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A Liberdade de Crença no Islam





Dr. Ragueb El Serjani





Tradução: Sh. Ahmad Mazloum





As liberdades foram reconhecidas como um princípio revelado do céu com o advento do Islam, para que o povo da terra se eleve e a humanidade se desenvolva. No Islam, estas liberdades jamais foram o resultado do desenvolvimento da sociedade ou da revolução exigida pelos privados delas, como é o caso em muitas nações modernas.








A liberdade religiosa é uma diretriz islâmica





          Numa diretriz básica explícita no que diz respeito à liberdade religiosa ou à liberdade de crença no Islam, Allah, altíssimo seja, diz: “Não há imposição na religião. Com certeza, distingue-se a retidão da depravação” (Al Baqarah 256). O mensageiro de Allah (a paz esteja com ele) – e os muçulmanos depois dele – jamais ordenaram alguém a se tornar muçulmano forçosamente. Também, não obrigaram as pessoas a demonstrarem ser muçulmanas para fugir da morte ou do castigo. Como poderiam fazer isso sendo que eles sabem que o Islam da pessoa induzida não tem nenhum valor nas leis da Vida Eterna, para a qual todo muçulmano trabalha?!





          Foi relatado sobre o motivo da revelação do versículo anterior que Ibn Ábbass disse:





Algumas mulheres cujos filhos recém nascidos não sobreviviam prometiam: se o filho sobreviver irá fazê-lo judeu. Então, quando a tribo de Banu Annadhir (uma tribo judia) foi expulsa havia entre eles alguns filhos dos anssar, que disseram: “Não vamos deixar os nossos filhos”. Então, Allah (exaltado seja): “Não há imposição na religião ...” (Al Baqarah: 256)[1].








A questão da crença e a vontade do ser humano





          O Islam tornou o assunto da crença ou sua ausência fator relacionado à escolha da pessoa e sua convicção pessoal íntima. Disse Allah, o Altíssimo: “Quem quiser que creia e quem quiser que descreia” (Al Kahf: 29). O Alcorão Sagrado chamou a atenção do profeta (a paz esteja com ele) para esta realidade: Disse Allah, o Altíssimo: “Acaso, tu induzirás as pessoas para serem muçulmanas” (Yunus: 99). E disse também: “Não és, sobre eles, dono absoluto” (Al Ghashiah: 22). E disse: “Então, se recusarem-se, não te enviamos custódio sobre eles. Te cabe, tão somente, a transmissão” (Asshura: 48). Assim, esclarece-se que o estatuto dos muçulmanos reconhece a liberdade de crença, e recusa categoricamente a indução de alguém para tornar-se muçulmano[2].


 


Reconhecimento da pluralidade religiosa





          O reconhecimento da liberdade religiosa significa o reconhecimento da pluralidade religiosa, fato que ocorreu na prática quando o profeta (a paz esteja com ele) reconheceu a liberdade religiosa no primeiro estatuto de Madinah, quando admitiu que os judeus formam com os muçulmanos uma só comunidade. Também, na conquista de Makkah, quando o mensageiro (a paz esteja com ele) não obrigou Quraish a aceitar o Islam, mesmo sendo capaz e vitorioso, porém disse-lhes: “Podem ir, porque sois livres”[3]. E seguindo o profeta (a paz esteja com ele), o seu segundo sucessor, Omar ibn Al Khattab deu aos cristãos habitantes de Jerusalém a segurança “sobre suas vidas, igrejas, cruzes. Nenhum deles pode ser molestado e não pode ser induzido por causa de sua religião”[4]. 





          Ainda mais, o Islam garantiu a liberdade de diálogo religioso quando construído sobre base objetiva, distante de polêmicas ou ironias com os outros. Sobre isso, Allah, exaltado seja, diz: “Convoque ao caminho de teu Senhor, com a sabedoria e a bela exortação, e discute com eles, da melhor maneira” (Annahl: 125). O diálogo entre os muçulmanos e os não-muçulmanos deve se basear nestes tolerantes princípios; o Alcorão direcionou esse convite para o diálogo aos adeptos do Livro dizendo: “Dize: Ó adeptos do Livro, venhais para uma palavra em comum entre nós e vós para que não adoremos senão a Allah e não tomemos uns aos outros por senhores em vez de Allah. Se recusarem-se, testemunhai que somos muçulmanos] (Ali Ímran: 64). Isto significa que se o diálogo não chega a um resultado, então cada um tem a sua religião, com a qual está convicto. Isto está expresso no último versículo da surata al kafirun, que foi selada com o dizer de Allah (exaltado seja) na pessoa de Muhammad (a paz esteja com ele): “Tendes a vossa religião e eu tenho a minha” (Al Kafirun: 6)[5].








[1] Abu Daud (2682). Veja: Al-Wahidi: Razões da revelação do Alcorão p 52, e Al-Suyuti, Lubab Al Nuzul, p 37. Al-Albani disse: Correto, veja: Sahih wa Da'if Sunnan Abu Daud 6 / 182.





[2] Veja: Mahmud Hamdi Zaqzuq: Realidades islâmicas na resposta às campanhas para lançar dúvidas (sobre o Islam), p 33.





[3] Ibn Hisham: Al-Sirah al-Nabawiya (A biografia do Profeta) 2 / 411, e Al-Tabari: Tarikh Al Umam wal Muluk (História das nações e dos reis) 2 / 55, e Ibn Kathir: Al-Bidayah e Al-Nihayah (O princípio e o fim) 4 / 301.





[4] Veja: Al-Tabari: História das nações e dos reis 3 / 105.





[5] Mahmud Hamdi Zaqzuq: Realidades islâmicas na resposta às campanhas para lançar dúvidas (sobre o Islam), p 85, 86.



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