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Minha mãe ficou ocupada com as preparações para o feriado e, de alguma forma, externamente os dias passaram de forma pacífica.  Mas em minha mente não esqueci por um minuto minha busca para encontrar minha religião.





Depois do Dia de Ação de Graças a rodada usual de festas cristãs começou e fui convidada por uma amiga para participar de um encontro de estudantes universitários em um restaurante local.  Éramos um grupo grande e no jantar me vi sentada ao lado de um homem da Nigéria, que estava trabalhando em seu doutorado na Universidade de Pittsburgh.





Estava fascinada com sua vestimenta - um traje típico nigeriano - sua cabeça coberta com o que parecia ser uma versão maior do solidéu judaico.  Ele tinha um rosto gentil e um sorriso resplandecente e começamos a falar sobre escola.





Quando chegou a hora de pedir o jantar, ele perguntou se podia ajudá-lo com o menu.  "Não posso comer porco e nem álcool", explicou e concordei com satisfação.  Depois de pedirmos nossas refeições perguntei a ele por que ele não consumia porco ou álcool.  "Por causa de minha religião", respondeu ele, sorrindo.





"E que religião é essa?" Perguntei-me em voz alta.  "Sou muçulmano", respondeu. 





Luzes, sinos e apitos dispararam em minha cabeça.  Percebi que dessa eu nunca tinha ouvido falar antes.  Estava muito ansiosa para ouvir mais.  Já tendo pesquisado e estudado toda crença sob o sol, sabia exatamente o que queria perguntar. 





"Por favor, se não se importa, me diga qual é a principal crença de sua religião? Qual o ponto que você diria que melhor descreve sua religião?" Sem hesitação, sorriu novamente e disse: "Acreditamos que só existe um Deus.  Deus não é parte de uma trindade, nem tem um filho.  Não tem parceiros.  Deus é Único."





Soava tão simples.  Não tinha problemas em relação a isso.  Disse a ele que fazia sentido para mim.   De novo ele sorriu.  Então perguntei a ele como sua religião via as mulheres.  Qual era a condição delas em suas crenças?





Tendo sofrido como mulher em uma sociedade na qual minha religião fornecia pouca orientação - ou respeito - para as mulheres, prendi a respiração esperando sua resposta.  Queria tanto ouvir algo que me satisfizesse! 





Mais uma vez ele foi rápido na resposta.  "As mulheres no Islã são iguais aos homens.  Têm basicamente o mesmo status e obrigações que os homens.  E recebem as mesmas recompensas e punições.  Entretanto, ser igual não significa ser o mesmo.  Homens e mulheres foram criados diferentes uns dos outros.  São iguais, mas diferentes."





Queria saber como as diferenças se manifestavam.  Ele respondeu.  "No casamento, por exemplo... embora a mulher muçulmana tenha muitos direitos - talvez mais direitos que um homem - ser sustentada completamente, também é exigido dela que obedeça o marido dela."





"Obedeça o marido dela?  Hummmm.  O que isso significa?" Ele começou a rir.  Estava claro que já tinha passado por isso antes.  "Significa", explicou pacientemente, "que se uma decisão tiver que ser tomada pelo bem do casamento ou da família, embora o homem deva consultar sua esposa e pedir a opinião dela, a decisão final é dele.





Veja da seguinte forma - como se o casamento fosse um navio navegando no mar.  Um navio só pode ter um capitão que em última instância é responsável por bem-estar.  Um navio com dois capitães afundará."





Ele se recostou na cadeira e esperou minha resposta.  Não podia pensar em qualquer argumento contra o que ele disse.  Fazia sentido para mim.  Sempre tinha sentido, bem no fundo, que o marido devia ter a responsabilidade final pela família.  Estava satisfeita - mais que satisfeita, na verdade - a felicidade lentamente se transformou em euforia e perguntei cada vez mais excitada sobre o Islã. 





Tudo que ele me disse fez todo o sentido para mim.  E no meio da extrema alegria e paz que senti, também me perguntei como nunca tinha ouvido falar do Islã antes?  Subhan Allah, tudo acontece na hora de Allah. 





Perguntei como eu poderia aprender mais sobre essa religião e ele gentilmente se ofereceu para me colocar em contato com muçulmanos em sua mesquita, que poderiam me dar um Alcorão e responder quaisquer perguntas que eu tivesse.  Ele pegou o meu telefone e prometeu me ligar.  Estava em êxtase.  Mal podia esperar!  Era sexta-feira, 3 de dezembro de 1982.





Na segunda-feira seguinte estava nos degraus da biblioteca local, esperando que abrisse.  Peguei todos os livros sobre o Islã que, infelizmente, naquela época eram poucos e não muito precisos também, mas não percebi isso na época.





Quando abri o primeiro livro, a introdução dizia: "Islã significa submissão à vontade de Deus..." Incrível!  Aqui está aquela palavra "submissão"!  Exatamente a palavra que eu mesma usei antes de saber qualquer coisa sobre isso. 





Só sabia que era necessária a submissão completa e total ao caminho de Deus, se quisesse alcançar a paz.  Naquele instante soube que tinha encontrado a verdade.  Devorei os livros e aguardei ansiosa por Ahmad - o nigeriano - me contatar novamente.  Fiel à sua palavra, ele o fez. 





Recebi o número da mesquita e um nome de contato.  Tremendo de excitação disquei, orando que alguém respondesse.  E alguém o fez.  O homem que atendeu minha ligação disse em um sotaque estrangeiro carregado que a pessoa por quem estava procurando não estava no momento. 





Inabalável, expliquei que estava muito interessada em aprender mais sobre o Islã.  Imediatamente ele me deu as boas vindas e forneceu o endereço, me convidando para ir até lá naquele momento falar com ele e receber uma cópia do Alcorão!





Estava excitada demais.  Marquei uma hora para aquele dia, mais tarde, e ansiosamente me preparei com minha filha para o encontro.





Agora acho graça ao pensar em mim mesma naquele dia.  Queria estar com excelente aparência.  Então coloquei um terninho, encaracolei meus cabelos, coloquei maquiagem e perfume e vesti minha filha de 1 ano com seu melhor vestido! 





Sabia que estávamos embarcando em uma nova vida.  Minha filha e eu - juntas - éramos um time!  Quando cheguei e entrei no prédio a primeira pessoa que encontrei foi uma muçulmana usando niqab.  Achei-a bonita e com um visual exoticamente estrangeiro.  Disse a ela que estava ali para encontrar um homem chamado Abdul Hamid.





Ela graciosamente me encaminhou na direção de uma escadaria.  "Você o encontrará no escritório no topo das escadas", disse ela em inglês perfeito, o que me surpreendeu.  Tinha ainda que aprender que o Islã não era uma religião "estrangeira" ou que era a religião que mais crescia no mundo.  Havia tanta coisa que ainda não sabia.  Mas uma coisa era inquestionável: estava no caminho certo.





Quando entrei no escritório todas as cabeças se voltaram na minha direção e então todos os olhos foram abaixados.  Ninguém me olhou nos olhos.  Mas todos começaram a sorrir!  Sorrisos calorosos, felizes e sinceros.





Um homem caminhou na minha direção, falando uma língua estranha.  Mais tarde descobri que ele estava dizendo “Masha’Allah, masha’Allah” quando veio e pegou minha filha dos meus braços.  "Como ela é bonita" exclamou e a introduziu aos outros homens.





Por alguma razão não senti medo dessa pessoa estranha pegando minha filha.  Ele a sentou em cima de uma mesa e deu a ela canetas, lápis e um grampeador - qualquer coisa que pudesse distraí-la, sempre sorrindo e tentando fazê-la falar.  Os outros homens se reuniram ao redor dela também e finalmente Abdul Hamid veio me saudar.





Ofereci minha mão, mas ele fingiu não ver - ah, ainda havia tanta coisa a aprender sobre a etiqueta islâmica entre os sexos - e começou a me perguntar como eu tinha descoberto o Islã.  Falei rapidamente sobre Ahmad, o nigeriano, e ele continuou explicando o básico do Islã para mim. 





Passou-se ao menos uma hora e então ele me deu uma cópia do Alcorão, pedindo que o levasse para casa e tomasse um banho antes de abri-lo.  Rapidamente concordei.  Ele me disse que o horário da oração estava próximo e que precisava se preparar.





Agradeci, mas tinha um pedido final.  Queria assistir à oração.  Tendo sido casada com um ateu, por alguma razão estava muito interessada em assistir esse homem orar.  Sempre senti que um homem não era um homem de verdade, a menos que orasse a Deus.





Abdul Hamid me disse que eu podia assistir a oração na parte de trás da mesquita, mas que por favor não fizesse nenhum barulho.  Novamente concordei e descemos as escadas, onde ele me colocou na parte de trás de um espaço vazio decorado apenas com um belo carpete e um nicho na parede.  Aquele nicho, aprenderia depois, marcava a direção para a oração. 





Enquanto observava os homens entrarem, fui surpreendida por um barulho forte - era a chamada para a oração.   Allahu akbar, Allahu akbar! Enquanto ouvia senti como se água gelada estivesse correndo em minhas veias.  Era como se todo o meu ser fosse acordado por esse chamado forte e magnificente. 





Embora não entendesse uma palavra, senti que falava comigo.  Lágrimas encheram meus olhos e comecei a tremer.  Cruzei meus braços e me abracei, tentando me aquecer e acalmar.





As lágrimas correram enquanto observava os homens primeiro se curvarem e depois se prostrarem em oração, justo como eu tinha feito tanto tempo atrás naquele dia ensolarado em meu quarto.   Estava assombrada.   Estava feliz e emocionada demais.   Mais que isso... estava em casa!





Durante as poucas semanas seguintes encontrei mais muçulmanos na mesquita e tive lições sobre o Islã.  Comecei a costurar roupas ao estilo islâmico para mim, embora as usasse somente em meu quarto quando tentava orar sozinha. 





Comecei a mudar.  Parei de consumir bebida alcoólica e me recusei a comer porco.  Minha personalidade mudou.  Fiquei mais quieta e calma.  Estava em paz.  Minha mãe perguntou sobre a minha mudança.  Achou que eu estivesse deprimida.  "Você não ri mais", disse ela.   Tentei explicar que estava muito feliz - apenas de uma maneira mais quieta. 





Finalmente tomei coragem e contei a ela sobre o Islã.  Até mostrei as roupas que tinha costurado e fiz a modelagem de uma roupa para ela.  Ela ficou furiosa.  Odiou as roupas instantaneamente. 





Minha mãe sempre tinha sido uma mulher que andava na moda.  Ridicularizou a simplicidade das roupas e o fato de serem largas.  Achou que pareciam sacos.  Seus comentários indelicados me magoaram, mas não me dissuadiram.  Nada me separaria do Islã.





Meu último Natal antes de dizer a Shahadah foi um pesadelo.   Mesmo durante aquele período sabia que essa era a maneira de Allah me tirar das trevas da falsa crença sem boas lembranças.  Ainda assim, foram dias difíceis. 





Minha mãe estava zangada comigo por não participar do feriado e meu irmão, bêbado como sempre, destruiu alguns dos meus pertences em um acesso de fúria e ameaçou me matar. 





Antes ele havia entrado em meu quarto e me visto com a vestimenta islâmica.  Embora não fosse religioso - nem ia à igreja - também ficou furioso com minha decisão de me tornar muçulmana. 





Quanto mais ficavam com raiva, mais certa ficava de estar fazendo a coisa certa.  Simplesmente não queria mais viver o tipo de vida que viviam.





Depois de alguns meses, fiz minha profissão de fé.  Uma noite de sexta-feira na primavera, me tornei muçulmana.  Com gratidão e humildade aceitei a dádiva do Islã.  





Minha mãe insistiu que deixasse a casa dela.  Mas Allah em Sua infinita misericórdia tinha arranjado um lar para mim.  Na noite em que fiz a Shahadah, um egípcio que a tinha testemunhado perguntou a meu respeito para casamento. 





Meu wali (guardião) - o homem que tinha tomado minha filha de meus braços em minha primeira visita à mesquita - perguntou minha opinião.  Minha única preocupação é que ele fosse um bom crente.  Meu wali já tinha checado e ele era. 





Dentro de 10 dias estava casada e morando com minha filha em meu novo lar com meu novo marido.  Ele criou minha filha como se fosse sua e, alhamdulillah, tivemos dois filhos depois disso. 





Passaram-se 26 anos desde que fui abençoada em viver minha vida como muçulmana.   Os anos passaram tão rapidamente.  Nem sempre foram fáceis, mas apesar disso foram abençoados.





Allah testa aqueles que Ele ama, mas como Ele diz no Alcorão... "com a dificuldade vem a facilidade."  E isso se provou verdadeiro. 





Enquanto isso, minha mãe - que se separou de mim por muitos anos - está agora morando comigo em um país islâmico e usando o hijab voluntariamente! Tenho esperança de que ela também aceitará o Islã em breve, insh'Allah (pela vontade de Allah).





Apesar dos tempos difíceis, não posso imaginar viver minha vida de outra maneira.  Agradeço a Allah todos os dias pela misericórdia de Sua orientação e por essa jornada milagrosa das trevas para a luz do Islã.





 



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