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A BÊNÇÃO DE RAMADAN


Todos os anos o mundo isslâmico testemunha um fenómeno agradável


durante o sagrado mês de Ramadan, pois esta repentina mudança de ar é


inconfundível.


Ocorre infalívelmente ano após ano, insuflando nos corações de milhões de


muçulmanos “uma lufada de ar fresco”, o que sempre aconteceu em eras


anteriores e assim continuará depois de termos deixado este mundo terrestre.


Isto não é um acontecimento abstracto, mas sim algo que nós os


muçulmanos colectivamente sentimos.


Este fenómeno ocorre nas mais diversas latitudes, onde quer que haja


muçulmanos.


É impressionante como os muçulmanos repentinamente se deixam


tomar por um desejo de aderir estrictamente aos princípios isslâmicos neste


mês de Ramadan.


As mesquitas de repente ficam repletas de crentes de todos os estratos


sociais, que para aqui se deslocam para cumprirem com as orações, cinco vezes


ao dia.


As pessoas não só de dia jejuam, como também atendem à outras


orações facultativas durante a noite. Os que durante a maior parte do ano não


recitam o Alcorão, leêm diariamente a Escritura Divina, e só no mês de


Ramadan milhões de pessoas chegam a ler integralmente o Alcorão, do


primeiro ao último versículo.


Os que são fracos e débeis, esforçam-se por readquirir o vigor perdido,


jejuando da aurora ao pôr-do-sol ao longo de trinta dias. Incluem-se neste


grupo os diabéticos, os que sofrem de doenças de estômago ou outras doenças


graves. É como se desenvolvessem dentro de si uma tremenda força anímica


que ultrapassa todas as dificuldades.


Os que não gastam durante o ano a favor dos pobres e necessitados,


durante este mês abrem generosamente os cordões às suas bolsas, fazendo


delas sair milhões de meticais, contrariando a falsa imagem de terem os cofres


vazios.


O fenómeno é também visível nas senhoras, pois as que saíam à rua


pintadas perfumadas e menos sóbrias no vestir, saem agora bem vestidas, de


acordo portanto com as regras do Isslam.


Por seu lado os homens deixam a barba crescer e fazem-se à rua de


chapéu na cabeça.


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Os que devido a algum impedimento não podem jejuar manifestam


abertamente o seu inconformismo pelo facto de o não poderem fazer nos


trinta dias preceituados.


As mulheres mais fácilmente ficam extenuadas devido à fome e aos


diversos afazeres domésticos. Preocupam-se em regular os despertadores, seja


para acordarem antes da aurora ou para prepararem as refeições a servir às


suas famílias e a outro crentes ao fim do dia.


Durante este mês os crentes revelam um maior interesse no Isslam, pois os que habitualmente se


dedicam à leitura dos mais diversos livros, seja sobre ciência, ficção, arte, drama e outros,


revelam agora maior interesse sobre livros religiosos, aumentando assim os seus conhecimentos.


A alocuções proferidas por maulanas, imamos ou outros intelectuais


isslâmicos são neste período as mais favoritas.


Na última dezena do mês de Ramadan os crentes afluem mais às


mesquitas passando aqui as noites na adoração, à procura da noite sagrada em


que o Alcorão foi revelado, noite esta denominada “Lailatul-Cadr”. Os mais


fervorosos passam em retiro absoluto nas mesquitas, prática esta denominada


“Itkaf”.


Como é que isto é possível? O que é que os leva a deixarem as suas


casas, as suas esposas, os seus empregos e os seus negócios por dez dias? Qual


é a força que impele os muçulmaos a esta mudança repentina? De que


natureza é esta poderosa força magnética? Quem é que está por detrás deste


vento de mudança? Sem dúvidas que é Deus! É a Sua bênção, a Sua


misericórdia sobre todo o mundo isslâmico.


É a Sua misericórdia que trás a paz, a tranquilidade e a serenidade aos


muçulmanos onde quer que estejam, para que assim consigam obter o perdão


dos seus pecados. A serenidade e a tranquilidade nas suas mentes, não só pode


ser vista mas também sentida.


Este desejo repentino de praticar o Isslam no seu verdadeiro espírito,


que durante um mês inteiro transformam o mundo isslâmico, não encontramos


nos seguidores de outras religiões.


Infelizmente, quando o mês de Ramadan chega ao fim, a maior parte dos


muçulmanos volta aos seus hábitos antigos, não se apercebendo do facto de


que a força que os transformou durante estes trinta dias, é a mesma que os


pode levar à glória perdida que no passado Deus lhes concedeu, pois na união e


no takwa (piedade) reside o poder de ascender a graus mais elevados de fé,


tanto neste mundo como no próximo.


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