. Apesar de não serem praticantes da sua religião, defendem a sua fé e seus interesses.


A “media” moderna protege os seus objectivos políticos, sociais e económicos. E considera o


sistema de vida dos muçulmanos como uma fraude, tomando isso como objectivo para a zombaria e a


caricaturização.


A “media” é um grande poder nos assuntos mundanos, esperando de todos a aderência aos seus


padrões e regras de jogo. E quando os muçulmanos não aderem ao seu jogo, são conotados de radicais,


terroristas, bárbaros, gente não-civilizada e muitos outros nomes que só existem nos seus dicionários.


Ao utilizarem esses termos, o seu objectivo é distrair as pessoas dos verdadeiros problemas


enfrentados pelas suas sociedades, criando problemas fictícios para ocupar as massas em assuntos de


pouca importância às políticas domésticas.


Nelson Mandela, o preso político mais famoso dos últimos tempos, que veio mais tarde a ser


Presidente da RSA, durante o tempo em que lutava pela igualdade racial no então País do Apartheid,


foi colocado na lista de terroristas, mas mais tarde atribui-se-lhe o Prémio Nobel da Paz devido à


sua luta.


Se analisarmos os padrões próprios da “media” no desenvolvimento da fantasia e cenários


imaginários, descobriremos discrepâncias fundamentais em situações reais.


Ao longo dos anos, protestantes e católicos digladiaram-se na Irlanda do Norte, mas alguma vez


se ouviu chamar a estes activistas cristãos, de terroristas? Não! Mas aos muçulmanos que praticam


qualquer acto violento, apelidam-nos logo de “terroristas isslâmicos”, e hoje as pessoas acreditam mais


na “media” do que na religião.


Os muçulmanos não são terroristas, e o terrorismo não tem religião. O Isslam condena


terminantemente todos os actos de terrorismo, de matança de inocentes, de velhos, e crianças, e


recomenda que se protejam os locais de culto.


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Peritos internacionais da “media” gozam da liberdade de expressão e integridade profissional em


assuntos que eles reivindicam ter superioridade, O que claramente lhes falta são os padrões do bem e o


trabalho num critério preciso para avaliar o julgamento e a responsabilidade profissional.


Quando os jornalistas ocidentais querem reflectir sobre o Isslam, as suas discussões estão


confinadas às suas noções pré-concebidas, pois para eles os muçulmanos devem ser encarados como


radicais, extremistas e terroristas, e não gente de conhecimento, paz e compreensão. Eles gostam de


discutir assuntos acerca dos quais têm pouca compreensão ou nem têm conhecimento.


Em assuntos de vital importância dos muçulmanos a “media” deve consultar teólogos isslâmicos,


e daí aprenderem mais sobre o Isslam, a partir de fontes autênticas.


Devemos desenvolver a coexistência e a tolerância, reconhecendo que apesar das diferenças


religiosas e culturais, e das heranças tradicionais, cada um de nós é antes de mais nada, um membro da


família humana, e por isso deve gozar dos mesmos direitos fundamentais.


Os que praticam o terrorismo, seja qual for a sua religião, são criminosos, pelo que devem ser


presos e severamente punidos, assim como consta no Al-Qur’án.


A melhor forma de combater o terrorismo, é respeitar as liberdades fundamentais e aplicar a


justiça no Mundo.


[Shk. Aminuddin Muhammad, aos 17 de Dezembro de 2015]


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