Nas histórias do Velho Testamento e na história bíblica o profeta Salomão é geralmente chamado de Salomão, o sábio. Entretanto, no Islã todos os profetas são conhecidos por terem sabedoria excepcional. De fato, a palavra árabe hikmah às vezes é traduzida como Missão Profética, significando todas as qualidades que associamos com sabedoria, incluindo bom julgamento e a habilidade de gerir os assuntos das pessoas e lidar com elas de forma justa. Deus prepara e molda o caráter de todos os Seus profetas, mas Davi e seu filho Salomão são conhecidos por serem homens excepcionalmente sábios. Salomão exibia sabedoria ainda muito jovem e até aconselhou seu pai, mas o profeta Davi passou o início de sua vida adulta adquirindo conhecimento e experiência de vida. [1] Gradualmente Deus guiou o curso de suas vidas. Davi cometeu erros, mas aprendeu com eles. O conhecimento e sabedoria desses dois homens continuam a ter um efeito no julgamento e aconselhamento islâmicos.
Embora Davi tenha tido um estilo de vida difícil, sempre encontrou tempo para contemplação e oração. Todos os dias passava um tempo em uma área isolada relembrando de Deus, orando e suplicando. Os soldados de Davi guardavam a área, mas um dia em particular dois homens apareceram do nada. Davi ficou chocado e surpreso com suas presenças. Afastou-se, surpreso, mas os homens falaram calmamente e tranquilizaram Davi; explicaram que eram litigantes em busca de julgamento.
"Conheces a história dos litigantes, que escalaram o muro do oratório? Quando apareceram a Davi, que os temeu? então lhe disseram: Não temas! Somos dois litigantes; um de nós tem prejudicado o outro! Julga-nos, portanto, com equidade e imparcialidade, e indica-nos a senda justa!" (Alcorão 38:21-22)
Os dois homens ficaram de pé diante de Davi e um apresentou seu caso. Davi ficou chocado pelo que parecia ser um caso óbvio de opressão de uma pessoa sobre outra. Rapidamente deu seu julgamento e igualmente rápido os dois homens desapareceram. Naquele momento Davi percebeu que os dois homens eram anjos enviados por Deus para testá-lo e que não havia passado no teste. Prostrou-se no chão e implorou a Deus que o perdoasse por seu julgamento precipitado. Davi entendeu que não havia ouvido os dois lados da história. Havia julgado com apenas metade da informação que precisava. O Alcorão descreve a falta de paciência e impulsividade de Davi e o benefício de voltar-se para Deus em arrependimento nos seguintes versículos:
"Este homem é meu irmão; tinha noventa e nove cordeiros e eu um só. E disse-me para confiá-lo a ele, convencendo-me com a sua verbosidade. Davi lhe disse (imediatamente, sem ouvir o oponente): Verdadeiramente, fraudou-te, com o pedido de acréscimo da tua ovelha; muito sócios se prejudicam uns aos outros, salvo os crentes, que praticam o bem; porém, quão pouco são! E Davi percebeu que o havíamos submetido a uma prova e implorou o perdão de seu Senhor, caiu contrito em genuflexão. E lhe perdoamos tal (falta), porque, ante Nós, goza de dignidade e excelente local de retorno (Paraíso)." (Alcorão 38:23-25)
Davi aprendeu lições valiosas a partir dessa experiência. Aprendeu que para fazer julgamentos sólidos é preciso ter toda a informação disponível. Também aprendeu o significado de reconhecer os pecados e erros voltar-se para Deus para o perdão. O profeta Muhammad, que a misericórdia e bênçãos de Deus estejam sobre ele, disse a seus seguidores que saber algo não é o mesmo que ver.[2] Querendo dizer que se pode ter conhecimento de algo, mas não entendimento verdadeiro até que o tenhamos experimentado. Deus concedeu conhecimento a Davi e deu a ele experiências de vida elaboradas para moldar e formar seu caráter. Davi aprendeu com esse erro e tornou-se um homem melhor.
Deus enviou os anjos para ensinar Davi sobre justiça e equidade e recompensou Davi por seu arrependimento. Deus concedeu al-hikmah (missão profética) a Davi e o nomeou para governar os Filhos de Israel com julgamento sábio e coração doce. Davi reconheceu seu erro e arrependeu-se. Isso o modificou e até hoje o verdadeiro arrependimento e temor a Deus podem tornar-nos pessoas melhores.
“Ó Davi! Verdadeiramente! Designamos-te como legatário na terra. Julga, pois entre os humanos com equidade e não te entregues à concupiscência, para que não te desvies da senda de Deus! Verdadeiramente! Sabei que aqueles que se desviam da senda de Deus sofrerão um severo castigo, por terem esquecido o Dia da Rendição de Contas." (Alcorão 38:26)
Salomão, o filho de Davi, era inteligente e sábio mesmo quando criança. Ibn Kathir, o renomado e respeitado estudioso e exegeta islâmico do século 14, relata que um dia Davi estava sentado resolvendo os problemas de seu povo quando dois homens, um dos quais tinha uma plantação, apresentaram-se a ele. O dono do campo disse: "Ó profeta! A ovelha desse homem foi à minha plantação à noite e comeu as uvas e venho pedir compensação." Davi perguntou ao dono da ovelha: "Isso é verdade?" Quando ele respondeu que sim, Davi disse: "Decidi que deve dar sua ovelha a ele, em compensação pela plantação. ”
Salomão ofereceu uma opinião diferente. Sugeriu que o dono da ovelha cultivasse a plantação até as uvas crescerem, enquanto o outro homem devia cuidar da ovelha e fazer uso de sua lã e leite até que sua plantação fosse reparada. Se as uvas crescessem e a plantação retornasse ao seu estado anterior, então o dono da plantação devia pegar sua plantação e devolver a ovelha ao seu dono. Davi aceitou o sábio conselho do filho e, assim, desde muito jovem Salomão recebeu o título de Salomão, o Sábio. Entretanto, essa não é o único título que a história concedeu ao profeta Salomão. Ele também é conhecido como Salomão, o magnífico. Quando assumiu o império do pai o rei Salomão liderou os Filhos de Israel para a Idade Dourada.
Os profetas de Deus eram meros seres humanos, mas suas responsabilidades exigiam que possuíssem características excepcionais. Cada profeta foi obrigado a divulgar a mesma mensagem - o propósito do homem é adorar o Deus Único. (Alcorão 51:56) Entretanto, também lhes foi exigido que implementassem e mantivessem as leis de Deus. Para que todos os profetas fossem críveis, Deus lhes concedeu milagres pertinentes e compreensíveis para o povo para o qual foram enviados. O milagre que definiu o profeta Salomão foi sua sabedoria única.[1]
O profeta Davi e seu filho Salomão foram governantes sábios e justos porque Deus lhes concedeu sabedoria e bom julgamento. Davi estabeleceu um império e Salomão liderou os Filhos de Israel para a Idade Dourada. O reino de Salomão era diferente de tudo que jamais existiu ou que existirá no futuro. Deus, o melhor dos planejadores, envolveu o profeta Salomão em testes e tribulações elaborados para moldar seu caráter e, assim, sua vida foi pontuada de eventos voltados para a aquisição de conhecimento e experiência.
Deus descreve Salomão como "um excelente servo" por causa de seu arrependimento sincero. Os testes e tribulações confrontados por Salomão o levaram às vezes a cometer erros no julgamento, mas ele aprendeu com seus erros. Em uma ocasião Salomão perdeu a noção do tempo admirando seus cavalos puro-sangue até que o horário da oração da tarde havia passado. Entretanto, quando percebeu seu erro voltou-se para Deus com remorso e tristeza e implorou por perdão.
"E agraciamos Davi com Salomão. Que excelente servo! Eis que foi contrito! Um dia, ao entardecer, apresentam-lhe uns briosos corcéis. Ele disse: Em verdade! Amo o amor ao bem, com vistas à menção do meu Senhor. Permaneceu admirando-os, até que (o sol) se ocultou sob o véu (da noite). (Então, ordenou): Trazei-os a mim! E se pôs a acariciar-lhes as patas e os pescoços. E pusemos à prova Salomão..." (Alcorão 38:30-34)
Com a morte do profeta Davi, Salomão herdou a missão profética e o império. Devido ao seu nível de sabedoria, Salomão estava totalmente ciente do poder de Deus. Reconheceu que Deus era responsável por qualquer condição em que se encontrasse, fácil ou difícil, e louvou a Deus por isso. Disse: "Louvado Seja Deus." (Alcorão 27: 15). Salomão compreendeu que nenhum poder ou força seria dele, a menos que o pedisse a Deus. Portanto, voltou-se para Deus e pediu um reino que nunca fosse superado. Deus concedeu seu pedido. Concedeu a Salomão muitas habilidades e elas o ajudaram no estabelecimento de um reino magnífico.
"Disse: Ó Senhor meu! Perdoa-me e concede-me um império que ninguém, além de mim, possa possuir, porque Tu és o Agraciante por excelência!
E lhe submetemos o vento, que soprava suavemente à sua vontade, por onde quisesse. E todos os demônios, alvanéis e mergulhadores disponíveis. E outros cingidos por correntes. (Que falavam de Deus a Salomão): Estas são as Nossas dádivas; prodigalizamo-las, pois, ou restringimo-las, imensuravelmente. Eis que ele desfrutará, ante Nós, de dignidade e excelente local de retorno!" (Alcorão 38:35-40)
O profeta Salomão foi capaz de usar e controlar o vento, pela vontade de Deus. Podia viajar vastas distâncias em um curto espaço de tempo. Além disso, Salomão foi capaz de controlar os demônios entre os jinns,[2] que trabalharam para ele na construção de edificações, extração de metais, mergulhando em busca de tesouros e assegurando de forma geral a infraestrutura do reino de Salomão. Deus também deu a Salomão uma fonte da qual fluía bronze derretido. Assim como o pai Davi, recebeu a dádiva de ser capaz de moldar o ferro e foi capaz de moldar e dobrar o bronze para fazer ferramentas, armaduras e utensílios.
"E submetemos a Salomão o vento impetuoso, que sopra a seu capricho, para a terra que Nós abençoamos, porque somos Onisciente. E também (lhe submetemos) alguns (ventos) maus que, no mar, faziam submergir os navios, além de outras tarefas, sendo Nós o seu custódio." (Alcorão 21:81-82)
" E fizemos brotar, para ele, uma fonte do cobre, e proporcionamos gênios, para trabalharem sob as suas ordens, com a anuência do seu Senhor; e a quem, dentre eles, desacatar as Nossas ordens, infligiremos o castigo do tártaro. Executaram, para ele, tudo quanto desejava: arcos, estátuas, grandes vasilhas como reservatórios, e resistentes caldeiras de cobre. (E dissemos): Trabalhai, ó familiares de Davi, com agradecimento! Quão pouco são os agradecidos, entre os Meus servos!" (Alcorão 34:12-13)
O profeta Salomão foi um rei de grande renome. Seu reino foi único e seu império representou uma idade dourada para os Filhos de Israel. Governou com sabedoria e justiça e reconheceu que todo o poder e força vinham somente de Deus. O rei Salomão, entretanto, não era o único governante poderoso na área. Na terra hoje conhecida como Iêmen, mas antes conhecida como Sheba, vivia uma rainha chamada Bilqis.
A história do rei Salomão e da rainha de Sabá é a parte final em uma série de artigos sobre o antigo reino de Israel. Muitas pessoas podem ficar intrigadas pelo fato de que os personagens e histórias são semelhantes aos contidos nos textos e história bíblica. Entretanto, a perspectiva islâmica difere de forma fundamental em alguns pontos.
Salomão era um profeta e um rei. Sua missão como profeta de Deus era divulgar a mensagem que Deus é Único, sem parceiro ou semelhantes. Também manteve as leis de Deus. Como rei, liderou os Filhos de Israel para uma idade dourada de fortuna e prosperidade.
O reino e exército de Salomão não tinham comparação. Seu exército consistia de batalhões de homens, tropas de jinns (criações do fogo) e até esquadrões de pássaros. Salomão foi capaz de comunicar-se com os pássaros, controlar os jinns e demandar o respeito e lealdade dos homens. Marchou com o imenso exército, que se acredita que fosse composto de centenas de milhares, através de seu império.
A Mesquita em Jerusalém
Os muçulmanos crêem que a Masjid al Aqsa (a mesquita sagrada em Jerusalém) foi reconstruída ou expandida pelo rei Salomão. De acordo com a história islâmica, o profeta Jacó construiu a Masjid al Aqsa aproximadamente 40 anos depois de seu avô, o profeta Abraão, construir a Casa de Deus em Meca. O Islã rejeita totalmente a noção de que o rei Salomão construiu um templo sobre o local da Masjid al Aqsa e aí reside uma das diferenças básicas entre as crenças judaica e islâmica. É o que causa alguns dos dilemas existentes na Terra Sagrada hoje. Embora seja um profeta em todas as três religiões monoteístas, pequenas diferenças sobre a natureza e história de Salomão têm, ao longo do tempo, criado grandes divisões.
Em direção a Sabá
Depois de consolidar seu reino, com Jerusalém como a capital, Salomão e seu exército marcharam na direção de Sabá. A chuva nessa região (a área vazia do deserto da Arábia Saudita e do Iêmen) era sazonal; portanto, o povo havia construído represas e redes de irrigação. A terra estéril foi transformada em jardins vastos e planícies férteis. Depois de tomar conhecimento desse verde exuberante, Salomão queria ver a transformação por si mesmo.
Os batalhões marcharam e chegaram a um vale populado por formigas. Uma das pequenas formigas viu o enorme exército aproximando-se e gritou: "Ó formigas! Entrai na vossa habitação, senão Salomão e seus exércitos esmagar-vos-ão, sem que disso se apercebam." (Alcorão 27:18) Salomão compreendia a língua das formigas e sorriu, satisfeito porque a formiga sabia que não permitiria que a nação de formigas fosse esmagada intencionalmente. Salomão era grato a Deus e agradeceu-Lhe por salvar as vidas das formigas. Não era um rei tirano que governava seus domínios com punhos de aço; Salomão tratava todas as criaturas de Deus com respeito.
Depois de seu encontro com a formiga, Salomão inspecionava seu exército e notou que um pássaro em particular não estava nas fileiras. Perguntou sobre o paradeiro da poupa e foi determinado que o pássaro fosse punido por sua ausência. A poupa era um pássaro capaz de detectar cursos de água no subsolo e o rei Salomão estava particularmente interessado em como e por que as planícies de Sabá eram exuberantes e férteis. Dentro de pouco tempo a poupa retornou e dirigiu-se a Salomão, dizendo:
"Tenho estado em locais que tu ignoras; trago-te, de Sabá, uma notícia segura. Encontrei uma mulher, que os governa (o povo), provida de tudo, e possuindo um magnífico trono. Encontrei-a, e ao seu povo, e se prostrarem diante do sol, em vez de Deus, porque Satã lhes abrilhantou as ações e os desviou da senda; e por isso não se encaminham." (Alcorão 27: 22-24)
A poupa adorava e obedecia a Deus com verdadeira submissão. O pássaro explicou ao rei Salomão que embora o trono da rainha Bilqis fosse verdadeiramente magnífico e uma maravilha da época, o Dono do Trono Supremo era Deus, o Todo-Poderoso. Salomão dirigiu-se a poupa dizendo:
"Já veremos se dizes a verdade ou se és mentirosa. Vai com esta carta e deixa-a com eles; retrai-te em seguida, e espera a resposta."
A poupa deixou a carta no colo da rainha e escondeu-se, ouvindo a conversa entre a rainha e seus conselheiros.
"Ela (a rainha) disse: Ó chefes! Verdadeiramente! Foi-me entregue uma carta respeitável. Verdadeiramente! É de Salomão (e diz assim): Começo com o nome de Deus, o Misericordioso. Não vos ensoberbeçais; outrossim, vinde a mim, submissos!
Ela (a rainha) disse: Ó chefes! Aconselhai-me neste problema, posto que nada decidirei sem a vossa aprovação.
Responderam: Somos poderosos e temíveis; não obstante, o assunto te incumbe; considera, pois, o que hás de ordenar-nos." (Alcorão 27: 27-33)
A rainha Bilqis mostrou sabedoria porque embora tivesse a habilidade de entrar em uma guerra, escolheu enviar presentes ao rei Salomão. Salomão devolveu os presentes explicando que Deus já tinha lhe concedido tudo que precisava. Lidou com Bilqis de forma respeitosa, mas destacou que se não parasse de adorar o sol ele não teria escolha a não ser derrotar seu reino e expulsar o povo de sua terra. Mais uma vez, Bilqis demonstrou sabedoria e bom julgamento.
Salomão e a Rainha de Sabá
Ao invés de ficar ofendida com as palavras e ações de Salomão, Bilqis decidiu visitá-lo e ver em primeira mão as maravilhas que seus emissários haviam descrito. Enquanto ela viajava o rei Salomão ordenou a um de seus jinns que trouxesse o magnífico trono de Bilqis. Foi entregue a ele em um piscar de olhos, tamanha era a habilidade e velocidade do jinn. Quando Bilqis chegou o rei Salomão lhe perguntou se reconhecia o trono diante dela. Com sua sabedoria e diplomacia costumeiras, ela disse: "Parece igual ao meu."
Depois de experimentar as maravilhas do império de Salomão, Bilqis percebeu que estava na presença de um líder sábio e formidável, mas para o seu próprio bem ela também percebeu a condição dele como um profeta de Deus. Bilqis imediatamente renunciou à adoração ao sol e prometeu aceitar o ensinamento de Deus e encorajar seu povo a fazer o mesmo. Os sábios do Islã destacam que a sabedoria inata de Bilqis a levou a verdade.
A vida de Salomão foi cheia de maravilhas e sua morte não foi diferente. Morreu sentado em seu trono, olhando para seu reino. Os jinns continuaram a trabalhar inabalavelmente, pensando que seu mestre os observava. Uma pequeno cupim mordiscava o cetro de Salomão até que o mesmo caiu de sua mão e seu corpo caiu, revelando que havia morrido.
"E quando dispusemos sobre sua morte (de Salomão), só se aperceberam dela em virtude dos cupins que lhe roíam o cajado." (Alcorão 34:12-14)
As histórias judaica e cristã depreciam o rei Salomão como um homem conhecido por seus excessos. Para os muçulmanos, era um homem sábio e nobre. O Islã rejeita completamente que o profeta Salomão desobedeceu às leis de Deus ou que adorava ídolos. Era o filho de um profeta que passou toda a sua vida empenhando-se para agradar a Deus. Consolidou o império de seu pai Davi e liderou os Filhos de Israel para a Idade Dourada. Possuía muitos talentos e sua vida foi de maravilhas e milagres, mas sabiamente compreendeu que a recompensa eterna e verdadeira estava na outra vida.