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O OUTRO MUNDO!





Aminuddin Muhammad





Todo o Ser Humano por natureza tem medo, em maior ou em menor grau. Mas de que é que ele tem


mais medo? Sem dúvida que tem mais medo da morte!


Um pobre e humilde trabalhador que vive do seu suor, tem receio de um dia não ter trabalho, não


podendo por conseguinte garantir o sustento para si e para a sua família, tendo que enfrentar a


fome, mas o rico não tem esse receio.


Quem não conhece as leis pode recear que algum dia alguém possa ilicitamente apoderar-se das suas


propriedades, mas quem as conhece não tem esse receio.


Quem consegue um novo emprego pode recear vir a perdê-lo caso o seu patrão ou superior hierárquico


não esteja satisfeito com ele, mas quem desenvolve uma actividade independente (por conta própria)


não tem esse receio.


Um pequeno comerciante retalhista receia a oscilações do mercado, mas já um comerciante bemsucedido


não tem esse receio.


Quem tem receitas limitadas pode recear as crises se as despesas aumentarem, mas os que têm um fluxo


de receitas maior não têm esse receio.


Se um pobre tiver um caso no tribunal, receia perder o caso, mas os que têm posses e podem contratar


advogados competentes, não têm esse receio.


As minorias num País têm medo de serem privadas de seus direitos, mas os que pertencem às maiorias


não têm esse receio.


Portanto, não existe perigo ou receio que seja igual para todos. Sempre há receios que afectam mais a


uns que a outros.


A morte é a única coisa que todos temem. Perante a morte, todos são impotentes, pois ela é uma


realidade que todos, sem excepção, têm que reconhecer.


A morte tanto atinge aos que não têm posses para tratamento médico, nem têm ninguém que os visite,


como também atinge os que têm grandes posses para internamento em hospitais dotados de melhores


meios humanos e materiais, com os melhores médicos e enfermeiros, com meios aéreos permanentes


para evacuação caso necessário, para outros hospitais com melhor capacidade de diagnóstico e


tratamento.


A morte atinge tanto ao fraco como ao forte, ao doente como ao saudável, à criança como ao adulto, ao


súbdito como ao governante, ao ignorante como ao sábio, ao que vive na palhota como ao que vive no


palácio.


O OUTRO MUNDO  2 


Ninguém, em absoluto, conhece a forma de evitar a morte, ou de esquivar-se dela por um dia que seja.


No Mundo há sempre formas de as pessoa se esquivar dos perigos, mas da morte não há nenhuma


forma, embora haja pessoas que constantemente estejam a pensar num estratagema de furtarem a ela.


Há os que pensam que a velhice é a causa da morte, fazendo tudo para combatê-la, e para tal sugerem


várias receitas, exercícios físicos, operações plásticas faciais, dietas, etc., etc., etc.


Outros, julgam que o segredo para contornar a velhice reside na alimentação, passando a alimentar-se


apenas de um certo tipo de alimentos.


Outros ainda acham que podem retardar a morte ao se manterem longe dos doentes. Há ainda os que


acham que ao deixar de beber e fumar evitarão a morte, ou que abstendo-se do casamento não


morrerão.


Mas todas estas medidas nunca resultaram, e a morte sempre acabou chegando na sua hora marcada.


O Homem é absolutamente impotente perante a morte, e esta não informa da sua hora de chegada, nem


nos consulta. Chega repentinamente, e quando chega, nenhuma força consegue enfrentá-la, combatê-la,


e muito menos travá-la.


De facto, são insensatas todas as tentativas de evitar a vinda da morte. Não devemos pensar como evitála,


pois ela é uma realidade, e sem falta virá, mas devemos antes pensar na forma de evitar os perigos


que virão depois de ela ocorrer.


Quando os cientistas prevêem a ocorrência de alguma calamidade, sejam cheias, secas, terramotos,


furacões, tsunamis, etc., não perdem tempo a evitar a chegada da calamidade, mas sim concentram-se


na protecção e gestão dos resultados devastadores dessas calamidades, pois se se prevê que estas irão


chegar, e não se consegue impedir a sua chegada, a única coisa que se pode fazer é pensar na protecção


contra os danos que elas poderão eventualmente causar.


A morte é algo infalível, e por mais que alguém queira fugir dela, ela atingirá a todos no seu tempo


marcado. O que podemos fazer é recebê-la de maneira que ela não seja a causa para nós cairmos num


novo problema.


Aqui surge a questão: O que há depois da morte? Não é possível ver o que há depois da morte, mas


nesse aspecto ela não é o único evento, pois há muitos outros eventos semelhantes que ocorrem na


nossa vida, e que não sabemos o que há por detrás deles, mas tomamos uma atitude cautelosa perante


eles.


Por exemplo, se estivermos a caminhar apressadamente por uma rua estranha, e de repente, numa


curva encontramos um letreiro que em letras garrafais diz: “perigo”, o que é que fazemos? Apesar de


não sabermos de que perigo se trata, não vamos menosprezar nem descrer da advertência, e o


inteligente sempre tomará precauções, parando e tentando aperceber-se melhor da situação. Depois


então prosseguirá a sua viagem tendo sempre presente a advertência por detrás da placa que alerta para


o perigo.


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A morte também é um tipo de aviso aliás, é um grande aviso que nos convida a pararmos e reflectirmos,


assim como o aviso na estrada nos convida a prosseguirmos a viagem de forma cautelosa.


Não há dúvidas que, depois da morte a alma permanece viva num estado especial. E temos inúmeras


indicações de que para além desta vida há uma outra vida, e um bom exemplo disso é o sono durante a


dormida.


O que é que a pessoa deseja quando chega a sua morte? Não é possível sabermos, pois os que chegaram


a esse ponto nunca voltaram para o convívio normal no Mundo, mas Deus, o Criador e conhecedor de


tudo, informa-nos no Al-Qur’án, o que a pessoa deseja quando está às portas da morte.


Todo o moribundo anseia voltar atrás, desejando que Deus lhe dê uma nova oportunidade de voltar a


este Mundo para praticar as boas acções, a oração, a crença, etc., que Ele deixou de praticar durante a


vida. Mas esse pedido nunca é aceite e ninguém jamais voltará a este Mundo.


Onde estão os nossos pais, os nossos familiares, os nossos antepassados que aqui viveram? Andaram por


estas terras, conviveram, procriaram, exibiram o seu potencial, mas cada um, chegada a sua hora foi-se.


Chegará também a nossa vez, pois ninguém é eterno, e toda a alma saboreará a morte.


Aproveitemos esta vida, façamos algo de bom para passarmos no teste a que cada um de nós foi


submetido.


A oportunidade da vida é única e não se repetirá. E depois, no Outro Mundo os bons viverão


eternamente na delícia e os maus viverão condenados no Inferno, pois a lógica sã diz que os que fazem


bem têm que ser recompensados, e os que fizeram mal têm que ser castigados, mas vemos muitos que


fizeram bem neste Mundo não foram recompensados, e muitos que fizeram mal não foram castigados.


Então, logicamente tem de haver um local onde se aplique essa justiça, por Um Juiz Justo. E isso só pode


ser depois da morte, no Outro Mundo. E as Escrituras Sagradas confirmam isso.


A salvação será através das acções, assim como consta na Bíblia S. Mateus, 19, Vers. 16 – 17 -18:


“E eis que aproximando-se dele um jovem, disse-lhe: “Bom mestre, que bem farei, para conseguir a vida


eterna”?


E ele disse-lhe: “Porque me chamas bom? Não há bom, senão Um Só, que é Deus. Se queres, porém,


entrar na vida, guarda os Mandamentos”.


Disse-lhe ele: “Quais”?


E Jesus disse: “Não matarás; não cometerás adultério; não furtarás; não dirás falso testemunho; honra


teu pai e tua mãe; e amarás o teu próximo como a ti mesmo”.


[Shk. Aminuddin Muhammad, aos 8 de Outubro de 2015]


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