BILAL BIN RABAH 26
Num dia na Oração da Alvorada, o Mensageiro de Deus lhe anunciou
que será um dos habitantes do Paraíso, “Ó Bilal me conte qual é o ato
que você praticou no Islam e deseja ser recompensado por ele. Pois
ouvi o som de suas sandálias na minha frente no Paraíso.” Disse ele:
“Não vejo um ato melhor do que eu me purificar em hora do dia ou
da noite, eu praticar com essa purificação o que me foi escrito de
oração.”47
Por ele e pelos vulneráveis como ele Deus revelou versículos recitados
até o Dia da Ressurreição. As mais honradas pessoas coraixitas foram
ter com o Profeta estando ele reunido com Bilal, o etíope, e Salman,
o persa, e Suhaib, o romano e outros, tais como Ibn Ummu Abdullah
e ‘Ammar, e Khubab, dos crentes vulneráveis. Quando os viram ao
redor dele, desprezaram-nos e disseram: “Gostarímos que nos fizesse
um local de reunião em que os árabes nos oferecessem respeito. As
delegações árabes vêm ter consigo e se envergonham de nos ver com
esses servos. Quando a gente chega, deve dispensá-los, e quando a
gente se for, senta-se com eles novamente se quiser.”
Ele disse: “Sim”. Eles disseram: “Escreve para nós, a respeito disso,
um documento.” Ele disse: “Tragam o documento e pediu a Áli
que escrevesse”. O Profeta queria com isso atrair e amolecer os
corações destes, pois nisso fortalecia o Islam e os muçulmanos, mas
mesmo isso, não tem valor na lei do Islam, porque os princípios são
princípios e os valores são valores... Então, ele recebeu as palavras da
revelação48 de Deus, Exaltado Seja: “Não rechaces aqueles que de
manhã e à tarde invocam seu Senhor, desejosos de contemplar o
Seu Rosto. Não te cabe julgá-los, assim como não lhes compete
julgar-te; se os rechaçares, contar-te-ás entre os injustos. Assim,
Nós os fizemos testarem-se mutuamente, para que dissessem:
São estes os que Allah favoreceu, dentre nós? Acaso, não conhece
Allah melhor do que ninguém os agradecidos? Quando te forem
47. Sahih Bukhari
48. A reveleção chega ao Profeta por intermédio do anjo Gabriel , encarregado
da revelação, e ele tinha várias formas, como explicado pelo Mensageiro de Deus,
como: 1- em forma de um homem e conversava com ele.
2 – comunicava-lhe a revelaçao em forma de sons, que lhe era mais grave.
27 O Islam e a Luta Contra a Discriminação Racial
apresentados aqueles que creem nos Nossos versículos, dizelhes:
Que a paz esteja convosco! Vosso Senhor impôs a Si mesmo
a clemência, a fim de que aqueles dentre vós que, por ignorância,
cometerem uma falta e logo se arrependerem e se encaminharem,
venham saber que Ele é Indulgente, Misericordiosíssimo.”49
O Mensageiro de Deus jogou o documento e, em seguida, convocounos.
Fomos ter com ele, enquanto ele dizia: “Que a paz esteja
convosco! Vosso Senhor impôs a Si mesmo a clemência.”
Nós costumávamos sentar com ele, e quando ele queria nos deixar, o
fazia. Então, Deus, Exaltado Seja, revelou: “Sê paciente, juntamente
com aqueles que pela manhã e à noite invocam o seu Senhor,
anelando contemplar o Seu Rosto. Não os menosprezes,
desejando o encanto da vida terrena, e não escutes aquele cujo
coração permitimos menosprezar o ato de se lembrar de Nós, e
que se entregou aos seus próprios desejos, excedendo-se em
suas ações.”50
Depois disso, o Mensageiro de Deus sentava com a gente e quando
chegava a hora de ele sair, nós levantávamos e deixavam-no para ele
ir embora.51
Quem é este abissínio, que foi antes escravo e depois se tornou líder,
com a sua conversão ao Islam?
Vamos ouvir a sua história como escrita por Khálid Mohammad Khálid
(que Deus tenha misericórdia dele). Ele disse:52
É Bilal Ibn Rabah, o primeiro muézzin no Islam, a chamada para a
verdade.
É Bilal, o destruidor dos ídolos.
É Bilal, e quem não conhece Bilal, que apaziguou os corações e os
sentimentos dos muçulmanos em todos os cantos do mundo.
49. Alcorão sagrado, 6:52-54.
50. Alcorao Sagrado, 18:28.
51. Compilado por Ib Mája, e autenticado pelo Albáni.
52. “Rijal Haularrassul” (Homens ao redor do Mensageiro).
BILAL BIN RABAH 28
É um dos grandes milagres do Islam.
De cada dez muçulmanos, desde que o Islam começou até hoje, e até
quando Deus quiser, ao nos encontraramos com eles, pelo menos,
sete conhecem Bilal.
Isto significa que existem centenas de milhões de pessoas ao longo
dos séculos e das gerações que conhecem Bilal, e memorizam o seu
nome, conhecem o seu papel, assim como conhecem os maiores
sucessores no Islam: Abu Bakr e Ômar... !
Se você perguntar uma criança que ainda está em sua infância, nos
primeiros anos de seus estudos, no Egito ou no Paquistão, na Malásia,
na China.
Nas Américas, na Europa e na Rússia.
No Iraque, na Síria, no Irã e no Sudão.
Na Tunísia, em Marrocos e na Argélia.
Nas profundezas da África, e sobre as colinas da Ásia.
Em todos os cantos da terra habitada por muçulmanos, você pode
perguntar a qualquer criança muçulmana: quem é Bilal?
Ela responde: ele o muezzin do Profeta. Era um escravo a quem o
seu amo o punia, colocando pedras pesadas, muito quentes para
demovê-lo a negar a sua religião, ele dizia:
“Ahad. Ahad.” (Único... Único)
Quando você percebe essa imortalidade concedida pelo Islam a Bilal,
fique sabendo que Bilal não era, antes do islão, além de um escravo
etíope, que pastoreava os camelos de seu amo em pagamento de
um punhado de tâmaras, para morrer e ser fadado às profundezas do
esquecimento.
Mas a sinceridade de sua fé na grandeza da religião em que acreditava
fê-lo ocupar em sua vida, e na história do Islam uma posição entre os
grandes, honrados e generosos...
29 O Islam e a Luta Contra a Discriminação Racial
Porém, muitos dos seres humanos de alta classe, com riqueza,
prestígio e influência, nunca teriam um décimo da eternidade garantida
a Bilal, o escravo etíope.
Certamente, muitos heróis da história não obtiveram um pouco da
fama histórica que foi concedida a Bilal.
Sua pele negra, assim como sua família humilde e fraco como um
escravo aos olhos do povo, não o impediu, especialmente depois que
ele preferiu seguir o islão como religião, de ocupar a alta posição, da
qual ele era digno em virtude da sua veracidade, certeza, pureza e
devoção sincera.
As pessoas pensavam que tal escravo como Bilal, de origem
estrangeira, não tinha poder, e nem tinha nada em sua vida além de
ser escravo, propriedade de seu mestre, que saia de manhã e voltava
à noite com o gado e as ovelhas de seu mestre.
Eles pensaram que tal indivíduo, não podia representar algo imporante.
Mas, para a surpresa, ele contradisse esses pensamentos. Ele tinha
um poder de crença (no Islam) que ninguém mais do que ele poderia
ter. Em seguida, foi o primeiro muézzin (que faz a chamada para as
orações) do Mensageiro de Deus e do Islam, um trabalho que todos
os chefes e grandes pessoas de Coraix que abraçaram o Islam e
seguiram o Mensageiro de Deus almejavam.
É Bilal Ibn Rabah!
Que tipo de heroísmo e grandeza expressam essas três palavras: Bilal
Ibn Rabah?!
Ele não era mais que um escravo etíope de uma mãe negra, de nome
Hamama, cujo destino o levou a ser um escravo de Umaiya Ibn Khalaf
de Jomah em Makka. Sua mãe era também uma das suas escravas.
Ele viveu na escravidão, levando uma vida miserável. Sem direitos e
nem uma esperança no seu futuro.
As notícias sobre Mohammad começaram a chegar a seus ouvidos,
quando as pessoas começaram a transmiti-la, e quando ele começou
BILAL BIN RABAH 30
a prestar atenção às conversas de seu mestre e seus convidados,
em particular, Umaiya Ibn Khalaf, o ancião de Jomah, a tribo de cujos
escravos, Bilal era um deles. Muito frequentemente, Bilal ouvia o seu
mestre Umaiya Ibn Khalaf, ao falar com seus amigos, ou com alguns de
seus membros da tribo acerca do Mensageiro de Deus, uma conversa
repleta de raiva, ira e maldade.
Mas, os ouvidos de Bilal captavam, dentre as palavras de tão louca
raiva, as boas características que lhe ilustravam esta nova religião.
Sentia-se que essas características não estavam familiarizadas com
o ambiente em que vivia. Seus ouvidos costumavam também captar
a partir da fala ameaçadora o reconhecimento da honra, veracidade e
honestidade de Mohammad.
Sim, ele costumava ouvi-los afirmando seu espanto e confusão
a respeito do que Mohammad trouxe. Eles diziam um ao outro:
“Mohammad não tem sido nem mentiroso, nem mágico, nem louco,
embora seja inevitável descrevê-lo com tudo isso a fim de evitar que
as pessoas se apressassem em acreditar em sua religião”.
Bilal ouviu falar sobre sua masculinidade, honestidade, boas maneiras,
lealdade, imparcialidade e equilíbrio mental. Ele também os ouviu
sussurrando sobre as razões que os levavam a desafiá-lo, ou seja, a
sua lealdade para com a religião dos seus antepassados, em primeiro
lugar, e seu medo da perda da glória de Coraix que lhes dava a posição
religiosa altamente respeitada como a capital da adoração em todas
as partes da península árabe. Em terceiro lugar, o ressentimento da
tribo Banu Háchim, de surgir um Profeta e um mensageiro do meio
deles.
Um dia, Bilal Ibn Rabah viu a luz de Deus, e ouviu, dentro da profundidade
de sua boa alma o eco de sua voz. Ele foi ter com o Mensageiro de
Deus (Deus o abençoe e lhe dê paz ) e abraçou o Islam. Assim que
a notícia de sua conversão ao Islam se espalhou, a terra girou com
a cabeça de seus mestres de Jomah, ou seja, aquelas cabeças que
estavam cheias de arrogância e intoxicadas pela ilusão. Na verdade, a
pressão dos demônios da terra invadiu o peito de Umaiya Ibn Khalaf,
31 O Islam e a Luta Contra a Discriminação Racial
que sentiu a conversão ao Islam de um escravo seu, como uma grande
vergonha e ignomínia para todos. O seu escravo etíope abraçar o islão
e seguir Mohammad!?
Umaiya disse para si mesmo: “Não se preocupe, o sol não irá se pôr
hoje sem que a crença deste escravo se ponha com ele!”.
Mas, pelo contrário, o sol não fez desaparecer a fé de Bilal no islão,
mas, fez desaparecer todos os ídolos e todos os protetores da idolatria.
Quanto ao Bilal, não constituiu apenas uma posição de honrou para o
Islam, embora o Islam seja mais digno dessa honra, mas também foi
honra para toda a humanidade.
Na verdade, ele resistiu perante diferentes tipos de torta tão
poderosamente quanto as grandes pessoas piedosas, parece que
Deus fez dele um bom exemplo para todas as pessoas do fato de
que a escuridão da pele, além da escravidão não desonra a grandeza
do espírito, particularmente se ele encontra a sua verdadeira crença,
agindo de acordo com o seu Criador, e se apegando ao seu direito.
Bilal deixou uma lição prática às pessoas daquela época, a todos os
lugares, na sua e em qualquer outra religião; lição que revela que a
liberdade de consciência e sua soberania não se vendem a preço de
todo o ouro da terra, nem por todo tipo de tormento
No início, da missão islâmica, sete pessoas declararam sua conversão
ao Islam: O Mensageiro de Deus. Abu Bakr, ‘Ammar e sua mãe Sumaia,
Suhaib, Bilal e o Micdad. Quanto ao Mensageiro de Deus, foi protegido
por seu tio Abu Tálib que o defendeu. Quanto a Abu Bakr, foi protegido
pelo seu povo. O resto foi levado pelos politeístas, vestiram-nos com
armaduras de ferro e os expuseram ao sol. Todos atenderam o que
lhes foi pedido, menos Bilal, ficou envergonhado perante Deus. Foi
levado e entregue às crianças que o arrastavam nas ruas de Makka, e
ele dizendo, Ahad, Ahad (Deus Único, Deus Único).
Foi colocado nú sobre brasas para se arrepender e abandonar o Islam
ou fraudar e enganar, mas ele se negou a fazê-lo.
O Mensageiro de Deus transformou este escravo etíope invulnerável
BILAL BIN RABAH 32
num mestre para toda a humanidade na arte de respeitar a consciência
e na proteção de sua liberdade e liderança.
Eles o levavam depois de meio-dia, quando o deserto se tornava
mortalmente quente. Estendiam-no sobre pedrinhas muito quentes,
estando ele nu, então pegavam uma grande pedra quente, que
precisava de algumas pessoas para carregá-la, e a colocavam sobre
seu peito.
Essa tortura selvagem era praticada diariamente, até que alguns corações
de alguns de seus flageladores se emocionaram pela gravidade da
tortura e o libertaram, com a condição de ele falar bem de seus deuses,
para conservar sua hegemonia. Os coraixitas nunca reconheceram que
foram mal sucedidos perante a tenacidade de seu escravo.
Porém, mesmo essa única palavra fútil, que ele podia pronunciar sem
convicção e adquirir com ela a sua vida, sem que perdesse a sua fé e
abandonasse a sua crença, rejeitou pronunciá-la.
Sim, ele rejeitou pronunciá-la, e repetia: Ahad, Ahad.
Deziam-lhe: repete o que dizemos.
Ele respondia com escârneo: Minha língua não sabe repeti-lo.
Bilal permanecia nessa alta temperatura e a pedra sobre o peito até
a aproximação do crepúsculo. Eles o erguiam, colocavam-lhe uma
corda no pescoço e ordenavam as crianças de percorrerem com ele
nas ruas e montanhas de Makka. E Bilal nunca pronunciou alguma
palavra além de Ahad, Ahad.
Quando fosse a noite, orientavam-no o seguinte: Amanhã preste boas
palavras aos nossos deuses, dizendo, meu deus é Lat e Uzza para seja
livre. Estamos cansados de torturá-lo, parece que nós é que estamos
sendo torturados.
Ele balançava a cabeça e dizia: Ahad, Ahad.
Umaiya Ibn Khalaf o golpeou, com muita raiva, gritando: “Que mal lhe
fizemos, ó escravo negro? Pelo Lat e Uzza vou transformar você num
exemplo para os escravos”.
33 O Islam e a Luta Contra a Discriminação Racial
Bilal responde com a convicção do crente: Ahad, Ahad.
Os que seus encarregados dialogavam com ele, fingindo que estavam
com compaixão dele, dizendo:
Deixe para lá, ó Umaiya. Pelo Lat, não será torturado depois de hoje.
Bilal é de nós e sua mãe é nossa serva. Ele não aceita, com a sua
conversão ao islão, que sejamos objeto de escarneio dos coraixitas.
Bilal olha seriamente no rosto do mentiroso e falso, sorrindo, com seus
dentes aparecendo como a luz da manhã, e pronuncia calmamente e
de uma forma tremenda: Ahad, Ahad.
O meio dia se aproxima e Bilal é levado para os locais quentes,
estando ele paciente, com confiança, inabalável. Abu Bakr foi ter com
eles, enquanto torturavam-no. Abu Bakr lamentou dizendo: “Vocês
não temem a Deus? Vocês querem matar um homem por afirmar que,
Deus é o meu Senhor?” Até quando?
Umaiya disse: “Você o corrompeu, portanto salva-o com o que você
achar conveniente.”
Abu Bakr disse, gritando: “Pegue mais que o seu preço e liberte-o”.
Parecia que Umaiya estava se afundando e foi salvo pelo barco da
salvação.
Ele se alegrou quando ouviu Abu Bakr oferecendo-lhe o preço de
libertação, pois estava muito desesperado de convencer Bilal, porém,
como Umaiya era comerciante, concluiu que vendê-lo é mais lucrativo
do que matá-lo.
Vendeu-o ao Abu Bakr, que o libertou imediatamente e colocou Bilal
entre os homens livres.
Quando Abu Bakr, segurando o braço de Bilal, estava indo embora,
levando-o para a liberdade, Umaiya lhe disse: “Pelo Lat e pelo Uzza,
se você quisesse comprá-lo por apenas uma onça, eu o venderia!”
Abu Bakr pensou naquelas palavras que tinham tanto amargor de
desprezo e de frustração, e preferiu não lhe responder.
BILAL BIN RABAH 34
Mas por Umaiya ter desonrado àquele que passou a ser irmão de Abu
Bakr, respondeu a Umaiya:
“Por Deus, se você se recusasse a vendê-lo, a não ser por cem Onças,
eu teria pago.”
Abu Bakr foi com seu companheiro ter com o Mensageiro de Deus
, para dar-lhe as boas novas de sua alforria. No entanto, foi motivo de
muita alegria para todos os muçulmanos.
Os muçulmanos que acreditaram no Mensageiro sofreram muita
injúria dos coraixitas de Makka. Por isso, o Mensageiro ordenou-os
que migrassem para Madina, onde ficariam seguros, longe dos danos
dos politeístas coraixitas.
Após a estabelização do Mensageiro de Deus e dos muçulmanos em
Madina, o Mensageiro de Deus instituiu a Chamada para a oração
(Azan). Quem, então, seria o muézzin (chamador) para as cinco
orações diárias, cuja voz iria ser entoada através do horizonte, com
as magnificações e Engrandecimentos? Seria e foi então o Bilal, que
gritou durante treze anos, sob a pressão da tortura destrutiva: “Ahad,
Ahad (Deus é Único, Deus é Único)”.
O Mensageiro de Deus o escolheu para ser o primeiro Muézzen
do Islam. Com a sua voz melodiosa, emocionante, que encheu os
corações com a crença, e os ouvidos com as maravilhas, ao chamar:
“Alá é Maior, Allah é Maior, Allah é Maior, Allah é Maior. Presto testemunho
que não há outra divindade além de Allah! Presto testemunho que não
há outra divindade além de Allah! Presto testemunho que Mohammad
é o mensageiro de Allah. Presto testemunho que Mohammad é o
mensageiro de Allah. Vinde para a oração! Vinde para a oração! Vinde
para o sucesso! Vinde para o sucesso! Allah é Maior! Allah é Maior!
Não há outra divindade além de Allah!”.
Porém, os politeístas coraixitas não ficaram sossegados, vendo a
nova religião crescendo e o número de seus adeptos aumentando.
Então, a guerra entre os muçulmanos e o exército coraixita, que veio
invadir a Madina, eclodiu.
35 O Islam e a Luta Contra a Discriminação Racial
Foi uma guerra violenta e feroz. Bilal participou da primeira expedição
do Islam, a Expedição de Badr, em que o Mensageiro de Deus
colocou o lema de: “Ahad, Ahad.”
Nesta batalha, a Coraix preparou os seus melhores filhos, bem como
os seus nobres e chefes que saíram para combater os muçulmanos.
Umaiya Ibn Khalaf, anteriormente, amo de Bilal, que costumava
torturá-lo brutalmente, não queria participar.
A sua intenção era permanecer se não fosse o seu amigo ‘Uqba Ibn
Abu Mu’it. Quando este soube que Umaiya não queria participar
da expedição, foi ter com ele, levando na mão um incensário. Ele o
encontrou sentado com seus amigos. Deu-lhe o incensário, dizendo:
“Ó Abu ‘Ali! Coloque incenso nesse, pois você se tornou uma das
mulheres”. Umaiya gritou dizendo: “Que Allah o desfigure, e com o
que você veio.” Assim, ele não teve nenhuma maneira de escapar de
não ir a guerra com os (pagãos) invasores.
‘Uqba Ibn Abu Mu’it foi o maior incentivador de Umaiya para torturar
Bilal e outros oprimidos muçulmanos.
Hoje, é ele que o levou a sair para a batalha de Badr, onde ele mesmo
seria morto, como será a morte de ‘Uqba.
Na verdade, Umaiya era daqueles que se negou de tomar parte da
guerra. Mas, por insistência de ‘Uqba, teve que participar. O decreto
de Allah deve ser concluído. Umaiya vai à guerra, pois havia uma
conta antiga entre ele e um dos servos de Allah, e chegou a hora de
ser acertada. De fato, o credor nunca morre; e como você se torna
credor (por algum tempo), você também se tornaria devedor (por
algum tempo).
‘Uqba Ibn Abu Mu’it, cujo Umaiya escutava e executava suas
orientações em torturar os fiéis inocentes, foi o mesmo, que levou
Umaiya a ser morto,
Pela mão de quem? Pela própria mão de Bilal. Somente de Bilal.
A mesma mão, que tinha sido presa pelas correntes de Umaiya, e tinha
BILAL BIN RABAH 36
sido espancada e torturada por seu dono; a mesma mão que estava
lutando na batalha de Badr, tendo um compromisso bem definido pelo
destino, com o torturador coraixita (Umaiya), que humilhou os crentes
opressivamente. E desta forma o fato aconteceu.
Quando a luta começou entre as duas partes, a terra tremeu com
o slogan dos muçulmanos: “Ahad, Ahad (Allah é Único, Único)”, o
coração de Umaiya perdeu o ânimo.
A palavra que era repetida, ontem, por um escravo, sob a pressão da
feroz tortura, tornou-se agora um slogan de toda a religião e de toda
a nova nação:
Ahad, Ahad.
Assim, com essa velocidade, com esse fabuloso desenvolvimento.
As espadas se chocaram, e a guerra irrompeu. Enquanto a guerra
estava chegando ao fim, Umaiya Ibn Khalaf viu Abdurahman Ibn Auf,
companheiro do Mensageiro de Allah, a quem ele pediu proteção. Ele
se ofereceu para ser seu prisioneiro, desde que pudesse salvá-lo da
morte.
Abdurahman aceitou a oferta, e o protegeu. Acompanhou-o no meio
do campo de batalha, para o lugar de cativos.
No caminho, Bilal o viu e gritou:
“Ó cabeça de incredulidade, Umaiya Ibn Khalaf, não serei salvo se ele
sobreviver!”
Ele levantou a espada para cortar a sua cabeça que, no passado,
estava cheio de arrogância e orgulho, mas Abdurahman Ibn Auf gritou:
“Ó Bilal Ele é meu prisioneiro!”
Ele é prisioneiro, enquanto a guerra ainda estava em chamas, um
prisioneiro cuja espada estava, há pouco, pingando sangue, como
resultado de golpear os corpos de muçulmanos durante a guerra.
Na verdade, isso foi, na opinião de Bilal, uma gozação às mentes.
Umaiya riu e zombou (dos muçulmanos) o suficiente.
37 O Islam e a Luta Contra a Discriminação Racial
Ele ridicularizou tanto em que não deixou nada para guardar para um
dia, como este, nesta angústia, e neste destino.
Bilal viu que ele sozinho não seria capaz de invadir o direito da proteção
dada por seu irmão na religião de Allah, Abdurahman Ibn Auf a Umaiya
Ibn Khalaf. Bilal gritou com todas as forças para os muçulmanos:
“Ó aliados de Deus! Esta é a cabeça de incredulidade, Umaiya Ibn
Khalaf! Não serei salvo se ele sobreviver”. Um grupo de muçulmanos
surgiu, tendo as espadas pingando a morte. Eles cercaram Umaiya e
seu filho, que estava lutando ao lado dos coraixitas. Abdurahman Ibn
Auf não conseguiu fazer nada (para salvar seu cativo). Ele até nada
pode fazer para proteger suas armaduras que foram dispersas pelas
multidões.
Bilal olhou longamente para o corpo morto de Umaiya, que caiu por terra
em virtude das espadas marcantes. Então ele correu apressadamente
gritando: “Ahad, Ahad.”
Pensamos que não temos o direito de procurar a boa qualidade da
tolerância em relação à Bilal em tal situação.
Se o encontro de Bilal com Umaiya, fosse em circunstâncias
diferentes, então seria possível para nós perguntar-lhe sobre o direito
de tolerância. E nenhum homem, com sua piedade e fidelidade em
sua crença como Bilal, com certeza, seria uma pessoa tolerante. Mas,
o encontro entre eles foi durante uma guerra, na qual, cada parte veio
para matar seu oponente.
Enquanto as espadas foram bruxaleantes, os mortos caindo, e a morte
estava saltitando de todos os lugares, Bilal viu Umaiya, que não havia
deixado nenhuma parte em seu corpo, mesmo tão pequena quanto a
ponta dos dedos, sem deixar o efeito de tormento sobre ela.
Além disso, quando e onde Bilal se cruza com ele?
Cruza-se com ele no campo de batalha, enquanto Umaiya estava
colhendo com a espada, qualquer cabeça de muçulmano que pudesse
conseguir. Se ele alcançasse a cabeça do próprio Bilal, certamente iria
cortá-la.
BILAL BIN RABAH 38
Em tais circunstâncias, quando dois homens se enfrentam, não seria
razoável perguntar a Bilal por que não mostrou o perdão misericordioso?
O tempo passa, e Makka foi conquistada.
O Mensageiro de Deus entrou nela agradecido, entoando Allah é
Maior, liderando dez mil muçulmanos.
Ele foi diretamente para a Caaba, o local sagrado, que os coraixitas
encheram de ídolos, iguais em número aos dias do ano.
“Chegou a Verdade, e a falsidade desapareceu, porque a falsidade
é pouco durável”.
Daí em diante, não haveria nem Lati nem Uzza, nem Hubal. De agora
em diante, o homem não vai mais curvar a cabeça para uma pedra
nem para um ídolo. Todas as pessoas não irão adorar com todas as
suas consciências, senão a Deus Quem não tem semelhante, o Único
e Único, o Grande, o Supremo.
O Mensageiro entrou na Caaba, acompanhando por Bilal. Assim que
entrou, viu uma estátua esculpida, representando a imagem do Profeta
Abraão , tirando a sorte com as setas de divisão. O Mensageiro de
Deus ficou irritado e disse: “Que Deus os amaldiçoe! Pois o nosso
patriarca nunca tirou a sorte com setas. ‘Abraão jamais foi judeu
nem cristão; foi, igualmente, monoteísta, muçulmano, e nunca se
contou entre os idólatras.’”.53
Ele ordenou Bilal para subir no teto da Caaba e fizesse o Azan (anunciar
o chamado para a oração).
Bilal fez o chamado, tão maravilhoso é o tempo, como o local e a
ocasião!
Tudo em Makka se manteve em silêncio e imóvel. Milhares de
muçulmanos estavam tão quietos e calmos como a brisa, repetindo
submissamente após Bilal as palavras da chamada.
O Profeta fez um discurso para o povo de Makka, dizendo: “Ó
53. Alcorão Sagrado, 3:67.
39 O Islam e a Luta Contra a Discriminação Racial
comunidade de Coraix, Allah removeu de vocês a arrogância e o
orgulho quanto à ascendência de um dos períodos pré-islâmico da
ignorância. Vocês todos descendem de Adão, e ele foi criado da terra.”
Abdullah Ibn Ômar (que Deus esteja satisfeito com ambos) relatou que o
Mensageiro de Deus discursou para as pessoas no dia da conquista
de Makka. E disse: “Ó gente, Allah removeu de vocês a arrogância e o
orgulho da época da ignorância pré-islamica. Os seres humanos são
de dois tipos: um é piedoso, generoso para com Allah, Glorificado e
Exaltado Seja, e outro imoral, desgraçado e avarento para com Allah,
Glorificado e Exaltado Seja. Todas as pessoas descendem de Adão,
e este foi criado da terra. Allah, Exaltado Seja, diz: “Ó humanos, em
verdade, Nós vos criamos de macho e fêmea e vos dividimos em
povos e tribos, para reconhecerdes uns aos outros. Sabei que o
mais honrado, dentre vós, ante Allah, é o mais temente. Sabei que
Allah é Sapientíssimo e está bem inteirado.”54
Relata-se que ele disse no final de seu discurso: “Ó povo de Makka, o
que pensam que vou fazer com vocês?”
Responderam: “Você é irmão nobre e filho de irmão nobre. Esperamos
nada além de sua bondade.”
Ele disse: “Podem ir. Estão livres.”
Enquanto os incrédulos em suas casas, quase não acreditavam. Eles
se perguntavam: “É este Mohammad e seus seguidores pobres que
foram expulsos de Makka, no passado”? É verdadeiramente este
Mohammad que combatemos e expulsamos e matamos as pessoas
mais queridas dele?
É ele de verdade que estava se dirigindo a nós, estando nossas vidas
em suas mãos, que está nos dizendo: “Podem ir. Estão livres”.
Bilal viveu na companhia do Mensageiro de Deus , participando
com ele nos campos de batalha, entoando o Azan (a chamada para as
orações), vivificando e protegendo os cultos desta grande religião, que o
fez sair das trevas para a luz (do Islam), da escravidão para a liberdade.
54. Alcorão Sagrado, 49:13.
BILAL BIN RABAH 40
A importância do Islam cresceu junto com a importância dos
muçulmanos. Todos os dias, Bilal foi ficando cada vez mais próximo
do coração do Mensageiro de Deus , a quem ele anunciou que seria
uma das pessoas do Paraíso.
Bilal, porém, permaneceu como era, a pessoa generosa e humilde.
Via-se não mais do que um etíope que era, há algum tempo, apenas
um escravo.
Ó Bilal, você não é mais escravo. Tornou-se, à sombra do Islam líder.
Não foi Ômar Ibn Al Khattab, o segundo califa dos muçulmanos, que
disse a seu respeito, quando foi alforriado: “Abu Bakr, nosso líder,
alforriou o nosso líder.”55
Quando o Mensageiro de Deus faleceu e foi ter com o Mais Alto
Companheiro, satisfeito, e os muçulmanos nomearam Abu Bakr
Assidik como Califa, Bilal foi ter com ele e lhe pediu: “Ó Califa dos
muçulmanos, o Mensageiro de Deus , disse: “Guardar as fronteiras
de um Estado islâmico por um dia e uma noite é melhor do que jejuar
por um mês, ou orar à noite; e se alguém morrer (enquanto guarda as
fronteiras), o trabalho que estava fazendo terá continuidade, do mesmo
modo com que sua subsistência será mantida, e será protegido contra
as provações e os males (do túmulo)”. 56
Abu Bakr perguntou: “O que você deseja, ó Bilal?”
Disse: “Desejo guardar fronteiras pela causa de Allah até morrer”.
Abu Bakr perguntou: “Então, quem iria anunciar as chamadas para as
orações?”
Bilal disse, com os olhos cheios de lágrimas: “Eu não vou mais fazer a
chamada para a oração a qualquer outra pessoa depois do Mensageiro
de Deus”.
Abu Bakr disse: “Fica aqui e faz o Azan para nós, ó Bilal”.
Bilal disse: “Se você me alforriou para você mesmo, então eu serei
55. Sahih Bukhari.
56. Sahih Musslim
41 O Islam e a Luta Contra a Discriminação Racial
como você quer, e se você me alforriou por causa de Allah, então me
deixe estar com Ele a quem você me alforriou”.
Abu Bakr disse: “Certamente, eu o alforriei por amor a Allah, ó Bilal”.
Bilal viajou para a Síria, onde ficou como militante pela causa de Deus.
A última chamada para a oração anunciada por Bilal foi para Ômar
quando este estava na Síria. As pessoas recorreram a ele para
incitar Bilal para anunciar a chamada mesmo por uma única vez. O
Emir dos Crentes convidou Bilal quando o tempo da oração estava
prestes, pedindo-lhe para entoar o Azan. Bilal levantou-se e anunciou
a chamada para a oração. Os companheiros que conviveram com o
Mensageiro de Deus antes de sua morte, quando Bilal costumava
fazer o Azan, choraram tanto como nunca choraram antes. Ômar foi o
mais pranteador de todos eles.
Bilal morreu na Síria sendo militante, como queria. A sua esposa se
lamentava ao seu lado durante a sua enfermidade, dizendo: “Que
tristeza!”.
Toda vez que ela dizia isso, ele abria os olhos e dizia: “Que alegria!”.
Então ele deu o seu último suspiro dizendo:
“Amanhã vou encontrar os meus queridos, Mohammad e seus
companheiros”.
“Amanhã vou encontrar os meus queridos, Mohammad e seus
companheiros”.
Com a idade de mais de sessenta anos, foi sepultado na porta pequena
no cemitério de Damasco onde se encontra o túmulo de um dos
maiores homens, que se ergueram como as altas montanhas, firmes
em defesa dos princípios, e se sacrificaram por causa da verdade.
Que Deus esteja satisfeito consigo, ó Bilal.
Disse-me Brabeck: Que grandeza, dignidade, orgulho e poder, esta
religião deixa nos corações de seus seguidores! É a voz do direito que
se mistura com o sorriso dos corações e torna-os vinculados a Deus,
submetidos à Sua Grandeza, esquecendo toda dor e toda dificuldade
BILAL BIN RABAH 42
que encontram pela Sua causa, pois, tornando-as satisfação, de tal
forma os donos dos desejos encontram satisfação quando praticam
inerente e continuamente seus desejos. Porém, quão longe, muito longe
estão os prazeres e as paixões que fazem herdar o arrependimento e
o remorso seguidos pela angústia, e os prazeres que fazem herdar
a imortalidade seguida pela felicidade. Eles escolheram o caminho
certo, que os levou a desfrutar da felicidade que encontraram ao lado
de Deus. O acesso à felicidade que eles alcançaram não é tão difícil,
mas exige coragem e ousadia para mudar. Eles perceberam que o
caminho que ao Paraíso é somente seguir o Profeta, aquele que não
testemunharam nele a mentira, a traição ou a falsidade, Ouça as
palavras de um de seus inimigos, antes de se converter ao Islam, Abu
Sufian Ibn Harb, onde ele diz:
Heráclito mandou buscá-lo e seus companheiros, que estavam por
coincidência negociando na Síria, e tinham ido a Iliyá (Baitul-Maqdis).
Heráclito, sentado entre seus chefes de gabinete, perguntou: “Quem
dentre vocês é o parente mais próximo do homem que afirma ser um
profeta?” Abu Sufyan relata a história: “Respondi: Eu sou o parente
mais próximo, dentre o grupo. Então, ele me fez sentar na frente
dele e fez os meus companheiros se sentarem atrás de mim. Em
seguida, chamou seu tradutor e disse (a ele): “Diga a eles (ou seja,
os companheiros de Abu Sufyan) que eu vou perguntar a ele (ou seja,
Abu Sufyan) sobre aquele homem que diz ser um profeta”. Se ele
disser uma mentira, eles devem contradizê-lo (instantaneamente). Por
Deus se eu não tivesse ficado com medo de que meus companheiros
me considerassem um mentiroso, eu teria dito mentiras.” A primeira
coisa que ele perguntou foi: “Qual é sua ascendência?” Respondi:
“Descende de uma família nobre.” Perguntou novamente: “Alguém
antes dele disse a mesma coisa que ele diz?” Respondi: “Não,
ninguém.” Perguntou: “Alguém de sua família era rei?” Respondi:
“Não, ninguém.” Perguntou: “Quem o segue, os nobres ou as pessoas
fracas?”. Respondi: “As pessoas fracas.” Perguntou: “Seus seguidores
crescem ou diminuem?” Respondi: “Crescem.” Perguntou: “Houve
algum caso de apostasia entre eles?” Respondi: “Não, de ninguém.”
Perguntou: “Vocês o acusavam de mentiroso antes de sua alegação?”
43 O Islam e a Luta Contra a Discriminação Racial
Respondi: “Não.” Perguntou: “Ele trai?” Respondi: “Não. Nós estamos
em trégua com ele, e não sabemos o que ele irá fazer.” Abu Sufian
acrescentou: “Não consegui acrescentar mais nada a isso.” Heráclito
perguntou: “Vocês lutaram contra ele?” Respondi: “Sim.” Perguntou:
“Como foi a luta entre vocês?” Respondi: “Lutamos contra ele e ele
lutou contra nós, com vitórias alternativas.” Perguntou: “O que ele os
ordena” Respondi: “Ele convida o povo a adorar a Deus, Único, sem
parceiros, e abandonar as crenças dos antepassados. Ele nos ordena
a observar a oração, a honestidade, a abstinência, e a manutenção de
fortes laços familiares.”
Heráclito, ao ouvir este testemunho, virou-se para seu tradutor e
ordenou-lhe comunicar-nos a sua impressão: “Perguntei-lhe qual é
sua ascendência, e você respondeu que descende de família nobre.
Isso acontece com os Mensageiros de Deus, são indicados dentre
seus nobres. Perguntei se alguém antes dele disse a mesma coisa que
ele diz, e você respondeu que não, ninguém. Perguntei se alguém de
sua família foi rei, e você respondeu que ninguém foi. Se alguém fosse,
poderíamos dizer que ele está reivindicando o reinado de sua família.
Perguntei se vocês o acusavam de mentiroso antes de sua alegação e
você respondeu que não. Eu sei que quem não mente para as pessoas,
não iria mentir para Deus. Perguntei quem o segue, os nobres ou as
pessoas fracas, e você respondeu que eram as pessoas fracas, e de
fato, estes são os seguidores dos mensageiros. Perguntei se seus
seguidores crescem ou diminuem, e você respondeu que crescem.
Isso acontece com a fé, até se completar. Perguntei se houve algum
caso de apostasia entre eles, e você respondeu que não. Isso acontece
com a fé, quando penetra nos corações. Perguntei se ele trai, e você
respondeu que não. Assim são os Mensageiros, não traem. Perguntei
sobre o que ele os ordena, e você respondeu que ele convida o povo
a adorar a Deus, Único, sem parceiros, e abandonar as crenças dos
antepassados. Ele nos ordena a observar à oração, a honestidade, a
abstinência. Se o que você disse é verdade, ele vai logo governar onde
estou pisando. Eu já sabia que iria surgir um profeta, mas nunca me
ocorreu que ele ia ser um árabe do meio de vocês. Se estivesse certo,
eu seria fiel a ele. Gostaria de encontrá-lo, e se eu estivesse com ele,
BILAL BIN RABAH 44
eu lavaria seus pés”. Heráclito, então, pediu que a carta do Profeta,
que Dihyah ibn Khalifa Al-Kalbi foi ordenado a entregar ao governador
de Busra, que, por sua vez, a enviaria a César, que fosse lida. Dizia:
“Em nome de Allah, o Clemente, o Misericordioso”.
De Mohammad, o servo de Deus e Seu Mensageiro para Heráclito, o
rei dos bizantinos.
Bem-aventurados são aqueles que seguem a verdadeira orientação.
Convido-vos a abraçar o Islam, para que possa viver em segurança. Se
vier para o rebanho do Islam, Deus vai dar-lhe uma dupla recompensa,
mas se virar as costas a ele, então o fardo dos pecados de todos os
seus povos irá cair sobre seus ombros.
“Dize-lhes: Ó adeptos do Livro, vinde, para chegarmos a um termo
comum, entre nós e vós: Comprometamo-nos, formalmente, a
não adorarmos senão a Allah, a não Lhe atribuirmos parceiros e a
não nos tomarmos uns aos outros por senhores, em vez de Allah.
Porém, caso se recusem, dize-lhes: Testemunhai que somos
muçulmanos.” [ 3:64 ]57
Abu Sufian disse: “Quando das observações do imperador terminaram
e a carta foi lida, houve um clima tenso entre os clérigos presentes,
fomos obrigados a partir. Eu disse para os meus companheiros:
‘A questão de Ibn Abi Kabcha (ou seja, Mohammad) tornou-se tão
importante que até mesmo o rei dos Banu Al-Asfar (ou seja, os romanos)
tem medo dele’. Então eu continuei a acreditar que o Mensageiro de
Deus seria vitorioso, até que Deus me fez abraçar o Islam.”
O filho de Nador, o governante de Ailiá e Heráclito eram chefes dos
cristãos da Síria. Acontece que Heráclito quando foi a Ailiá tornouse
maldoso. Alguns dos patriarcas deploraram a sua aparência, e
Ibn Nador disse que Heráclito era advinho, prescrutava as estrelas.
Quando lhe perguntaram o que havia visto naquela noite, ele
disse: “Quando eu olhei para as estrelas, esta noite, vi que o rei da
circuncisão surgiu”. Quem é circuncidado nesta nação? Disseram que
57. Sahih Al -Bukhari 1/4, 5.
45 O Islam e a Luta Contra a Discriminação Racial
BILAL BIN RABAH 46
só os judeus eram circuncidados. Não se importe com eles. Escreve
para os governadores de seu reino que matem os judeus que se
encontram lá. Enquanto estavam discutindo o caso, um homem foi
ter com Heráclito, enviado pelo rei de Ghassan informando sobre o
Mensageiro de Deus . Quando Heráclito ouviu a notícia, pediu para
irem ver se era circuncidado. Disseram-lhe que era. Perguntou-lhe
sobre os árabes, e lhe disseram que eram circuncidados. Heráclito
disse que o rei daquela nação surgiu. Então, Heráclito escreveu para
um amigo seu em Baromiya que era seu colega na ciência. Heráclito
foi para Homs. Ao chegar, recebeu uma carta do amigo concordando
com a opinião dele sobre o surgimento do Profeta e que era profeta.
Heráclito convidou as grandes figuras dos romanos para um encontro
nos povoados de Homs, então, ordenou que suas portas fossem
fechadas, em seguida, informou dizendo: “Ó romanos, se quiserem
ter sucesso e orientação e que seu reinado continue, seguem este
Profeta”. Eles ficaram tão agitados como os animais selvagens e se
dirigiram para as portas, que encontraram fechadas. Quando Heráclito
viu a sua reação e não teve esperança de sua fé, disse: “Tragam-nos
a mim.” Disse-lhes: “Eu disse aquilo para testar a sua fidelidade à
sua religião, e descobri.” Eles se prostraram perante ele e ficaram
satisfeitos com ele.
Este foi o último desejo de Heráclito, narrado por Saleh Ibn Kisan e
Younis e Muammar Al Zuhari.58
58. Sahih Al Bukhári.
47 O Islam e a Luta Contra a Discriminação Racial
Este livro trata de biografia do nobre
Mensageiro. Você vive através das páginas
no campo daprofecia para conhecer a nobre
conduta do Profeta (Deus o abençoe e lhe dê
paz) sua modesta vida; vemos como ele se
empenhou pela causa de Deus; refletimos sobre
suas posições generosas com os seus inimigos
e o que possui de nobreza e sublimidade, e seu
estilo único na sua convocação das pessoas
para Deus.
Este livro mostra que o Islam é uma religião
universal de paz no sentido mais amplo da
palavra, e que a propagação do Islam no
mundo é a propagação da paz nele, porque
os muçulmanos são pessoas que cumprim os
seus compromissos, têm compaixão dos fracos,
possuem castidade e justiça, e para isso possui
provas e testemunhas.
Este livro trata da biografia do grande
companheiro Bilal Ibn Rabah, que era um
escravo abissínio. Deus o exaltou com o Islam e
o Profeta deu-lhe o auspício que será destinado
ao Paraíso. O livro explica a rejeição da
discriminação racial pelo Islam, e a aplicação do
Profeta Mohammad (Allah o abençoe e lhe dê
paz) disso com sua proximidade dos oprimidos
e elevação de seu status.
O livro ilustra a verdade do Islam, que é
uma religião abrangente de todas as esferas
da vida, e mostra o impacto de culto no
estabelecimento da moralidade, a pureza e a
integridade das almas, destacando, também,
o status da ciência no Islam, menciona uma
série de descobertas científicas que o Alcorão
mencionou quatorze séculos atrás; o escritor
mostra a chave para aqueles que querem
entender o Islam.
O livro explica que a tolerância é um pilar
fundamental da legislação islâmica a partir
das maiores questões da religião até as
mínimas, por ser a legislação enviada
para pessoas que possuem sentimentos,
emoções e capacidades; o Islam é uma
religião inata que se coaduna com ela e não
colide com ela; Deus, Exaltado seja, diz: “E
não vos impôs dificuldade alguma quanto à
religião” (Alcorão Sagrado, 22:78).
Livro no qual o autor explica que o método
elaborado pelo Islam a seus seguidores é um
método divino que proporciona a verdadeira
felicidade neste mundo e no Outro; como o
Islam estabelece o conceito de felicidade
verdadeira e eterna em seus seguidores,
e transcende as suas expectativas e
aspirações.
O autor começou escrever a confirmação de
um fato importante: que o Islam, com, sua fé,
seus atos de culto, suas transações e seus
ensinamentos, desde a sua revelação ao
Profeta Mohammad (Allah o abençoe e lhe dê
paz) até hoje - nada mudou. Que a mudança foi
de alguns de seus seguidores. Em seguida, ele
trata os princípios básicos do Islam, e destaca
uma série de direitos garantidos pela Islam.
O livro oferece pontos de referência e faróis
na causa dos direitos humanos sob o Islam,
que são projetados para que o ser humano
seja misericordioso, generoso, de alma pura
em seus atributos e em suas relações com
os outros. Então, o autor lista algumas das
suspeitas levantadas sobre este aspecto
do Islam e as refuta com método científico
tranquilo.
O livro lança luz sobre no início o status das
mulheres antes do Islam, que foi exposta em
muitas sociedades a humilhação e maus-tratos,
e em seguida menciona como o Islam veio para
eliminar toda essa injustiça, e elevar o status
das mulheres, bem como a adoção de defender
os seus direitos.
MUHAMMAD O MENSAGEIRO DE DEUS
O ISLAM É UMA RELIGIÃO DE PAZ
BILAL IBN RABAH – O ISLAM E A LUTA
CONTRA A DISCRIMINAÇÃO RACIAL
A CHAVE PARA ENTENDER O ISLAM
A TOLERÂNCIA DO ISLAM
O CAMINHO DA FELICIDADE
MENSAGEM DO ISLAM
EQUÍVOCOS SOBRE OS DIREITOS
HUMANOS NO ISLAM
AS MULHERES À SOMBRA DO ISLAM
O livro mostra a importância do amor no Islam,
e o mais nobre é o amor a Deus, Exaltado
seja, que, quando encontrado no coração do
servo integra seu comportamento, livrando-o
do egoísmo, elevado seus sentimentos;
empenha-se na compaixão pela criação de
Deus, sem esperar por retorno ou recompensa.
O escritor quis mostrar a verdade e a essência
do Islam; a fim de remover a névoa dos olhos
de muitos dos afetados pela propaganda
maliciosa, então ele leva paraqueles que
entrarem no Islam dos não-muçulmanos um
grande auspício, de que Deus apaga todos
os seus erros e pecados cometidos antes do
Islam.
O livro trata das causas das catástrofes
e calamidades, e os meios de manter as
graças e as modalidades do tratamento das
calamidades e o afastamento do flagelo, e as
maneiras de reduzir seus acontecimentos, os
meios de imunizar a alma, a mais importante: A
Continuidade da menção de Deus, então separar
a fala quanto à menção.
Este livro trata da maneira seguida pelo Islam
na organização do deseja sexual, e sua
elevação, e que o casamento é a maneira
correta por meio do qual o muçulmano satisfaz
oseu instinto sexual, porque é uma necessida
inata para apaziduar a alma e o caminho para
o desenvolvimento e estabilidade da sociedade,
em uma base sólida.
O livro explica ao não-muçulmano a facilidade
de como ingressar no Islam, e mostra aos novos
muçulmanos os pilares da fé, em seguida,
aborda a personalidade do Profeta (Deus
o abençoe e lhe dê paz) e os atributos, e a
mensagem que foi encarregado de comunicá-la
às pessoas, e, em seguida, explica a adoração
imposta e os objetivos com uma explicação
atraente e interessante.
O livro aborda a questão da criação do universo
e o início de sua origem e composição, como um
questão que têm preocupado as comunidades
de seres humanos ao longo dos tempos. O autor
mostra que o propósito da criação de duas raças
(gênios e humanos) é a adoração somente a
Deus, e que o destino de tudo neste mundo é
a morte, então a ressurreição e a penalidade no
Dia do Juízo.
Este livro mostra a necessidade das pessoas
pelos Mensageiros e seus ensinamentos. Ele
aborda em detalhes a história de Jesus, filho de
Maria (a paz esteja com ele), começando antes
de seu nascimento, e em seguida, menciona
o que aconteceu com o seu povo, até que
Deus o ergueu até Ele. Encontramos no livro
como o Alcorão descreve esse Nobre Profeta,
a descrição que indica a sua elevada posição
perante Deus, Exaltado seja.
O livro explica que o conceito de pureza no
Islam não se limita à higiene pessoal, mas
também inclui a purificação dos pecados, e
depois aborda detalhadamente a jurisprudência
relativa à pureza do muçulmano.
Este livro apresenta a inovação, lista os seus
tipos e mostra os efeitos negativos sobre
a vida dos muçulmanos, e nas percepções
dos não-muçulmanos sobre o Islam; explica
a situação jurídica das inovações na religião,
e mostra o papel de cada muçulmano para
combatê-las de acordo com sua capacidade
e poder.
O ROMANCISMO NO ISLAM
NÃO É TEMPO DE VOCÊ SER
MUÇULMANO?
أ
A FORTALEZA DO CRENTE
A VISÃO ISLÂMICA DO SEXO
COMO SE TORNAR MUÇULMANO
O PRINCÍPIO E O FIM
JESUS NO ALCORÃO
A PUREZA NO ISLAM
TODA INOVAÇÃO É DESORIENTAÇÃO
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the book
07
O ISLAM E A LUTA CONTRA
A DISCRIMINAÇÃO RACIAL
(BILAL BIN RABAH)
Este livro trata da biografia do grande companheiro Bilal Ibn Rabah, que era um
escravo abissínio. Deus o exaltou com o Islam e o Profeta deu-lhe o auspício que
será destinado ao Paraíso. O livro explica a rejeição da discriminação racial pelo
Islam, e a aplicação do Profeta Mohammad (Allah o abençoe e lhe dê paz) disso
com sua proximidade dos oprimidos e elevação de seu status.